sexta-feira, 31 de julho de 2015

Resumo da semana: Tá tudo bêbado!



A coligação PSD/CDS apresentou o seu Programa Eleitoral e as listas de candidatos à Assembleia da República. Duas coisas se destacam deste advento:

O Relvas não faz parte das listas, o que é uma ótima noticia para ele. Assim terá tempo para estudar e poder concluir, finalmente, o 12º ano, sem recorrer a equivalências. Por outro lado, pode muito bem dedicar-se de alma e coração a mandar no partido e no Governo, sem ter os jornalistas à perna e a malta a reparar que sofre de prognatismo.

Quanto ao Programa, parece que foi apresentado numa folha A4 mal enjorcada e cheia de nódoas. Posso revelar que a mesma foi redigida numa mesa da zona de fumadores aqui da Tasca, numa noite épica de copos a dois entre o Pedro e a Cath...errrr...o Paulo. Ganda bezana, sim senhor.

António Costa apressou-se a comentar:

- Ganda nojo de programa! Ainda por cima sem uma única continha feita. Ao menos uma prova dos nove no verso ou assim. Porra pá, ponham ojolhos em nós. Tivemos o cuidado de apresentar um cenário macro perfeitamente mirabolante, a raiar a alucinação Lsdiana, e de desencantar receitas no quinto dos Infernos. A criatividade é o motor do desenvolvimento. Inchem!


...

Quem se apresentou ao trabalho com uma carraspana de caixão à cova, foi o fintabolista português Nuno Silva.

Fisgado por um clube espanhol, teve que sair à pressa de uma festa no prostíbulo onde passou a noite, a ver se chegava a horas à conferência de imprensa de anúncio da sua contratação. Sem tempo para passar a camisa a ferro, comprou uma t-shirt qualquer na barraca do Senhor Ibrahim - que se encontra de férias pela zona, para vossa informação. - e a da imagem era a mais barata.

Não satisfeito com a bela merda que tinha feito, tratou de se retratar. Como ainda estava bêbado, de certeza!, fê-lo dizendo maijomenos o seguinte:

- Epá, não liguem! Eu sou burro que dói. A minha mãezinha sempre me disse que eu não dava prós estudos e que era melhor ir pajobras. A História então, ui... Nem sabia que o primeiro Rei de Portugal tinha sido o Doutor Pimenta Machado, quanto mais conhecer o Franco. Eu, o único Franco que conheço é o de Moscavide. O Rei dos Francos ou lá o kié...

Cristo, tinha que se chamar Silva. É o que dá ter um apelido que serve para tudo. O velhote é que foi esperto e arranjou outro (private joke, Mr. Silva Sales).


...

A célebre juiza Americana Mindy Glazer, que aqui há atrasado tinha dado de fuças com um amigo de infância no banco dos réus, descobriu que foi de cruzeiro com um gajo acusado de uma cena qualquer kagoranumalembra. Era grave e a rapariga estava encarregada de o julgar.

Não é que eu queira ser maldoso, mas acho que a Mindy devia ter mais cuidado com a malta com quem se mete nos copos. Não sei, isto é eu a pensar...


...

O pessoal da Gestão de Dívida da Segurança Social prepara-se para apanhar uma cardina de caixão à cova. Vai ser de tal maneira que até tiraram o dia para estágio e tudo.

Gente, eu não tenho nada contra o inalienável direito à greve. Juro! E rejuro! O 5LB seja campe... - espera, é melhor não arriscar. - eu seja ceguinho! Mas se alguém se der ao trabalho de analisar estatisticamente, aposto que a sexta-feira é o dia da semana com mais greves. Ora fuoda-se, não era complicado marcarem isso para quarta-feira e calarem a malta fascistóreacionárióimperialistócapitalista como eu, poinão?

No outro dia, apanhei a Ana Avoila e o Mário Nogueira a partilharem uma dose de arroz de polvo com filetes do próprio, aqui na Tasca naturalmente, e coloquei-lhes esta questão. Ao que me responderam em stereo:

- Os direitos dos trabalhadores sofrem um ataque sem precedentes, procuram destruir as conquistas de Abril e o Estado Social. Vivam os Professores e os Funcionários Públicos e que possam continuar a fazer por muitos anos aquelas coisas que fazem. E a pagar quotas para o Sindicato. E é mais uma garrafinha de Mula Velha, ohfaxabor.


...

A Turquia ganhou o aplauso internacional por se ter, finalmente, juntado à guerra contra o EI. Pelo meio dos TRÊS ataques contra posições dos islamitas radicais, registaram-se DEZENAS de missões contra os rebeldes Curdos, no Iraque. Ainda ontem, um Turco que aí veio beber um 3 Marias fresquinho me explicou:

- Oh Silva, foi sem querer. Desde logo aquilo fica em caminho; depois, é fácil confundir um Curdo com um islamita. Sobretudo se se estiver meio zonzo do álcool...


...

Na bluegosfera anda tudo à sapatada. Vai-se a ver eu também ando. É os seguidistas/lopeteguistas/parolistas/zelotas versus os assobiativosóporquesim/támalipronto/anti-Pintistas. Não tenho nada contra e até é capaz de ter graça e de sair alguma coisa de positivo disto tudo. 

Tenho é pena de não perceber noventa por cento das indiretas, porque estou bastante fora do contexto. Mas pronto, é entretido.

Eu acho que sou dos seguidistas, porque uma vez fui prá rua em zelota. Veio a polícia e o catano. Ah e tal, que tinha que vestir qualquer coisinha e rebéubéu. Mas estava bêbado que nem um cacho...


...

A malta que vai para os concertos e passa o tempo a filmar o espetáculo e a tirar fotografias - não é umas quantas, é o tempo todo! - já terá percebido que se arredar o aparelho da frente das vistas, os artistas ficam em bastante maior? Ou será da buba?

Tenho saudades de Barcelona, em azul e branco...


quinta-feira, 30 de julho de 2015

Vamos à bola, assobiativo? - Parte II: O intervalo. (se fosse hoje)





- Pimbas, cincazero ainda na primeira parte!!! E ainda faltam quatro minutinhos. Quero ver de que te queixas agora, quero, quero...

- Oh, cincazero a estes gajos? Pelamordedeus, isto é o quê? O Grupo de Cicloturismo de Arronches, não? A Secção de Desporto do Centro Helen Keller de Avintes? - Sorri.

- Tás maluco? Estes tipos ficaram bem class... - Faz-me sinal com a mão para esperar, enquanto se levanta. Diz-me, já a sair do lugar:

- Oh Silva, olha-me aí pela sacola por um bocadinho, venho já.

- Então majondéquetubais? Ainda não é interv... - Interrompe:

- Shhh, cala-te, jábenho.

Bah, dane-se, ao menos tenho tempo para o meu cigarrinho de intervalo - no corredor, sem expirar para cima de ninguém - sem el chato a buzinar-me aojóvidos. Na minha cabeça ainda passa o hattrick do ABUMbakar e em fundo, sobrepondo-se ao som do contexto, toca uma música.

Lá pelo meio do intervalo, ei-lo que reaparece:

- Prontinho Silva, já cá estou.

- Majondéketufoste?

- Fui para ao pé das pipocas. 

- Hein?!

- Pois, por isso é que tive que ir um pedaço mais cedo.

- Foste comprar pipocas? E comeste todas sozinho?! Ganda sovina!

- Nada disso! Eu não sou pipoqueiro, o Senhor não permita. - Benze-se. - Mas assim apanhei-os a todos a fazer fila.

- Mas foste fazer o quê, afinal?

- Vaiar a malta que foi comprar pipocas, claro! Buuuu, buuu, pipoqueiros da treta, são a vergonha desta casa. Já não basta os perna de pau que nem sabem o que é o FCP e a Invicta, ainda vêm vocês conspurcar o solo sagrado. Ok, é exagero, que sagrado era as Antas. Isto é mais um cinema, mas enfim...

- Credo, não posso acreditar! Mas tu és doidinho de to... - Interrompe:

- Shhh, cala-te, deixóbir.

...e o FCP vai alinhar com Helton, Ricardo, Lichnocoiso, Indi e Ángel; Ruben, André e Sérgio; Hernâni, Kinder e André Silva.

- Bahahahahahahahahahah, até tu tens lugar nisto, hein Silva?

- Hã? - Pasmo.

- Buuuu, buuu, ondékepára a guita das transferências? Ladrões! 

- Mas então não querias portugueses? Não estávamos a gastar à toa, a saque e o camandro? Tens ali seis tugas, tens a formação, a equipa B, gajos que vieram a custo zero. É o Paraíso hein?

- O carago, Silva! Deves pensar que eu sou tanso. Isso é tudo muito bonito, mas trazerem jogadores de futebol é que era! É com isto que vamos ser Campeões? Epá, nem com um treinador a sério, quanto mais com a trampa do Loriopegui. Deviam era aprender com o Bruninho e Juses e o Orelhas, nesses é que os Anteros da vida haviam de pôr ojolhinhos. Foda-se, agora somos o Paços de Ferreira. Vergonha!

- Paços de Ferreira?

- Sim Silva, Paços de Ferreira! Não vês que eram todos de lá?

- Que parvoíce! O Hernâni era do Guimarães, como o André e o Ricardo. Só o Sérgio é que... - Dá-me uma palmada condescendente nas costas:

- Oh Silva, meu pequenito parolito, se é do Minho, é do Paços de Ferreira. Para facilitar, tajaberohnão?

- Oh, disparate. Então o Braga também não conta é?

- Quem é o treinador do Braga?

- O Fonseca... - Merda!

- Lá está, Paços de Ferreira! - Pisca-me o olho.

- Olha, e se fosses apanhar no real entrefolho do olh... - Interrompe:

- Shhh, cala-te, vai recomeçar.

Prrrrriiiiiiiiiiii... 



(continua...provavelmente...)


quarta-feira, 29 de julho de 2015

Vamos à bola, assobiativo? - Parte I: A equipa. (ao dia de hoje)



- Não tenho a certeza que isto de virmos à bola juntos seja boa ideia...

- Oh Silva, deixa-te de merdas pá! Claro que é boa ideia, vamos divertir-nos à brava. Eu cá sempre te achei um piadão...

E pronto, entrados. Gosto particularmente do som dos torniquetes. Sei que é o mesmo de todos os torniquetes, mas estes disparam-me as endorfinas e fico com aquela disposição aifodassevaisertãoespetacular. Sentados. Anúncio da equipa:

Na baliza, Iiiiiiiiiiker Caaaasillaas;

- Buuuu, buuu! Pesetero, cabron, viejo dum cabroncete, frangueiro!! Que vergonha pá!!

- Oh, lá estás tu. Considerado o melhor redes do Mundo não sei quantas vezes... - Exalta-se:

- Este velho? Não brinques comigo. Isto mais parece um asilo. E o pobre do Helton da Viola abanca por decreto. E o dinheiro que isto custa, vem de onde? Este ano foi um verdadeiro assalto à mão armada ao património. Não há outra explicação. Vergonha!

- Então, mas o Casillas é mais nov... - Interrompe:

- Shhh, cala-te, deixóbir.

Número dois, Maaaaaaaaaaaxiiiii;

- Buuuu, buuu! Tira essa camisola, filho da puta. Volta pa Marrocos, mouro, corno, macaco. Oh Pinto da Costa, vai pró caralho. Vergonha, vergonha!

- Que exagero! Diz lá quem é que era melhor que este para aquele lug... - Interrompe:

- Shhh, cala-te, deixóbir.

Os centrais: Maaaaaaicon e Maaaaarcaaano;

- Buuuu, buuu! Isto agora é uma loja de gomas é? M&M fora do prazo! Mais parece um passador. E comprarem um central em condições, hein? No te va, espanhuel de mierda! Vergooonhaaaa!

- Isso tudo dizes tu da defesa menos batida do campeonato, certo? E afinal já devia haver dinheiro? De quê? Do patrimón... - Interrompe:

- Shhh, cala-te, deixóbir.

Na esquerda, o nosso capitão, Aaaaaalex Sandro;

- Ahahahahahahahahahahahaha, nem consigo vaiar! Buu...ahahahahahaha...buu! Capitão, o Soneca? Estamos entregues aos bichos. Quer dizer, isso gostava eu. Mas Bicho nunca mais. Acabaram-se. Vergonha!

- Oh, vai-se a ver o homem até abre a pestanola com a braçadeira. Aquilo foi um prémio para ajudar a renovar, digo eu.

- Oh Silva, mas quais quê! Era vendê-lo direitinho para o Atlético pelos 30 milhões. É o que te digo, quando vocês, pequenos parolos, acordarem, já não sobra nadinha do que era o FCP. Então mas o Rafa não fazia aquele lugar? Vergonha!

- Tásparvókê? Mas queres comparar o Rafa com um dos melhores laterais da Euro... - Interrompe:

- Shhh, cala-te, deixóbir.

No meio, Danilo, Imbula e Brahiiiiimi;

- Buuuu, buuu! Que escuridão! Nem um português para amostra, hein? E disto houve o nome Portugal? Não brinquem, pá. Tenham vergonha! Estamos a saque, vinte milhões por aquilo, mais não sei quantos para o Guardanapo que agora já é bonzinho. Já nem falo do Marroquino. Também não é preciso, isto não é para a Champions, não vai haver nada para dizer do gajo. Que miséria!

- Fosga-se, mas então o Danilo e o Imbula não são bons? E o Danilo não é Português desde quando? Vai-se a ver, eu também não sou! Não andas há um ano a pedir para porem o Brahimi no mei... - Interrompe:

- Shhh, cala-te, deixóbir.

Na direita, Christian Tello;

- Buuuu, buu! Se não fosses espanhol estavas no Mirandela, cabrón!

- Eu cá gosto do Tello. E acho que ainda vais engolir isso, como contra os Calime... - Interrompe:

- Shhh, cala-te, deixóbir.

Na esquerda, o Drogba da Caparica, Silvestre Vaaaarela;

Vira-se para o fulano de trás:

- Já viu isto? Isto é o nosso Porto? O meu é que não é! Então este filho da puta não se queria ir embora? E agora já cá está e joga? Que vergonha! Abençoado Quaresma, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem.

O vizinho de trás é um veraneante Sueco que não percebe uma palavra de Português. Acena-lhe repetidamente com a cabeça, de sorriso colado nas loiras fuças.

- Epá, mas então o Quaresma também foi embora e depois voltou quando tudo lhe corria pior que ma... - Interrompe:

- Shhh, cala-te, deixóbir.

E na frente, Aaaaaaaaaaaa(BUM, um petardo!)bakar!

- Ahahahahahahahahahahahaha, golos népias, passes zero, nem correr a direito este sabe! Pode ser que venda um automóvel ou assim. Sabias que a família Bakar é dos stands, pois sabias Silva? - Entredentes: - Vergonha pá!

- Foda-se, este gajo é o avançado mais eficaz que vi em dias da minha vida!

- Sim, sim, o Farias também era eficaz. E o Walter...

- Olha, bem visto. Nisso até tens raz... - Interrompe:

- Shhh, cala-te, vai começar.

Prrrrrrrrriiiiiiiiiiiiiii...

(Continua...provavelmente...)

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Postal de Barcelona


Caríssimos,

Como podeis apreciar pela imagem acima, há sempre um Dragão que me acompanha. Neste caso, vinha carregado com uns quantos barris de cerveza.

Para que tudo fosse mesmo perfeito, a diva não deixou de escolher a dedo os tons do seu guarda roupa.


Se isto não significa que o FCP vai limpar tudo esta época, então não percebo nada de presságios...

...

Sim, sim, claro, Gaudi bla, obras na Sagrada Família blabla, La Rambla blahicbla, Messi e independentistas blablabla. Mas sobretudo, o FCP em direto na TVE, hoje por las siete! Compra lá isto Jorge Gabriel. Incha porco!

...

Soundtrack to Barcelona, where i walk with an angel...

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Zubaida, uma borboleta da noite.



- Julen!! Venham de lá esses ossos, maganyo! Estyava a ver que te tinhas olvidado da maltya.

- No, coño! - Abraço apertado. Gosto deste tipo, caso não tivessem ainda percebido. - Te vas a Barcelona, Silva?

- Pues claryo que si! Nem huviera Festivyal sem nosotros. 

- Bien, bien. Y que tal, te gustaran los partidos hasta ahora? - O velhote de sorriso desdentado junta-se a nós, com o seu ar lampião. O meu olhar deve bastar para o manter caladinho.

- Májomyenos. Me gustaram André, Sérgio, Danilo, Imbula. Me gusta Iker! Ai caraças, o que me gusta Iker!E Maxi tambyem. Pienso que tenemos un grandekypo. Y un gran entrenador. - Sorrio-lhe.

- Gracias amigo. Que va a ser duro... - Lixo-me para isto de falar castelhano (e que bem que me safo hein?!) e trato de lhe explicar direitinho:

- Olha Julen, claro que vai ser difícil. Sabes que contas com o meu apoio total e, naqueles momentos mais complicados, preparam-e aí uns pintxos e tudo. Mas é para fazer bonito este ano. Aliás, é para fazer muito bonito, em todo o lado! - O velhote franze o sobrolho. - Anda aqui basco dum cabrão, deixa-me contar-te a história da Zubaida. - Passo para o lado deles do balcão, sento-me entre os dois. Encho três copos de três de tinto. Conto-lhe:

"Quando conheci a Zubaida, ainda ela se chamava Zebedeu e trabalhava de paquete num escritório de advogados. Era um excelente rapaz, educado, prestável, amigo do seu amigo. Mas lá está, tinha aquela tendência para ser demasiado prestável e demasiado amigo de alguns dos seus amigos. No fundo, apesar do nome e da aparência e da penugem, pouca, que lhe encimava o lábio e se espalhava ao calhas pelo queixo, dentro daquele invólucro sempre viveu a Zubaida.

Aqui na Tasca, gostámos logo à primeira do moço. E custava-nos de tal maneira ver-lhe aquela infelicidade no olhar, que um dia alguém se lembrou, acho que foi o velho dos sapatos, de fazer uma vaquinha e ajudar na angariação de fundos para a conversão do Zebedeu em Zubaida. Como se fosse assim uma espécie de crisálida, estajaberohnão?! 

E pronto, com o nosso dinheiro mais todo o que ele já tinha juntado, lá assistimos todos orgulhosos ao nascimento da nossa Baidinha, como por aqui lhe chamamos até hoje. E vou-te dizer Julen, ganda naco, sim senhores. Rapidamente passou a ser bastante popular e requisitada, olarilas se era requisitada. 

Até que chegou aí um tipo e disse que ela havia era de participar num concurso todo catita. Miss Traveco Portugal ou lá o que era. Mas aquilo metia desfiles no estrangeiro e o diabo a quatro, se ganhasse cá e assim. Já imaginas o entusiasmo da rapariga. E nós, pais babados, tratámos de lhe arranjar as roupas e pagar as depilações e o ginásio e o camandro. 

Acontece que isto dos concursos de beleza para travecos é um mundo cão, pá. Juro-te que a nossa Baidinha era a málinda de todas. Mas o júri estava mais que comprado e, para sermos completamente justos, ela não sabia das manhas destas andanças e isso também a prejudicou um pedaço. E pimbas, ficou em segundo por uma unha negra, apesar da roubalheira. 

Mesmo não tendo ganho, a Baidinha ficou feliz, porque tinha consciência que era mais gaja e mais boa kajoutras. Até nós, que víamos a voar o nosso dinheirinho, estávamos convictos que a rapariga ia longe. Tanto assim que tratámos de lhe pagar um curso para desfilar nos trinques. Arranjámos um patrocínio de um dentista que lhe pôs aqueles dentes a brilhar mais que os holofotes do Dragão. Vou-te dizer pá, aquilo é que era. A gaja estava de se morder, não fosse sabermos que vinha com equipamento a mais de série. Aliás, eu cá acho que houve quem tivesse tentado dar umas dentadinhas mesmo assim. Adiante.

No ano seguinte, lá estava a Tasca em peso a fazer claque pela Baidinha. Toda ela recauchutada, a brilhar por entre a cambada de camafeus. Ate o júri, que continuava comprado, babava quando ela desfilava. Uns quantos deles de raiva, porque não estavam a ver como é que poderiam impedi-la de ser a Miss Traveco. Precisamente no desfile de fato de banho - Julen, não vás ver um desfile de fato de banho de travecos. Um gajo acaba a sentir-se humilhado pá! - a gaja vai e tropeça nos saltos que lhe tinhamos comprado por um preço que nem te vou dizer para não te assustar. Catrapumbas, esbardalha-se ao comprido na passerelle. Um bruaaa na sala, nós de coração apertado, os cabrões do júri com um sorriso cínico. Resultado: segunda outra vez. Atrás de uma gaja que parecia mais um gajo! Quer dizer, na verdade era mesmo um gajo, mas parecia uma gaja que parecia um gajo, foda-se!

Nessa altura tive que falar com a Baidinha e ser honesto com ela, até pelo apreço que todos lhe tínhamos. Disse-lhe:

- Olha Zubaida, tu vaitafodertábem?! Se não sabes andar de saltos, mete uns chanatos, pega numa sachola e vai cavar batatas, que tens bom corpo prá lavoura..."

- E tinha, Julen, muito bom corpo mesmo... - Concluo.

Reabasteço os copos. O basco assente com a cabeça repetidamente. O velho tens os olhos muito abertos. O primeiro diz:

- Comprendido, Silva. Ganar o ganar! Pero teremos pintxos, si?

- Siempre!

O velhote balbucia:

- A minha alma está parva! - O espanhol debruça-se para me tirar da frente do seu raio de visão e perguntar diretamente ao outro:

- Qué? - Ele responde-lhe:

- Mi almya estyá pyarvia!


...

Soundtrack to Zubaida's tale: Are you ready to fight?

domingo, 19 de julho de 2015

Senha 118: Contributos para a recuperação económica, por Mr.Hyde



Quando a máquina me dá a senha número cento e dezoito e o ecrã me diz que no talho a coisa vai no sete, eu sei que o meu enemy inside começa a esfregar as mãos de contente. Uma espécie de adepto lagarto em inicio de campeonato, vá. Há um Eu antes e depois desse fatídico número e do que ele implica. Podia ignorar e ir embora, está claro. Mas depois quem é que me ia sorrir e desossar a peça do cachaço? Sou bastante fiel ao talho do meu sítio do costume, porque me fazem as vontadinhas todas, incluindo sacar a pele e partir ao meio as pernas de frango com costa em promoção.

As cento e uma pessoas antes de mim é que se estão a danar para isso. E a espera é o alimento favorito do meu Mr. Hyde. Habitualmente cordato, apesar do frequente ar Hell Angel desmotorizado, há um outro Silva que me possui - oh si cariño, pero suave, suave - e me torna num dos tipos mais desprezíveis que tenho o desprazer de conhecer. Assim uma espécie de antes e depois da senha número cento e dezoito, mudando-me a perspetiva dos outros que esperam comigo. Porém, à minha frente. Veja-se:


  • A senhora gorda com um catraio. Compra barriga para cortar em rojões.
Antes da 118 - "Pobre senhora, vem para aqui às compras e tem que carregar o catraio atrás. Não lhe deve dar jeito nenhum. Naturalmente, tem em casa um marido que é uma besta. Então não podia ter ficado com o puto? Porra pá, há gajos muito inúteis. Mas aposto que é ele que morfa 90% dos rojões, com uns 5 litros de vinho. Felizmente a senhora é bem constituída, não me admirava nada que o energúmeno fosse violento. Oxalá ela o avie um dia destes. Pobrezinha..."

Depois da 118 - "Gorda do caraças pá! Olha prakilo, pumbas, barriga de porco. Cheia de gordura, para ficares ainda maior. Foda-se, já pareces um planeta sem esse toucinho todo, imagino depois de 3 toneladas de rojões. E o puto irritante há-de ir pelo mesmo caminho. Tenho a certeza que o vi no corredor dos chocolates. Aposto que o pobre pai e marido ou morreu ou anda a monte. Pudera, com este camião e respetivo atrelado, até eu me punha ao fresco. Vai-se a ver, comeram o homem, coitado.
Este tipo de gente devia estar proibido de comprar carne de porco. aliás, qualquer carne. Nem sei se não haviam de a barrar à entrada da loja. A brincar, a brincar, ainda se poupavam uns milhões. É que isto é uma malta que deve gastar pipas de massa em remédios para o colesterol e isso tudo. Dinheiro de quem? Do contribuinte, claro! O meu dinheiro! Leitoa dum camandro, anda a comprar entremeada com o meu dinheiro... "

  •  Casal de velhinhos. Indecisos sobre peito de frango ou bifes de peru.
Antes da 118 - "Opaaaaaaaaaa, que queridos! Oxalá andem de mãos dadas. Vou estar atento o resto das compras, a ver se os apanho de mão dada pelos corredores. Deus queira que eu e a Bicicleta possamos envelhecer assim: ternurentos. Que escolheríamos nós? Huumm...peito de frango. Panado com molho de tomate e abacate. Ou marinados em lima e mel e grelhados. Aposto que estou com um sorriso estúpido..."

Depois da 118 - " Tá tudo fodido!! Agora os velhos não sabem o que querem! Paaaa, kékimporta se levas frango ou peru? Kemkersaber dessa merda? Já se deviam dar por felizes por conseguirem comer alguma coisa que não esteja liquefeita. Mas isto é o que dá andar o Estado a pagar próteses a tudo o que é velho. Depois vêm para aqui empatar a vida de quem tem pressa. Levem borrego, é a mesma trampa!
Quanto mais penso nisto, mais me parece que não é descabida aquela coisa da eutanásia compulsória. Epá, a partir do momento em que o meu amigo não se consiga decidir sobre se quer comer peitos de frango ou bifes de peru, pumbas, já foste! Era cá uma poupança em pensões e reformas e o diabo a quatro..."

  • Rabo de gaja. Pede um naco de lombo feito em bifes, grossinhos.
Antes da 118 - " Bifinhos, pois com certeza. Kakeles glúteos não ficam assim a comer gorduras de porco e hormonas de aves, não ficam não. Aposto que o carrinho deles é aquele cheio de legumes. Há-de acompanhar com um grelinho salteado - giggle giggle in my head - ou uma saladinha fresca. E ginásio, ah poijé, kakeles músculos não se enrijecem sozinhos..."

Depois da 118 - " E tirares o befe da frente da montra, não? Ai vejam bem o meu traseiro, uh! Se podem olhar para o meu rabo empinado, para que quereriam olhar para o preço do bife do vazio? Merda para estas gajas pá. Detesto estes cús cheios de si. Claaaaaaaro, lombo! Eu vi logo. Ah pois, eu compro do corte mais caro. Porque estou na indústria da prostituição! Queres apostar? Vaca do cacete! É que vi logo, não tem nada que enganar. Estas topam-se à distância. Ui, ui, grossinhos, já se vê. É trabalho, é trabalho, mas não quer dizer que uma pessoa não goste do que faz, né? Grandessíssima e alternadíssima meretriz!
Quando, mas quando senhores, é que esta malta começa a pagar impostos? Aí é que eu queria ver se andavas com calças Gucci e compravas bifes do lombo. Mas nãããããõooo, quem paga é o Silva. Olha, se ficares com chatos ou gonorreia ou lá uma dessas merdas que vocês apanham, tu vai-me logo ao hospital público, tajóbir querida? Não te incomodes, tenho todo o prazer em pagar. Eu e os outros anormais que pagam impostos. Merda para isto pá..."

  • Eu
Antes da 118 - " Bom dia meu amor. Já acordou a minha linda é? Precisas de quê? Claro docinho, fica descansada. Não esqueço, claro que não. Lá me esqueço de um pedido seu, milady... Sim, sim, volta a dormir querida. Quando eu chegar acordo-te (risinhos e palavras indecifraveis). Beijos, hmmmm..."

Depois da 118 - " Que foi? Estou na fila do talho, diz lá depressa. O quê? Sei lá o que é isso, depois vens cá e compras. Não deve ser muito urgente né? Antipático não, estou aqui desde as dez. E tu? Estás a fazer o quê exatamente? Aaaaahhhhhh poijé! 
Mas olha, aproveito já para te dizer que acho que devíamos meter uma garrafa de litro e meio nos autoclismos. Não pá, a garrafa mesmo. Cheia. É menos isso que gastas em água, porque aquilo ocupa espaço, tajaberohnão? Falamos depois nada! Não estou a ver porquê. É uma altura como qualquer outra e não vejo o que tem o assunto de descabido. Eu cá não tenho nada melhor para fazer..."

...

- Às vezes também me irrito quando alguém apanha o jornal primeiro. Parece que demoram imenso a ler...
- Pois, vê? Não é como se fosse um paranóico perigoso, não acha?
- Pois...Isso já não sei, Silva. Parece-me bastante esquizofrénico... Hey, não se ponha com esse ar que me assusta, dasss...



segunda-feira, 13 de julho de 2015

A ronda das mesas, as we grow a little older...




- Abram alas caraças! Deixa pousar isto que está quente. Ora então, um Casqueiro e um Mula Velha tinto especial xpto e o diabo a quatro.

- Ai ca bom! Epá, oh Silva, então agora vem o Casillas? Não percebo nada da vossa estratégia. Em vez de um avançado, gastam milhões num redes. O tipo mais inútil numa equipa como a vossa.

- Inútil? Já bebeste?

- Claro pá. Vais-me dizer que estavas mal servido? Um gajo que vai passar 95% dos jogos a ver a bola do outro lado do campo. Mais valia oferecerem-lhe um lugar anual ou assim. Sempre vê melhor o jogo, coitado do moço.

- 95% dos jogos? Não estou a perceber...

- Naturalmente. O União da Madeira vai-lhe dar trabalho? Espera, espera, é por causa do Arouca e do Boavista. Não percebo, mas pronto, é lá convosco, se querem gastar uma pipa na reforma de um velhote, por mim estão à vontadinha.

- Ah, estou a ver. Mas estás enganado, lagarto. Até pode ser importante contra o Setúbal, está claro, mas o Casillas não vem para o Campeonato Nacional. Vem para o F.C.Porto. O nosso horizonte está para lá de Badajoz.

- Ena, que cagança! Não precisam de ser campeões nem nada. Tá bem abelha!

- Nada disso. Mas acredita que se conseguirmos construir a equipa que nos leve onde queremos estar, então estaremos bastante mais perto de ficar no nosso lugar cá pelo burgo. O primeiro, já se vê. E tem cuidado, a travessa está quente, ainda te queimas.


...

- Cá estão elas, as belas almôndegas. Querem mais cerveja?

- Ai pois queremos. Traga lá mais uns finos, quando puder. E pelo caminho, veja lá se encontra o Quaresma. - Risos. - Pronto, pronto, você até gosta do rapaz, não deve estar muito satisfeito.

- Gosto. Gosto do jogador e gosto que seja do FCP. Acho que podia ser muito útil, agora que está a envelhecer. 

Mas, muito honestamente, não sei se será homem para ser importante para o Clube; mais do que é homem para ter um Clube que o faça importante.

- Que complicado que você é. Mas não tem mal, assim como assim, já foi...

- Olhe que até ver, tudo o que ouvi o Presidente dizer foi "não sai mais ninguém"...

- Oh yeah! Tem ovo.

...

- Silva, tem a certeza que isto não é sapo? Não entenda mal, é bom. Tem é uma textura diferente.

- Não homem! Esta a desconfiar da comida da Tasca?

- Nada disso tasqueiro. Eu não sou desconfiado. A propósito, o seu amigo Alexis anda num virote, a dizer sim ao que era suposto ser não. E os alemães a levá-lo ao limite. Desconfianças hein?

- É capaz. Mas acho que é mais castigo. Como se faz aos meninos pequeninos. Ai foste insolente, então vais penar pela sobremesa.

- Eles é que têm o dinheiro...

- Ah, mas deviam lembrar-se de Versalhes! Nada de bom se retira da humilhação. Aquilo dos 50 mil milhões em bens públicos Gregos, geridos a partir do Luxemburgo, era um exagero. Felizmente, parece que mais ninguém está disponível para anexar países. Mesmo que seja a Grécia! Espero que desta vez corra bem. Por todos nós.

- Com o Tsipras? Viu o ar envelhecido do homem? Não sei, não sei...

- O Alexis ardeu, meu caro. Vai precisar dos mesmos que desancou, e dos que desprezou, para aprovar as reformas que permitem um acordo. Depois disso, puf, desfaz-se em gelatina.

- É isso mesmo! Gelatina! Que parvo sou, é tamboril!

- Bingo!

... 

- Ena, veio dar bom ar à Tasca a menina, é?

- Oh, estava a precisar de espairecer. Achei boa ideia vir ver-te a trabalhar. Para além de que gosto que me sirvas. - Pisca-me o olho.

- Olha que se acabam já os almoços e fecho a cozinha. Contigo lá dentro. - Debruço-me sobre a mesa. Ela põe a mão no meu peito, num stop! cheio de promessas.

- Olhe os fregueses Xô Xilva. Há cogumelos?

- Para si há de tudo, Prinçusa. - Ela ri. - Neura anual?

- Sim, claro. Raisparta.

- Oh mulher, pensa assim: Se não tivesse passado por ti este ano inteiro, como é que ias viver todas as coisas boas que o próximo te vai trazer?

- Mais nova, claro!

...

Soundtrack to lunch, as we grow a little older...

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Portogal



Vai fazer uma semana, tive a soberba oportunidade, não desperdiçada, de colocar rostos em algumas das palavras que vou acompanhando na bluegosfera. E, apesar das horas curtas, tão curtas, confirmar cumplicidades. Como se nos conhecêssemos há bastante mais tempo. Enfim, foi ótimo poder escrever, mas desta vez com os braços, "um abraço" ao Miguel, ao Jorge e ao meu guru nestas coisas bloguistas, que é outro Jorge, mas com apelido de defesa central da Juve ou assim. Naturalmente, sem menosprezo para todos os outros presentes, com quem aprendi num intervalo temporal tão pequeno, coisas tão grandes.

Panasquices à parte, impulsionado pelo tema que serviu de mote aquele Encontro, e posteriormente espicaçado por esta prosa, pus-me a pensar se de facto sou Portista ou se tenho andado a enganar-me. Até consigo perceber que me engane, que toda a gente gosta de gostar do melhor. Mas caramba, se assim é, tenho feito um trabalho de camuflagem espetacular!

Vejamos, há uns anos um querido familiar, à época ainda recente familiar, olhou para mim e definiu-me numa das suas sempre lapidares, e lampiónicas, afirmações:

- Pá, tu és preto, mouro e tripeiro. Porra, não te aconteceu nada de jeito! - Para elevação das almas mais suscetiveis, esclareço desde já que não há um pingo de racismo ou xenofobia implícitos nesta frase. Se o conhecessem, este parágrafo seria desnecessário. Pelo sim, pelo não, fica dito.

A verdade é que eu tive a felicidade de nascer em África, no seio de uma família completamente Africana. A mãe era de Cabo Verde, o pai é Moçambicano. Se recuar uma geração, a Avó paterna já foi nascida em Moçambique, apesar das origens...Mauricianas, a outra Avó era Cabo-Verdiana do Mindelo. O Avô paterno, esse sim, era de Rio Tinto. A verdade obriga a que se diga que era o mais Africano de todos. Porque o foi até morrer, por escolha. Do outro Avô sei muito pouco, mas creio que nele terminou um ramo anglo-saxónico da família. Pronto, imaginem a ONU e estamos conversados sobre as raízes.

Chegado à Metrópole, fizeram-me desaguar nos arrabaldes da Grande Lisboa, onde passei mais de 20 anos da minha vida. E paremos aqui por um instante.

Com quase 30 anos de idade, este belo mancebo nunca tinha vivido no Porto, ou sequer passado mais do que curtos períodos, em trabalho ou lazer, na Invicta. Pelo contrário, tinha crescido na Amadora, morado em Benfica e representado o Sporting Clube...Brandoense. No entanto, era a cidade do Porto, o Norte, que me deslumbrava. Aceitava sem rodeios o mito do "é no Norte que se trabalha" e enchia-me de um estranho orgulho, alheio, a estória dos Tripeiros.

Ou seja, é um exercício completamente ao contrário. Não era da cidade que me advinha o amor ao Clube, por ser manifesta e comprovadamente impossível. Mas do Clube se fazia a paixão pela Cidade. Ainda hoje isso me custa o dobro da revolta quando nos fecham as portas do Município ou quando portuenses achincalham o FCP. 

Ser Portista em Lisboa, por exemplo, é bastante mais complicado do que ser lampião em Campanhã. Hoje será menos assim, mas no meu tempo, para além da resma de papel para fotocópia custar apenas 25 tostões, era uma escolha bestialmente solitária. Em 1987, enquanto o Porto saía à rua em festa e alegria, eu saí de punhos cerrados e insulto pronto. Não para festejar, mas para confrontar. Fazendo uma batalha contra os outros da minha alegria intima, partilhada apenas e só em casa. 

Vivi bons momentos nas Antas, mas o meu estádio é o Dragão. Nunca assisti a treinos, nem sequer vi um jogo dos juniores ao vivo. Não passei dias entre o estádio e o Pavilhão Américo de Sá. Gosto da cobertura da minha arquibancada, gosto do conforto da minha cadeira azul e acho-os bem melhores que as bancadas de cimento. Não me incomoda o cheiro das pipocas e passo, sempre!, pelas lojas do Dolcevita antes de entrar. E sou do FCP. Nem por um momento isso tudo me faz ser menos. Não creio igualmente que me faça ser mais, nada de confusões. No máximo faz-me não ser saudosista. E mesmo isso, acredito que está mais na genética de cada um, no ADN!, do que na História.

Mas se a mística, para além de uma tosta (estás a dever Miguel!), se faz de um espírito guerreiro que em nós, Portistas, é maior e mais exacerbado, então deixem-me que vos diga que não há nada mais místico do que ser Azul e Branco em terra de Vermelhos e Verdes. E todos aqueles que viveram e vivem esta experiência saberão muito bem de que sentimento estou a falar. Também eles terão, suponho, uma dimensão de julgamento, de todos os tipos, especial para o NGP. Porque JNLPC foi o nosso Leónidas e nós os seus indefectíveis 300.

Por coração, acabei aqui. E este acabei não é uma mera palavra, é todo um processo de intenções. Já não saio daqui para mais lado nenhum. Tenho mais esta dívida de gratidão para com uma freguesa aqui da Tasca. E confesso, é muito melhor estar tão perto. Perto do Dragão, da Cidade, de vocês. Até Lisboa ganhou um brilho diferente. De facto, como é linda a Cidade, que luz única tem (não, não é essa! É luz mesmo, de iluminar!).

Portanto, não foram as raízes. Ainda que uma das minhas primeiras reminiscências seja o Avô a sintonizar um rádio enorme, que parecia feito de palha com botões dourados, para ouvirMOS o relato do Porto. Também não foi o local onde se viveu. Pelo contrário, a aura ainda hoje especial que o Porto tem para mim, deve-se ao facto de ser a casa do FCP. Não são as memórias dos locais mais míticos, pois que para mim nunca o foram. Então que raio de Portista és tu, Silva?

Não sei. Sou este, que querendo que a Seleção ganhe sempre, não se chateia por aí além se perder. Este que não mente e por isso avisa à partida que não, não vai torcer pelas "equipas portuguesas" nas competições europeias. Eu quero mesmo que os outros percam. Não fico particularmente contente, e menos ainda orgulhoso, por ser assim, mas sou. Make no mistakes, sinto-me tão Português como qualquer campino. Provavelmente sou é ainda mais Portista.

Pode ser que o Porto, o FCP, seja a minha verdadeira Nação. Tão esbatidas as raízes, tão dispersas as ligações, pode ser que me tenha restado o FCP. O elo comum, mesmo que inexplicável, desta vida. Não que isto vos possa interessar, mas se calhar o nosso Clube é a minha ALMA MATER.

E a vossa?  Am i alone in my belief?


...

- Oh Silva, eu sei lá se está sozinho. Sei é que está parvo, isso sim. Que tédio...
- Tome ópio.

terça-feira, 7 de julho de 2015

A hora da raiva ou supostas considerações dos sobreviventes



Sinto mãos nos meus antebraços. Suportam-me. Por um lado, ainda bem. Porque me apetece mesmo não dar mais um passo. Cair aqui, neste exato sítio, e deixar-me morrer. Também é certo que me apertam e que vou ficar com os dedos marcados. A minha contagem de plaquetas já não se coaduna com apertões.

Esta é a hora do remorso. Por tudo o que não fiz por ti, para ti. Preferia estar a tratar da logística de todas as coisas que ainda faltam. Ou a pensar no que mudaria na nossa vida, na nossa casa, se voltasses mas já não te pudesses levantar da cama. Mas não voltarás e todos me dizem que não me preocupe com nada, eles resolvem. Sobram-me, por isso, minutos demasiados para ocupar com os gumes das coisas que ficaram por te fazer e dizer.

Apetece-me tomar chá e comer areias contigo. Arrependo-me de todos os dias em que não tive tempo para chá e areias. As coisas tão importantes que tomaram esse lugar, esses pedaços da minha vida, caíram contigo e partiram-se naquele soalho. Estão feitas em nada, porque sempre foram nada ao pé do teu chá e das tuas areias. Como pude ser tão descuidado e tão pouco lúcido? 

No fundo, no fundo, a culpa é tua. Que me ensinaste, ventos e marés depois, a entender que estarias sempre lá. Agora falhaste-me. Quebraste a promessa de que me sobreviverias, que não me obrigarias a viver este tempo neste Mundo onde já não estás. Eu que tinha sempre palavras, que me deliciava na minha irresponsabilidade de velho, estou mudo. Só sei dizer chá e areias.

E agora as mãos nos meus antebraços, as minhas novas pernas, empurram-me um pouco mais para a frente. Há uma expetativa perante mim, perante este que nada espera e já não pode desesperar. Irónico. Ei-los, os muitos microfones que me ligarão aos muitos milhões que escrutinam as minhas lágrimas, sedentos de poderem chorar comigo ou apenas desejosos de acompanharem a minha dor. Enraivece-me. Mesmo sabendo que não é justo, que não há culpa a atribuir-lhes. A ti sim. Porque não caminhas aqui ao lado, porque não me seguras o antebraço e tornaste impossível que o meu passo trôpego se amparasse no teu e, assim cambaleantes os dois, avançássemos pela eternidade.

Inspiro e oiço o meu próprio suspiro. Detenho-me, concentro-me, encarno o Homem de Estado. Não quero pena, nem solidariedade. Só despachar-me, passar desta raiva, apressar-me, que tenho chá e areias. Contigo. 

Dou dois passos sem apoio, pela dignidade. Olho de frente para os microfones, as luzes das transmissões, imagino os milhões de respiração cortada. Tu pousas o tabuleiro com as chávenas, eu digo:

- Ide todos para o caralho! Cambada de voyeurs tétricos.

Não me virão as palavras. Todos guardarão um respeitoso silêncio e uma sincera pena. Recolher-me-ei às mãos nos antebraços, no silêncio do insulto que, proferido, não direi.


... 

Não conheço, nunca falei com e confesso que não nutro particular apreço pela pessoa que me pôs a pensar os disparates acima. Trata-se pois de uma generalização, motivada pelo que suponho será a dor aumentada de quem não pode sofrer sozinho. E, evidentemente, de um puro exercício sem qualquer ponta de ligação com a realidade. Este é um esclarecimento que considero pertinente. Só isso.


segunda-feira, 6 de julho de 2015

Assistência ao cliente while we all go slightly mad...




- Sim?! Boa tarde. É para apresentar uma reclamação, acho eu. Ou um protesto ou assim, como preferir.

- É comigo mesmo. Tenha a bondade.

- Eu preferia falar diretamente com o Professor...

- Compreendo. Mas isso não será possível, uma vez que assim que se estabelece a ligação, o Senhor Professor desata a ter visões sobre o passado e o futuro do seu interlocutor. Como por certo entenderá, trata-se de um serviço pago. De qualquer forma, a assistência a clientes é o meu departamento. - Risinho.

- Pois, não sei... Eu não sou propriamente um cliente. Pronto, deve ser um protesto e não uma reclamação. 

- Importa-se que esta chamada seja gravada? É por causa do nosso Sistema de Qualidade. E pode mesmo falar comigo. Disse-me que o seu nome é...

- Silva. E quero lá saber se grava isto ou não. Para mim é tinto. - Do balcão berram-me um "para nós também, bem cheio ohfaxabor!". 

- Senhor Silva, faça então o favor de dizer.

- Antes de mais, muito obrigado por me terem feito o grande favor de deixar um dos vossos coisos, folheto aquilo não é, anúncio também não, por isso não sei o que lhe chame. É mais um bilhete. 

- Não pretende receber mais informação comercial da nossa parte, é isso Senhor Silva?

- Lá está, é-me tinto de novo. - "E não é nada mau, não senhor!" - Nem vou discutir o conteúdo. Repare, eu estou perfeitamente disponível para acreditar que o Professor Diara é um soberbo vidente e que os resultados são 100% garantidos. Porque não? Não é como se fosse algo extraordinário. O Jergo Juses faz o mesmo e é bastante mais irritante.

- Preocupa-o então o facto de a nossa oferta ser muito vasta, correto Senhor Silva?

- Nem por sombras. Acho muito bem que tratem de problemas de amor, depressões, injustiças, impotência sexual e até sorte nas candidaturas. Oiça, nem vou elaborar sobre o tipo de candidaturas, assumo logo que é de todo o tipo e tá a andar. Até me inclino a aceitar que resolvem questões como o casamento, os exames e proteção contra acidentes, em meros sete dias. Mas quais OK Teleseguro quais carapuça. O Professor Diara é muito mais eficaz e rápido. E até aposto que não se põe a inventar desculpas para empatar o processo. 

Acho um pedacinho exagerado esta coisa do "se quiser pôr fim a TUDO o que o preocupa, contacte o Prof. Diara". Isso acho. Imagino a qualidade de chamadas que devem receber por aí... - Interrompe-me:

- Não imagina, não, Senhor Silva...

- Pois, calculo. Juro-lhe que não ponho em causa a honestidade do caríssimo Prof. e ainda menos a sua eficácia. Ainda por cima com toda a conveniência, uma vez que trabalha à distância ou pessoalmente, conforme der mais jeito ao cliente. No fundo, estou mesmo a fazer benchmarking, a ver se aproveito alguns dos vossos conceitos para o meu negócio de comes e bebes.

- Tem portanto um estabelecimento do setor da hotelaria e restauração, Senhor Silva.

- Pois claro que tenho. E é mesmo aí que a porca torce o rabo. É que neste papel diz que o bom do Diara faz emagrecer ou engordar as pessoas. Lá o emagrecer, estou-me nas tintas. Com tanta oferta que por aí há, porque é que não havia o homem de se candidatar a ter uma dieta infalível? Agora, engordar? Por telefone? Com facilidades de pagamento? Isso é concorrência desleal!

Onde está o documento comprovativo da implementação do HACCP? A licença da Câmara? A inspeção da ASAE? E dos Bombeiros? A quanto cobram o IVA? Que tipo de gorduras usam? A ver pela figura do patrão, há-de ser tudo cozinhado em banha de porco. Protesto! Ou param imediatamente com esta oferta ou está aqui armado um banzé que não lembra.

- Estou a ver, Senhor Silva. E se, para o compensar de toda esta maçada, lhe oferecermos 2 previsões para o futuro? De forma completamente gratuita, como é óbvio, Senhor Silva.

- Ah pois, também estão no ramo da Zandinguice. Pois que não sei, ainda acho que vou para tribunal com isto...

- Senhor Silva, pense lá bem. Quando alguém decidir alguma coisa, sabemos lá se o Professor ainda Diara ou se já terá Diarado de vez... - Do balcão: "Oh Silva, despacha lá isso que está a faltar um prá sueca."

- La isso... - Decido-me. - Pode ser quem ganha o campeonato e o que acontece à Grécia?

- Combinado, Senhor Silva. Enviaremos por correio no prazo máximo de 7 dias. Posso ajudá-lo em algum outro assunto, Senhor Silva?

- Não. Era só isto.

- Muito obrigado, Senhor Silva. Após o sinal, por favor deixe-nos a sua morada, para procedermos ao envio. Uma boa tarde para si, Senhor Silva.


...

Hoje de manhã, um papel na caixa correio:

PROFESSOR DIARA

Campeão 2015/16: FCP ou o Jergo Juses

Grécia: Mais austeridade ou mais austeridade

...

- Pá, pelo menos não podes dizer que foste enganado.

- Nem que o gajo se vai enganar...

- Mesmo! Parvo é que o Diara não é...

- Pois não. Parvo sou eu. 




  

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Post it futuro, com um PS



Na porta da Tasca AMANHÃ de manhã:

"Silva,
Sei que hoje nos deixa entregues aos caprichos das mulheres, sem porto de abrigo. Seja por uma boa causa! 
Depois da nossa conversa de anteontem, a propósito daquele magnifico artigo, não pude deixar de me perguntar, perante ISTO (!!!!), quo vadis Portugal? Mas pronto, até aposto que o meu amigo nem conhece o Vadis... :)
Divirta-se!"

PS. para elevação das almas: 

O Vice-Presidente e DIretor Geral da SAD do FCP, Antero Henriques, foi constituído arguido num processo judicial. NÃO foi detido! Mesmo que pareça... 
But then again, está no jornal, não está? Como as escutas no Youtube e as verdades escondidas nos porões dos Transatlânticos de putas que os pariram! Ca pouca Berguonha pá! 

quinta-feira, 2 de julho de 2015

EU.NÃO.SOU.ESTÚPIDO!



Há poucos dias percebi que os meus doijolhos juntos, dão um maijomenos em condições (não adoraram o "...verestajimagens..." do Juses? Foi uma homenagem à Tasca, de certeza!). Mas o pior é que parece que toda a gente, bloggers, media, comentadores, políticos, enfim, todóMundo, decidiu, ao mesmo tempo, por-se a chamar-me estúpido. Epá, há uma decadência inerente ao correr dos anos, é verdade. Mas estúpido? Eu não sou estúpido!

...

- Mas sou estúpido porquê? Por não me pôr a desconfiar de tudo o que faz alguém a quem entreguei a minha confiança? Sou um anormal por acreditar que quem deu Mundo à minha paixão tem crédito? Porque é que havia de fazer de conta que fui eu que ganhei os títulos todos e fiz os negócios inteiros? Isso seria estúpido.

Porque é que me devo sentir mal por estar todo contente? É que sinto mesmo uma pontinha de orgulho por ser do Clube que entrou numa guerra com o Inter de Milão e o Valência, que se saiba, estes, e ganhou. Diz que batemos 20 millones. Vinte é muito, ah poijé. Se calhar não temos tanto e alguém arriscou connosco. Se calhar quem vende um defesa direito por mais de 30 millones, tem capacidade para vender um Imbula por 40. Não sou eu que digo, é o mercado...

Sem ser se calhar, emprestaram-nos aqui há atrasado um rapaz. O Casemiro, devem conhecer. Sim, esse mesmo que era um perna de pau e deviaerajogaroRubencoitadodocachopo! Pois no fim do empréstimo, passaram-nos para a conta 7,5 kilos. Pumbas, já vai o Imbula em 12,5. Rumoreja-se por aí que o tal do perna de pau, aicoitadinhoquenemumxuto&pontapésabedar, ainda vai ser trasladado para outro clube. Pumbas, mais 5 a 7 kilos aqui para os moços. Imbula e vai buscar, que já só custas uns sete e meio. Ora, não me façam de parvo, que eu sei que nem vocês, fantásticos gestores, excelsos treinadores, megafantabulásticos catedráticos da bola e do desporto em geral, fizeram contas a este dinheiro para traçar os vossos apocalípticos cenários contabilísticos. A mangas de alpaca é que estavam bem. 

Ignorante porquê? Por gostar é de bola aos pinchos? Se eu quisesse ver milhões a circular, ia para vendedor de crepes de legumes em Pequim. Eu escolhi alguém para o fazer, entendes? E já tive mais alegrias neste bocado pequenino de história que a maior parte dos outros na vida toda. 

Mas seja, eu sou mongolóide. E tu, tu só sabes o que te dá jeito. Sabes que o miúdo em meia dúzia de palavras disse mais coisas boas de nós que o Jackson em três anos? Let alone as entrevistas do nosso Capitão wannabe. Alvora-te em connoisseur, em salvador da pátria, canibaliza-nos. Vais acabar comido pelos abutres que hoje fazem bando contigo. Ouve bem o que te digo: Eu não sou estúpido. Insolente, talvez...

...

- Mas sou estúpido porquê? Por desconfiar de um tipo que promete NÃO e desata a negociar o SIM que já se sabia? E que depois negoceia esse SIM na condição de, na verdade, ser um NÃO, como se os outros todos lhe devessem ou, mais provavelmente, fossem parvos?

Sou estúpido por não me espantar que acabe entalado entre a espada e um Núbio de dois metros de altura, extraordinariamente dotado? Espetado será, de qualquer das maneiras. O que querem que espere de quem diz NÃO para depois vir gritar SIM, demasiado tarde. Para cúmulo, passa a batatinha para quem o escolheu como representante. Amiguinho, os representantes representam e sofrem as consequências, boas e más, de se terem proposto para representar. 

Não, não é confuso. Confuso é convocar um referendo com respostas SIM e NÃO; mandar uma carta a dizer que afinal SIM, estava um bocado baralhado quando disse que NÃO; e na hora seguinte estar na TV a apelar a que digam todos NÃO aquela coisa a que eu acabei de dizer SIM, porque esse é o melhor caminho para dizermos SIM, quando na realidade estaremos a dizer NÃO. Really?

Eu até entendo o desespero dos nacionais comentadores da esquerda caviar. Pronto, sentem-se uns gandas ursos agora. É normal. Até tenho alguma vergonha alheia por eles. Mas virem espernear que a culpa é das mudanças climáticas, do entrevado, da porca nazi e, mais que tudo, que todos, de Portugal, paaaaaa, isso é fazerem-me de estúpido. Cristo, deixem-se estar descansados a passear no Chiado, é menos ridículo. 

Quem está contigo Alexis? A extrema direita e os neonazis. Mas eles nunca disseram SIM, nem NÃO. Disseram sempre FOGO! Agora arde...


... 

- Tenha lá calma homem, já lhe está a latejar a veia aí na entrada da careca. Por acaso dá-lhe um ar sexy, se não lhe olharmos para a penca. - Interrompo:

- Epá, desculpe lá, mas não faz nada o meu género. Só aprecio gajos sem pila, sem pelo, com maminhas e chamados Elisabete. Não discrimino pessoas pelo seu passado, mesmo que seja um tão triste como ter sido homem. - Acrescento um sorriso amarelo, pouco convencido da minha piada.

- Não se amofine, era só uma espécie de elogio. E fica-lhe bem não levar a mal, nesta época de arco-íris por tudo o que é lado. Até a mim, que posso bem ser uma das suas cores, já me enjoa um pedacito. Mas olhe, há coisas bem importantes a que ninguém liga. Por exemplo esta noticia aqui, que diz que menos de 20% dos nossos doentes mentais desinstitucionalizados têm algum tipo de apoio. - Olha-me com aquele tom de vês que eu é que me preocupo com as questões sociais?

- La está, depois os clubes é que acabam por substituir o Estado. E quase nunca são reconhecidos por isso...

- Os clubes? Mas não ouviu nada do que lhe disse? Isto não é bola!

- Para já, como diria o Miguel, se o todo é esférico, tudo é bola. Mas até percebi muito bem. Não sabe que o S. Calimero de Portugal criou um programa de acolhimento de doentes mentais abandonados? Já começaram por receber um que estava desquecido e ostracizado em Palmela.

- Ah, não fazia ideia. Você sabia do que é que eu estava a falar, sim senhor.

- Sim, eu não sou estúpido!