sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
A inegável importância de Sonkaya II
- Quero pedir-te dois favores, pode ser? - Esta segunda pessoa do singular ainda não me é cómoda, mas acho que é um problema civilizacional. Sabe bem, de todo o modo. Tem as mãos firmemente entrelaçadas e apoiadas no balcão, a condizer com a determinação, aliviada?, dos olhos claros.
- Se eu puder, terei todo o gosto... - Respondo diplomático, mas defensivo. Esta é a brilhante maneira encontrada para não termos que nos comprometer nunca. Afinal, é tão subjetivo aquilo que podemos ou não fazer. Quem, para além do próprio, pode ser juiz nesta causa? Anyway, interiormente espero que seja um copo de água e um palito e uma gargalhada. Grande amigo!
- Queria que me reservasses a mesa dos namorados para logo à noite, preciso de ter uma conversa tranquila com o turco . - Ela sorri depois de "turco", eu sinto-me corar até ás orelhas, vermelho como um tomate. - Sim, eu sei! Ou achavas que um miúdo de 11 anos não se descosia?
- Ok, reservada. Que mais? - Não estou a ficar menos corado, caraças!
- Pois... - Hesita. - Não sei, podias perceber se isto faz muita confusão ao puto. Não vai ser um jantar romântico, é mais uma espécie de downsizing. - Ri.
- Despedimento por incompetência ou inadequação ao posto de trabalho? - Rio eu, a medo.
- Competência qb e bastante adequado. Digamos que o posto de trabalho é que não se adapta. Mas entretanto era um homem e ele um miúdo. Entenderam-se, creio. Agora custa-me... - Revira os olhos, as mãos permanecem firmes.
Percorro a Tasca com o olhar, à procura da mesa do dominó. Bingo! Lá está a pequena cabeça, toda desgrenhada das festas das mãos enrugadas dos seus muitos avós. Sai um jarro de carrascão para lá.
- Hey miúdo, que tal? - Ainda de jarro na mão.
- Tudo bem, Silva. - Sorri-me.
- Ouvi dizer que hoje há cá um jantar especial. - Eis a proverbial subtileza do Silva, sempre próxima da de um elefante zonzo numa loja de porcelanas.
- É. - Os olhos traem-lhe o sorriso que mantém. Há uma sombra... - Não fico lá muito contente, mas paciência. Sabes, o Sonkaya até é fixe. Joga comigo e ás vezes vai ver os treinos. Um dia tens que ir ver os meus treinos Silva... - A mente a fugir-lhe para coisas menos sérias e mais alegres.
- Sim, sim, um dia vou. E agora puto? Vais ficar triste? - Era para saber, não era?
- Um bocadinho, mas não tem mal. Volto a adaptar o avô a lateral direito. - Pisca o olho.
Eu penso: 11? Achava que eram 10. Não serão antes 61? Raio do miúdo.
Uma voz pelo meio do catarro:
- Oh Silva, vai poisar isso ou tem alguém que morrer de sede aqui?
ResponderEliminar@ Silva
SonKaya... época 2005/2006, a do Co Adriaanse. neste plantel fizeram parte alguns "craques emblemáticos"; à cabeça, o Areias (que, para mim, será sempre «um camelo», como reza a canção) e depois Léo Lima (o puto que afinal, foi-se aver, e já não o era... há um par de anos...)
e, para mim, Ronald Baroni será sempre «o pior jogador de futebol da nossa História» - apesar de perceber a importância dos 'sonKayas' num plantel
abr@ço
Miguel | Tomo II
E com essa fantástica equipa...campeões :) A jogar com 3 defesas!
ResponderEliminarQUanto ao Baroni, oh Miguel eu acho sempre que a malta "menospreza" o lendário Lucas Mareque. E o inesquecivel Kaviedes, claro. Que até era um rapaz promissor, se bem me lembro...
Abc.