sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Resumo da semana: A problemática esquizóssexual e duas pausas.



No dia em que se viu parado em frente ao alpendre da casa de seus pais, prestes a dar um passo do qual não haveria retrocesso, Estanislau Rego e Silva lembrou-se do dia em que o avô materno, perto do seu antepenúltimo suspiro, lhe disse: Tu, meu filho, serás a desgraça e vergonha desta família.

Os vinte anos seguintes, passou-os a tentar contrariar aquele agoiro, ora sendo o melhor aluno de todas as suas turmas, ora esforçando-se por estar à altura nas diversas atividades extra-curriculares e, até, portando-se de forma mais madura do que cada uma das suas idades indiciariam em qualquer reunião familiar. Como se, no fundo dos seus brilhantes olhos azuis e nas veias dos seus bem torneados músculos, uma força primordial o impelisse. Uma razão de ser, uma chama, um objetivo.

Como quem caminha os passos irrepetíveis para o cadafalso, subiu os dois degraus e espetou o dedo na campainha. O seu cérebro fez fast forward, saltando por cima da algazarra da mãe e dos cumprimentos devidamente contidos do pai, do copo de limonada que lhe puseram nas mãos - apesar de ter dito "cerveja" - e também do cheiro a assado de Domingo. Foi assim que Estanislau - Lau, para os amigos - se viu sentado à mesa, o prato cheio de carne e ervilhas e arroz de açafrão, pronto para cumprir o fado que lhe traçara o avô.

Decidiu-se por um breve preâmbulo:

- Mãe, pai, há algo que gostaria de partilhar convosco. Espero que compreendam que não é fácil, que é de coração nas mãos que vos falo. Eu, o vosso único filho que, como bem sabeis, tanto vos ama.

Percebeu no aspeto petrificado do pai e no ar de pânico absoluto da mãe que não tinha sido uma escolha lá muito sensata. Atrapalhado, conseguiu ainda piorar um pouco a situação:

- Bem, talvez não seja a melhor altura. Deixemos isto lá para o Natal. Depois do Natal, está claro, que não vou estragar as festas a ninguém...

Nesta altura, o homem louro de finas feições e modos impecáveis que tomava assento à cabeceira da mesa levantou-se. A mãe pareceu encolher-se, fazer-se num novelo, como se procurasse esconder a cabeça no próprio peito. Ainda bastante firme, diga-se.

- Não, filho. Temos estado à espera desta conversa desde que ligaste e não te permito que mantenhas a tua mãe neste estado de ansiedade. Dizes o que vieste aqui dizer e depressa, se fazes o favor.

Estanislau engoliu em seco. O pai sempre tivera o condão de, sem levantar o tom, lhe soar imperativo. E ele um cãozinho obediente, por instinto, sem pensar. Quando deu por si, já estava a meio da frase:

- ... de modo que creio que todos devemos respeitar as escolhas e inclinações dos outros. No fundo, isso é que é amar, não vos parece?

O silêncio quebrava-se exclusivamente pelo som de dedos a tamborilar na cabeceira da mesa. Sentiu a testa cobrir-se de suor e tudo o que queria era despachar aquele momento. Como se fosse um tiro na têmpora: custa muito mas passa depressa. Só que sabia que não seria assim tão simples. Paciência, agora era tarde, mais valia acabar rapidamente com o sofrimento:

- Mãe, pai, eu... eu sou... heterossexual. - E cobriu a cara com as mãos ao sentir as primeiras lágrimas escorrerem-lhe dos olhos.

O pai estacou. A mãe saiu a correr da sala de jantar, o avental colado ao rosto. Uma só frase se pronunciou nesse momento, aquele que ficou marcado como último em que Lau Rego e Silva esteve frente a frente com quem lhe fez as orelhas:

- Tu, meu filho, és a desgraça e vergonha desta família.

...

Não sei pá, mas começa a ser difícil fazer parte de uma maioria, não? Eu sei bem como o estúpido preconceito consegue fazer a vida negra às pessoas que são, por um motivo ou outro, diferentes da maioria. Tipo, os que não são mainstream. Mas não se estará a começar a cair no exagero contrário? Às vezes parece que há malta que faz por pertencer a minorias só para desatar a berrar "DISCRIMINAÇÃO"! Como se a pessoa fosse uma besta sem qualificação só por ser...menos diferente. O mainstream é uma coisa muito volúvel. 

A opção sexual é a maneira mais fácil de ver isto, mas está longe de ser a única. Serve para a raça, para a religião e para tudo o que é a vida do individuo. Aparentemente, se a pessoa é heterossexual, está a discriminar os que são outras coisas. Está errado pá! Um gajo, lá por ser gajo, não está a discriminar as gajas. Ora foda-se!

Por exemplo, porque recarga de água havia a Secretária de Estado da Modernização Administrativa vir esfregar-me a sua opção sexual nas ventas? Ai, espera, foi para me mudar a mentalidade. Obrigadinho, oh xôra Secretária, mas a minha mentalidade está espetacular. Não precisa de qualquer mudança e, sobretudo - foda-se pá! - ninguém lhe perguntou merda nenhuma.

Eu quero lá saber se a senhora é lésbica ou se a senhora é canhota. Olha, é muito mais relevante para mim saber de que clube é. Agora, se a moça gosta mesmo é de outras moças, é-me tinto e não vejo nenhuma razão para ter ido buscar esta conversa. Aliás, estamos exatamente do mesmo lado: eu também gosto de gajas. E é bem boas. 

Se isto é machismo e a objetificação das mulheres, então terão que me convencer que a Graça gosta mesmo é de moças feias, de muito pelo na venta e nas pernas e com as gengivas salientes e os dentes tortos e bastante vesgas. De outro modo, a Graça é machista. Buuu, buu, vergonha.

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À conta da gritaria da igualdade, digo, dos seus exageros, armou-se uma confusão com uns livros. Não vou discutir se os das meninas eram mais fáceis, o que seria manifestamente parvo. O que me enerva, é esta ânsia igualitária. Parece que estamos a um passo de apedrejar no pelourinho a primeira mãe que comprar um babygrow rosinha para a sua menina. A que propósito, sua troglodita sexista? Se fosse menino era azul, né? Pumbas, um calhau nos cornos.

Enquanto se entretêm com isto, deixam passar as bacoradas de gente desta. Ou seja, de quem defende que o melhor a fazer é repetir tudo o que consideramos errado. Cá pra mim, a Maria João estava bem era a fazer fichas do Livro de Atividades para Meninas. De burca vestida, para não ser parva.

Por outro lado, dar de trombas com mulheres como a Maria João, alivia-me um bocado. É que eu acho genuinamente que elas são muito mais inteligentes do que eles. Mas a Maria João não. Está ao nível de certos e determinados gajos. Estagiários.
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Todos ignoram, no entanto, o Esquizóssexual e disso ninguém fala. Para quando a primeira manif dos LGBTE? O Esquizóssexual, essa criatura que é Maria pela fresquinha e Manel depois de almoço. O individuo que alterna o género - dentro da sua cabeça, pois claro - entre  masculino e feminino, ao sabor do que lhe vai na Alma, está completamente desprotegido. Não há operação que lhe valha, não há movimento em que encaixe nem legislação que o enquadre.

Imaginem a aflição de acordarem cheias de vontade de fazer uma ficha de leitura da Porto Editora para meninas. Lavam os dentes a correr e saltam para dentro de uma saia confortável e talvez uma blusa simples. A manhã passa a correr, entretidas com as atividades e as figuras para pintar. Não tarda ,estão a saborear uma salada de quinoa, low carb, enquanto trocam mensagens provocadoras com malta lá do ginásio e atualizam as vossas fotos em fio dental no Snapchat.

Por altura da frutinha fitness, já só vos apetece mamar...

(Pausa para ouvir as cabeças dos haters feministóigualitárióinCAPAZESdentenderokakicediz a explodir. Dos nervos.)

                                                                                           ...uma Superbock a estalar de gelada e uma mão cheia de amendoins picantes; coçarem os tomates, darem uma palmada no primeiro rabo que passar e esperar que comece a bola. E estão a fazer isto tudo de saia e blusa. É trágico!

É estereotipado, não é? So sue me, Peggy!

Em minha defesa e à atenção da Graça, refira-se que não se abordou uma vez que fosse a orientação sexual de cada uma das componentes da personalidade Esquizóssexual. Nada impede a moça de ter bom gosto e estar de olho em gajas bem boas, assim como nada nos indica que o rapazote não possa ser um grandessíssimo e acabadíssimo panasca. 

( Pausa para private joke: Rapazote, eheheh, get it, rapazote? Eheheh )

Se acham que sim, é porque o estereótipo está na vossa cabeça, não na minha. Sabem que mais? Está mesmo!

Pá, gostem de pessoas adultas, mantenham-se longe dos animais - que isso me dá um certo asco, DISCRIMINAÇÃO da minha parte, confesso - e fodam happily forever after. É só. Kékássaber com quem decidem fazê-lo. 

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Entretanto, lá se sortearam os grupos da Champions. Ao FCP não tocou um grupo nada amistoso, não senhor. Só que quem ganhou duas Champions fomos nós e nenhum dos adversários. A equipa com maior número de presenças na competição, também somos nós. Vai daí, é tratar de assumir a nossa grandeza e limpar o sebo ao resto - ohfaxabor - que isto não é para meninas!

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Soundtrack to pansexual: He's a woman, she's a man...

14 comentários:

  1. Eu diria que Lau Silva é um(a) Alberto Caeiro desta tasca :-)) Mas hetero, só grama quem faz xixi de pé (excepto a presidenta de Barcelona).

    Eu que até me enervo basto com "cenas" da direita, só me apetece desfazer à bofetada esta corja toda do charro e argola no nariz a gritar LGBT sem saber porquê.

    Sejam o que quiserem e não chateiem os outros com isso. E já agora, não esperem que o diferente seja tratado com igual só porque a "direita" diz que não.

    Não me incomodem as férias sff

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    1. São chatos ainda por cima! Depois, esquecem-se dos paçhaços como a Joãozinha e o estagiário Domingos que, assim, podem arrotar postas de pescada passada ad nauseum. Dass, maijó Alberto Caeiro, caraças! :)

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    2. Já agora, não esquecer o verdadeiro apelido do primo Alberto...

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  2. Fosga-se eu quero um autograph quando amandar um book

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    1. Só se for à cabeça de alguém 😁
      Obrigado aires.
      Abraço.

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  3. Grande manifestação de sacristãos que também aspiram chegar a padres. Dizem que a culpa não é do Cavani mas do Pinto da Costa. :)))
    Estavam tão bem a vender biblias e colchões ortopédicos.

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    1. E as férias, foram boas? Por cá, mais vídeo, menos expulsão perdoada, tudo na mesma. Incluindo o bode expiatório. :)

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  4. As férias são o sacrificio a pagar de ver a sagrada familia entre os sarracenos.
    Contudo já não sei qual é pior. Dos inimigos sabemos o que podemos contar, dos supostamente nossos é que não se sabe muito bem. Ou é porque dispensamos os grandes Bueno e Rafa, ou porque o Marega só marca dois mas é manco e mirolho. A culpa é sempre do Pinto da Costa até pelo Jorge Sousa falar fininho!Deixemos os romeiros lançar o foguetório e tratemos é de jogar à bola, por muitas curvas e rotundas que coloquem na nossa caminhada.
    Boas férias Sr. Silva.

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    1. Ai as férias...definham, meu caro. De resto, é isso mesmo, tratemos de ganhar na relva!

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  5. de um gajo muito lésbico para um gajo muito mais lésbico, e pá, excelente. como sempre. e aguardo por esse lançamento de um livro às ventas de alguém - desde que não sejam as minhas, que fazem falta para segurar os óculos que não tenho.

    abr@ço forte
    Miguel | 92° minuto (no Twitter)

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  6. E eu a pensar que o Lau era o piscinas a assumir-se!
    Esse panascão que só anda bem de perna alçada a pedir colo.

    Só podias ser o FCP Silva, mais nada!

    Quando ao resto, roubo e uso a frase do Lápis:
    "Sejam o que quiserem e não chateiem os outros com isso".

    Abraço

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    1. Pois claro, porque sou um individuo de gosto muito refinado :)
      Abraço

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