Jogaram os B, esta manhã. Por nada, só porque sim, lembremos que jogou o líder, nós, contra um dos últimos, o Covilhã.
Jogo típico de II Liga: Muito físico; trezentos e cinquenta a trezentos e setenta e três ressaltos por cada jogada; onze latagões apostados em cumprir a máxima "se não ficas com a bola, rebenta um gajo qualquer, desde que não seja dos teus"; público muitíssimo irritante a tentar arbitrar, com razoável sucesso, o jogo; e uma claque saída direitinha do Grupo Coral "As Anas Avoilas".
Como se percebe, não é fácil para os nossos cachopos encarar isto. É seguro que este não é o tipo de futebol para o qual os estamos a preparar, supostamente. Ainda menos quando o Francisco desata a herrerizar. O nosso jogo emperra sem remédio, porque o Graça sozinho não consegue fazer a máquina carburar.
Valeu pela raça e entrega, a quase equivaler o bando de trauliteiros vestidos de Calimero. Melhorámos na segunda parte, ao ritmo a que os lenhadores da serra foram perdendo gás. Mas nunca o suficiente para desequilibrar em definitivo a partida. Podíamos ter ganho, lá isso podíamos. Mas assim também está bem. Sobretudo tendo em conta que os moços vão no terceiro jogo da semana.
Algumas muito boas impressões:
Gudiño: É uma espécie de Mly, com a pose de um Iker. Que classe. Ah, segurou o empate numa defesa impossível e defendeu duas bolas com uma mão apenas. Nenhuma delas caiu dentro da baliza.
Chidozie: Wadafuck?! Se este rapaz jogar regularmente 80% do que mostrou hoje, é trocá-lo já com o Lichnocoiso. Vai ser um caso muito sério.
Graça: Nunca dei muitos reis de mel coado por este moço. Mas a verdade é que está a fazer uma época excelente. E mesmo num jogo em que foi difícil...jogar, esteve sempre a duzentos e foi o único naquele meio campo que conseguiu dar uma ideia do que é o futebol da equipa. Saiu em vez do Francisco. Go figure.
...
Ontem, pela noite, jogaram os A. Se não estivessemos em depressão profunda, era uma bela ocasião para uma série de clichés: "Estrela de Campeão"; "É nestes jogos que se ganham campeonatos"; "Ganhar quando se joga mal é muito importante". Ou seja, um monte de frases feitas que querem todas dizer o mesmo: Não jogámos um caralho, mas ganhámos.
Confesso que nunca dei para esse peditório. Sempre achei que quanto melhor se joga, mais perto se está de vencer. Aliás, esse é um dos motivos que me leva - sim, Presente do Indicativo! - a acreditar que ganharemos com Julen Lopetegui. Por isso, a bem da coerência, e apesar de ter visto o 5LB de Trapalhoni ser Campeão, jogos como o de ontem deixam-me mais triste que outros, como o do Dragão contra o Braga. Não tenho nada contra quem pensa de maneira inversa, só não concordo.
Como estamos com uma congestão do camandro desde terça-feira, é natural que nos fiquemos apenas pela parte do piço. E por uma velinha a San Iker, que bloqueou três pontinhos com a mesma eficácia com que despacha malta da sua conta no Twitter. E outra velinha, sem ofensa, ao Yacine, por se ter lembrado de inventar um golo que não se estava a ver como ia aparecer.
O facto é que um dos primeiros, nós, jogou com o último, o Tondela. E ganhou. Apesar disso, não pareço tão condescendente com estes como com os B. Que empataram. Assim como fiquei orgulhoso da malta do Andebol, que perdeu e ficou numa situação praticamente impossível na Champions. Ainda pior do que ter que ganhar em Londres ao Chelsea. Parece um contra-senso, mas não é. É uma mera questão de expetativa.
Perder um jogo em dezasseis pode deixar muito satisfeitos quase todos os adeptos. Se a expetativa deles for perder três em dezasseis, quatro em quinze, dois em doze, ou assim. Não deixa satisfeitos os adeptos que, quinze jogos passados, precisam de uma vitória - caramba, um empate! - para verem cumprido o primeiro grande objetivo da época. É verdade que é exigente, but it comes with the job. À conta disso, creio, já houve quem abandonasse a cadeira de sonho. Sim, isso, o tipo que vai em quarto no campeonato russo...
O futebol do FCP atingiu um estatuto que legitima as aspirações, isto é, as expetativas, dos seus fieis seguidores. E não estamos aqui a falar de putos de doze anos, biológicos ou mentais, que jogam FM e tal. Os que pensam também têm a fasquia lá em cima.
Não queremos - os que apoiam, os que contestam, os que dão o peito às balas por Bascos teimosos, os que davam o rabo e cinco tostões por verem Bascos teimosos pelas costas - baixá-la. Desde logo porque as hastes se querem para cima. Depois, e sobretudo, porque gostamos mesmo de estar mal habituados. Já ganhámos muito e temos muito mais para ganhar. É por isso que exigimos mais aqui do que no Andebol, ou na B, ou no hóquei, ou no que quer que seja. O que ali nos deixa felizes, aqui é mera obrigação. Só o fantástico nos causa espanto.
Acabaram-se as paragens para as Seleções, pelo que vamos ter que levar isto de enfiada. Para já, no mini-ciclo de objetivos internos da Tasca, a coisa vai maijómenos: 2 jogos, 2 vitórias. Isto é o mais. Quase nenhum brilhantismo. Isto é o menos. A seguir a Madeira, o borrego e a redenção. Sim, Julen?
- Siiiiiiiii!