sábado, 26 de novembro de 2016

Broken



Olá, sou eu. Como estamos hoje, meu Amor?

Nós por cá, vamos indo. Como os coxos, sabes? Eles também vão, só que menos ligeiros. E chegam, como os outros, mas mancando.

Não sei pá, estamos assim como que partidos. Todos muito juntinhos, colados unjaojôtros, nem se nota muito, vistos de fora. Parece que no conjunto damos um de jeito. 

Cada um por si, é mais complicado. Porque desatamos a exigir que o Universo entenda o que não dizemos. Isso não é justo, mas estamos bem a ralar-nos para a justiça. É como se vivêssemos o nosso tempo de payback. Já se sabe que é uma cabra. 

Ou então sou só eu, nem sei. Olha, haja paciência para nós. Tu não me revires ojolhos, hein?!

Andamos a arrastar os dias. A vê-los passar, enquanto nos alapamos, sem sucesso nenhum, a outros que já foram. Nem é que vivamos das memórias dos melhores tempos, bastam-nos os piores mesmo. Os mais próximos. Tão bem ensinadinhos que estamos, nisto da frugalidade. E do egoísmo também.

Medimos semanas e meses e datas marcadas, a ver se não perdemos o pé nem a conta. Como se devêssemos isso a alguém, a ti, a nós. Mas pronto, o cansaço vencerá em alguma altura. Porque são muitos dias até nunca mais. Ainda não estamos é prontos para isso. Qual haveria de ser a pressa? Nenhuma!

Ah não, não te apoquentes em demasia, não sejas parva. A mamã diria isto tudo em meia dúzia de palavras: Atirando os dias para trás das costas. Mas tu sabes que ela exagerava. Temos Amores e crianças barulhentas a crescerem, preocupações e trabalho, bola e amigos. Pronto, a bola é maijeu, está bem. 

E temos uma rocha. Enquanto não chega o tempo em que começaremos a entender, finalmente, a dimensão do que nos deixaste, aprendemos a viver com a enormidade da nossa perda, nesta Vida nova. 

Devagarinho. Em passinhos de bebé, trôpegos como se fossemos velhinhos, cambaleantes como se estivéssemos bêbados, às dez para as duas como os coxos. Partidos. 

Quem sabe não começou já a colar, sem nos darmos conta? Há horas de dias e minutos de algumas horas em que parece que sim. Estragamos tudo quando reparamos neles, está claro.

Nada como dois dedos de conversa comigo para a pessoa ficar animada, hein? Um dia eu aprendo a mentir-te, vais ver. Agora ainda é cedo. Ainda acho que vais olhar para mim e perceber. E não me apetece nada aturar as tuas chamadas do "Então? Está tudo bem, claro. Mas está mesmo? A Gabi e as meninas? E tu? Mas está tudo, mas tuuudo, M-E-S-M-O bem?". 

E eu a pensar onde te deixei a pulga. Atrás dessajorelhas de abano, de certeza. Epá, alguém falou em narizes, por acaso? Chiça, se não tens argumentos, admites. Orelha ao lado, nariz à frente. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Falta um mês para ser Natal. É tanto tempo que ainda ninguém pensou nisso. Quer dizer, há malta a pensar nisso e a incluir-nos, de certeza. Mas não te preocupes, todos pensaremos. Pelas crianças que crescem, pelos Amores que nos rodeiam, uns pelos outros e também por ti. Por vocês.

Ainda gostava de saber como será o Natal por aí. Mas hey, nós vamos falando. Até já.

...

Though life is long, i know you'll wait for me.

8 comentários:

  1. Muita força para todos, meu amigo. E já sabes, espero pagar-te um Happy Meal em breve! :)

    Abraçom

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    1. Obrigado Jorge, de coração. É um processo e falar sobre as coisas não é um ponto forte ;)
      Quanto ao happy meal, tem dia marcado e tudo: 7 de dezembro! :)
      Abração

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  2. Respostas
    1. Só pode ser sorte. Não encontro outra explicação tão boa... <3

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  3. Já vem de trás, mas nestas coisas nunca sei o que dizer...

    Forte abraço

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