quarta-feira, 23 de março de 2016

Tabela de Unidades de Medida do Tempo

A maneira como se conta o tempo parece um detalhe, mas importa de caraças. Se contarmos segundos, qualquer coisa demora uma eternidade. Fazer uma tosta mística na Tasca, por exemplo, é coisa para demorar uns 420 segundos. Se fosse em anos, era um instante praticamente imperceptível. Uma tosta instantânea.

Do mesmo modo, não é negligenciável o momento em que começamos a contar o tempo. 


Imaginemos que o jovem púbere está a ponto de conhecer o interior das coxas da moça mais boa da escola. Da escola do irmão mais velho, para ser ainda melhor. Se começou a contar o tempo no momento em que a viu, de verdade, com ojolhos do coração, pela primeira vez - aquele fim de tarde em que ela lhe disse: és mesmo engraçado puto. E procedeu a despenteá-lo alegremente. - então estará praticamente morto e não lhe parecerá humanamente fazível esta coisa de lhe deslizar as calças de ganga pelas pernas perfeitas.

Se iniciou a contagem apenas a partir da cabeça leve da quinta cerveja, sétima dela, a coisa ter-se-á desenrolado à velocidade da luz. E ele, maduro e compenetrado, tentará ser tão perfeito quanto os seus parcos conhecimentos da matéria - quase todos teóricos - lhe permitirem. 

Burro. Devia apenas continuar a ser ingénuo e inocente e engraçado. Pronto a ser ensinado. Erra-se menos enquanto se aprende, do que quando se faz de conta que se sabe.

A que propósito vem isto? Nada, sou só eu a fazer tempo.

...

Mas se também não têm nada para fazer, indulge me. Fazconta que é 1437.

É um ano em que seguramente aconteceram muitas coisas. Tendo em conta que Portugal foi das primeiras nações a abolir a escravatura - ah ironia - e isso só aconteceu em 1761, podemos mesmo afirmar que foi um ano de muito trabalho. Pelo menos para alguns.

Do ano da Graça de 1437, registe-se a expedição liderada pelo Infante D. Henrique, com vista à conquista de Tânger. Fracassada. E que ainda nos custou um Príncipe, salvo erro.

Felizmente, já o Vasco ia a mais de meio caminho da Índia. E em menos de um fósforo, dependendo da unidade de medida do tempo, ganhámos pelo engenho mais do que o que não conquistáramos pelas armas - que as tínhamos, nada de confusões. Incha Tânger.

Em 1437 não havia Facebook, nem Twitter, nem Instagram, nem aquela coisa que apaga nudes logo que alguém as vê. E faz print screen.

Para terem uma ideia, se alguém desatasse à espadeirada no porto de - digamos - Antuérpia, só cá se saberia umas semanas depois. Não pensem que vinha o Rei para a rua dizer que pois claro e tal, solidários. Ainda menos enfiavam pelos casebres das pessoas o Nuno Rogeiro, a explicar o sucedido. Com aquele ar de quem sabia perfeitamente que ia acontecer. E não avisou ninguém. O porco!

Se calhava terem espadeirado algum dos nossos que Realmente - capital intended - importasse, pegávamos no Infante e íamos até Fez ou Ceuta - que sempre fica maijámão e dá para trazer umas peles - e espadeirávamos de volta e de raiva e de vingança. O que nos aliviaria e nos garantiria mais umas quantas espadeiradas de retaliação do lado infiel. Oxalá sejam em Antuérpia, que é longe e não prejudica o trânsito no Terreiro do Paço. 

Como era enorme o Mundo em 1437.

A que propósito há-de ser isto? Sou só eu que tenho tempo a sobrar. E conto-o de uma maneira aborrecida.

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Há de facto alturas em que muito se aprende e se ganha com a superficialidade. Ou se calhar é só naturalidade.

A Katy botou uma bandeira da Bélgica na foto de perfil do FB. Twittou que se fartou, sempre com a ashtag #jesuisbatatafrita. Enquanto postava fotos do novo namorado em tronco nu, para inveja das amigas - e dois amigos insuspeitos - um pensamento do Dalai Lama sobre margaridas que crescem no sopé do Everest, quatro selfies - uma do decote com #mybodymycall e #kimprapresidente - e duas fotos e meia de gatos a interagirem com pepinos.

A Katy está pronta para a luta. A menos que os seus líderes a desmoralizem e a derrotem, eles próprios, ela será o soldado exemplar. A Katy não se deixou ficar, enfiou-lhes os gatinhos fofinhos pelas ventas acima, enrabou-os com o seu magnífico e fresco decote em V. De vitória! Retumbante. 

A bandeira foi há tantos minutos atrás. Porque raio haveria a Katy de ainda estar presa a esse passado distante? Porra, o namorado está meio despido no snapchat! Alô Mundo?! Dormimos?! Estamos em 1437?

Ela acaba de me explicar e deixa rebentar um balão de pastilha elástica de morango sobre os lábios de gloss. Amorangados na aparência. O namorado saberá do sabor. E dois amigos insuspeitos consolam-se na sua inveja. Mutuamente. 

Curvo-me perante a evidência. A uma distância segura de determinados amigos da Katy, sabe-se lá. 

Na reverência a ela, homenagem a todas e todos os e as Katys. Superficiais ou profundas, sem querer ou por força da vontade, conscientes ou só porque sim. Todos. Por me fazerem acreditar que não seremos derrotados. Porque não queremos. Nem deixamos.

E sei agora que quase me venceram. Porque gastei o tempo que desfiava, com isto. Em vez de bola, por exemplo. Ah não, not me!

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Ora biba xôr Bitor. Deixe-me fazer-lhe um rápido e divertido quizz. Tudo respostas abertas. Nem poderia ser de outra forma para alguém tão eloquente.  Vamos lá:

A) O que acha do facto de os diretores dos jornais A Bola e Record terem sido convidados para a Gala dos Dragões de Ouro?

B) Na sua opinião, deveriam ter sido igualmente convidados os responsáveis do CM e CMTV?

C) Defina lá Portismo, se não for incómodo.

D) Onde foi o xôr Bitor feliz? E que lhe fizeram para tanto amargar?

Ora, claro que posso esperar que acabe o programa e saia das instalações. Não quero arranjar-lhe chatices com a entidade patronal. Deus me livre.

Já agora, sabe dizer-me de cor o nosso plantel da época 1437/38? Acho que era o Rodolfo capitão, como sempre. Desde sempre.

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- Oh Pedro, vê aí nos calhamaços o que é que houve de especial em 1437, ohfaxabor.

- Já não usamos calhamaços, Senhor. Há umas décadas que tratámos da informatização...

- Kerkásaber disso, jovem! Despacha-te, anda.

- Qual é o ano, Senhor?

- 1437.

- De qual calendário?

- Aaaaahhh, 'tou a ver a ideia...

sexta-feira, 18 de março de 2016

The hand of fate e abóboras

worldailyreport.com

Meio hibernado, é certo, mas nem por isso completamente desatento, noto com alegria que me saltam os dedinhos para o teclado. Não, esperem, melhor que isso, tenho coisas para escrever, em vez de ler apenas, por causa da bola. Também. Ui, é a essência completa da Tasca.

I'm back bitches!

- Ora abóboras...

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O Destino é uma maneira que temos de chamar outra coisa ao Karma. Embora lhe confiramos menor autonomia. Já se sabe que quando se mete o Destino ao barulho, fica a autonomia comprometida. Estava escrito! Nada a fazer.

Estava escrito que se ia espetar contra um poste, depois de ter bebido duzentos e trinta cinco shots de tequilla. E meio. Pobrezito, é o Destino. Catita.

Já o karma é um bocadinho diferente. É uma coisa assim para a banda do foda-se. Danada mesmo. Apanha os indivíduos ocupados com coisas e pumbas, enfia-lhes umas murraças nas trombas. À pala de atitudes tidas em antes. É vingativo, pronto. Mas tem o mesmo caráter inevitável. Também se lhe pode entregar a Vida nas mãos.

Deixa, o karma trata de te fazer pagar por isso. Quando menos esperares. Não preciso eu de fazer alguma coisinha por mim abaixo. Ufa, que alivio para a minha torturada mente. Catita.

- Homem, isso é bola? Isso é tanto bola como um pepino é uma abóbora.

- Eeeeeeeh que cena forçada. Essa abóbora foi aí metida mesmo a martelo, oh tasqueiro.

Sabes onde podes meter a abóbora, sabes? E é panada em gravilha! 

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Tudo isto a propósito de ter tido a oportunidade de ver a segunda parte de um jogo de futebol, ontem. Sim, o do Fonseca contra o Vitinho.

Desde logo, acho engraçado o Fonseca ter empandeirado o Vitinho. Não sei, tem assim um lado meio irónico, quando se tem em conta tudo o que se disse, há não muito tempo, de um e de outro. Nomeadamente nos media cá do burgo e entre muito adepto do FCP. 

Não é que partilhe da alegria eufórica dos mesmos senhores da SIC que, semanas atrás, passaram 180 minutos a enxovalhar uma equipa Portuguesa. Ah, espera, era o FCP. Não é bem Portuguesa. Felizmente! Mas digo já que fiquei contente por terem ganho os Gueverreiros.

É o Destino ou o karma, como quiserem. Mas se ninguém diz, digo eu: 

Estava a coisa em 1-1, portanto favorável ao Vitinho, e era só ter olhinhos para perceber que o supermegafantabulásticóhiperpromoçãojackpot Braga ia desta para melhor. A tática da - agora! - maior revelação da Física Nuclear Fintabolística não desbloquearia, nem por sorte, a cavalar dose de sedativo que lhe tinha sido aplicado pelo - agora! - Mestre do Treino Tático e gajo que only speaks the truth, mas em mal dito.

Até que - oh kármico Destino - é apitado um penalty inventado, por mão na bola de um Turco. Que não foi. E tudo muda. E afinal os Gueverreiros contra dez desorientados hunos podem mais. E limpam-lhes o sebo. E eu vejo Otamendi dois metros fora da área e um penalty apitado na Costa de Lisboa. Um que ditou o final de um início imaculado do - então! - traste do Fonseca.

Estalam foguetes, rejubila a nação, os Vermelhos é que são. E mais ninguém quer saber da mão do Turco, encostada ao peito, a levar com uma bola chutada a dois metrinhos de distância. I only speak the truth.

Lá vão eles para os quartos, todos encarnados. E agora há que fazer de conta que o Sion é muito à frente. Mau, mas mesmo mau, era o Basileia. Que o Fenerbahce sim, grande plantel, cheio de juventude e vontade, orientado por um dos melhores do Mundo. Ai desculpe, mas um dos melhores do Mundo é V.Exa. Eu? Que disparate, Vossa Senhoria é que é. Agora Bayernes? Tss, tss.  

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Podiam karma e Destino dar-se por satisfeitos. Mas não deram. E esta manhã, eis que, de braço dado, caminharam alegres para a Suiça. Tomaram conta de determinado sorteio e estão para aqui fartos de se rir. 

Oh well, karma is a bitch! E a mão do Destino vem de unha tratada e punho fechado.

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- Senhor, o Sistema detetou um avistamento. Raios!

- Oh, não te preocupes, Pedro. Não deve ter sido nada...

- Nada? Mas Senhor, diz aqui que foi a Mão do Destino que foi avistada. É grave Senhor! Vamos ter comoção. E uma série de negociatas pelo meio. Credo.

- Oh, não te rales, vais ver que não há problema.

- Andou a brincar de novo, não foi? Ao menos lavou as mãos antes de andar por aí a mostrá-las? - O outro fixa-lhe o olhar. Duro. Ele encolhe-se. - Pronto, pronto, não se zangue. Só me preocupo Consigo. Quer contar-me o que se passou?

- Oh, nada. Apeteceu-me. E depois, só o palhacito é que reparou. Vai toda a gente achar que é apenas uma pidiarva. - Descontraído.

- Pidiarva, Senhor? - Perplexo.

- Oh, é uma piada parva. Ora abóboras.

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A ti, Pumpkin:

Cries, in a sea of laughter
Weeping gently to my soul
Love's the only thing that matters.

Apesar de não devermos discriminar as mamas, está claro :)

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Soudtrack to Pumpkin: Are you ready to rock? 

sexta-feira, 11 de março de 2016

PEU - Post Eleitoral Único



Há uma onda - que desde já proclamo natural - que se vai avolumando, procurando, em essência, arrastar a atual direção da SAD do FCP e, consequentemente - ou primeiro que tudo - o seu Presidente. Isto é natural porque não há mais onde depositar a culpa do sofrimento. Primeiro Lopetegui, depois os jogadores do plantel mais caro do Universo e, por fim, o que resta é o Zé - espantosamente poupado a tudo o que é crítica - e a direção. A naturalidade advém de um facto simples: O FCP não ganha. E quando não ganha no campo, a importância de todos os detalhes cresce. 

Não me lixem, são detalhes em 90% do tempo. Só importam mesmo em 10%. Aqueles por cento em que o FCP não ganha. É nessa altura que se amplificam as vozes de quem está contra. E pode estar a dizer o mesmo que sempre disse. A diferença é que agora tem ouvidos. Porque a turba está desesperada por encontrar o problema e resolvê-lo. E poder voltar feliz para a engorda. Que, diga-se desde já, merece. Este é o tempo de apontar: Aponte-se e alguém seguirá. Natural.

Ser natural não quer dizer que esteja bem. Mas também não significa que está mal. Depende sempre dos anseios, ambições e motivações - que é uma coisa completamente diferente de motivos - de cada um. Nem bem, nem mal, a cada um seu gostinho, está claro. E se assim é, então tomo a liberdade de aqui deixar o meu ponto de vista.


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Tenho a profunda convicção que Pinto da Costa merece um novo, e último, mandato. Confesso que boa parte da sustentação deste sentimento é... sentimental. Saindo agora por seu pé - e essa seria a ÚNICA possibilidade de não ganhar eleições - o NGP ficaria imerso no banho-Maria da História, aguardando o reconhecimento devido. E póstumo.

Parece-me óbvio que sair neste momento - de não vitórias - seria sobejamente aproveitado pelos inimigos de sempre para delapidarem exaustivamente o legado de Jorge Nuno Pinto da Costa. E os inimigos de sempre não estão apenas nas trincheiras do Inimigo. Dormem ao nosso lado. Coladinhos e caladinhos em tempos bons, de dedo em riste e archote em punho nos tempos maus. A turba seria, como temos provado à saciedade nos últimos tempos, levada em rebanho atrás dos novos amanheceres e da necessidade de dizimar o homem e a sua obra, como almofada de um período de graça indispensável. Para mim, seria injusto.

De igual forma, não me surpreende e nem me agasta o facto de se apresentar para quatro anos de liderança acompanhado pelos mesmos homens dos últimos mandatos. Esquisito seria que assim não fosse. É absurdo defender que PdC deveria ficar e tudo o resto ser varrido. Era preciso ser um bocado burro e respeitar pouco o intelecto de um grande Homem. Mesmo que se tenha sido um belo guarda-redes.

É que fazer a apologia desta solução, é o mesmo que dizer que PdC é uma mera figura decorativa, que pode por lá continuar, a contar o mesmo que - presume-se, partindo desta posição - conta agora: Nada. É um testa de ferro ou um tontinho que não sabe o que faz. Não acredito em nenhuma delas, por isso acho perfeitamente natural que mantenha à sua volta os que considera "os seus homens". Mais uma vez, por ser natural não quer dizer que seja adequado. Ou errado. Só não seria expectável que fosse de outra maneira. Pelo que não se percebe que alguns se descabelem por isso.

Por outro lado, e ao contrário do Lápis, por exemplo, não defendo que o que estamos prestes a avaliar seja o mandato mais recente. E que os seus resultados definam se PdC deve ou não continuar. O que as eleições avaliam - todas - é o grau de confiança do eleitorado em determinada equipa - neste caso pessoa - para obter os melhores resultados possíveis. De acordo com a visão de cada eleitor e, no fim do dia, honrando a vontade da maioria.

Por exemplo, eu considero que o que devemos de facto referendar é a média de desempenho de PdC. E essa é altíssima. Ao mesmo tempo, devemos ponderar se acreditamos que pode, nos próximos quatro anos, igualar ou superar esse desempenho médio. Quem concluir que não, não pode votar PdC. Não deve! Eu acho que sim, que pode.

Apesar de um mandato errático e basto confuso, com péssimos resultados desportivos, creio que é a figura indicada para tomar as decisões que nos devolverão a alegria e o nosso lugar: O primeiro. Não teríamos tido a época Mourinho se a nossa avaliação se limitasse ao triénio anterior. Respeito todos os que acharem o contrário. Porque é uma decisão de caráter pessoal e, sempre!, subjetivo.

Embrenhados na nossa roupa suja, parece que tendemos a esquecer que três anos foram estes. Perdemos sem espinhas o campeonato Fonseca. Depois tivemos o colinho e agora o colinho 2.0. 

Só como nota tímida, reparem que começou em Braga o tal ciclo de 10 jornadas decisivas de que falava determinado Basco. Sem Xistra, estaríamos a 3 pontos do primeiro e a 1 do segundo. Na luta, portanto. Passando por cima do advento Arouca no Dragão. 

Ou seja, sem o colinho da época passada, estaríamos a defender o titulo. Quer isto dizer que o triénio em apreço poderia ter como saldo um Fonseca, um Campeonato e, quem sabe, outro Campeonato. Estariam lavadas as comissões, os compadrios, o silêncio e todas as outras achas que hoje alimentam a fogueira?


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É evidente que há coisas de que não gosto. Não gosto de eleições na SAD que tornam as do Clube em mero pró-forma. Não sei se era legalmente imperativo que acontecessem quando aconteceram, mas não gosto na mesma. Seria sempre uma questão de datas, alguém se devia ter lembrado.

Detesto o argumento de "epááááá, toda a gente faz isso" para justificar as coisas menos claras. Prefiro que seja tudo limpo e asseado, para podermos gastar o tempo todo a apontar os erros dos outros, sem termos que nos preocupar em esconder os nossos. Não gosto da sensação de que há quem mame nas tetas de um amor meu. As maiúsculas estão reservadas para outros Amores, já se sabe.

Faz-me muita confusão estar a defender - e estou! - a eleição de alguém cujo programa desconheço. Aí está um dos meus problemas com a Religião e, por inerência, com aquele amigo que de vez em quando aparece na Tasca: Pá, expliquem-me qual é o objetivo. Eu embarco, mas quero conhecer o Grande Plano Cósmico em antes.

Gostava que PdC aproveitasse o seu estatuto e a sua provecta idade para resolver de vez algumas pontas soltas. Porque pode! Basta perceber que o seu horizonte temporal não implica décadas de luta e de necessárias, ainda que indesejadas, alianças. Ele pode limpar os pratos, parti-los, trocá-los. Pode o que quiser, porque lhe conferimos essa legitimidade e porque se pode rir de quais forem as ameaças que tiverem para lhe fazer. So what? You gonna gimme a hard time for the next 10 years after these 4? Gargalhada geral.

Excepto nos casos em que acreditar que isso prejudica o FCP. Ele saberá julgar isso, penso eu de que.


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Mas não menosprezemos o risco. É que ao contrário dos que falam da tão propalada lapa ao poder, penso que este mandato de PdC encerra uma franca ameaça ao seu lugar na História do nosso grande Clube.

Sendo inegável que as coisas não têm corrido bem e, como aqui ficou dito, que o próximo quadriénio deverá compensar estes três anos mal passados, o facto é que poderemos igualmente estar perante a queda de um mito. 

PdC tem, isso é certo, o seu lugar reservado e marcado a metal precioso no nosso Livro de Honra. Mas qual metal? Isso dependerá bastante do que nos conseguir trazer daqui para a frente. Porque se a este mandato de insucesso se suceder outro igual, verá confirmadas as elegias que já lhe vão dedicando. Aí sim, será um mito que não soube ser Mito.

Estamos pois em face de um ato de coragem. E não de uma fuga para a frente. É nisso que acredito.

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Posto isto - e foi muito - está aqui feita a Declaração de Interesses da Tasca: O dono é pelo Pinto da Costa. O que não impede os fregueses de serem por quem muito bem entenderem, como sempre. Servimos o melhor vinho que os bolsos de cada um puderem pagar, com o mesmo esmerado serviço e no tempo conveniente. A todos. Menos ao Bruninho, está claro.

However, meus caros, ninguém pense que nasci deste tamanho ou que ando aqui a ver passar os carros elétricos. Nop. As mesmas ações, empreendidas nas mesmas condições pelas mesmas pessoas, terão uma alta probabilidade de proporcionar os mesmos resultados. E queremos mudar os resultados. Certo, Senhor Presidente?

Os próximos 4 anos deverão levar o FCP a um lugar de destaque na Europa, a um domínio incontestado em Portugal, num rumo de ação consequente, firme e inatacável quanto à sua ética e legalidade. Se peço muito, é apenas porque me deu tanto. É nesta conta que o tenho, Senhor Presidente. E confio.

Assim como confio que terá a saúde, a lucidez e a intacta paixão pelo Clube, suficientes e necessárias para, daqui por mais 4 anos, manifestar clara e inequivocamente o seu apoio a um candidato. 

Como bem disse o Lápis - some you win - a obra não é sua. É nossa. É seu dever continuar a melhorá-la, protegê-la e pugnar pela sua eternidade. Dever, Senhor Presidente. Não um direito por usucapião. Bem haja e bem nos queira.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Um Mundo sem ti



Queres saber os meus pensamentos. Queres que te apresente formalmente aos medos. Imaginas nobres sentimentos e gestos de altruísmo, atos de despojo e proteção - se ainda me tens nessa conta. É provável que esteja cá tudo isso. Mas se converso só comigo, não é o que me vem primeiro - ou sobretudo. É um egoísmo sem vergonha. Eu conto-te:

Tu dormes, eu espero. Avisam-me que não vale a pena ficar para ali, a pelar as barbas, rente às paredes. Posso ir dormir para outro lugar. Estas são as horas que as eternas crianças não enchem. As nossas escadas não emitem sons de patas, a nossa cama não gela nos espaços que não ocupamos. Tu dormes e o meu sono fugiu. 

Já do lado de fora, inspiro o frio que se pôs. Procuro um veículo indiferente, que seja parecido com o que nos costuma conduzir. Tento medir o tempo no último bafo do meu cigarro: São tantas horas e tais minutos, num Mundo sem ti.

Deixo escorrer a madrugada numa velocidade demasiado lenta, por asfaltos subitamente estrangeiros. Espantam-se os olhos em edifícios desconhecidos, erigidos nos exatos locais de outros que nos foram comuns. Perco-me pelas estradas de sempre, estranhamente renovadas nos seus sentidos e destinos. Sem esperança de me reencontrar enquanto durar determinado sono induzido, vou por ruas estreitas e amplas avenidas, ocasionais alamedas e até, consequência de repentinas curvas suaves, distraídas veredas, improvavelmente iluminadas no meio da escuridão. 

Numa berma, - ou seriam segundos de um portão a mover-se - pauso para confirmar que o planeta gira e coisas lhe acontecem. À volta, pode ser uma multidão atarefada ou carros esporádicos a cruzarem espaços vazios. Busco a exaustão que me acelere o relógio. Ou uma agitação qualquer que me tire do torpor de não saber o que fazer. Como se alguém, por desenfado, tivesse cortado esta dimensão ao meio. Pela metade. 

Penso se, muitos anos depois deste, haverá um velho amarelo de nicotina, rodeado de petizes sem a dentição completa, rindo misterioso e pigarreando, sussurrando à sua atenta audiência: Oh sim, quando era um catraio como vocês, os velhos falavam do dia em que foi visto. É certo que por essa era passou por estas partes metade de Fulano. Por estes ermos, onde antes nunca tinha estado inteiro.

É confuso saber onde se está e não reconhecer o local. Sentir que os objetos nos falam numa língua a um tempo familiar e ininteligível. Como se não pudessem completar as palavras do susto da saudade maior: A de si próprio. 

Finco os dedos das mãos nas pernas, logo acima dos joelhos. Vejo para lá das veias salientes o sangue numa lufa-lufa de empregado de mesa. Reconheço-me em alguns glóbulos brancos, armados até aos dentes. No conforto de olhos de Leão que se fecham nos meus, piscam de novo, e no toque felino do dorso que se deixa cair contra as minhas costas. Um degrau acima do meu. São escadas. De uma casa posta, por artes mágicas de Medusas e Minotauros, na terna elevação onde uma vez morámos. Agora sei.

Por fim, há uma clepsidra que determina a vitória do meu cansaço. Vago nas suas reminiscências: Ensanguentados caminhantes, medievais criaturas aladas, cuspindo fogo sob as suas cabeleiras brancas. Caindo em espiral pelo vórtice do nosso abraço. Há quanto tempo?

És tu que me anuncias o régio despertar. Casual. Surpreende-me não ter sido um gesto compassivo, de protocolar profissionalismo, de uma voz indistinta. Instantâneo, o meu cérebro dispara ordens das tarefas que afinal conheço de cor, processadas em divisões que são forradas com a minha pele. Sei todos os caminhos, sem erros, automáticos. Não preciso sequer de pensar, porque todo este Mundo sou eu. E tu. Os meus pulmões funcionam no compasso da tua respiração, como tu pestanejas no ritmo dos meus olhos. Gastos. Estranho estar sentado nas nossas escadas, com uma garra do gato cravada nas costas. 

Tu acordas, eu corro. Porque as minhas pernas voltaram para casa. Ou os braços. A parte que calcorreou um Mundo sem ti. Metade.  

segunda-feira, 7 de março de 2016

RÓ-BA-DO!



Eu sou um tipo muito labrego. Salta-me o pé para o chinelo com uma facilidade estonteante. Está bom de ver que isto me torna ordinário, algumas vezes, e altamente inconveniente muitas outras. A maioria delas, para ser sincero. Em compensação, alivia-me muito as comichões. O que é de grande utilidade para quem tem pele de segunda categoria. Atópica, acho que é assim que se diz.

A bluegosfera anda há uma porrada de tempo aos gritos a exigir que se grite. E a bradar aos sete ventos que não podemos ser bons moços. Que isso nos torna numa espécie de panasca. Só está bem é a ser comido. Nada contra a bluegosfera. Nem contra quem quer ser comido. A cada um seu gostinho. Mas depois, vão e fazem o mesmo! E isso parece-me uma coisa bastante parva.

Ora vejamos, a SAD deixa-se papar de cebolada, por causa do silêncio e de um suposto fairplay da treta. E parece que tem vergonha de ser incorreta e assim. Estão fartos de me explicar isto.

Vem o Xistra e arruma-nos com uma exibição imaculada. Dele. Vai a malta e arremessa isso para segundo plano. Relativiza. Sim, foi, mas isso é o menos. E procede a desancar os nossos. A SAD que isto, os jogadores que aquilo, o treinador...epá, esse não. Ainda não. E o Xistra também, mas isso que importa?

Wow, sim senhor. Fairplay aos molhos, elevação na linguagem em cachos, retidão da mensagem inquestionável. E a cebola? Está já loirinha? Podemos juntar o tomate? Que bela cebolada que estais a preparar. Quem vos vai comer?

É só mais um minutinho e já me insultam, ok? Deixem-me só labregar completamente, para terem ainda mais e melhores e mais bons motivos:

PENALTY! Epá, contem-me as histórias que quiserem sobre as comissões e isso tudo, mas isto continua a ser penalty. Que altíssima probabilidade de estarmos a ganhar antes do quarto de hora, hein? Sonegada. Espoliada. Quero dizer, RÓBADO!

PENALTY! Sim, sim, o Presidente está senil e o Antero quer é telemóveis, está armada uma panelinha do caraças, mas lá que é penalty, lá isso é. Caramba, dá uma percentagem catita de hipóteses de estarmos a ganhar doizazero antes do quarto de hora da segunda parte. Não era mau, pois não? Mas foi RÓBADO!

RISOTA! Pronto, também não podemos levar a vida tão a sério, precisamos de momentos para descomprimir. Expulsar o treinador de uma equipa que está a tentar perceber como é que é suposto que jogue, dá sempre uma bela gargalhada. Impagável este Xistra. Sempre a reinar. E a RÓBAR!

Se vocês querem antes escrever, dizer ou pensar que isto tudo sim, mas também; que o que nos derrotou foi mesmo a postura da SAD; e a idade do Presidente; e as comissões da filharada; que remédio tenho eu senão coçar-me. Majólhem que estão parecidinhos com eles, chiça. Foi RÓBADO. Muito, desde cedo e sempre. Não façam de conta que não importa. Foi mesmo tudo o que importou.

...

Tudo? Não, não foi tudo. Mas o que falta também é preciso ser munta labrego para não calar. Ai espera, eu sou! Boa!

Então estivemos bem durante meia horinha, hein? Até maijómenos ficarmos todos borrados, quando percebemos o que nos podiam XISTRAR.

Boa entrada porque: Boa POSSE, boa CIRCULAÇÃO, boa OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS, o adversário INÓCUO, infelizmente, SEM OPORTUNIDADES. A sério? Ena, eu contei ESTA e mais ESTA. Mais o penalty lá de cima. É labreguice minha, de fanático mesmo, mas não me parece mal para meia hora em casa do super Braga.

Portanto, estivemos bem na meia hora em que fomos o FCP de Lopetegui. Ai carago, isto não se pode dizer! Raisparta!

Vamos ignorar isto com muita força e desancar os jogadores. Esses paralíticos com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, que parece que carregam botijas de oxigénio às costas. Como se o facto de estarem formatados para ter bola em vez de andarem a correr atrás dela e com ela, como se de uma equipa do Jergo se tratasse, pudesse ter alguma coisa a ver com isso. Pfff, meninos. Que até são.

Depois expulsaram o gajo que tinha por missão explicar aquela gente que afinal era suposto jogar assim outra vez. Se é que alguma vez se quis mesmo jogar de outra maneira qualquer. E a coisa descambou. Fazemos de conta que não percebemos isso, certo? Somos bons rapazes e sabemos o que é politicamente correto defender por estes dias, certo? Opá, ainda acaba tudo numa SAD da vida.

O Marcano foi um belo substituto do Maicon. Não há Julen Peseiro que nos valha contra isto. Mas não percebo como é que o Zé vem apontar o dedo à equipa por não ter sabido guardar o empate. Oh Zé, não servia! Alguém se importa de explicar isto ao rapaz?

Por mim, nada a dizer quanto ao segundo golo dos gueverreiros. Empatámos sem saber ler nem escrever e fomos atrás de outro bambúrrio qualquer que nos desse a vitória. Acho lindamente. Foi ao contrário. Shit happens.  E Xistra também, só que cheira bastante pior.

...

A moment of Zen: Gimme Chocolate!

domingo, 6 de março de 2016

Domingo B, uma insignificância e uma espada pelo cu acima.



Ontem jogaram os B. E não ganharam. De novo.

Postados perante um grupo de moços altos e largos, os nossos cachopos passaram noventa minutos a tentar escapar com as pernas inteiras. As poucas pernas que lhes vão sobrando por esta altura do campeonato. Do Algarve veio uma pressão intensa, pitões bastante à mostra e uma vontade férrea de impedir que houvesse alguma coisa parecida com futebol. Resultou.

Em muitos momentos do jogo de ontem, revivi jogos do FCP de Lopetegui. 74% de posse de bola, nenhuma verdadeira oportunidade. O que é normal, porque os B, este ano, jogam o jogo de Julen Lopetegui. O que é curioso, quando pensamos em todos os que os bajularam ao mesmo tempo que pediam a cabeça do basco. 

O facto é que esta deliciosa equipa B prefere jogar contra quem quer jogar. Se o físico está excelente e a mente brilhante, consegue dobrar os que só querem que não haja jogo. Caso contrário, não ganha. Por estes dias, não há físico que aguente a sequência de jogos, a necessária pouca profundidade do plantel, aumentada por lesões, transferências e promoções. E ainda assim, líderes. Por quanto tempo, não sabemos. Oxalá seja até ao fim. 

Ao fim de um campeonato que tem outro B na zona de despromoção. E se o 5LB descesse de divisão? Ach'engraçade.

Do jogo contra os armários de Olhão, poucos destaques:

Chico - Está pronto. Repito-me. E tenho a certeza disto sobretudo nestes jogos. Aqueles em que não está ao seu nível e, ainda assim, acima de todos os outros.

Omar - Não engana. É o 6 de uma grande equipa. Não sei se será o nosso, porque não sei quando seremos uma grande equipa. Para o Barça ou para o Bayern, está quase tão pronto quanto o Chico.

André - Tenho saudades tuas miúdo. Aparece um dia destes, ok?

Ismael - Uns ameaços de regresso. Mais do que nos últimos tempos se tem visto. Se volta, teremos uma ponta final forte. É o nosso mini - Hulk.

Quarta-feira há mais. Mais posse, mais circulação e, espera-se, mais oportunidades, mais espaço, mais futebol.  E golos. Pensar que andam os adultos a gastar tempo e energias em queixumes sobre o número de jogos. Credo.


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À noite decorreu o mais importante, maior e melhor derby do Universo conhecido. E de várias partes do desconhecido também. Está claro que só é assim porque o 5LB o ganhou. Outro resultado e seria mais um jogo, três pontos como os outros, muito caminho pela frente.

Estava tão interessado neste jogo que desopilei para uma serra, para medir forças com uma vitela Arouquesa em forno de lenha. Ganhei. Não que tenha sido fácil, como se comprova pelo facto de ainda agora estar a arrotar ao quarto traseiro da bicha. Salvo seja. 

Mas com trabalho, dedicação e persistência, tudo se consegue. Ah, e com a companhia certa, o vinho adequado e muito arroz de forno.

Ainda a meio de uma morcela de estalo que fazia de entrada, reparei que estava a dar o jogo da Capital do Império. Concentrei-me na vitela e fui deixando ojolhos pousarem no ecrã de vez em quando. Maijómenos o mesmo número de vezes em que o prodígio encarnado, o menino de oiro negro, fez faltas durante a primeira parte. Ou seja, não mais de quinhentas e cinquenta e sete.

Fiquei triste ao descobrir que vendemos o ABUMba aos calimeros. Os ares de Lisboa estão a deixar o rapaz bastante pálido. E muito feliz pela incomensurável dor de corno do mestre da tática pragmática. Ouvi-lo falar de vitória de quem joga como equipa pequena, reconcilia-me com o Karma. Que é uma cabra.

Espera! LEMBER??!! Ele disse LEMBER??

De resto, tudo normal. Ou vocês não se riram?


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Mais logo joga o FCP. Contra os Gue-ver-rei-ros de Braga - é assim que se lê, certo? Dizem-se maravilhas da equipa do Fonseca. Eu compreendo, uma vez que o Fonseca faz parte do grupo dos que foram muito maus, mas entretanto se renderam à luz e se tornaram muito bons. Basta deixarem de ser azuis e brancos e terem uma certa dose de ressabianço. O Fonseca, o Vitinho, o Zé a sério. Enfim, um conjunto de gente que não valia nadinha e, não mais que de repente, passou a ser a nata do tuga treinadorismo.

Não vai ser um jogo fácil, como nunca são os jogos em Braga. Mas daí a um monstro de sete cabeças, vai maijómenos a distância entre o critério do Soares Dias, ontem, e o do gajo que apitou o FCP contra o Clube da Rotunda o ano passado. 

Sim, sim, o grande Braga, essa equipa que está a fazer um campeonato abaixo do que fez o ano passado. Está na final da Taça, é verdade. Como esteve o ano passado, naquele jogo que conseguiu perder contra 10 quando ganhava por dois. Um feito que, aliás, já repetiu este ano. Contra a mesma esverdeada gosma. O demolidor Braga que não passou do meio campo no Dragão. O espalhafatoso Braga que passou um grupo cheio de monstros sagrados do futebol Europeu: O Sloven Liberec, o Groningen. E que eliminou o poderoso quarto classificado do brilhante campeonato Suiço.

É esse Braga que se interpõe entre nós e uma ponta final de campeonato ao rubro. Nos tais últimos dez jogos de que falava certo Basco. 

Sabes Zé, vou dizer-te como lidar com os Fonsequinhas: Uma espada pelo cu acima. Nem mais, nem menos. É muito ar em muita redação de terceira categoria. Não mais do que isso. Avia-os!


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Motivation song for Mr. Peseiro: Power and Dominion are taken by the Will!

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Epá, oh pascácios, era no cu deles! Não no nosso. Ai ca burros...

sexta-feira, 4 de março de 2016

Resumo da Semana: A TascaTV com os adeptos



- Liga aí a televisão, oh Silva. Está na hora das noticias.

Bom dia, boa tarde ou boa noite, em dependendo dos meridianos.

O Hospital da Régua foi fechado, uma vez que lá encontraram a legionella. Aquilo é um bicho bastante embirrante e é melhor prevenir do que remediar. O plano de evacuação foi posto em prática e, até este momento, não há noticia de doentes ou profissionais afetados. Correu bem, portanto.

Quer dizer, nem tanto. Veio um senhor e disse ISTO. Como não temos um comentador residente para as questões de transporte de trabalhadores, arrebanhamos aqui o senhor Pleonásio Rebelo da Silva. Diz que comenta o que for preciso. Certo, Pleonásio?

- Certíssimo. Sou fervoroso adepto do transporte de malta para exercer funções em outros locais. Acompanho esta modalidade desde muito tenra idade. Já li uns quarenta mil livros acerca do assunto. Isto a semana passada.

E então, o que lhe apraz comentar acerca deste caso?

- Muito simples, descobrem a legionella lá nuns arrumos do Hospital, onde médicos de carreira têm por hábito levar enfermeiras recém formadas para o esclarecimento de certas questões de natureza prática.

Hã?

- Não interessa. Bom, apanham o bicho antes de o bicho apanhar alguém. Tratam de tirar as pessoas todas dali, incluindo médicos, respetivas enfermeiras e demais pessoal. Providenciam transporte de leva e traz para toda a gente. E fica o senhor do Sindicato a pensar: Ah meus meliantes, fostes de certeza vós que plantastes a bicheza na excelsa unidade de saúde. Para entregar os cuidados nas mãos do Grande Capital, dos interesses estrangeiros e talvez mesmo do Alexandre Pinto da Costa. E revolta-se.

Acha então que se trata de uma questão de defesa dos trabalhadores e do interesse publico.

- Pois. Ou então o tipo visitou os arrumos do Hospital da Régua, saltou-lhe uma legionella de uma bacia de água estagnada e comeu-lhe o cérebro. Uma delas.


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Nos E.U.A., no rescaldo da super terça, o debate entre candidatos Republicanos foi animado. O nosso comentador de Política Internacional está adoentado, pelo que pedimos a um senhor que ia a passar na rua para se juntar a nós. Caro Teocrácio Tavares e Silva, porque é que o senhor havia de comentar esta noticia?

- Ora, porque sou fervoroso adepto de penteados fatelas. Ainda o Paulo Bento era júnior e já eu apreciava o estilo. Já de orelhas esquisitas, não gosto tanto.

E o que se lhe vem assim de repente à cabeça acerca deste debate?

- Por fim, a discussão política nesta campanha Republicana chega aos assuntos verdadeiramente importantes.

A sério?

- Pois claro. Já passámos ao de leve pelos deficientes, pelos maricas, pelos pretos, pelas armas, pelo holocausto nuclear... - É interrompido.

Holocausto nuclear? Não se falou de holocausto nuclear!

- Nem é preciso. Basta reparar que este partido vai candidatar a Presidente da maior potência Mundial, um evangélico pré-fundamentalista ou então o moço do cabelo espetacular. Você pode chamar-lhe o que quiser, eu aposto em Holocausto Nuclear. Mas agora, por fim, chegámos à parte em que é preciso debater os assuntos sérios. E é aqui que cada um vai revelar a sua capacidade para impedir que a América tenha, pela primeira vez na História, uma Presidente.

Ah. As questões económicas, será?

- Nop. As pilas.

E isso é importante?

- A seguir aos cabelos, não vejo nada mais importante...


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Agora a alta finança. O FCP apresentou prejuízo no seu R&C intercalar. Connosco, um espectador da TascaTV que ganhou um concurso para aqui estar. Senhor Damásio, boa noite.

- Errr...eu não sou o Damásio. Sou o primo dele. O Damásio não pode vir.

Ah bom. E o senhor importa-se de comentar isto? Senhor...

- Pancrácio Vandenberg von Silva. Sou de ascendência belga. Por parte de uma avó que fritava batatas. E não me importo nada, pelo contrário. Há muito que sou adepto da alta finança fintabolista.

Maravilha. Diga lá então.

- Ora bem, para nós adeptos, isto dos R&C serve mais é para nos insultarmos unjaojôtros. Epaaaa o teu clube teve mais prejuízo kómeu. Xinapá, embrulha que nós tivemos lucro e vocês não. E por aí fora. Mas numa análise mais desapaixonada, seria inevitável este resultado da SAD do FCP.

Por causa da má gestão?

- Pode ser, eu não sou acusa Cristos. Mas é mais por causa do recorde de estupidez.

Hã?

- Repare, foi no período a que diz respeito o presente R&C que o FCP fez o resultado mais estúpido da época.

Ah, percebo. A culpa é do Basco.

- Não, é do Costa.

Do Pinto da Costa, portanto.

- Não, credo. Isso nunca. É do Rui Costa e da família toda dele. Veja bem, oh xô'Silva, se o FCP não tem perdido em casa com o Arouca e, pelo contrário, tem feito o exigível, como estaríamos hoje? Com o FCP à frente dos lampiões e a um ponto dos calimeros. Esverdeados cujos, ainda vão ter que jogar no Dragão. 

E que tem isso que ver com o R&C?

- Ui, tanto. Tudo.


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Na Venezuela, o Maduro diz coisas que só Maduro diria. Ou Trump, pronto. Como já não temos mais ninguém disponível, tem mesmo que ser o senhor Monteiro da Silva a comentar esta espécie de noticia. Diga lá, mas despache-se. Que tenho ali gente ao balcão para atender.

- Mas eu é de música que sou adepto, Silva.

Desenrasque-se.

- Pois, olhe, parece-me uma declaração bastante democrática. Para além disso, o homem deve ter um porradão de filhos. Onde é que ele ia morar?