Quem tem por hábito - será mais uma mania, valha-vos Deus! - passar na Tasca, calculará que ando com o feitio do costume, elevado a uma potência semelhante a um livre direto do Geraldão. E os filtros? Ui, se já eram muitas vezes difusos, agora são uma ausência quase tão grande como a do Kralj numa baliza.
Ainda assim, voltarei na quarta-feira ao Dragão e, por isso, tratei de ficar a par do que se vai passando, para não fazer figuras tristes. E concluí que um gajo não se pode distrair. Armam logo um banzé que já nem São Francisco de Sales - Padroeiro dos surdos - os pode ouvir. Credo.
É, pois, uma bela, excelente, estupenda até, altura para fazer um ponto de ordem à mesa. Até porque ando com o estômago fraquinho como o ânimo e, quando se mete um zague repentino, acabo a vomitar-me todo no zigue.
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BLABLABLA
Ainda faz pouco tempo que andava tudo a desancar alegremente no Presidente, porque não falava. Ele eram os Campeonatos perdidos à conta disso, ele era a morte do ADN, o falecimento da Mística, as comissões, a senilidade, you name it. Eu, como acho que São Francisco de Sales é Padroeiro de cerca de 95% da população Portuguesa, não concordava lá muito com isso. Escrevi-o as vezes suficientes.
Agora, o Presidente parece que não se cala. Fala para o Canal; fala à margem do descerramento da placa; fala na inauguração da casa; na abertura da exposição; no trânsito engarrafado; e maijonde quer que o queiram ouvir. Os surdos.
E pumbas, procede a malta, em alegre cantoria, a desancar o homem. Porque fala demais? Nada disso, isso são preocupações de gente sem ADN, sem Mística, gentalha que deve - inclusivamente - ter tímpanos. O Presidente apanha porque não fala do que eles acham que deve falar. Sim, porque isto não basta chegar aqui e fazer o que lhe dizem. É importante é perceber o que querem que faça a cada momento, ainda que possam ser coisas contraditórias.
Afinal, de que deve o presidente falar? Dos vouchers, já se sabe.
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É A DEMOGRAFIA, ESTÚPIDO
De embirrante, o homem não se pronuncia sobre os ditos vouchers. Até parece de propósito, para chatear. Então não lhe ficava tão bem abrir as goelas e juntar-se à luta - que continua, Avante camaradas esverdeados! - do Bruninho? Isso é que era defender o interesse supremo do FCP.
Sabemos todos que, em Portugal, Jorge Nuno Pinto da Costa pronunciar-se a favor ou contra alguma coisa, é logo um passo decisivo para que o assunto se resolva a contento. Dos outros.
É que se está mesmo a ver que um caso, alegadamente, sob a alçada do Ministério Público - do nosso, de Portugal! - ia caminhar velozmente no sentido mais azul e branco que possam imaginar. Bastaria um sinal do Presidente. Mas ele está senil e não quer saber do Clube e kerécomissões e isso assim.
Vai dai, apela-se a plenos pulmões que o FCP siga o SCalimeroP. Engrosse as fileiras dos batalhões LIDERADOS pelo Bruninho. Sim senhor, aí está um belo contributo para a recuperação da nossa grandeza: Ir atrás da Calimeragem.
Oh senhores, deixai o lagarto tratar da questão que levantou, levá-la até ao limite. Perder, naturalmente. Mas se, por bambúrrio, ganhar, que mal nos advirá? Isso mesmo, lindos meninos: Nenhum!
Por isso, em vez de estarem preocupados em ter o que dizer, aprendam qualquer coisa com quem anda a virar frangos há mais de 30 anos. E que bem que vos têm sabido. Os pitos. No churrasco.
Depois, assisto a acesas discussões acerca do facto de alguém se deixar corromper por não sei quantos patacos, dentro de uma caixa, por baixo de uma camisola do Eusébio. Não percebo como se perde tanto tempo com coisas sem interesse nenhum.
Olha, acho que deviam fazer disto o tema principal da próxima Assembleia Geral. Vejamos:
Em Portugal, podem não haver 6 milhões de lampiões. Mas há, seguramente, uns cinco. O nosso crescimento sustentado em vitórias, deve já ter-nos colocado a par da lagartagem. Acreditam mesmo que somos mais? Olhem que não, olhem que não. Somos só muito melhores.
Digamos que 1 milhão - provavelmente menos - são as pessoas que torcem genuinamente por outros Clubes. Malta que não conta para o Totobola portanto. Agora faça-se uma conta simples:
Em qualquer orgão colegial - a bem da tese, convencione-se que com 10 elementos - é muito provável que existam 5 lampiões, 2 lagartos, 2 pessoas como deve de ser e 1 gaja que tem que se despachar para ir às compras. De igual forma, em cada 10 pedreiros, escolhidos numa amostra aleatória estratificada, representativa da populção Portuguesa...pois, isso mesmo. Assim como no caso dos árbitros.
O voucher não pretende comprar ninguém. É um mimo. Uma recordação que se entrega ao cachopo no dia de aniversário. Aqui tens, meu filho, a camisola que o teu avô usava quando iam os dois jogar à bola. Paz à sua Alma. Dá cá um abraço ao pai. Agora vai ajudar a tua mãe a lavar a loiça, sem fitas. E ele vai, feliz, de Alma cheia. Capisce?
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PORTO CANAL
Aquela questão demográfica deve ser combatida? Pois claro que sim, dizem as pessoas que conseguem alinhar dois pensamentos seguidos. E como? Crescendo.
Para crescer, é fundamental que se comunique. Mas se vamos por-nos a falar exclusivamente para os profundamente religiosos do azul e branco - como somos nós que aqui estamos, gabo-vos a paciência! - ficaremos na mesma. Temos que ir além.
Para nós, além não é do Tejo. Não para já. É do Douro, do Minho talvez. Seremos tão mais fortes quanto mais representarmos uma Região. Alargada. Mais que o Porto, Portucale.
É por isso que faz sentido o nosso canal ser generalista, mas regionalista; aberto ao País e ao Mundo, mas com uma perspetiva Nortenha das coisas. É por isso que faz sentido transmitir a Gala do Braga, por exemplo. E a do Guimarães. E os jogos do Canelas, já que estão a proibir a MMA em todólado.
Portanto, o Porto Canal não pode ser emitido de uma cave no Dragão, com o objetivo único de ser o MEU, O TEU, O NOSSO CANAL. Entendem, Luises?
Diga-se, por ser verdade, que eu não vejo o Porto Canal. Ou seja, não estou a emitir nenhuma opinião sobre o que é o dito cujo. Apenas sobre o que penso que devia ser.
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A GALA
Por falar em Gala, também nunca assisti aos Dragões de Ouro. Mas avanço já que acho absolutamente in-dis-pen-sá-vel que existam. Ao contrário da corrente que defende que é uma fantochada e que não serve para nada, portanto.
Mais, acho que deve ser uma festa do caraças, cheia de glamour, o máximo possível, com fotos numa passadeira azul e branca, dress code fato escuro, grandes rachas e decotes e a populaça apinhada por trás das barreiras, para ver as estrelas. Deve haver manifestações intensas de Portismo dos premiados e encerrar com O discurso do ano do Presidente.
Deve ter belos artistas e ainda mais belas gajas a desfilar, só porque sim. Claro que devem ser artistas reconhecidos, muito mesmo. Gente que, por exemplo, ponha não-Portistas a assistir à Gala do FCP.
Podiam convidar-me a mim para ganir, que eu levava o Vassalo na bateria e o Lima nos samples. Era engraçado, muito Portista, mas não serve. Pois não?
Kerkásaber se os Deolinda falam do 5LB numa letra, ou quantos deles são estúpidos ao ponto de serem lampiões. Quantos dos Blind Zero são Portistas? O Fernando Ribeiro, dos Moonspell, é FCP. Os Moonspell são cinco. Se não é para ter o que dizer, é o quê? Tempo a sobrar? Problemas em entender a demografia?
Note-se que não se referiu nenhuma lassidão quanto aos convidados. Não se volte a convidar quem nos deseja mal, por escrito, todos os dias.
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O ANDRÉ
Um dos galardoados este ano foi o Silva. Merecido hein? Todos de acordo.
Mesmo todos os que encheram caixas de comentários de impropérios contra a gestão danosa de deixarmos o ataque entregue a um miúdo, ziiig.
Os que se indignaram por se ter arranjado a martelo um Belga desajeitado, em vez de um titular de caretas, para deixar o miúdo crescer, ziiig.
Era no banco que teriam gostado de ver este Dragão de Ouro.
Ah, mas não, ele é protótipo do jogador à Porto. E ainda marca golos que se farta, por cima. Sempre se viu o que ali estava, prestes a explodir, era preciso ser ceguinho, zaaag.
Infelizmente, vai ser despachado muito depressa, para alimentar a corja que agora manda nisto tudo, pobre menino, zaaag.
E eu vomito-me, pois claro que me vomito.
Do André, já aqui se disse tudo. Há mais de dois anos que ando a dizer coisas do André. Umas boas, outras más.
O que importa é o timeline: As más foram há mais tempo. Chama-se evolução. E, honestamente, não sei onde vai parar. A uma Galáxia qualquer, de certeza.
O que define AS é o penalty em Brugges. Ele sabia que ia entrar. Mesmo que não entrasse, aquela frieza, a coragem, a confiança, definem o jogador. Como definem CR7.
Não me lembro de mais nenhum termo de comparação, nascido em Portugal. Falamos daqui a uns anos, poucos, ok?
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MENTIRAS E ORÇAMENTOS
Já que tratamos do André, despachamos já esta treta dos Orçamentos.
Tinham propostas de 95 milhões, tinham, pfff, nem eu sou tão mentiroso. Era esta a "linha oficial" do bota abaixo quanto ao orçamento do buraco, certo? Mais, se tinham mesmo, porque não venderam? O Clube acima de tudo! O fairplay, becabeca, as contas, becabeca, as mais valias vezes a faturação menos a incongruência, becabeca. Incompetentes, ladrões, senis.
Se vendessem, estavam a assaltar o Clube, a hipotecar o seu Futuro e a destruir qualquer chance de Presente, naturalmente. Sem espinha dorsal, becabeca, sem Herrera o que será de nós, becabeca, o miúdo que ia crescer no centro do nosso ataque, becabeca, o plantel a dividir pelos ordenados elevado à mesma incongruência, becabeca. Incompetentes, ladrões, xéxés.
De seguida, vem outro orçamento. Aqui d'el Rei que é suicida, arriscado, Cristo na Cruz tinha mais hipóteses de se safar que nós com estas contas.
E manifestam-se genuinamente surpreendidos, como se JNPdC não andasse a arriscar há mais de 30 anos. Sempre. Tanta conta que sabem fazer, podiam fazer esta: Quantas vezes correu bem, menos quantas vezes correu mal, igual ao grau de confiança que deviam ter. Eu tenho.
Ui, sim, sim, 115 milhões em vendas, lá se vai o miúdo que era para passar o ano no banco, mais o Mexicano que ainda há-de ser louvado, mais a Fernandinha. Essa até já foi andando, para se ambientar. Esquecem que só no fim desta época desportiva saberemos se são mesmo 115, ou menos, ou mais até.
Seja como for, olhando para o André, apetece-me gritar: AQUECE RUI PEDRO, QUE VAIS ENTRAR. E tão quente que ele tem estado...
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ISTO NÃO É UMA AMEAÇA...
Ele saía do mercado com três rosas brancas numa mão - onde parecia ainda notar-se o hábito de serem apenas duas - e uma recarga de vela na outra. Das de cinquenta cêntimos.
A senhora com o colete amarelo e uma caixa de esmola ao peito, aproximou-se sorridente. Disse rastreio, investigação, tratamento, cuidado, apoio. E estendeu a caixa.
Ele disse:
- Não é a melhor altura.
Ela retorquiu:
- É sempre boa altura para ajudar. Para salvar vidas.
Um dique explodiu na mente. Sabemos nós, vendo de fora, porque se notou nos olhos. A torrente desbravou caminho:
- Sabe, o que eu acho hoje é que isso nos vai levar a todos. Os que não forem, morrerão de solidão. É isso que eu acho, minha senhora. Estou perfeitamente a lixar-me para os seus rastreios, para a sua investigação da treta, para a quantidade de balelas que me querem impingir, enquanto a Morte me cerca, me mata pedaço a pedaço, membro a membro, susto a susto, Amor por Amor.
Calou-se. Ela aproveitou para pestanejar. Senhoras outras entreolharam-se de espanto e indignação.
- Mas... - Arriscou ainda.
- Mas nada. Falamos daqui a algum tempo. É certo que estarei diferente e verei com outros olhos o seu pedido. Agora, minha senhora, agora vou para casa fumar 50 cigarros, comer enchidos e toda a carne processada que encontrar, com batatas muito fritas. E ovos estrelados em banha de porco. Regados a tinto carrascão e refrigerantes mega-açucarados, carregadinhos de corantes e conservantes. É isso que vou fazer. Com licença, que tenho onde deixar as minhas flores. E acender a minha vela.
- Pfff, que mau feitio. - Disse uma senhora, enquanto apanhava os sacos que tinha pousado no chão.
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Soundtrack to bad temper: Hates us all!