segunda-feira, 29 de maio de 2017

Tripas e dobradinha



Somos um País pequenino. Em muitos aspetos, é verdade, mas era mesmo do tamanho que falava. Apesar disso, somos diversos, multiculturais, de traços fisionómicos diferenciados e alimentamos umas quantas rivalidades regionais. Como é apanágio dos vizinhos. E das famílias.

Acreditem que para quem vive em Lisboa, é mais ou menos por aqui que se traça o limite. Isso do centralismo, do Império falido, do favorecimento e do desequilíbrio, não chega à vida das pessoas comuns. Isto é, soa tudo a um bairrismo um tanto datado, normalmente associado ao futebol.

Duas coisas que me parecem importantes reter. A primeira, é que não é efetivamente por soberba ou estupidez que o habitante médio da Capital - os Lisboetas já são uma minoria destes - se está bem a lixar para o choradinho do centralismo. Não é missão dele preocupar-se muito com isso, de facto. E que os líderes, anos após anos, sejam escolhidos de entre...gente da terra, não é culpa sua. O segundo facto relevante, é o futebol. Não é por sermos umas bestas atrasadas, a acordarem de 50 anos de ignorância, que isto sucede. Quer dizer, é! Mas não pelas pessoas, senão pela ordem que permanece inalterada e convenientemente inalterável.

Isto é, se é um facto que futebol é Futebol, um dos efes, não é menos certo que as poucas vezes que o poder centralista e centralizador é colocado verdadeiramente em causa, ao Futebol se deve. Clube do Porto.

Apesar disso, tudo isto são circunstâncias e contextos, mais do que cultura. Em termos culturais, mantendo a diversidade já assinalada, constituímos um todo bastante sólido. Motivo pelo qual somos independentes, contra as odds. Na minha opinião, isso não significa que os indivíduos sejam muito semelhantes. O quadro de valores e de hábitos será, mas os contextos e as circunstâncias moldaram, ao longo da História - que não tem 50 ou 100 anos de centralismo, tem 762 - diferenças importantes nos modos de ser dos habitantes das diversas regiões. Nem melhores, nem piores, meramente diferentes.

Raros são os meus ancestrais nascidos em Portugal Metrópole - Portugueses eram tanto como os outros; vivi a ainda maior parte da minha existência Lusa em Lisboa - sendo Portista; e, por coração, acabei a Norte há já uns belos anos. Estou na posição perfeita para conseguir ilustrar o que digo com um exemplo prático.

E o que digo? Que dobrada e tripas parecem a mesma coisa, mas que se servem de maneira diferente e, sobretudo, se comem de forma diversa.

...

A primeira vez que me disseram:

- Oh docinho, chega-me aí uma cruzeta. Depressa, que tenho que ir pôr o testo na sertã, a ver se salteio as vagens. Anda lá homem, dá corda às sapatilhas.

Eu pensei, pumbas, já está, enganaste-te na localização e vieste hospedar-te por engano em casa de uma família Mirandesa. 

Agora já somos todos híbridos. Se já falo a mesma língua, com mais sotaque algumas vezes, também ninguém cá em casa tem dúvidas sobre o que é um cabide, uma tampa, uma frigideira ou um par de ténis. Já sobre o feijão-verde, a discussão não está encerrada. Acho que lhes soa bastante estúpido, mas relevam.

Já se vê que também chamei dobrada ás tripas. Ficou toda a gente a olhar para mim como se fosse atrasado mental. E tudo o que me vinha à cabeça era: Páááááá, só porque não tem cenouras? Lá me explicaram, bastante pacientemente, que não eram a mesma víscera e blablabla e que, espanto!, até é costume levarem cenouras. Abanei muito a cabeça e fiz muito ar de ignorante, perante a complacência de uns e o divertimento de outros, e continuei a pensar: Páááááá, ponham-lhe umas cenouras...

Hoje, pensaria: Pááááá, botem-lhe umas cenouras. Parecendo que não, é uma coisa totalmente outra. Porque hoje, sei que a grande diferença entre dobrada e tripas, diga a senhora minha sogra o que quiser, é a mesma que vai entre pôr e botar. 

A primeira, serve-se em pratinhos, com o molho mais liquido e muitas cenouras. A gente gosta é do feijão, não estávamos à espera de encontrar propriamente dobrada. Deixa-me cá tirar este pedaço de chóriço para o meu lado, discretamente. Como a gamar o enchido? Tásparvo ókê? Se calhar não tô a pagar como tu, késvêr?! Estes lagartos, dass. Vamos lá é aviar isto com uma carcaça e duas imperiais. Podes ir já tirando a minha bica, oh tasqueiro, que tenho que ir à minha vida. 

A segunda, em travessas generosas, com as carnes a fazerem-nos ir à pesca dos feijões no molho, mais espesso. Passem o arroz ao Preto Mouro, que ele é muito arrozeiro. E a sêmea, que o pobre homem não tem pão. Olhe aqui a saladinha, se lhe apetece. Antes de rebentar, deixa-me anotar as horas do meu óbito por motivos de ser um alarve. Xinapá, quase cinco da tarde, credo. Pois claro que se abre maijuma.

Ao mesmo tempo que gosto cada vez mais de caracóis e de caracoletas, apesar do nojo com que a família me vê a despachar os bichos à tonelada; enquanto a cidade, Lisboa, me vai parecendo cada vez mais bonita; à medida que vou sentido até uma espécie de prazer e orgulho em ir mostrando a Capital, os sítios a que os turistas ainda não chegam com frequência ou aqueles sempre cheios de gente e sempre tão agradáveis; vão-me sabendo mais diferentes dobrada e tripas. Como se sentisse uma raiz a agarrar-se à terra. 

...

A propósito de dobradinha, parece que ontem serviram uma dose no Estádio de Oeiras que, estando na zona da Grande Lisboa, é, naturalmente, Nacional. Lá estavam na bancada o nosso Presidente, adepto do Braga, criado na Capital; o nosso Primeiro, adepto do 5LB, antigo Presidente da Câmara de Lisboa; e muitas outras distintas figuras do Estado e do Desporto, noventa e alguns por cento das quais partilham aquele traço comum: Lisboa. A maior parte deles, eleitos pelo Povo. Não me estou portanto a queixar, apenas a constatar.

Podiam ser tripas à moda do Porto? Não, não podiam. Primeiro, convencionou-se chamar dobradinha à coisa; depois, mesmo que nos danássemos para a convenção, tinha demasiada cenoura. Um gostinho diferente, percebem?

Vejamos, os da Capital chegaram àquele jogo decisivo graças a este golo. Relativamente cedo, tiveram que substituir o seu médio-defensivo que se magoou. Entrou este moço.

Poderia ter entrado outro, caso o rapaz dos socos não estivesse disponível, certo? Pois claro que sim, certo. Mas não seria bem a mesma coisa. Como dobradinha e tripas a sério.

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Soundtrack to tripas: Binhu!


domingo, 28 de maio de 2017

O ex-futuro, o ex e o próximo - Uma análise séria

São só doijaninhos, Marco. Tens que ser um homenzinho...

Vamos lá olhar para esta pessegada do treinador com calma, ponderação e sem parvoíce, sim? Pois claro que vieram ao sitio certo. Sempre que a pessoa procura entender o real, pela observância de, e eventual reflexão sobre, factos; e não mera especulação alucinada, tergiversando por áreas nada relacionadas com o assunto sério que se procura entender; onde se dirige? À Tasca, naturalmente.

Pode muito bem ser que fique na mesma quanto ao esclarecimento, mas sai maijalegre e carregadinha de informação perfeitamente inútil. Ao menos não se perde tudo e sempre podemos pensar: É parvo, este tipo. Ao contrário do que acontece quando procuramos fontes de informação de referência. Caso em que, as mais das vezes, acabamos a pensar: Acham que sou parvo, estes tipos.

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Comecemos pelo principio: No principio, era o Marco, cuja biografia podem consultar AQUI.

Portanto, todos sabemos há uns quarenta anos que o Marco acorda muito cedo. No entanto, desconfio que se mete nos copos até altas horas da madrugada. É uma dedução muito simples: Deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer. Uma vez que o moço mede algum metro e cinquenta, sabendo nós que se levanta com as galinhas, só pode ser por ir para a cama perdido de bêbado, já quase ao raiar do dia.

Também sabemos que o Marco tem uma ligação muito próxima e especial com quem? Com a mãe. O cachopo acorda muito cedo para ir para a escola? Népias, acorda muito cedo para ajudar a sua querida mamã. Confesso que tenho muita dificuldade em passar por cima do grave problema social patente nesta relação filial, só com muito esforço me consigo focar no nosso tema. E não telefonar já para a Segurança Social, de modo a que retirem esta criança à sua progenitora. O abuso infantil bule-me basto com os nervos.

Vai-se a ver, não é preciso. Afinal, a matrona lixou-se de alto para o pobre Marco e pôs-se a mexer sem dizer para onde ia. Em lágrimas, o petiz bem lhe suplicou "vais-te embora mamã, não me deixes aqui". Ao que a senhora lhe terá respondido: Desculpa lá, oh embirrantezinho, mas ainda tens que crescer um pedacito. Entretanto, vou ali dar umas cambalhotas com o Rui.

Aturada investigação tasqueira, veio a revelar que este misterioso Rui é, nada mais, nada menos, que o comparsa do Mafarrico. Eu cá sempre achei que os bonecos andam todos metidos unscojôtros.

Noto que muitos estão extremamente apreensivos com o que acontecerá ao pobre, mas orgulhoso, petiz. Nada temam, a clarividente residente da Tasca, Madame RP Braz - não faço ideia do que se esconde por detrás daquele RP; diz que agora dá estilo ter iniciais no nome - garante que no prazo máximo de doijanos, dois, o nosso Marco estará de volta aos braços da sua mamã.

Entretanto, a expensas da Casa do Gaiato, foi estudar para o estrangeiro, de modo a tentar que alargue os seus muitíssimo curtos horizontes.

Enfim, desejo sinceramente que assim seja. Que o pobrezinho seja recompensado por tanto ter pensado na mãe ao longo dos tempos, não importa se ela está longe, ele irá por toda a parte, há-de encontrá-la. E que feliz reencontro será.

Por acaso, até acho que não vai demorar tanto tempo a dar-se. Mais um aninho, Marquito, só maijum e voltarás a casa para cumprires a tradição: Ajoelhares no Dragão. Olha, rimei. Que poeta, carago!

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Quanto à confusão que por aí grassa sobre o eventual interesse do FCP nesta pequena, pequenina, personagem dos bonecos animados, há que ter em conta a questão geográfica. Ah poijé, bebés, é preciso puxar por essas cabeças-de-alho-chocho.

Onde é que morava o Marco? Isso mesmo. Num Porto Italiano. É por isso que nos viram por lá...

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Ontem decorreu a sexta edição do Dia do Clube. Eu nem era para ir, mas depois vieram com o choradinho habitual: "ah e tal, se tu não fores, nem vale a pena a malta organizar aquilo, desiste-se, pronto, ficapróano, cumócampeonato". Já se sabe que sou um coração de manteiga e lá fiz o favor de comparecer. E não é que, maijuma vez, valeu muito a pena? 

Sobre o que por lá se passou, saberão o que vierem a saber, mas por aqui não será. Apareçam da próxima e já não precisam de se fazerem de alcoviteiras.

O importante é dar os Parabéns! Até pensei em convidar o nosso especialista nesta área, o senhor Nuno E. Santo, majele estava ocupado a empacotar tralhas. Diz que está em mudanças. Pró pé do seu amigo Marco. Tem muitojamigos desta cor, o senhor Santo.

Assim, trato mesmo eu disso: PARABÉNS à organização, por tudo ter sido impecável, mas sobretudo pelo trajeto, aquele que eu acompanhei, de uma sala na Biblioteca de Espinho ao Estádio do Dragão. Caraças, parecem o Vitor Pereira!

Ainda mais, PARABÉNS ao FCP! Por ter sabido devolver à casa a que pertence este encontro de Portistas e por ter, enfim, acarinhado e endossado da forma correta o evento. Pelo espaço e pela presença nos painéis, mas acima de tudo, pelo reconhecimento do esforço dos dedicados organizadores. Culminando na presença do Presidente. 

PARABÉNS FCP! Demorou, mas foi. Este é o caminho, sem receio dos nossos, mas sem trelas e mordaças. E sempre que os Portistas se sentem bem-vindos em sua casa, retribuem com a gratidão e o carinho que nos merece quem dá a vida pelo Clube.

Pessoalmente, não posso deixar de fazer um elogio muito particular: valeu, Grande, mas a diminuir a olhos vistos,  Jorge. Perfeito!    

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Um longo intróito e o verdadeiro post

Pra treinador de quem? Huumm, deixem-me pensar...
[ Antes de, eventualmente, embarcarem nisto, deixo-vos um breve aviso:

A malta da bola tem "O verdadeiro post" devidamente assinalado, mais - bastante mais - abaixo. Podem portanto escapar à demência anterior. O resto do pessoal...a sério, não troquem a vossa pornografia por esta quantidade de disparates :) Até porque, tudo é bola (hey, xôr Lima). ]


Um longo intróito: A Leanor e o Descartes

Sou um tipo um tanto esquisito em algumas coisas, dizem-me. Eu acho que têm razão. Até porque há uma aura em volta dessa coisa de "ser esquisito" que, por algum motivo, me agrada. Manias.

Se me ponho a pensar nisso, concluo que é uma bela treta. Sou perfeitamente vulgar. Faço é melhor de parvo do que a média, pelo que devo dar ares de nãopodecerassimtãostúpido. E dão-me esse desconto e olham para mim com um sentido de tástafazerdeparvaversemenganas. Eu cá aproveito e digo as minhas esquisitices e a malta pensa: Olha, numpercebipatavina! Deixa-me cá concordar - ou pelo contrário - para não parecer algum idiota.

O Mestre Manuel de Oliveira, homem vivido, olá se era, usava como poucos este estratagema. Facto que lhe permitia filmar uma árvore, no mesmo plano, durante trêjoras e fazer disso uma obra-prima, se preciso fosse. Aposto que se ria que nem um perdido.

Como se riria Camões, se soubesse que os putos lhe analisam os Cantos à sílaba. E então porque escolhe Luís Vaz "não segura" para adjetivar Leanor? Porque rima com verdura, setôra! Zero, estúpido! Porquê? Ora, porque deve haver um motivo menos simples do que esse ou não nos punhamos meio ano letivo a olhar para isto, não te parece? Credo, que rapazola esquisito. E ri-se, deve ser um tanto atrasadinho...

Não vos alarmeis ainda, isto tem um propósito. Se calhar.

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Já se sabe que esta condição tem os seus contras. Não é tudo flores e regatos frescos e prados férteis e gajas boas todas nuas. 

Hã? Sei lá, não lhe vejo grande diferença para "Descalça vai para a fonte / Leanor pela verdura". 

Digamos que faço parte de um grupo de pessoas que até podem dizer o que lhes vai na cabeça, muitas vezes, que há pouco quem se chateie. Lá está ele com as suas pascacices, é deixá-lo estar. Isso é bom, desde logo porque nos permite dizer coisas como esta - que é de uma falsa modéstia aflitiva - sem que ojóvintes fiquem com muito asco.

Hã? Ah, não. Os panascas não contam. Quem é que está enojado, mesmo? Bem me parecia... 

A condição de não se ter pejo em dizer, de maneiras variadas, que se gosta de ser gostado, é muito útil na gestão dos heróis. Tomemos o exemplo - se não o melhor, pelo menos o mais bonito - de mim próprio.

Tenho milhentos heróis, de vários géneros. Ao longo do tempo, uns vão deixando de ser e outros substituem-nos. Alguns permanecem, está claro. A constante é que todos contribuem, de alguma forma, para a construção da imagem que quero ter de mim. 

Isto é muito útil, poijimpede que arranje modelos e ídolos instantâneos. Há uma espécie de processo de recrutamento. Veja-se a Super Mulher. Embora concorde que apresenta argumentos ao nível mamário de basto relevo, nunca foi dos heróis que me agradasse. Lá está, não contribui para o que quero de mim. Já se vê que não inclui ter estupendas mamas. O que, de determinado ponto de vista, é uma pena. 

Assim, parto quase sempre de uma posição Cartesiana: Eu penso e existo. Já V.Exa, só sei que existe. 

Hã? Nop! Não há registo de Descartes alguma vez ter afirmado "existo, logo penso". 

Calma, é provável que isto chegue a algum lado. É possível, pronto.

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Conheço um labrego - que muito prezo, mas não fica bem dizer "muito prezo um labrego" - que defende que a média das pessoas é bastante burra. Não concordo assim muito com isso, embora fique demasiadas vezes sem resposta perante os exemplos. Acredito mais na preguiça do que na estupidez. Em termos de generalização, bem entendido. É que pensar dá um certo trabalho, de modo que é melhor a pessoa limitar-se a existir.

Cria-se o ecossistema perfeito para a proliferação de gente que faz dojôtros parvos. Ora, indivíduos que já de si se dizem estúpidos - um vosso criado - dificilmente embarcam na lorpice, uma vez que não necessitam que os façam de algo que passam a vida a dizer que são. Para que os - me! - contrariem. Para a tese, o objetivo é pouco importante.

Hã? Pois, exatamente o que estou a dizer. Sou sim senhor. 

Se aqui chegaram, já não vale a pena irem embora.

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Ainda que admita que não seja imediatamente inteligível - se podia ser mais condescendente? Huumm, dificilmente. - este é, acredito, um dos motivos por que sou Portista.

Estamos tão habituados a que nos tentem fazer de parvos, que topamos à milha quando vem maijum. Umas vezes fazemos é de conta que não; outras, deixamo-nos estar, preguiçosos, ao Sol. O que nunca acontece, é sermos completamente tapados durante muito tempo. Porque não somos lampiões.

Hã? Ah, pois, agora é que é. Obrigadinho pela paciência.

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O verdadeiro post: EU.NÃO.SOU.LAMPIÃO!

Se está toda a gente entretida com os fireworks do novo treinador, na Tasca, onde já se tratou desse assunto, é a hora certa para conversar sobre... o anterior. Só para chatear, mesmo. Então vejamos:

- O NES demitiu-se!

Hã? O tipo do contrato é a confiança, das bases para o futuro, do crescimento que nos lança para os títulos? Esse?

- Pois, demitiu-se, já disse!

Portanto, entrou pelo gabinete dentro e disse:

- Xôr Presidente, demito-me! Acabo de concluir que sou uma nódoa e não vou chegar a lado nenhum de jeito, pelo que tive muito gosto em cá estar este pedacinho, mas vou indo. Felicidades e cumprimentos à...errr...enfim, dê lá lembranças em casa.

Ou então:

- Jorge, pá, esquece! Não fico aqui nem maijum minuto. Não dá, amigo. Sou demasiado bom para estar a ser enxovalhado semana sim, semana também, pelo polvo. Isto nunca se vai endireitar e portanto nunca vamos ganhar merda nenhuma. Vou é dar de frosques enquanto não me queimo demasiado. Desculpa lá o mau jeito. Manda beijinhos a todos.

No máximo:

- Xiii, Grande Dragão, já estou a ver que vamos ficar sem equipa. Despachas o Depoitre e ficamos sem ataque; sai o Herrera e lá se vai o meio campo; e até o Marega és capaz de vender, depois queres que se ganhem jogos. Nem penses, se é para isso, não contes comigo. Fui.

Em qual destes cenários é que NES se demitiu? Podem explicar-me, por obséquio?

- Shhh, cala-te, pensa no próximo.

...

- O NES prescindiu de receber o ano de contrato que ainda tinha. Isto sim, é Somos Porto até ao fundilho das ceroilas, caraças!

Então mas não se tinha demitido?

- Pois claro! Já te disse que se demitiu. És chato, dass!

Ora, se se demitiu, não prescindiu de porra nenhuma. Quando a pessoa diz ao patrão: Oh chefe, eu cá demito-me; não tem direito a indemnização nenhuma. Nem que seja o Espírito Santo, penso eu de que. No máximo, o chefe é que podia exigir ser ressarcido, por quebra contratual. Ou isso é exclusivamente no caso de se ser Holandês?

- Que parvoíce! Demitiu-se e prescindiu, não ouves bem?

Moço, não pode ser. Tens que escolher uma. Ou se demitiu e não prescindiu; ou prescindiu e foi corrido a pontapé.

- Shhh, cala-te, quem será o próximo?

...

- Não fosse pelos árbitros e NES teria sido Campeão.

Ah, isso sim! Até que enfim uma coisa que faz sentido. Ufa. E nesse caso, seguramente não se teria demitido, certo?

- Pois claro que não! Até um marmelo com olhos como tu, consegue perceber isso. 

( Desculpem, em termos de frutas, marmelo é o máximo que me consigo insultar. Não tem muita graça, mas é o que é. Às vezes penso em maracujá, mas evito, que me dá tesão. Hã?)

Portanto, sendo a responsabilidade exclusivamente de fora, não faria sentido termos sido nós a demitir o homem.

- Então mas se já te disse que ele é que se demitiu! És tão cansativo, oh marmelo.

Sim senhor! A conclusão é: O NES não quis ficar no FCP! Fomos chutados para canto pelo Herlander.

- Hã?

É isto.

- Shhh, cala-te, deve estar para aparecer o próximo.

Diz que não quer vir...

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Há uns dias, perguntei se as coisas boas estariam já a apodrecer. Hoje, sinto que, em nome do Clube do qual não gostam mais do que eu - isso é certo!, há quem pense que basta falarem para mim como se, neste campo, fosse um ser perfeitamente acéfalo. A quem basta dizer, não explicar. A quem é suficiente mostrar o caminho, não mobilizar. Do qual se espera que esteja na primeira linha do combate, mas sem ração. Sorrir e acenar, rapazes, sorrir e acenar

Parece que algo de errado se passa no ecossistema do Dragão. As coisas bem feitas apodrecem demasiado depressa, em nome não faço ideia do quê. Espero que o Rei Dragão esteja a tratar de combater este problema climático, para repor o natural equilíbrio e tornar o ar puro e respirável. De forma a que possamos retornar à nossa simbiótica forma de vida.

Já sei que não serei um baluarte do Portismo, tiro daí a ideia. Mas make no mistakes, EU.NÃO.SOU.LAMPIÃO! Menos, muito menos, senhores. Respeito!

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Soundtrack to instant heroes: The bottom line is dying...

terça-feira, 23 de maio de 2017

Manchester

Diante dos olhos, as mãos, ocupando todo o campo de visão. Assim, perto, vazias. Fecho-as em punhos, para se revelarem, enfim, na sua essência: Impotentes. Deixo-as cair estrondosamente no tampo, uma, duas, as vezes necessárias até à dor. Para ter a certeza que Sou, que não me deixei evaporar, como desejei naquele breve e inesquecivel nano-segundo. Derrotado, vazio, impotente. Como estas mãos que agora enxugam discretamente uma água que me escorre pelos flancos do rosto. As alergias. Uma chatice, já se sabe.

A festa dos petizes explodiu. A cantoria da Ariana rebentou. A música é fogo-de -artificio, digam o que quiserem os heróis instantâneos, fogos fátuos eles próprios. É festa e alegria e isso também é feeling. E mata.  

Eram os miúdos. Os nossos, os meus, os teus, os do assassino que os levou e das mães que serão obrigadas a celebrar a morte daqueles filhos que não pariram. Mas que lhes pertencem. Porque são do Mundo em Londres e em Alepo, nos cemitérios povoados do Cairo e nas escadinhas de Lisboa, nos escombros de Cabul e nos gloriosos entardeceres do Porto. São meus! E mataram-nos.

Procuro no escuro o lençol. Estico-o até lhe cobrir o ombro. Perco mais um segundo do que o necessário até lhe dar o beijo que ela nunca sente. Pouso a mão na sua companheira de ocasião, maior, mas igualmente bebé para estes olhos. Hoje. Respiram e estou grato. 

A minha Alma chora o pedaço delas que morreu em Manchester. Sem encontrar planos de vingança ou de retaliação, incapaz de me convencer que a Vida continua. Por agora. Caída, a Alma como as mãos. Segura apenas pelo calor dos corpos adormecidos. Pelo Amor, talvez.

O cão abana a sua ausente cauda, cumprindo o ritual das nossas manhãs muito cedo. O gato virá. Eu despedi-me de todos. Porque é neste miserável Mundo de Adeuses que nos obrigam a viver. Até que pela força das nossas mãos os façamos explodir, a eles. Mas eles também somos nós, também são nossos, também os parimos. E as mãos...ai as mãos, estão trémulas, anestesiadas, inúteis.

O Planeta dos Homens chega-me pela TV. Um estúpido aponta um monstro, em visita ao Banco do Terrorismo. Descendentes de uma civilização milenar olham-no, estupefactos. Perguntando-se como - Oh Deus, como? - pode um camelo chegar a líder do "Mundo Livre". Na Ilha, talvez pensem que o melhor é murá-la. Não vá algum Mexicano fazer-se explodir. E a minha derrota agrava-se a cada minuto.

No balanço de um comboio atrasado, preparo-me para as condolências, para as manifestações de repudio globais, os Autos de Fé, as promessas securitárias e as razões apologéticas. Como que me afundo nesta desesperança de que algo seja diferente, simples, direto, do coração. De que algum Deus, quantos braços tenha não me importa, possa decretar que todos são Lázaro e, por essa circunstância, não merece a pena matá-los. Aprendam assim, à força. Devolvam-me os meus catraios, mortos no fogo-de-artíficio da sua alegria. Esses que eram a Esperança do Mundo. Do nosso. Os nossos.

Volto às mãos. Nada. No máximo, um pouco mais cansadas. Caem no tampo, uma, duas, trinta vezes até à dor. E não dói. É raiva! Apenas.


sexta-feira, 19 de maio de 2017

O Porto é Campeão! ou A época B



Wow, lá se arranjou um título para comemorar. Prestigiante, diga-se, mas não oficial. O que não lhe retira o gosto, nem a importância e muito menos o significado. Sobretudo porque é ganho pela mesma equipa que venceu um Campeonato bastante oficial - e competitivo - ainda a época passada.

É pois uma bela altura para concluir e publicar as notas da Tasca, acerca da temporada da nossa B. Bora lá!

...

Do contexto

Esta deveria ser a época de reconstrução da equipa. É para isso que ela serve: Completar a formação, em ciclos curtos de 2 anos, e recomeçar com gente nova. A aferição pelos resultados só se faz no segundo ano do ciclo. Pelos vistos, o ano que produz Campeões!

Entre bastos azares - lesões de Omar, Tomás, Xico Ramos, Andorinha e Ismael; uma indefinição na liderança - Castro sai, Castro não sai,  Castro sai sim senhor; e algum mistério- há uma história por contar em relação a Leonardo Ruiz? E Idrisa Sambu?; o facto é que... aconteceu tudo ao contrário.

Acabámos com uma equipa "velha", a disputar com pouca chama - compreensivelmente - o mesmo Campeonato. Tipo, já matei o Boss deste nível e agora volto ao princípio do mesmo nível? Gandamerda de jogo, dass!

Este 11 era perfeitamente exequível no FCP B 2016/17: Gudiño, Rodrigo, Chidozie, Verdasca, Gajo Novo; Omar, Xico, Graça; Ismael, Gajo Novo, Kayembe. Isto é, 8 titulares "fora do prazo", uma vez que Verdasca cumpriria o seu segundo ano a sério na equipa.

Em si, o cenário não seria errado, numa perspetiva de alargamento das opções do plantel A. Os B ficariam em casa, com vista para a equipa principal, numa ligação estreita entre os diversos níveis da nossa formação. 

Ok, podem parar de rir. Eu também fiquei com a sensação que foi apenas por acaso. Provavelmente, uma das cabeças que deveria pensar a estratégia, esteve ocupada a ver alojamentos na China. A outra... sei lá, estaria a ensaiar os "Parabéns " ao espelho ou assim.

O mau começo seria normal, até porque, aí sim, tínhamos um número apreciável de novidades. Depois fomos "envelhecendo", sem que os resultados melhorassem substancialmente. Pelo meio, uma troca de treinadores que não ajudou. Até que chegou Folha.

Sustentado na competitividade que conseguiu incutir à magnífica, mas desfasada, equipa de Campeões do ano anterior, Folha liderou a recuperação e culminou a época com o único título que o FCP comemorará este ano, em Futebol. No processo, a equipa Bicampeã de juniores A, implodiu. Isto dito, tenham lá calma com o Folha, tábem? Para começo, não está mal. Mas é COMEÇO, entendido?

Nada disto me parece bom sinal. Dos negócios precoces, ao fraco planeamento que provoca estagnação em promissores ativos. Tenho esperança que tal seja resultado das múltiplas alterações da estrutura. Há prioridades e não teriam ainda chegado à B. Entretanto, já houve tempo para se alinharem. Só falta saber quem será o interlocutor de Folha no escalão acima. Certo? Certo!

No fim do dia, mais do que tudo, o que se espera da B é que anuncie potenciais reforços para a A. Que conclua a formação, acrescente maturidade e adapte quem necessitar de ser adaptado. As condições logísticas são impecáveis, a estrutura, mesmo quando está distraída, é profissional, os putos só têm que jogar à bola e provar quem é capaz. A esse nível, há boas notícias. E outras menos agradáveis, está claro.

...

Do mais importante

Não tenho pachorra para análises exaustivas, jogador a jogador. Por isso, defina-se um critério simples: Destacar-se-ão os miúdos que ganharam o lugar aos "legítimos donos". Aqueles que, dado o contexto acima, não admirava que estivessem no banco e acabaram a ser do melhor que vimos. Siga!


Com Tomás no plantel - raio de azar miúdo! - e Omar a voltar em alguma altura; com Rui Moreira a reclamar tempo para crescer na sua posição; o terceiro médio seria, naturalmente, João Graça. Ele e Omar estariam, pensava eu, de olho em minutos na A. Assim, Sérgio Ribeiro e Fede passariam, de novo, bastante tempo no banco. Tinha pena pelo Fede que, apesar de o(s) nome(s) não ajudar(em), me entusiasmava há uns dois anos. Sem conseguir dizer que conseguiria subir de nível, o suficiente para ser mesmo jogador da bola.

Pois bem, entre as luzes da ribalta de Galeno e Kayembe, posso assegurar que o melhor é... Fede. A mim não engana mais! Soberbo. Ainda mais importante, necessário.

É um 10, pelo que o seu futuro no FCP dependerá muito de quem é o treinador. Aparentemente, o foco está apontado aos extremos e ninguém quer saber do moço, o que seria um erro épico. Como se mandássemos o Deco para o Alverca, estão a ver o estilo?

Varela finta, avança com bola, faz passes de rutura, assiste e marca golos. E faz isto tudo muito consistentemente. Como em: Toda a época. É o filho que Otávio e Oliver ainda vão ter. O que significa que servirá de pouco a NES...

Na modesta opinião da Tasca, é a Estrela da Companhia. O melhor. E acho que é do Xaninho. Ui!


Ninguém estava mais descansado do que eu, quanto ao defesa direito, no jogo na Madeira. Talvez Rui Jorge estivesse na mesma. Talvez.  Sim, podia ter assistido o Silva para golo e isso tinha-nos
mantido na luta. Mas até essa "falha" revela o jogador que ali está. Sem tremer, sem acusar pressão, a tentar fazer golo, porque a posição era ótima. Mesmo de pé esquerdo.

É um lateral completo, embora ataque ainda melhor do que defende. Tendo em conta em que equipa queremos que jogue, está tudo certo. Tem o pulmão do Maxi há 20 anos e é muito melhor que Victor Garcia. Que já de si é bem bom, se já aprendeu a cruzar para dentro do campo.

Se Ricardo Pereira pode render os milhões que nos permitem segurar, sei lá, um Danilo, então é despachá-lo. Temos o Fonseca e, creiam, não ficamos a perder nada. 

Bem sei que o ai Jesus da lateral direita é Dalot. Mas o Fernando está à frente. Um ano à frente. O Diogo vem já a seguir.

Pois, não sei... Digamos que estou num André Silva state of mind. Eu explico: O Silva denotava uma série de qualidades, mas eu não tinha a certeza, longe disso, de que iria ser capaz de se fazer homem. E jogar ao mais alto nível. Já se sabe que o tipo tratou de me esfregar a sua imensa qualidade nas trombas, tornando-se no meu avançado favorito.

O estilo meio desengonçado - está melhor, haviam de ver no início da época - o físico franzino, não pareciam potenciar a única qualidade que lhe detetei de imediato: A velocidade. Mas isso o Ntsunda também tinha. E o Rúben Macedo tem. Sendo que, pela lógica, aquele lugar deveria ser deste.

Castro parecia apostar em Galeno. Tavares também e Folha idem. E não é que o moço somava golos e assistências? Com o decorrer da época, tornou-se mesmo um hábito. Golo de Galeno, passe de Galeno, foda-se, lá vai o Galeno, nunca mais o apanham. Ainda por cima, já não parece que vai cair a qualquer momento.

Para terem uma ideia, acreditava mais no Gleison do que neste tipo. Pela força dos números, agora já não. Sobretudo porque uma bola metida entre o lateral e o central, é meio golo do Galeno. E isso não podemos dizer de Brahimi, nem de Corona, nem de Jota. Tem é que ser pelo chão, o que, vai-se a ver, não se adequa ao modelo NES. Ops, sorry, à ideia de jogo.


Supostamente, este moço deveria passar a época a aprender com o Chidozie e a admirar o Verdasca, uma vez que algum iluminado decidiu recambiar o Palmer-Brown. Que era melhor que os outros dois! Se calhar, foi alguém que conhecia o Fernandes melhor do que eu. Oxalá.

O facto é que este B de primeiro ano sentou o Verdasca. De tal maneira, que até para o Rui Moreira, que é médio, o pobre Diogo já perde o lugar. Em estando o Jorge impedido.

É grande, é calmo, é duro, é inteligente. É tenrinho também. Faz uma grande dupla com Chidozie, mas parece ser capaz de liderar a defesa sem problemas. Claramente o melhor projeto de central, depois de...Palmer-Brown.

Partindo do princípio que no próximo ano a equipa B será pensada e, por isso, Chidozie não fica - precisa de outro nível - este rapaz será o patrão da defesa. Sim, é preciso esperar mais um ano, mas o prognóstico é francamente surpreendente. Pela positiva.

...

Da estagnação

Já discorremos sobre os motivos, mas o facto é que muita gente não melhorou. 

Alguns mantiveram o nível alto que já lhes conhecíamos: Omar, Xico, Chidozie, Kayembe. Mas precisaram de ser abanados, porque estavam naturalmente desiludidos com a puta da vida. Para esclarecer, na minha opinião, Kayembe é tão bom jogador hoje como há um ano.  Assim, a chance que, aparentemente, terá na A, não surpreende, mas também não tem nada a ver com um melhor desempenho.

Outros regrediram: Verdasca perdeu espaço; Graça não deu o salto que precisa de dar; Tomás continua cheio de azar e perde mais um ano. Em todo o caso, apenas Verdasca ainda tem "tempo" para ser B na próxima temporada. E pode igualmente dar-se o milagre de alguém deixar o Rui Moreira jogar no seu lugar. Juro que gramava de saber se temos ali jogador.

Uma nota final para Rui Pedro, que devia ter sido o homem golo desta equipa. E foi, enquanto o deixaram. Foi preciso que jogasse na A? Pois ótimo, é também para isso que existe B. Agora, pelos juniores? E a seguir, A de novo? E volta aos juniores? Treina na B? Alguém se decide? É apenas estúpido, senhores.

Eu ajudo: Se o moço é para ser útil na A, mas nem sempre, então é na B que deve estar. Em exclusivo! Mandá-lo marcar golos abaixo disso é completamente despropositado. Assim, desculpa lá André Pereira, és bom moço, mas o primeiro cativo da B 2017/18 é o 9: Rui!

...

A pergunta de 1 milhão é: Quem pode chegar ao plantel principal?

Já, talvez Fede, dependendo do estilo do novo treinador. Porque teremos um novo, certo? 

Talvez Galeno, se não se ressentir da mudança ou for capaz de manter a assinalável progressão que teve este ano. Caso em que seria um caso... muito sério.

Seguramente, Omar Govea e Fernando Fonseca. A menos que tenhamos planos para Victor Garcia, que tem um ano de rodagem na Liga de avanço. Ou que não se consigam os milhões suficientes por Ricardo Pereira e... Hector Herrera.

Outros manifestam o potencial de lá chegarem. Um dia. Xico, está claro, em primeiro lugar. Também Chidozie e Inácio. Mas têm que ir dar uma voltinha antes.

No fim da lista, Graça, Tomás, Ismael todos desaparecidos durante um ano, pelos mais diversos motivos. Que são promissores - mais Ismael e Tomás do que o João - não há dúvida. Precisam de encontrar um espaço - que até pode ser na II Liga, mas não no FCP B - para jogarem regularmente e provarem, fora da zona de conforto, que podem aspirar a mais do que serem bons jogadores. Exemplos de sucesso nestas condições, temos mais que muitos. Na verdade, quase todos, não é senhores Carvalho, Costa, Couto, Barros?

Já para Gudiño, tem a palavra El Santo. Te quedas hombre?

Ou seja, isso de construir um plantel à volta destes meninos, não existe. Os que acham isso boa ideia, estariam a pedir as cabeças da estrutura inteira em 5 meses. Mas que é possível, com tempo e em tempo, ter muitos na equipa, isso é. Depende é da definição de "muitos" de cada um.


...

Como diria o Lápis, o tasqueiro não percebe um boi de bola. O que significa que há que confiar nos técnicos da estrutura - menos nesse! - na difícil tarefa de avaliar jogadores e lhes traçar o futuro. Mas no que concerne à articulação dos escalões e ao planeamento, malta, oiçam bem: Assim não! 


quarta-feira, 17 de maio de 2017

Carta aberta



Exmo. Senhor Presidente,

Era minha intenção enviar-lhe esta missiva após o jogo em Moreira de Cónegos...

- Oh amigo, desculpe lá, isto é sobre o quê?

- É eu a dizer-lhe coisas, senhor Presidente.

- Poooooiiiisss, não vai dar. Não leve a mal, mas compreenderá que se me ponho a ouvir cada um dos sócios, é uma desgraça, não faço mais nada. Porque não diz coisas ao senhor Provedor do Sócio?

- Bem, acho que não é bem o âmbito... Mas percebo. Tentarei, nesse caso. Muito obrigado.

...

Exmo. Senhor Provedor do Sócio,

Era minha intenção enviar esta missiva ao Exmo. Senhor Presidente do Futebol Clube do Porto após o jogo em Moreira...

- Oh sócio, desculpe lá, isto é sobre o quê?

- É eu a dizer-lhe coisas, senhor Provedor, para depois me fazer o obséquio de transmitir ao senhor Presidente.

- Poooooiiiisss, não vai dar. Não leve a mal, mas compreenderá que se me ponho a fazer de moço de recados, é uma desgraça, não faço mais nada. Para além de que não me parece que as coisas que vai dizer sejam bem do meu âmbito. Porque não vai a uma bilheteira?

- Hã?

- Então, já não dá o tempo por perdido e compra uma entradinha, paga uma quota adiantada...

- Bem, acho que não tem nada a ver... Mas estou a perceber. Tentarei, nesse caso. Muito obrigado.

...

Exmo. Senhor Funcionário da Bilheteira do Cogumelo,

Era minha intenção enviar esta missiva ao Exmo. Senhor Presidente do Futebol Clube do Porto, por intermédio do Exmo. Senhor Provedor do Sócio, após o jogo em Moreira de Cónegos.

Decidi antecipar, porque ontem, no programa Universo Porto - Da Bancada, o meu sentido de urgência foi espicaçado. O Exmo. Senhor Diretor de Comunicação afirmou que, em comparação com este Campeonato da Liga NOS, o "colinho" de há dois anos foi uma "brincadeira de crianças".

Uma vez cumprido o aparente dever de parabenizar o adversário, creio que se inicia a vaga comunicacional tendente a explicar, como se fosse possível, a continuidade no cargo do atual treinador da nossa equipa principal de futebol. Na verdade, ele ganhou o Campeonato da Liga NOS. Os maus, a quem deu os parabéns, é que o roubaram.

Concluí pois que seria urgente fazer chegar estas linhas, antes de estar definitivamente - e espero que ainda seja tempo - tomada a decisão de me roubar qualquer esperança no Futuro próximo do nosso Clube. Se dramatizo, é apenas porque este é o pior momento que vivo enquanto adepto do FCP. O fundo não foi o final da época passada, o fundo é agora. Tem que ser agora! Elenco seguidamente as razões que me levam a esta conclusão:

a) O falhanço Lopetegui

Depois da transição mal gerida da época dourada Villas Boas, o Exmo. Senhor Presidente, sem o dizer, apresentou o que me pareceu um plano a médio prazo. Contratou por três anos um treinador com experiência em camadas jovens e entregou-lhe um poder nunca visto para um técnico do FCP. Para mim, ficou clara a aposta e que este seria o homem do Presidente, que contaria com o seu total e absoluto respaldo, em qualquer circunstância. Porque era isso que faria sentido, dada a opção.

Pelo contrário, a um plano que parecia caminhar, como prova o alinhamento do estilo de jogo com a equipa B, por exemplo, a sua direção ofereceu nada. Deixou um treinador ser cozinhado em lume brando pelos media e pelos próprios adeptos. Abandonou a equipa à sorte de um Campeonato com campos inclinados e, por consequência, perdeu.

Pensei que se havia arrependido e mudara de ideias em relação ao treinador, mas estava enganado. Julen Lopetegui continuou e nada mudou. Nem em termos de apoio, nem em termos de comunicação, como se esperássemos, todos, pacientemente que a doença detetada se encarregasse de matar o fulano. Sem nunca o termos visto, a si, empenhado em encontrar uma cura.

E disse-nos que batêramos no fundo. Que desse momento em diante, seria sempre a subir.

b) O falhanço NES

O facto é que conseguimos verificar muitas mudanças nesta época de 2016/17. A estrutura mudou, a comunicação mudou, temos um FCP mais combativo e menos "inglês". Antero saiu, Luís Gonçalves chegou, Francisco Marques fez o seu caminho e assumiu um novo protagonismo.

Tarde! Sempre fora de horas. O responsável pelo futebol chega com o plantel montado e o técnico escolhido. O que significa que não foi planeado, limitou-se a acontecer e o senhor Presidente reagiu, em vez de agir.

Por outro lado, temos a comunicação que a maioria desejou. E nada ficou por denunciar, por evidenciar. Curiosamente, fizemo-lo exatamente quando entregámos a liderança das nossas tropas, no campo, a um General polido, politicamente correto e incapaz de alinhar no discurso guerreiro.

Tudo o que podemos concluir, senhor Presidente, é que andámos aos tombos, sem nunca conseguirmos encontrar o fio à meada. A fazer as coisas de forma desgarrada, a escolher pessoas sem olhar para contextos. Só podia correr mal.

c) O (des)Norte

Em consequência desta forma de caminhar, qual barata tonta, conseguimos, numa só época, destruir equipas em vários escalões. Dando de barato que a A é uma questão pessoal - eu não gosto de NES! - veja bem o que fizemos a outras:

Luís Castro ia sair para a China. Luís Castro não saiu para a China.

O ano de transição da equipa B, Campeã Nacional, deveria ser gasto na construção de uma equipa nova. Que mais esperar de gente que levava dois ou três anos neste patamar e que tinha ganho o titulo? Era hora de saltarem para outro nível, obviamente. No fim do dia, o que verificámos foi que mantivemos os "velhos". Não podia correr bem. E a culpa não é dos jogadores.

Luís Castro saiu para o Rio Ave. Entra José Tavares. A caminhada trágica dos B agrava-se.

Sobe-se, em desespero, António Folha, Bicampeão Nacional de Juniores. No processo, destruímos a equipa júnior. Que andou a penar a fase final inteira.

Não contesto sequer as escolhas. Eu teria feito diferente, mas eu sou ninguém. O que não posso relevar, é o evidente desnorte. Nenhum plano, nenhuma estratégia, tudo porque sim ou porque não, as mais das vezes a parecer só por acaso. No processo, duas equipas à deriva. Uma ainda foi a tempo de ser remendada e - força miúdos! - ainda nos vai dar hoje o ÚNICO título que comemoraremos.

Raios, se não me arrependo do que gozei com os meus amigos lampiões, de cada vez que ganharam aquele torneio de pré-época que organizavam no Luxemburgo.

Deixarei para ocasião mais oportuna a questão Rui Pedro. Porque acho que é só minha. Mas aproveito para lhe perguntar se ainda veremos o nosso promissor avançado a fazer uma perninha no Andebol. O play off está tremido...

d) Santas Alianças

Sabe, senhor Presidente, no dia em que estiver de acordo com MST acerca da bola, é porque o FCP não está nada bem. Esse dia é hoje.

Deixe-me começar por dizer que não tenho nada a obstar a conversas com qualquer clube. E acrescentar que acho muito bem que procuremos consensos, na defesa de interesses que sejam comuns. Posto isto, é deplorável o conteúdo do comunicado que anuncia o reatamento de relações com o Sporting. Não, senhor Presidente, não me sinto capaz de lhes chamar qualquer outra coisa. Nem Sportém, nem Calimeros, nem o que seja. Sporting Clube de Portugal, por vossa vontade.

Está tudo mal, tudo! Do video-árbitro aos Campeonatos de Portugal, da reunião "secreta" à assinatura do Diretor de Comunicação. Nada faz sentido, nada é parte de uma estratégia, tudo é casuístico. Porque sim, por acaso.

O senhor Presidente absteve-se - e bem, quanto a mim! - de comentar o "Caso Vouchers", para agora encontrarmos múltiplos, e bem menores, pontos de vista comuns? Eu gozo indecentemente com o senhor Bruno de Carvalho - sim, Presidente, agora não troco nomes a mais ninguém - a propósito de querer ser tetra numa época só, para agora estarmos disponíveis para fazer disso um caso tão importante que exige estudos de entidades independentes? Estamos, chegaria o dia, de acordo com o senhor jornalista - já disse que não troco - Rui Santos quanto ao papel salvador do video-árbitro? E, por favor senhor Presidente, não informe o nosso Benni McCarthy de que pugnaremos pelo regresso dos "Sumaríssimos". Vamos tentar adivinhar a quem serão instaurados os primeiros, provavelmente únicos, processos sumaríssimos?

Cheira tudo a tanto amadorismo, senhor Presidente, mas tanto, que não posso acreditar que tenha partido de si. O que é muito grave, porque foi em si que votei. Pelo que é em si que confio para este tipo de assunto tão relevante. A assinatura do nosso Diretor de Comunicação obriga a SAD, mas a mim não me diz nada.

Sendo que esta é a única espécie de aliança a que estamos presos, certo senhor Presidente? É que me custa ler que o senhor abandona - e tão contente fiquei! - a tribuna em Braga, para assistir ao resto do jogo ao lado da sua SAD. Mas aquilo não era a SAD. Eu votei em si, o que significa que lhe confio as escolhas. Mas escolha! Como se dizia na minha rua de infância: Quem está fora, não racha lenha. Quem não tem cargo, não tem voz. NÃO TEM, pois não, senhor Presidente?

e) As coisas bem feitas estão podres?

Como lhe disse lá muito acima, houve coisas bem feitas. A comunicação está melhor, a estrutura do futebol parece encaixar, a equipa esteve comprometida com o objetivo. No entanto, este penoso final de época está a deixar-me preocupado. Como se as maçãs fossem tão vermelhas e apetitosas, que parece que alguém lhes vai injetar bicho, só para ser desmancha prazeres.

A semana passada, matámos a Liga Salazar, legitimando o Campeão. Antes, enterráramos a "Cartilha", permitindo que o Francisco fosse apanhado a encontrar-se às escondidas, num hotel, com o Nuno. Well, que cavalos de batalha nos restaram? Vamos pensar no futuro que é melhor, certo?

Acontece que também isso é preocupante, a partir de ontem. O motivo de antecipar o envio desta minha cartinha não é despiciendo. Juro-lhe que toda a narrativa da "brincadeira de crianças" me soa a "nananananana, brilhante o NES! Bri-lhan-te! Pena a roubalheira. Como nós e os nossos aliados não vamos deixar que se repita, o próximo está no papo. Do NES!" Como se não bastasse a censura dentro de nossa casa e os Parabéns a você do nosso treinador, que limparam a Liga Salazar; arranjámos maneira de legitimar - na mesma semana! - a Liga do Colinho. Afinal, foi uma brincadeira de crianças, não é para levar a sério.

Não perceba mal, eu estarei na bancada. Estarei sempre, seja qual for o treinador. Entenda que isso não me torna um abrunho sem cérebro. É paixão e é para a vida. Pelo FCP, senhor Presidente. Exclusivamente pelo FCP.

Em conclusão, escrevo-lhe para lhe dizer que este é que é o fundo. Nunca antes vislumbrara tantos sinais de desorientação, tão recorrentes e tão encadeados. Urge pois sair daqui, depressa, se possível, mas sustentadamente. Faltam três anos para que termine o seu mandato, é o tempo que resta para nos devolver à glória.

Defendo que os mandatos se cumprem até ao fim. Acredito que o senhor Presidente possa corrigir o que está - profundamente! - errado. Pronunciar-me-ei acerca das pessoas que decidir escolher e manter, porque é um direito que jamais alienarei. Da mesma forma, entendo que é seu direito inalienável traçar o rumo e decidir com quem percorrer o caminho.

É isso mesmo que lhe exijo: Um rumo! Esse que hoje não temos.

E isso, senhor Presidente, será revolucionário!

Assina este, com estima e admiração.




segunda-feira, 15 de maio de 2017

Obituário, uma dúvida existencial e a nobreza de NES



Porto, 14 de maio de 2017. Faleceu ao final desta tarde a Liga Salazar, vitima de duplo ataque de idiotice. A família enlutada agradece o apoio de todos os desinteressados cidadãos que, em solidariedade, foram manifestando, pelos mais diversos meios, o seu comprometimento com a causa e com a luta pela vida deste nosso querido familiar. O tempo não se compadece e no seu inelutável transcorrer, leva-nos a Liga Salazar, que tanto acarinhámos e de quem tanto esperámos. À conta de lhe terem dispensado um tratamento em tudo semelhante à doença que lhe apontávamos; e de umas palmadinhas nas costas que demos ao assassino de serviço. Era preciso ter uma grande lata para continuarmos a falar da Liga Salazar, fazendo de conta que há tarjas que são dirigidas aos jogadores; e continuando a falar de batota depois de o líder parabenizar o batoteiro. Isso não seria ser Porto. Paz à sua Alma, não se fala mais disso. Nunca mais!

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Grande dúvida existencial: O que é uma análise implícita de reflexão? Será o mesmo que especular com mentes malignas? Não deve ser, porque o Ninja ainda batia com a mão na mesa...

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Enquanto treinador de futebol, NES teve ontem uma atitude de grande nobreza, ao dar os parabéns ao Campeão Nacional. Assim mesmo, em letras maiúsculas. Quem sou eu para assassinar a gramática se eles se esmeram na sua defesa?

Sei que grande parte dos meus correligionários discorda disto, mas estão errados. A verdade é que NES enfrentou os piores adversários dos últimos anos. No sentido de mais fracos. Viu-se na iminência de chegar à liderança da Liga NOS - ah pois! as coisas pelos seus nomes - empurrado por uma onda azul que há muito, mesmo muito, não se via. Na qual terá o seu mérito, certamente. 

E falhou. Esmagadoramente. Voltou a falhar e a refalhar e de engano em engano, perdeu.

Apesar de toda a inclinação - de que não se voltará a falar aqui! - NES percebe que foi possível. Perante a incompetência dos adversários, houve um momento em que a competência teria vencido e o Campeão estaria de Parabéns. O que sucedeu foi que, pelo contrário, postos perante a incompetência dos outros, fomos ainda mais incompetentes. E assim, festejam os mais ajudados e menos estúpidos. 

Daí os parabéns de NES. Como quem diz, epá, parabéns, conseguiste fazer muita merda, mas não tanta como eu.

Enquanto funcionário da FCP - Futebol, SAD, NES teve ontem uma atitude inqualificável. Na enésima declaração sem ponta por onde se lhe pegue, conseguiu articular quatro palavras seguidas que mataram a Liga Salazar. Que, como já lemos acima, começara a definhar ainda antes, dentro da nossa própria casa. Parabéns ao Campeão Nacional, disse. 

Que é como quem diz, bardamerda para estes provincianos bacocos que andam a armar um alarido sem sentido. Não liguem, é gente com pouca instrução, arruaceiros, labregos, temos que ter paciência e condescender um pouco. No fundo, são pessoas que especulam com mentes malignas e não fazem análises implícitas de reflexão.

Vivemos numa Democracia, pelo que nada aponto a NES. Por mim, pode abrir a tarja que mais lhe apetecer em cada conferência de imprensa. 

Acontece que sou sócio do acionista maioritário do empregador do Herlander. Nessa qualidade, exijo o imediato despedimento do funcionário. Que o treinador vá de arrasto, é só uma muito feliz consequência.

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sábado, 13 de maio de 2017

Resumo da semana: Fátima, Fado e Futebol



Temos dois novos Santos. Neste "temos", abarca-se o Mundo todo, já se vê, que os Santos quando se Santificam é para todos. Está claro que cá pela terreola os sentimos de modo particular, uma vez que foram nados em Luso solo. Sei lá, os Franceses também gostavam muito do Joaquim Agostinho, mas nós gostávamos mais.

Hã? Lembrei-me. Que tem?

Isto da Santidade e dos Milagres e das Vidências, Aparições, Manifestações do Sobrenatural, Avistamentos e quejandos, é basto simples. Se vamos procurar racionalizar a coisa, chegaremos a um conjunto de conclusões que podemos resumir numa palavra: Balelas. É na Fé, digamos que num sentido outro, talvez mais profundo e oculto de cada um, que todas estas experiências podem encaixar. Isto é, ou se Acredita ou não, ponto final.

É por isso que todas as tentativas de explicação de caráter cientifico, muitas vezes ensaiadas por convictos Crentes, me soam a tempo perdido e energia mal gasta. Muito mais lúcido era o velho Padre de uma Paróquia que já não sei se alguma vez foi minha, que respondia sempre da mesma forma a qualquer questão sobre os Mistérios da Fé:

- Pois se se trata de um Mistério, como quereis que vos explique, pirralhos? Ia agora perder o meu rico tempo, para que entendêsseis com a mente, aquilo que só o vosso coração pode decidir. Ora, ide, ide jogar à bola para a rua e deixai esses assuntos para os crescidos. Mas não praguejais! O Senhor está atento! - E erguia o seu curvo indicador para o Alto.

Tome-se o exemplo, por exemplo, de Francisco e Jacinta Marto, os mais recentes Santos de todos os Católicos. Se isto tem algum significado ou não, daquele não económico ou político ou geo-estratégico, é uma decisão de cada um. E é profundamente estúpido discuti-lo. Porquê? Porque teremos sempre uma perspetiva que pode argumentar e outra que terá, fatalmente, que encolher ojombros e seguir adiante. A racional e a da Fé.


Apreciemos as imagens que, de hoje em diante, representarão os dois pastores. Não vamos entrar numa discussão estética, até porque a Arte Sacra - e eu sou suspeito, porque gosto - tem cânones muito próprios. Vamos apenas olhar para as crianças nelas retratadas.

Quer dizer, muito racionalmente, não se pode dizer que tenham um ar lá muito feliz por andarem a ver Nossa Senhora. Também, pobres petizes, hão-de ter passado as passas do Algarve às mãos de uma caterfa de adultos. Uns por beatice, outros por oportunismo, aqueloutros por medo e sicranos por pura ignorância.

Sendo certo que não podia a Igreja por-se agora a desenhar rasgados sorrisos nas fronhas de quem, miúdo ou graúdo, vai ter que andar a levar com os nossos supostos pecados. Por aí, percebe-se. Ou seja, não é mais que abuso infantil para toda a Eternidade.

Mas como negar que há na imagem - e naquelas que a suportam - uma aura contemplativa? Como que se no olhar ligeiramente elevado de Francisco, se prenunciasse a visão do Infinito. Daquilo que, roubando-lhe toda a meninice - não há nada de criança nos fedelhos - lhe entrega a Verdade. A mesma que Jacinta, olhando-nos de frente, dura e resoluta, nos instiga a prosseguir. Se eu, criança frágil, posso, quanto mais podeis vós?

Na abertura das cerimónias desta manhã, o Bispo António Marto - connects hein? - fez um, como dizer?, breve resumo curricular dos dois prestes a ser Santos. Descreveu Jacinta como uma criança mais extrovertida e mais ligada ao Mundo. E Francisco como um ser mais contemplativo, reservado, escondido. A primeira, martirizava-se com os pecados do Mundo; o segundo, com o sofrimento de Jesus. Oh well, confere. Fantástico o poder das imagens.

- Não seria uma aragenzinha de autismo, oh Silva?

Depende. Depende da escolha de cada um. O que é certo, é que não se faz só com o cérebro..

...

Devo dizer que sou um gajo que grama à brava de Festivais da Canção. Sim, sei muitas das músicas que ganharam, sobretudo a nível nacional, e nutri um fraquinho basto forte por determinada catraia. De tal maneira que, à época, o meu objetivo de vida era emigrar para o Luxemburgo. E ser empregado de mesa.

Estou, portanto, à vontadinha para achar muito estranho o atual entusiasmo Português com o acontecimento. Mas então já não é uma cena azeiteira que não interessa ao menino Jesus? De repente, passou a ser importante para o nacional cançonetismo? A que propósito? E vem um e explica-me: Opá, temojuma gandamúsica! Vamos limpar aquilo, o homem é o nosso Salvador.

Vejamos, não, pá! A música não é um terço de um "Adio, Adieu", de uma "Tourada", porra, de um "Chamar a Música" ou de uma "Lusitana Paixão". E pelamordeDeus, o moço pode ser simpático e tal, mas não é o Carlos do Carmo. Que digo? Desculpe a ofensa, senhor do Carmo.

O que mudou? Mudou que parece que temos hipótese de fazer boa figura, mudou que o rapazito tem um nome de família com boa imprensa e mudou que inspira uma certa compaixão. Sim, é o preconceito ao contrário. Deixem-se de merdas, sou só eu que reparo?

- Reparas em quê, oh boçal do catano?

- Pá, não sei, faz-me lembrar qualquer coisa...

- És uma besta!

- Sou sim senhor. Ainda assim...

Posto isto, lá estarei, pipoca em punho, a assistir religiosamente ao desfile, à espera dos 12 pontos de Espanha. A desancar as indumentárias, em tua memória mãezinha, e a acertar na distribuição dos pontos pela geografia, para te melgar a moleirinha, paizinho. E, claro!, a torcer pelo rapaz Salvador. Mas lúcido, foda-se!

... 
 
Que o Futebol se procure apropriar dos outros efes, é um sinal dos tempos. Um mau sinal.

Parece que hoje acaba o campeonato. É desta maneira que a mente olha para a jornada. Como Portista, eu olho para ela com um sentido outro, do âmbito do sobrenatural. Da Fé.

É o que me resta: Rezar a Santa Bárbara no meio do temporal. São 17.45H, para que conste.

No entanto, por muito que desanquem a letra, deviam sempre ter em atenção que os efes já fizeram mais por Portugal que todos os nossos políticos juntos.

Fátima, Fado e Futebol... Clube do Porto!

...

Soundtrack to May, 13th: Hallelujah!

domingo, 7 de maio de 2017

Experiência..1,2...experiência...

Qual busto do Ronaldo?

O FCP empatou na Madeira. E então? Não é como se se tivesse passado algo de muito diferente de outros anos. Ora, que digo, outros anos? Não se passou nada de substancialmente diferente dos últimos jogos. Aliás, se diferenças houve, até foi para melhor: Melhor entrada no jogo, maior eficácia na primeira parte, um ritmo interessante, pelo menos até ao golo.

Eu entendo lindamente a frustração, acreditem. Como se um dique - yet another - se rompesse e aí vem a enxurrada: O treinador é uma bosta - e é!; o Presidente é que tem a culpa - e tem!; o plantel é fraco - não, não é!; os árbitros não podem ser culpados - ai podem, podem!; a SAD não presta - sei lá eu se presta!; e o Xaninho é que mama comissões - ainda vamos aí?

O que me custa um pedacinho, é esta sensação de "se ganhassem já não era nada disto". Discordo. E explico rapidamente: A Tasca determinou o fim da possibilidade de o FCP ganhar o Campeonato, no dia 24 de abril passado. Por esse motivo, nada do que se passe até ao final do Campeonato fará com que o meu humor oscile significativamente. Quero ganhar e zango-me se não ganho, nada de confusões, mas o grau de ansiedade é infinitamente mais controlado. A empatar ou a ganhar ou a perder, pela ordem do que é, hoje em dia, o resultado mais provável do nosso FCP.

Faço questão de publicar este post antes do jogo em Vila do Conde, no qual o 5LB pode praticamente sentenciar o título. Porque é importante - para mim - que percebam que eu até considero a possibilidade de o FCP ser Campeão. Creio que os lampiões podem arranjar uma maneira de perder. Se bem que lhes tenhamos dificultado muito essa tarefa, ao perder uma camião de pontos nos últimos sete jogos. Ou seja, o FCP até pode ser Campeão. Não terá é ganho o Campeonato.

Sejamos francos, o 5LB de Artur Jorge tinha belas hipóteses de ser Campeão este ano. E o FCP do Quinito também. Olha, o Trapalhoni era outra vez, de certeza.

Portanto, tivesse o FCP ganho na Madeira e eu estaria com um estado de espírito semelhante ao que agora tenho. E uma convicção profunda de que nada se alterara. Os incompetentes continuariam a ser incompetentes; quem meteu os pés pelas mãos, teria metido uns pelos outros à mesma; e estaríamos perante o maior roubo de que tenho memória. Como estamos, tendo empatado.

...

Sou testemunha de quanto alguns se contiveram, dentro dos limites da liberdade que lhes permitiu continuarem a respirar sem sufocar, vá. Fizeram-no em nome de uma onda que parecia empurrar a equipa para lugares onde ela não estava preparada para estar, ignorando até que o melhor período coincidiu com coisas como esta. É natural que agora soltem a franga.

Serão, porventura, injustos e desmedidos, mas isso é a paga da sua contenção. Uma espécie de Coca-Cola que se abre, depois de terem andado a agitá-la alegremente. Pois claro que se molham. A esses, digo-lhes - como se quisessem saber - que têm a minha simpatia. Mas sei que discordarei deles em boa parte.

No entanto, não deixo de assinalar que em outras alturas nem todos tiveram o mesmo cuidado. Não é uma crítica. Pelo contrário, é um elogio. Lição aprendida, muito bem senhores. É assim mesmo, com a equipa até ao fim, sempre!

...

Do jogo de ontem, retiram-se poucas ilações. Nada de novo no que é verdadeiramente relevante. Pelo que a gritaria que por aí vai, e irá, e durará, contra tudo e todos, tem bastos motivos para se fazer ouvir. Só não são os que apontam, infelizmente.

O plantel do FCP é mais do que suficiente para nos ter dado uma grande alegria, pelo menos; os adeptos e a estrutura fizeram mais este ano do que nos quatro anteriores todos juntos; os adversários foram francamente piores do que já tinham sido. E não chegou.

Na minha opinião, por dois motivos igualmente importantes: A roubalheira descarada que foi o Campeonato inteiro, antes de mais nada e acima de tudo; e o Principio de Peter, que nos diz que um tipo que é bom a limpar casas-de-banho, não será forçosamente o team leader ideal para as senhoras da limpeza. O que é o mesmo que dizer que reparte as culpas, ficando até com a menor parte, com quem trata do processo de recrutamento.

Para ser claro, para mim estamos perante um dos piores momentos do FCP a que assisti em dias da minha vida. Este. Agora. Este ano.

Porque penso isto, explicarei na devida altura, que não é esta. Porque no momento em que escrevo, isto ainda não acabou. É ainda tempo de estar com a equipa, como sempre!

Sim, bébés, os lampiões ainda podem perder este Campeonato. Vendo o que eles jogam, diria que querem mesmo muito fazê-lo. Credo.

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Não resisto! Páááá, para pré-época não foi nada mau. Nota-se bem que estamos à procura do melhor onze, do modelo mais adequado, a dar minutos a toda a gente e a poupar os músculos aos melhores. Achei uma experiência muito interessante, por acaso.

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Soundtrack to what's left to think: I want out!

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Resumo da semana: Enhance me



Fui ver o Ghost in the Shell, como seria expectável. É entretenimento bem divertido, mesmo que um pouco menos emotivo que a manga original. Está bem conseguido, muito Nipónico, com belos efeitos especiais e blablabla, renhéunhéu, Scarlet. Enough said.

Recordei o conceito, deveras interessante, de as pessoas poderem ser enhanced. Não é que seja uma coisa assim muito ficcional, isso de se acrescentar melhorias ao indivíduo. Tipo, um fígado biónico imune ao álcool ou outras coisas igualmente relevantes. Veja-se a tia Lili ou o Cu Kardashian, exemplos extremos do enhancing. Pois, parece que muitas vezes corre mal.

Claro que um gajo fica a pensar que com uma armadura daquelas, até o Noturno teria belas mamas. O que, em si, não parece má ideia. Não é como se houvesse um risco de existirem demasiadas mamas boas no Mundo. Epá, assistimos a um exagero de esplêndidos seios, temos que tomar medidas quanto a isto, no âmbito da ONU. Really?

- Por acaso, não vejo nenhuma vantagem...

- Mas tu és panasca!

- Ah, poijé, tábem.

Por acaso, queria aproveitar esta oportunidade que a mim próprio me concedo, usando a vasta audiência da Tasca - estão bonzinhos, vocês os quatro?  - para anunciar que tenho um magnífico argumento cinematográfico pronto a usar. 

Trata-se de um enredo muito inteligente, construído a pensar na Scarlet como protagonista, que, estou certo, originaria um blockbuster instantâneo e, quiçá, o início de um novo e rentável franchising de ficção científica.

Resumidamente, a personagem principal enfrenta sozinha uma investida alienígena. Um comando colonialista do Planeta Lesbos, ataca a mansão luxuosa onde a protagonista habita, com o objetivo de testar a capacidade de os terráqueos se adaptarem aos usos e costumes de Lesbos. Testam na piscina, na cozinha, pelos quartos, enfim, testam em todólado. 

- Olha que interessante. - Ena, está a ficar m-e-s-m-o interessante.

- Ah, estavas aí, meu docinho. - Acho que estou a morder a língua, credo.

- Estou sempre! E sim, tem potencial, o teu argumento Scarletiano. Parece-me é um bocadinho previsível. Já sei! Vamos introduzir uma reviravolta inesperada. - Entusiasma-se.

- Vamos, vamos. - Nem quero acreditar que estou aos pulinhos, a bater as palmas.

- A Liga dos Planetas Livres, alertada para a missão contra a Terra, envia o seu Super Campeão Lendário, para combater o comando invasor e resgatar a coisinha em apuros.

- Hã? - Espera lá...

- Sim, sim, mandam o heróico Super Évora, com a sua graaaande vara. - Abre os braços, num manifesto, e basto estúpido, exagero. - Tipo, tinha sido enhanced, tájaberohnão? E ele vai e fode aquilo tudo! - Dá uma palmada no balcão e desliza, diáfana, para a cozinha.

Feitiozinho de merda, dass! Bem feito que fica por saber que lhe ia oferecer o papel de vilã. Detesto filmes sem história, só à base de enfeites especiais, pfff.

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Divergências artísticas à parte, isto do enhanced já vai entrando no quotidiano das pessoas. E da malta da bola também. Ainda agora, a FPF anunciou a introdução do videoclipe.

- Video-árbitro, oh estúpido.

Pois, isso. Lá está, a tecnologia a melhorar a capacidade humana. A ideia é, diz-se, andar depressa com a coisa para acabar com o basqueiral em torno dajarbitragens. Por acaso, inventais pouco, inventais.

Portanto, está tudo convencido que não vamos discutir a falta que não foi, é isso? Nem se vai armar um banzé do camandro porque não houve video-árbitro naquele lance. É que se estava mesmo a ver que era preciso. Roubalheira pá! 

Muito menos vamos andar a insultar o árbitro do vídeo, por não decidir como nós decidiríamos. Comprado, suíno! Let alone a origem dajimagens, a avaliação do juiz tecnológico, as condições de trabalho, o subsídio para a pipoca, a nomeação do gajo, o número de vezes que intervém, o número de vezes que não intervém e a marca do equipamento de videovigilância. É o polvo, é a fruta, é o Elefante Branco, o Calor da Noite, a Churrasqueira do Campo Grande!

Eu sou a favor desta coisada, porque acho que ajudará a que hajam MENOS erros. Nem que seja por vergonha. Em dependendo da forma como aplicarem o conceito, está claro.

Se é para cada jogo ter quatro horas, trêjimeia das quais a ver um bando de patêgos a olhar para uma TV, então não vai servir para porra nenhuma.

O que tenho a certeza que não acontecerá, é cumprirem o objetivo pelo qual se apressam tanto com isto. Ou seja, se a ideia é calarem a revolução e a reação - porque ou se calam todos ou ninguém - podem tirar o cavalinho da chuva. Digo eu.

Por isso é que lancei, desde logo, uma proposta muito mais arrojada. Cá para mim, havíamos era de ter enhanced refs

Quais vídeo, quais sistema de comunicação rádio, quais nada. Até porque toda a gente sabe que o vídeo matou as estrelas da rádio. Como o Tiago Antunes, por exemplo.

Advogo que se implante um olho biónico no árbitro. Com ligação à NASA e câmaras HD e mega-zoom e infravermelhos, raio laser, tomografia axial e outras cenas muito fixes e altamente avançadas que eu não entendo. Com emojis e tudo. Issékera! 

Ah, em vez de um apito, implantava-se uma sirene de petroleiro nas cordas vocais do Xistra da vez. Para impor respeito. E também se dava ao gajo um sabre de luz. 

No lugar de mostrar um amarelo por uma entrada perigosa, corta-se uma mão ao jogador ou assim. Se for azulibranco, vem o Capela e decepa o moço.

A minha sugestão já mereceu o apoio das mais altas instâncias da Política, da Justiça, da Finança e, claro, da Bola. Isto é, de todo o 5LB. 

Pedem apenas, e só, que introduza uma alínea, explicitando que o olho biónico é uma réplica da vista esquerda do Pedro Guerra. Isto é, que se lhes meta a BTV no olho.

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Só naquela de verem o nível aqui do je, posso garantir-vos que as eleições Francesas serão ganhas pela direita.

Até vou mais longe e digo que ganha o Macron. Majisso era fácil de topar. Para já, o tipo foi sujeito a um enhancement logo na adolescência. 

Uma professora fez-lhe um upgrade etário, muito catita até. O que, parecendo que não, lhe dá uma grande vantagem. Quantos de nós andamos sempre a dizer: Ai se eu soubesse o que sei hoje. Pronto, o gajo sabe o que deveria saber daqui a unjanos. Isto desde petiz.

Já a facha concorrente, a gente olha para aquilo e percebe logo que melhorias não teve nenhumas. Que traste, credo. 

Ainda lhe propuseram instalar-lhe uma consciência, majela diz que numlhetábádarjeito. Quijantes um bigodito. Uma coisa pequenina, só assim por debaixo da penca.

Que quase, ou mais de, 7 milhões de pessoas venham a votar naquilo, é muito preocupante. Haviam de meter cérebros nas pessoas. Para terem memória, foda-se!

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Um estudo que agora numalembra quem fez, determinou que 99% dos jovens Portugueses estão online. Parece-me razoável. O outro por cento, anda a pastar cabras na esperança delhaparecer Nossa Senhora. 

A propósito do que, foi um enhancement bem porreiro à semana que vem do Funcionário Público, a ideia da tolerância de ponto. Eu cá também acho que os privados são todos laicos, como o Estado. Ai, espera...

No caso das reformas, estou igualmente de acordo em que se venha a beneficiar o servidor do Estado. Só o stress que um gajo sofre a carreira toda, em busca de novos argumentos para não fazer nenhum, de um médico que lhe passe uma baixazinha psiquiátrica e isso tudo, justifica bem a diferença.

Em querendo trabalhar - que também os há! Devem ser enhanced. - têm que levar com a má cara dos colegas, basto aperreados pelo mau exemplo; a má vontade da chefia incompetente; e as generalizações parvas de anormais como eu. Pá, ser funcionário público não é doce.

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De volta à bola, o FCP joga com os Brigueis 2.0. Olha pá, sei lá, espero um Porto 5.0, está claro.

Já o Sport Voucher e Carnide vai à pesca a Vila do Conde. Venha de lá uma rabanada de vento do caralho que lhes foda aquelas trombas todas, é o que lhes desejo.

Ou ganhamos e o 5LB perde; ou eles perdem e nós ganhamos. São as hipóteses que vejo. 

Hã?

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Eu cá não preciso de enhancement nenhum, pois claro. E quem achar que é uma bela altura para fazer piadas muito estupidas sobre isto, envolvendo pessoas com nome de cidade Alentejana, pode conversar com o meu advogado. Especialista em divórcios! Entendido?

Ou como dizia a mais nova, quando era ainda mais nova e já fazia parte dos 99%: A tua cabeça não apanha rede aqui, poijé pai?

É, filha, é mesmo. E não tem melhorado nadinha cujanos, Deusmabençoe.

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- Oh Pedro, já sei como é que vamos fazer a sequela!

- Qual sequela, Senhor? - Intrigado.

- Atão pá, a do catraio. JC II: Second coming. - Desenha um reclame luminoso de cinema com as mãos.

- Ora, deixe-Se disso, já Sabe que o Menino não está disposto a continuar essa saga. Diz que o aleijam.

- Na, desta vez não. Vou mandá-lo com aquele fato do Robocop! Crucify that, bitches! - Um gesto: Drop the mic.

Hã?

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Soundtrack to enhanced refs: I keep the country clean.