...tu macumbas bem! |
Ando tão entusiasmado, mas tanto, com a Taça das Confederações que mais pareço um Alemão. De tal maneira fixado nesta competição que ontem até me lembrei de ver o jogo de Portugal. A segunda parte. Antes, tinha deixado passar todos. Exatamente como os principais jogadores da equipa Alemã.
Infelizmente, fomos de carrinho. No entanto, foi mais uma participação muito meritória. Apesar de apostar que vai meio Mundo desancar na seleção. É malta desde sempre habituada a ver Portugal a ganhar todas as provas em que participa. Haja paciência.
A verdade é que percebi depressa que íamos perder. Pá, uma equipa que joga com três Silvas, contra uma com Silva nenhum, já se sabe que, tarde ou cedo, vai ganhar. A menos que...não queira. E não é que não quisemos mesmo? Quer dizer, ao xôringinheiro não lhapeteceu.
Não há outra explicação para ter retirado do jogo os Silvas todos que tinha. Um por um. Se isto não é suicídio, então não sei como lhe chame. O tique de fugires com o pescoço ao colarinho nunca me enganou, oh Nandinho, é a tendência pró enforcamento, né?
Pelo contrário, o adversário, inteligentemente, não deixou de lançar mão do único Silva de que dispunha no banco. Resultado: No fim, ganhou a equipa do Silva. It figured.
Mesmo assim, os nossos melhores jogadores acabaram por ser, contra tudo e contra todos, dois Silvas naturalizados: Bolopost e Chichátraf da Silva. Um pouco estáticos, mas bastante decisivos.
...
Diz que organizaram um arraial solidário em Lisboa, para angariar ajuda para a malta que ardeu no incêndio.
- Não estúpido, para quem ardeu não. É para ajudar na reconstrução.
Pois claro, era isso que eu queria dizer. Deve ter corrido tudo lindamente e arrebanharam um daqueles prémios que agora sai todas as semanas: O milhão. Se por acaso tiverem dúvidas sobre onde o gastar, conheço, mas assim à distância, um tipo que tem uma sugestão.
Sendo que o mais importante foi o espírito solidário, a união dos Portugueses, as selfies do Presidente, ojartistas aparecerem nas televisões, o ar feliz e aos pulinhos da plateia, os diretos de Pedrogão, com tudo queimadinho em fundo. Ficou a mata a parecer o cérebro da Lena d'Água, tal e qual.
Sendo que o mais importante foi o espírito solidário, a união dos Portugueses, as selfies do Presidente, ojartistas aparecerem nas televisões, o ar feliz e aos pulinhos da plateia, os diretos de Pedrogão, com tudo queimadinho em fundo. Ficou a mata a parecer o cérebro da Lena d'Água, tal e qual.
Enfim, apesar da bosta de música, lá arranjaram maneira de se entreter, os cachopos. Tipo um suicídio coletivo do gosto musical, mas por uma causa muito nobre. Sendo claro que gostos não se discutem. Há o bom e o mau, that's all.
Claro que a pessoa fica a pensar que de milhão em milhão, vai-se a ver e podíamos mudar o Mundo. Mas lá está, a solidariedade nem sempre dá tempo de antena e a malta tem as suas vidas. E as suas redes sociais para gerir. Qual era a piada de andarem sempre a postar cenas de ajudar ojôtros e assim? E os gatinhos fofinhos? Esses não merecem a nossa solidariedade, késbêr? Opá, uma cena destas de vêjenquando chega bem, para essas vacas invejosas verem que eu não sou só mamas, também tenho sentimentos. Incha Katy.
- És mesmo cinico, foda-se!
- Oh, estou-me a peidar para o que tu pensas.
...
- Acho que me vou atirar deste viaduto e esborrachar-me no asfalto.
- Ora, não se meta nisso, meu ex-Primeiro.
- É isso que me irrita! - Fica grená de raiva. - Como posso ser ex, se o Povo não pediu o divórcio? E vem o raisparta do monhé, armado em padrinho à espanhola... Sai da frente que quero pular, arreda.
- Não pule, senhor Presidente do Partido, essa gentinha não merece. Olhe lá, porque não faz antes uma declaração sobre esta confusão do incêndio?
- Achas?
- Pois claro! Tenho aqui uma informação fresquinha que é bem catita. Veja lá se não tenho razão. - Segreda ao ouvido do outro.
- Epá, isso é espetacular. E tenjacerteza?
- Eu não, credo. Acabei de me lembrar disto agora mesmo.
- Oh meu, isso é suicídio!
- Pois, lá está. Dá igual, majaleija menos do que se espatifar no asfalto.
...
No MAI anda tudo à trolha. Uns dizem que a culpa do fogo é dojôtros e ojôtros acham que é antes dojuns. É um jogo tradicional Português, o Fogecurrabásseringa. Aprendemos desde pequeninos.
Entretanto, e para grande descanso das consciências, já estão a seguir o fluxograma da resolução de problemas. Isto é, vai ser criada uma Comissão Independente de Inquérito, que comunicará as suas conclusões a um Comité Eventual de Investigação. Este, por sua vez, nomeará uma Equipa Especial de Relatores, encarregue da produção de um Relatório Final que será avaliado por uma Comissão Paritária, antes de ser despachado para a Comissão Parlamentar de Inquérito. Tudo auditado pela KPMG, pois claro. Longe da vista do Tribunal de Contas.
Como aquecimento para esta longa jornada - parecendo simples, isto é coisa para dar cabo dos músculos - a Ministra da Administração Interna foi ao Parlamento responder a uma Comissão. E disse:
- Ora aí está, bela pergunta. E olhe que tenho aqui maijumas 200 igualmente pertinentes...
Ainda vai aparecer um iluminado a sugerir que a Proteção Civil e as Forças de Segurança comuniquem através de sinais de fumo. Nunca falha, pá. É só chegar um fósforo a um montinho de caruma.
Em suma, está tudo prontinho para o suicídio das soluções. E das responsabilidades. Se o Passos não se tivesse atirado do viaduto, era moço para dizer: Agora a culpa é do eucalipto, késbêr?! Buuu, buu, vergonha.
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Por fim, quanto aos e-mails lampiões, passámos à silly season. Distrai, mas não dá a mesma pica, já se sabe. Claro que compreendo o gozo de uma ou outra vendetta mais pessoal. Mas a mim, sempre que alguém se peida, cheira-me mal. Mesmo que seja um ato solidário.
Ainda assim, houve quem fosse atrás do Nhaga, para descobrir que não houve contrato nenhum e não recebeu cheta.
É nestas alturas que eu me pergunto onde anda o Arménio? O que andam a fazer as forças sindicais, progressistas e proletárias deste país? Voltamos aos piores exemplos do colonialismo e da ditadura, numa exploração torpe do autóctone desprevenido. Isto sim, senhores, é precariedade e exploração do homem pelo homem. Oh Avoila, tu põe mão nisto, que anda o homem a bulir sem contrato. Há-de estar há uns, deixa cá ver, quatro anos a recibos verdes.
De resto, continua tudo a assobiar para o ar, tranquilamente. Agora sob o ainda ténue nevoeiro da suposta investigação do MP. Toda a gente sabe que o nevoeiro adensa com a facilidade com que arde um eucalipto, tipo na Choupana. Por isso, não se fiem nas virgens ofendidas e mantenham a pressão, combinado?
Sim, porque não é por acaso que o Expresso só pega em factos que, mesmo que estranhos, nunca poderão conduzir a qualquer punição. Porque de nexo de causalidade impossível de provar. Nem é por acaso que, "O Jogo" à parte, parece não se passar grande coisa. Uns arrufos daquela malta falida do Norte, só isso.
Todos a fazerem-se de mortos, a ver se passa.
Todos a fazerem-se de mortos, a ver se passa.
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Nestes desmandos, amanhã é dia 30. Até ver, vale-nos o Silva. André.
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Soundtrack to suicide: Wine is fine, but whiskey's faster...