sábado, 25 de fevereiro de 2017

EU.NÃO.SOU.POVO!



Uma semana medeia este penalty, deste golo. O primeiro é um escândalo, o segundo é limpinho, limpinho.

A sério? E o Povo compra?

Em uma semana, deste roubo de igreja, passamos a ISTO. Para encontrar este "isto", muito teve que se escavar, porque a transmissão televisiva, abençoada pelas instâncias do futebol, não mostrou.

A sério? E o Povo compra?

Mais do que lances de um jogo de futebol, uma semana chega para mostrar a verdadeira face da mentira sem pudor, do frete, de tanta cara de pau sem pingo de vergonha. Oito singelos dias vão de murro na mesa, a um trabalhinho bem feito. Com uma matilha de seis milhões à espreita, à espera de um qualquer assobio do dono. Cães sois, como cães sofrereis!

A sério? E o Povo compra?

Para o cheiro fétido ser perfeito, para que, mais que revolta, as pessoas de bem - as verdadeiras pessoas de bem! - sintam vergonha por partilharem tanto com estes seres rasteiros - a nacionalidade, a língua, a espécie - falta explicar que passa apenas uma semana entre o que é surreal e o que é um jogo de futebol. Um bom jogo de futebol. Do 5LB.

A sério? E o Povo compra?

Compra pois! Povo de todas as cores, até das nossas... Mas o mais importante, é que fica assim claro que o Povo é encarnado. EU. NÃO. SOU. POVO!

Nem parvo, desculpem o mau jeito. Ide comer baldes de merda às colheres, de cada vez que pensardes em encher a boca para acusar quem quer que seja do que quer que for.

...

Vejam com atenção a arbitragem do jogo de Juniores A entre Braga e FCP desta manhã. Com derrota justa para os nossos, diga-se. Mas observem bem como está catita a formação dos próximos Internacionais Proveta. É transversal.

... 

Soundtrack to lamps: F.O.A.D!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Medo?



Depois do jogo de quarta-feira, e como sempre, fui lendo as opiniões que considero e, sobretudo, as respetivas caixas de comentários. Enquanto o melão se ia desvanecendo, fui percebendo que há uma certa onda pela qual não me sinto arrastado. Como que se se procurasse bater forte e feio em alguém, por mera catarse da própria frustração. Ora bem, é mesmo para isso que serve a bola.

Só que a mim começam a ficar-me palavras entaladas no gasganete e torna-se basto incómodo, inclusivamente para respirar. Daí que me tire do meu sossego e quebre a rotina da Tasca com dois posts de seguida, quase sem tirar. Com muitas desculpas à vossa paciência, está claro.

Vejamos, eu não sou um apreciador do senhor Santo, Nuno Espírito, naquele sentido em que, por vezes, pessoas nos caem no goto e andamos sempre a ver o lado bom das personagens. Pelo contrário, à partida, desconfio da qualidade deste moço. O que não quer dizer que, como TODOS os Portistas, não lhe deseje o maior sucesso.

E até mais, NES já ganhou o meu respeito por algumas conquistas que lhe reconheço. A qualidade do futebol que praticamos, não é uma delas. Mas isto é uma questão pessoal. Eu não gosto, ponto. Não vou é fazer de conta que o rapaz não tem nada a ver com o facto de estarmos na luta por um Campeonato que poucos esperavam disputar há não muito tempo.

Se eu sei que não gosto do modelo de NES, é porque reconheço que ele existe. O que não é assim tão indiscutível para uma série de gente, que defende que não há modelo nenhum e que é tudo obra e graça de Jesus, o Cristo - que é Deus Convosco na Unidade do, lá está, Espírito Santo! Eu discordo: Há ideia de jogo, eu é que não a gramo. Lá por isso, não me posso pôr a analisá-la à luz do que eu gostaria que fosse. Seria o mesmo que escrevinhar uma crítica ao novo álbum dos Arch Enemy, de acordo com os cânones da Música Barroca. Não vai correr bem.

Portanto, dizer que ontem NES inventou, é um disparate. Jogou como na maior parte dos jogos, sendo que colocou Herrera à direita, em vez de Corona. O que também não foi nenhuma inovação. De resto, se temos jogado com mais de dois mangas no meio do meio-campo, tem-me passado despercebido. O Estoril foi uma exceção. Credo, ainda bem!

Do mesmo modo, parece-me falso que o onze revelasse que estávamos cheios de medo. Pelo contrário, estavam lá os dois avançados, mais Brahimi, mais o poder de arrastar jogo - or so they hope - de Herrera. Quando penso que, na terça-feira, o estado geral era "não te rales, isto não é o nosso campeonato, eles são o bicho papão"; não consigo compreender como é que, na quinta-feira, já é exigível que o FCP tivesse entrado demolidor, dominado a seu belo prazer e arrumado com os Romanos de quinta categoria para os quintos dos Infernos.

Se há gajo que gosta de recordar as nossas grandes vitórias mais recentes, sou eu. Porque, ao contrário do que me acontece com NES, eu cá gostava do Basco. Isso não me impede de ser justo e de me lembrar que contra o Bayern, a primeira parte foi dos Alemães. Marcamos dois golos, mas não dividimos a bola. Na segunda sim, fomos corajosos, fomos uma equipa grande, de grande futebol e fizemos mais um golo. Contra o Chelsea de Mourinho, jogámos com 4 (quatro) médios: Danilo, Ruben, Imbula e André. Vai daí, porque é que a equipa de NES mostrava que estava cheio de medo?

Depois, parece que se tenta branquear que antes da meia hora ficámos com dez. Pá, é que ficámos mesmo! Portanto, todas as balelas sobre a segunda parte no "buraco", não fazem sentido nenhum. Se havia uma diferença entre as equipas, ela não diminuiu depois da expulsão de Alex Telles. E ainda conseguimos criar a nossa única oportunidade de golo em todo o jogo.

Por fim, arrasa-se NES por causa das substituições. Deixa lá ver, é um medroso do caraças, treinador de equipa de segunda divisão, que nos tramou por querer atacar a Juve com 10 gajos. Digam-me que também entendem o contra-senso, vá lá. A única explicação de jeito que li para aquela posição, foi do meu amigo Jorge Vassalo. Defende ele que o homem entrou a medo quando devia ter tido tomates - do que discordo!; e depois deram-lhe os cinco minutos, quando devia ter cautela. Isto é, duplamente tótó (sic).

Compreendo a lógica daquela justificação, mas acho que o caso foi outro. NES achou que, como estavam as coisas, era muito provável que alguém - por exemplo, o Layun - acabasse por fazer porcaria e lá marcava a Juve um golo. E quis ter hipótese de fazer, ele também, o seu. Que nos garantisse uma vitória, seria espetacular; mas que, no mínimo, nos desse o conforto de um empate com golos. Parece-me bem e, sobretudo, parece-me que, para gajo medroso, revelou um par de tomates catita.

Acresce a isto que, por ausência de Herrera do lado do ataque - com a exceção do lance já mencionado - Alex Sandro era um extremo. Que Corona o pudesse impedir de andar tão alegre, era bom; que o Soneca se estivesse a lixar para o Mexicano - como esteve - e ele pudesse aproveitar o corredor, era espetacular. Correu mal. Muito. Mas não é estúpido. Nem sequer tão mau como o jogo em casa contra o Rio Ave. Festejaram esse?

E não, não acabou. Pode até vir a ser ainda pior, mas não acabou!

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No Domingo vamos dar um giro à rotunda. Tirando o preto e o branco, não tem nadica que ver com os Romanos, calma. É nossa obrigação chegar, ganhar e ir dar farturas aos petizes, se por lá houver uma roullote. Mesmo que eu gostasse que o Iuri fosse nosso, não se trata de uma grande equipa, não senhor. Medo de quê?

Pá, tenho posts espetaculares para publicar, não me façam ocupar o espaço com estas coisas. Sim, senhor Branco, Lápis Azul, já sei... :)

Vá, bom fim de semana. Juízo.

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Soundtrack: Em nome do Medo

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Rolo de carne e saltimbocca

Vamoláspacharisto que está o rolo de carne a arrefecer, blöd.

Conformados, resignados, tristes, mas de cabeça levantada. E ainda conseguíamos juntar mais umas 500 expressões feitas à lista. Trata-se de malta tão Portista quanto eu - boa parte de vocês, portanto - a afagar o melão.

Porque sempre que o FCP perde, contra o Tondela ou contra os Romanos, é nisso que se transforma a nossa cabeça. A única diferença, é a maior ou menor dificuldade que temos em engolir as talhadas. O melão de ontem é, aparentemente, dos docinhos. Um gajo não tem vontadinha nenhuma de o comer, mas, assim fresquinho, até marcha menos mal.

Eu cá, queria antes outra fatia de rolo de carne.

Como seria de esperar, não embarco nada nessa onda conformista. Já sei que é ponderada e racional, séria e lúcida, mas é, quanto muito, metade da história. Setenta e cinco por cento, vá. Pronto, noventa. E nove?

- Fechado, xôr Silva!

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Eu gostava de ter visto mais de meia hora daquele jogo. Queria saber até onde nos levaria a (imensa) Alma e a (grande) solidariedade; contra o (muito) futebol dos coisos. 

Começou engraçado, foi ficando como seria natural, descambou completamente com a expulsão. Se é verdade que por essa altura ojôtros já dominavam, também é certo que isso, nos dias que correm, não é propriamente desconfortável para nós. Portanto, aquilo do "ah e tal, mesmo com onze já não mandávamos", é uma perfeita balela. 

A nossa ideia de jogo não é mandar em ninguém! É fazer de conta que estamos no quarto, de castigo, e bazar pela janela. Quando derem por ela, já andamos de língua na boca da Carlota Popota, que pode ser anafadita, mas tem uns belos melões. Ops, melões não, carago.

Quer isto dizer que teria sido bom ver o último quarto de hora da primeira parte daquele jogo. E a segunda parte inteira. Perceber de que modo os treinadores explicariam, pelas substituições, o que queriam da vida. Pela amostra, o nosso queria ganhar. O que se louva. Não vou agora bater no moço, por ter feito aquilo por que, não o fazendo, o desanco. Queríamos um golo, para podermos jogar igual lá na terra dos coisos. Acho bem. Se bem que...íamos jogar igual de qualquer maneira. Aliás, vamos.

Vai-se a ver, tinha sido útil alguém explicar ao NES que, apesar de ter projetado jogar com dez, muito cedo ficámos com nove. 

Anyway, foi o que foi. E como Dragão tem asas, mas não é peru, isto não acabou. Pode ser para cumprir calendário, pode ser impossível, um disparate, uma cena que "só mesmo na cabeça do Silva", mas a verdade é que vão ter que jogá-lo:

O (muito) futebol deles, contra a nossa (imensa) Alma. No fim, falamos.

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O mais importante, como sempre, são as coisas boas que ficam. E ontem foram muitas e inúmeras, já descontando as partes positivas do que ficou escrito acima. Ah poijé, bebé:

• Boa gestão de cartões amarelos do Alex Teles. Uma vez que o jogo de volta não conta para nada, arranjou maneira de se limpar. Está prontinho para a fase de grupos 2017/18. Ou para os quartos...

• Excelente regresso de Layun às assistências. Persistente, não desanimou com o falhanço de Herrera à primeira e lá assitiu um gajo para golo. Agora é só continuar a fazer o mesmo, mas sempre na outra baliza. Fácil.

• O espírito de sacrifício de Herrera, a jogar mais de 40 minutos com um pé feito num acidente ferroviário. Grave. É de capitão, sim senhor.

• O Espírito de Santo Sacrifício do Nuno, que sacrificou a equipa a jogar mais de 90 minutos com os dois pés do Herrera. Isso sim, é pôr à prova a capacidade de entreajuda de um grupo. E os nervos de outro.

• O colinho do Dragão. Vénias múltiplas, pessoal. Que nunca mais a nossa casa seja fria e hostil para os nossos. Oh sim, não passou tempo suficiente para que possamos fazer de conta que não aconteceu. No more!

• Esta certeza de que a malta da rotunda vai pagar o carrossel e a fartura! Cincazero. Com Oliver.

• O rolo de carne! Credo, ca bom que estava. Aí está uma combinação de que não me lembrara antes: Rolo de carne com melão. Vai muito bem.

Olha, mulher, de paga, em março faço saltimbocca com risotto caipiroska. Sem melão!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Freak Show

Eishhh, gandaconfusão na saída de São Roque...

Estou basto perplexo, porque diz que amanhã jogamos outra vez contra os Romanos. Epá, não tínhamos já despachado estes? Ou estamos perante uma declarada batota de origem mafiosa; ou é a modos que um bando de Lázaros em fúria. Tipo, walking dead Romans. 

Não restam dúvidas de que se trata de uma situação bastante anómala. Se o Orelhas se põe nisto, convoca já uma dúzia de reuniões com o Conselho de Arbitragem. Naturalmente, perante este estranho fenómeno, a malta anda nervosa. Não é para menos, que isto de bater em mortos-vivos pode ter a sua graça, majarrepia um pedacinho.



Como fico cheio de comichões com coisas que não entendo, fui investigar. Já uma vez tinha feito o mesmo, relativamente à possibilidade de determinada colega de turma não usar soutien. Digamos que o resultado dessa diligência foi um empate: Estupendas mamas, grande par de estalos.

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Confirma-se que se trata de Romanos. Mas não dos originais. É uma espécie de lampiões de Braga, vá. E parece que gostam de toiros e de automóveis de gama média-baixa. De futebol é que percebem pouco. Inclusivamente, equipam à Tondela, mas numa abordagem menos colorida. Surreal.

Aliás, penso até que a equipa que nos toca resulta de um acordo de inserção social de malta com necessidades especiais. É um autêntico freak show!

À baliza, botaram um moço que tem graves problemas intestinais. Chamam-lhe, muito apropriadamente, Buffon. Já se vê que o metem lá atrás para não andar a empestar o campo todo com as suas bufas mal cheirosas. 

Os centrais, são dois gémeos siameses, colados pelo pâncreas ou assim. É certo que serem a cara de um o cu do outro, baralha ojavançados. Às tantas, já o Soares fica a pensar que devia ter poupado no Amaretto, para não ver a dobrar. Só que é evidente que isto de andar a dividir órgãos internos não é só flores. Tem as suas vantagens - que tem - mas dificulta ligeiramente quando se dá o caso de ser preciso ir cada um para seu lado. Então virarem-se de repente, está fora de questão.

Nas laterais, joga um tipo que não é bem um tipo. É um país! Pequenito, mas um país. Está bem que tem um rendimento per capita muito catita, mas em termos de mobilidade, deixa muito a desejar. Parecendo que não, fazer um país inteiro andar atrás do Brahimi, é complicado. Para além de provocar uma série de terramotos e essas coisas todas. Para mais, o homem é Argelino. Está mais que habituado a ter países à perna.

- É Lichtsteiner, Silva. Não Lichtenstein. Burro!

- Oh, Frankenstein, Frankensteiner, é tudo monstrengos meio aparvalhados.

Do outro lado, joga um velho conhecido nosso. Apesar do nome piroso, é um rapaz muito jeitoso para a bola. Não fosse sofrer de narcolepsia. É não fazerem muito chinfrim que temos um joguinho descansado por aquela faixa.

No meio-campo, apresenta-se um moço que nem sabe de que terra é. Acho que é Alemurco. Ou então é Turquemão, uma delas. Na verdade, pelo corte de cabelo à tigela, diria que é o Humberto. Grande amigo meu do Ciclo Preparatório. 

Ora, toda a gente sabe que o Humberto era bom era à baliza. Meio chanfrado, não tinha medo nenhum de andar de rojo pela gravilha. Só que os Romanos não podiam meter o bufão noutro sítio e, assim, obrigam o Humberto a jogar nesta posição. À meia hora está na rua, por meter as mãos à bola. 

Grande abraço, velho amigo, ohtempopá. Sabia lá que este tipo tinha emigrado. As voltas que a vida dá, sim senhor.

A acompanhar o Humberto, temos um cachopo que só se mete nisto da bola nos tempos livres. De profissão, é... olha, não sei o que é. É aquele pessoal que trabalha com caixilharias em alumínio ou assim. Fazem marquises, pronto. Vê-se logo pelo nome: Marchisio. 

Não se pode negar que dá jeito ao clube. Ora para fazer um avançado a cobrir a esplanada do bar, ora a aproveitar uma varanda que já dá maijumássoalhada. Enfim, cenas que metam vidros e caixilhos e toldos. Agora, quem já viu um gajo destes dar jogador de futebol que se acuse. É isso e guarda redes a darem bons treinadores. Quer dizer, tirando o Lopetegui.

E o Nuno.

Iam começar a rir de quê, seus maganos?

Para fechar o chamado centro nevrálgico - que é um nome bastante estúpido - do terreno, os Romanos wannabe juntaram à pressa um refugiado Macedónio ou Moldavo ou lá de que raisparta de ex-República é o moço. Arrebanharam-no à pressa, por meia sopa e uma côdea, para poderem jogar com onze.

No ataque, a coisa melhora um bocadinho. Há um que é o negativo de uma foto do David Luiz quando se lembravam de o meter a defesa esquerdo.

( Pausa para o autor se contorcer de riso. Tipo os rins do Luizinho à procura do Hulk.)

Há ainda um argentino jeitosinho. Não é propriamente um Silva ou um Tiquinho, mas se nos distrairmos muito a admirar o resto da maralha, é capaz de nos arranjar alguma chatice.

Por fim, a estrela da companhia, o Montejunto do sistema montanhoso lá do sítio - diz que é ojalpes: O Dybala! Sim, o homem dy bala. 

Ui, grande perigo, grande perigo. Não vejo porquê. A este, dispara-o o Danilo que o pequenito só para na VCI. A atrapalhar o tráfego.

Estou convicto que NES, tendo em conta a árdua batalha interna que travamos, vai aproveitar para descansar boa parte dos titulares. O Rúben, o André que não é Silva, o Otávio e tal. Será uma bela oportunidade para ojôtros ganharem ritmo e, quem sabe, um lugar na equipa.

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Okok, consigo sentir as pessoas que vão fazer análises sérias e ponderadas a abanarem a cabeça, recriminatórias. Tss, tss, é isto que este freak acha que ajuda o Clube? A brincar com coisas sérias, credo. E ainda há quem perca o seu tempo nestes chorrilhos de disparates.

Pois bem, falemos então seriamente acerca do colosso de Turim - essa terra abençoada, onde se guarda o Santo Sudário - que enfrentaremos amanhã:

Pá, são favas contadas. Cincazero!

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Berra:

- Oh Pedro!! Achei!

- Hã? Achou o quê, Senhor?

- Já sei ondécucatraio deslargou a porra do lençol. Cabeça de alho chocho, benzóEu.

- Ah, sempre preocupado com o enxoval. E onde foi, Senhor?

- Roma!

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Soundtrack to freak show: Ladies and gentlemen, welcome!


sábado, 18 de fevereiro de 2017

O jogo das diferenças e empurrões

Esta não é fácil...

Ah o fim de semana, esse período maravilhoso, a menos que se tenha que andar a encher placas numa obra. À chuva. Nos desertos gelados da Mongólia. Ou pior, muito pior: A carregar o Pedro Guerra às cavalitas de um lado para o outro. A Mongólia tem um encanto todo diferente, quando se colocam assim as coisas. Quer dizer, para mim tem, majeu sofro das cruzes.

Não estando o estimado freguês em nenhum destes casos - e não sendo igualmente obrigado a praticar o sexo por via oral a padres, num vão de escada, em noites chuvosas, por euro e meio, para sustentar uma família de dez - então...

- Opá, foda-se, já percebemos! Get on with it!

Ok, ok, feitiozinhos de merda, hein? Para não estarem praí só a emborcar penalties de branco adamado ao desafio, vamos lá fazer um joguinho de salão. Diferenças, pode ser?

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DESCUBRA A DIFERENÇA

O futebol nacional é uma ilha no mar de constrangimentos do país. A seleção é Campeã Europeia; o melhor jogador de todóMundo é Português; os nossos clubes batem sucessivos recordes de vendas, o que é ainda mais relevante se tivermos em conta que boa parte dessas transações são efetuadas com cachopos nados e criados em solo Luso; e mesmo assim, duas equipas Portuguesas disputam os oitavos de final da mais importante competição Mundial, a Champions League - sendo que um deles venceu, muito recentemente, a primeira mão dessa eliminatória, contra um colosso Germânico, partindo em vantagem para o jogo decisivo; os nossos melhores árbitros são estrelas convidadas no Médio Oriente, para promoverem o futebol e ajudarem, com bastos elogios, a formar os juízes locais.

Pudessem outros setores vencer o estranho, e estúpido, preconceito contra o desporto Rei, e aprender com os executivos e agentes da indústria do futebol. Seguramente, teríamos todos muito a ganhar com isso.

Apesar de toda a evidência, há sempre quem tenha a pretensão de chegar ao topo por vias travessas e proteste por tudo e por nada. Agitando polvos surreais, ao invés de apostar no talento e no mérito para atingir os seus desígnios. No fundo, tudo o que fazem é prejudicar o próprio setor do qual vivem. E que, apesar deles, floresce, qual papoila em prado verde.

O futebol nacional é o esgoto onde desemboca toda a porcaria excretada pelos inúmeros constrangimentos do país. É certo que temos uma seleção nacional Campeã Europeia, por obra exclusiva de um predestinado que, naturalmente, cedo saiu de Portugal; se é justo que tal génio seja considerado o melhor jogador de todóMundo, não é por isso menos triste que quando olha para a sua origem, o Universo veja tanto lixo a céu aberto; motivo mais que suficiente para que os melhores valores da formação local aspirem, antes de tudo, a sair tão rápido quanto possível desta autêntica ETAR. Ainda que proporcionem chorudos negócios, já se sabe em que bolsos de que filho acaba boa parte do dinheiro - por justiça, reconheça-se que, ainda assim, existem vermelhas exceções a esta regra;  de tal forma que já clubes nacionais estiveram a ponto de serem excluídos da mais importante competição Mundial, a Champions League - não será preciso recordar qual, nem porquê, certo?; os nossos árbitros permanecem eternamente manchados por casos mal resolvidos pela Justiça civil, que impediu que, por uma vez, o futebol Luso mostrasse ao país o caminho da seriedade.

O aumento extraordinário do nível de literacia da população, deveria contribuir para a melhoria deste estado de coisas. Por breves períodos, como os últimos três anos, pode parecer que o estado geral do desporto Rei caminha para melhorias significativas. Apenas para que se perceba, como agora, que tudo não passa de um fugacho e que a rede mafiosa permanece entrincheirada, agarrada qual sarna à pele da estrutura que comanda os destinos futebolísticos. Só alguns, os mesmos de sempre, ganham com isso.

 Apesar de todas as reuniões bem intencionadas que se convoquem, é inútil apostar no talento e no mérito para atingir os desígnios a que se propõem os honestos. Mais vale dedicarem-se à pesca. Do cefalópode. Porque o futebol está podre.

A pista é: ESTA

Divirtam-se meninos.


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Quem não estiver virado para as diferenças, pode assistir ao nosso workshop "O que é um empurrão", com o formador Desernesto Josefino Anão.

- Oh Fino, Desernesto é um nome estranho, hein?

- Foi o paizinho. Detestava o nome Ernesto. Então, assim que eu nasci, aproveitou para o negar.

- Hã?

- Negou o Ernesto. Fiquei Desernesto. Anão ficou-me do meu tio Rui, com quem partilho a filiação clubística. Por acaso, o meu tio Rui também é Silva, oh Silva. Achengraçade.

Gritam lá do fundo: ... pois, isso!

... 

JOGO DO EMPURRA
com Desernesto Josefino Anão, lampião

Então vejamos, a questão que se coloca é: Afinal, o que é um empurrão?

- Oh xôr Fino, e um puxão, o que é?

O amigo, se não se importa, inscreve-se no próximo workshop "O que é um puxão". Hoje, trataremos apenas dojempurrões. Prossigamos. 

Apesar de podermos dissertar longamente acerca da questão, talvez possamos simplificar, recorrendo a algum material audiovisual. 

Assim, podemos dizer que ISTO é um empurrão. Aliás, um daqueles que devemos apelidar de violentos e mal intencionados. Não se trata de um vulgar chegapralá. Uso até este exemplo mais extremo, para que tenham noção da gravidade que o ato pode atingir. Oh para os meus pelos do braço, até se eriçam. Estou todo arrepiado, credo.

Mas se, perante ajimagens, ficamos a saber que o empurrão é uma coisa que, de facto, existe e até aleija, não devem restar dúvidas de que o seu contrário é igualmente verdadeiro. A questão passa a ser: Qual o contrário de empurrar?

- É puxar! Poijé, oh Finório?

Já disse que hoje é só empurrões. E para vos mostrar o oposto de empurrar que, ao contrário do que pensam certos iluminados, não é puxar, recorro a ESTAS IMAGENS

Ora cá está, como puderam ver, o contrário de empurrar é estar de costas para a coisa supostamente empurrada e atirar-se para cima dela. Digamos que isto é desempurrar, pronto. Negue-se o empurrão.

Portanto, o primeiro é empurrão, o segundo é uma vergonha que não lembra. Entendido? Para empurrar, tem que se estar de frente e usar os braços e essa coisada toda. É muito simples.

- Tipo, pôrlhasmãos no peito e mandá-lo de cangalhas e ASSIM?

Não! Nesse caso em que está a pensar, não! Definitivamente, não! - Bate o pé no chão e fica muito vermelho. Quer dizer, mais vermelho - É apenas outra vergonha! Percebeu bem? Percebeu? 

- Não se enerve, oh Fininho. Isso é de estar de pé tanto tempo. Descem-lhe ojaçucares, credo. Olhe, empurro-lhe uma cadeira e você senta-se um pedacinho, hein? Ou prefere puxá-la?

...

Nota: Desculpem, mas analisar um jogo em que o segundo classificado passa a PRIMEIRO, por via de trucidar o ÚLTIMO, não me assiste. Acho surreal. Foram quatro, podiam ter sido dez. Sem sermos brilhantes. É isto.

O mais relevante da noite de ontem, foi ver uma bancada que já assobiou a equipa quando ela passou para primeiro - oh sim, eu lembro-me! - a festejar efusivamente o mesmo exato feito. E assim é que deve ser! Empurrá-los para as vitórias, puxá-los para cima, nunca o contrário.

Por outro lado, acho tão maijengraçade assistir ao banzé dos borrados...

...

Overlook to white and red: It's stinking dudes... 

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

USF vs CGD, trocado em velhotes



Por motivos assim assim, tenho visitado com alguma frequência a minha USF. Ah pois, eu cá tenho uma USF. Uma coisa linda, toda ela remodelada em doirados. Bem, quer dizer, não. É só as mesmas instalações de sempre do Centro de Saúde, que agora se chama Unidade de Saúde Familiar.

Da última vez que lá estive, já ninguém me perguntou nada. Nem número de beneficiário, nem nome, nem estado civil, nada! Só mesmo simpatia e bons dias e "vá,vá, já sabe onde é" e essas coisas. Enfim, o tratamento que gosto de ter no café: Nem piu, já toda a gente sabe o que vai tomar o moço, vamos falar de outras coisas e tratar de encontrar o jornal, antes que dê porcaria . Agora, na USF? Bolas pá, quem é tratado com esta familiaridade e até algum, quando não muito, carinho, são os velhinhos. Clientes habituais, pois claro. Raisparta!

Diga-se que eu, desde sempre, protesto que tenho uma ternura toda especial pelos velhotes. E é verdade que me amargura vê-los sofrer, como aos petizes, e que me detenho sempre que posso a ouvi-los. Gosto de estar no meio da velhada a fazer piadas porcas e a bater peças de dominó na mesa. Provavelmente, reminiscências de uma varanda sobre as grandes savanas, mesmo que por baixo lhe ficasse uma rua que subia, num bairro clandestino da periferia de Lisboa.

Até porque, sejamos francos, há que respeitar os velhotes. Eu cá, até lhes tenho algum...receio, vá. Epá, a sério, os velhos querem lá saber! Estão-se a cagar. Alguns, literalmente. Ai andei a mudar-te fraldas que cheiravam pior que o esgoto de uma vacaria e agora queres-me é despachar pra casa do tê irmão? Incha, besunto, aí tens a fraldinha bem recheadinha. Aiai que o paizinho não se pode mudar sozinho. E aviso já que, se mal respiro, o cheiro não me incomoda nada.

Por exemplo, se decidisse enveredar por uma carreira na ladroagem, no rapto, na extorsão e, eventualmente, no estupro vingativo - malfeitoria em geral, portanto. - arranjava logo um bando de velhos e organizava uma quadrilha. Havíamos de ser o bando de meliantes mais lento da História. Aliás, seriamos conhecidos como os Varelas Sem Lei.  Mas também o mais temerário:

- Pira-te Acácio, que alguém bufou!

- Fomos denunciados, Alberto?

- Não pá, acho que foi o António que se cagou! Eu é que não fico aqui.

- Não sejas estúpido, homem. É a manobra de diversão para afastar os seguranças do cofre. Chega-me aí o andarilho, para eu ir estuprar vingativamente a senhora da caixa, até ela abrir aquilo.

- Cuidado pá, se a bófia chega e desata a disparar, estás feito.

- Oh, kékásaber! Eu, em estando a estuprar, estou-me a lixar prás balas. Ao menos quino feliz!

( N.R. É de bom tom as senhoras e/ou os senhores não fazerem movimentos bruscos quando um velhinho se dependura delas/deles. Capaz de lhe provocar uma arritmia ou de o mandar de cangalhas e lá se vai a bacia. Pá, tenho quase a certeza que a maioria ainda havia de hesitar um pedacinho...)

Ainda que fossemos apanhados, tirando eu - um jovem Adónis na flor e viço da idade - mais ninguém se ia importar com as penas e isso tudo:

- Trinta anos de pildra para o senhor Anastácio. - Pumbas, martelada!

- Iuuuupiiii, não me apanham mais no Lar da Santa Casa. Oh yeah!

...

A malta de meia idade devia aprender. Preocupam-se muito em deixar tudo preparadinho para os seus amanhãs, as panelinhas todas feitas, a palha renovada nos estábulos onde esperam envelhecer e assim. Depois, desatam a meter os pés pelas mãos, embrulham-se em petas mais parvas que as dos miúdos de infantário e acabam mais borrados que uma fralda para a incontinência, num Lar de Idosos ilegal. Sem necessidade nenhuma.

Se custava alguma coisa ter sido assim:

- Prometi sim senhor! Então o gajo não queria nem por nada que se soubesse de onde lhe vieram ojiates e essas coisas todas. Já tinha tido um trabalho do camandro próconvenceráceitar, queriam o quê? Até os Schaubles já tinham concordado e o cacete. Nananana, não quer apresentar a declaração, arranja-se maneira. É que nem me lembrei do gajo de boca à banda nessa altura. Por acaso, se me tenho lembrado, não sei se me deixava levar pelo Domingues...

Pá, é que já toda a gente - repito: T-O-D-A! - tinha percebido a combinação. Desde a ideia peregrina de isentar do Estatuto de Gestor Público os gestores de uma entidade...pública, que já nós, velhojynovos, alcançáramos que a ideia era NÃO entregar porra de Declaração nenhuma. Para quê inventar?

- Ora Silva, sabe que o Povo é como os velhotes: Volta e meia, fica um bocado desmentalizado e a coisa passa.

No fim do dia, à conta de não ser verdadeiro, o Senhor Ministro, que pode apresentar belos resultados no crescimento, na diminuição da taxa de desemprego e, até, na recuperação da exportação, acaba embrulhado numa película aderente que nunca mais se despegará. E diz "MENTIRA" a toda a volta.

La está, é muito melhor ser tolinho como um velhote pouco preocupado, do que esquecido como um velho com Alzheimer. Eu sempre desconfiei daquele sorriso meio aparvalhado. Tanto como da sinceridade de determinada esquerda pós-proletária, quando grita(va) transparência. Senilidade, anyone?

Isto é a bem do Pais? Da geringonça governante à oposição oportunista, a sentença é a mesma: Todos para a Mitra! A velha!

... 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Exercício: O que diz Molero





- E continua institucionalizado, certo?

- Sim, quando está vivo. Nas outras alturas, não temos como saber, está claro.

- É muito estranho, não lhe parece, meu caro Austin? Quantas vezes é suposto a pessoa morrer? Uma é certa.

- Molero diz, a páginas cento e picos, que falou com um tal de Maynard, suposto assassino profissional, recorrentemente contratado para limpar o sarampo ao rapaz. - Detém-se numa página. Bate-lhe com a mão. - Cá está!

De o ter matado várias vezes, acabámos por nos tornar amigos. Enfim, talvez seja apenas um exagero da minha solidão, quaisquer dois dedos de conversa me parecem uma festa. Falo pouco, tirando a úlcera, que precisa mais de atenção do que a Olga. E de copos de leite também.

Ele morre sempre com os vincos da testa muito pronunciados, carregado de culpa. Já se sabe que procuro ser eficaz: Enrosco o silenciador pela calada, quando ele se distrai, e despacho a coisa com um tiro único. Pum! Em cheio na têmpora. Compreenda que nutro um certo carinho pelo moço.

- Aqui, Molero disserta sobre a condição solitária da profissão de Maynard. - Desfolha páginas, à procura. - Ah, é isto!

Só por volta da duzentos é que se explica esta coisa da morte repetida do Rapaz. Aparentemente, morre para alguém. Segundo o relatório, embora sem possibilidade de prova factual, há um momento em que outro decide que o melhor a fazer é dá-lo como morto e já está. Molero levanta a hipótese de o fazerem em nome de um instinto de autopreservacão. E lá vai o tal de Maynard tratar do assunto.

- O Deluxe não me leve a mal, e sabe que tenho Molero em elevada consideração, mas parece-me curto enquanto explicação para um fenómeno tão inaudito, como seja o desacontecimento de um indivíduo falecer mais do que uma vez. - Austin coça a cabeça, sem tirar os olhos das folhas. Arrisca continuar:

- Molero acrescenta que outras vezes se tratará mais de um suicídio. Isto é, picado pelo mesmo instinto dos autores morais das outras mortes, o próprio Rapaz decide, em ocasiões, morrer-se. A este respeito, cita-se, de novo, Maynard:

O modus operandi é o mesmo. Mas ele está, por norma, mais calmo. Conversamos mais longamente, nessas alturas. O que não muda é o sorriso.

- Hã? Qual sorriso?

- Parece que, uma vez cadáver, isto é, tendo morrido para alguém ou tendo tratado de se matar para qualquer um, o Rapaz ganha um sorriso. Há mesmo quem descreva o semblante como plácido.

Molero esteve com uma tal Beretta, mulher de cabelos escuros e olhos faiscantes, a quem, pelos vistos, o Rapaz se terá confessado antes de morrer. Uma das vezes, quero dizer. Veja. - Aponta as linhas e segue-as com o dedo.

Oh, no fundo, percebe-se. Repare que ele acabou por encontrar uma forma pura de Amor. Que é estática e, de um ponto de vista prático, bastante inútil. É Amor, só, nada mais. Nada decorre dele, nem se infere, nem se espera. Como se fosse uma Estrela, entende? Brilha e Está. E são milhões de milhares de anos luz de distância. Não é por isso que deixa de aquecer.

Ele volta sempre ao princípio. Ao início de uma estrada impecavelmente alcatroada, serpenteando entre suaves colinas e campos de lirios e malmequeres e margaridas, bordejada de mimosas alegres e atentas. Afinal, é fevereiro. 

Se esse lugar é o ponto de fuga, uma espécie de morte portanto, é também o início do caminho, breve, que o leva inevitavelmente ao mesmo local: Casa. Percorre-o a correr, para chegar depressa.

Chegado, há sempre ovos estrelados no molho dos bifes. Diz que há.

- São os melhores, meu amigo, disso não há dúvida! Molero conta que, da única vez que conseguiu estar com o Rapaz, o encontrou uma pessoa Feliz.

- E viva, o que já não é mau. Tenho a certeza de que há um motivo ininteligível para essa Felicidade. - Suspira.

- De facto. Segundo Molero, deve-se ao facto de, vou citar, "Num Mundo de gajas  apenas boas, ter sido abençoado por Mulheres Bonitas".

- Upa! Para que saiba, meu caro Austin. -  Fecha o dossier.

...

Com uma vénia ao imortal Dinis Machado e ao seu lendário Molero. E a Dennis McShade e ao seu anti-herói Peter Maynard, meu herói para sempre.

Para as minhas Mulheres Bonitas, todas, independentemente do estado, com Amores. Vários.

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Soundtrack to Life: Take it all!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

La griffe, le prochaine et le chatô du carraçás


A malta anda semifeliz. O FCP ganhou no Sábado, mantém-se nos calcanhares dos lampiões e eles não parecem lá muito seguros. Passa-se pela bluegosfera e fica-se com a sensação que está tudo de dedos cruzados, a saborear vitórias e a dizer "mas, por outro lado..."

Parecemos uma gaja a queixar-se ájamigas: Aiai, ele é muito jeitoso de mãos, mas lambe tão mal...

- Oh Xilva, tem o número de telefone decha xenhora? - Avia meio fino.

- Hã? Era uma metáfora, Berto. - Sirvo-lhe a sande de courato.

- Ora, pode ter um nome 'xquichito e xer compoxtinha de mamaj. - Fino à vida.

Ninguém teve o cuidado de utilizar a palavra que marcou o Sábado: Competente! Já todos tinham, tarde ou cedo, concedido o mérito da Alma e da garra que, em alguns períodos, andavam arredadas do Dragão. Mas é por aí que se vai ficando. Ora, está mal.

Assim, não sobra espaço para reconhecer que, dos calimeros para os Afonsinhos, melhorámos. Sofremos muito menos, criámos mais, controlámos com alguma tranquilidade. Sem bola, pois claro. O treinador mexeu bem na equipa e, se era para jogar assim, também acertou no onze inicial. Competente.

Um golo que é um centro do lateral na linha de fundo, amortecido por um médio na área, resultando numa assistência - por querer ou não, é indiferente - do avançado, para uma finalização de classe do ponta de lança, não cai do Céu. É competência.

A segunda parte trouxe o espaço, desta vez explorado com mais cabeça, que matou o jogo. E que podia ter posto o resultado no campo da euforia. A jogar o mesmo. Isto é o FCP de NES, uma equipa de autor, com griffe.

Os estimados fregueses sabem que eu gostava de Lopetegui. Aliás, acho que o objetivo de uma equipa deve ser ter 100% de posse de bola. Por isso, condescendam que tenho idoneidade para julgar neste caso. 

Não vamos ser outra coisa, somos isto. Podemos ser ainda melhores a fazê-lo, mas não vamos mudar. E sim, pela amostra de Sábado, conseguimos fazê-lo de forma muito competente.

Do teu limão, faz uma limonada. NES' way.

Next, please.

...

- Mas gostas, Silva?

- De ser Campeão? Ui, à brava!

Há pouco tempo, homenageámos, por infeliz motivo, um treinador que por cá passou fugaz e vencedoramente. Se havia coisa que as equipas de CAS eram, era competentes. Já máquinas de ataque demolidoras, de elevado recorte artistico, nunca foram.

...

A propósito de ataque demolidor, será muito interessante reparar se equipa e treinador já estão prontos para perceber que, no Dragão, contra o último, só nós é que poderemos querer jogar à bola.

Estando, restará saber se queremos. Porque saber, o Oliver sabe. Your call, Mr. Santo, Espírito.

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Senhores da SportTV, não queria ser desmancha prazeres, nem nada disso. Até porque estava aqui a pensar que talvez seja um concurso. Se é, eu ganhei!

Bem sei que só deram uma tímida repetição, majacontece que eu estava a mastigar um rojão, de olhos postos no televisor. Desculpem o mau jeito, mas eu vi aquela mão na área do Guimarães. Sim, naquele lance que isolaria o nosso avançado.

Achei até ternurento o facto de os comentadores terem comentado...o lance seguinte. E o anterior. Ui, não é o tê Ti Alberto, ali duas filas abaixo? Epá, é mesmo! Oh Tio, oh Tio! Raisparta o velho, surdo que nem uma porta. Qual mão?

Pois, majeuvi!

- Chato do caraças!


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Tocata e Fuga

www.countrydaylittleschool.com

Olá, sou eu. Como estamos hoje, meu Amor?

Pois lá voltei aos teus sítios. Lutámos tanto em terras estranhas, que pareceu que tinha esquecido esses lugares. E os significados. É sempre assim, só quando a adrenalina baixa é que se volta a ver mais claro.

Acreditas que tinha uma espécie de roteiro para a Peregrinação de Saudade? Yaaaa, logo eu, está bem abelha. Mas sim, era esse o plano: Reencontrar-Te nas mesas certas, nos rostos familiares, nos espaços fedorentos em que é permitido fumar. E deixar-me ficar, fugaz, a respirar contigo.

Não fui a nenhum, pois claro. Apanhou-me desprevenido uma passagem inesperada pelo Moleiro. Travei, pisquei para a direita - sim, exatamente no mesmo sentido da última vez - desculpei-me de braço levantado ao condutor de trás e segui em frente. Em fuga, provavelmente.

Claro que há fortes possibilidades de os pastéis continuarem deliciosos. Mas estaríamos lá os dois, ambos num esforço terrível para não sermos uma explosão de lágrimas e despedidas, a mentirmo-nos em disparates cansados, o sentido prático acima do sentimento e das vergonhas. Ah não, não duvido por um instante que isso também fosse Amor. Só não teria a quem o entregar agora e isso aleija. Portanto, piro-me.

Diz que não devo fazer isso. Eu mesmo me recrimino, por considerar uma espécie de fraqueza. Homem que é homem enfrenta, pega pelos cornos, dá o peito às balas. Passa aí o queijo e tranca o gato, iiic.

Vai dai, tenho passado os dias a matutar nisto. Será que pretendo esquecer os maus tempos? Será que ainda está muito fresca a memória da decadência e não é essa pessoa que quero recordar? Será que era melhor ter continuado entorpecido em modo robótico? Seremos campeões?

Pois! É isso que eu penso também. Afinal, quem tem o medidor da qualidade  dos tempos? Deus sabe das aflições e das dores. Alegria fomos, isso sim. Também em camas de hospital, em salas de espera da Morte, nos intervalos dos sofrimentos maiores. Temos que ser honestos, however, e admitir que isto foi o piorzinho, porque irrecuperável. 

És capaz de ter razão, está a soar-me um pedacinho egoísta. Fuck it!

E, no entanto, tu estavas lá. Igual, na pele e osso que sobejavam. A mesma. Eu a fechar os olhos, tu a deixares-me tê-los fechados, os dois lúcidos e conhecedores. Sabes, houve uma ou outra altura em que ia desistir e tu não deixaste. Oh, que estupidez, claro que sabes, soubeste tão bem.

O que importa, é que tenho a certeza que guardarei a nossa Vida inteira. A boa e a má. E que, para mim, não há nenhum período de Ti que queira apagar. Do meu nascimento à Tua Morte. Posso até fugir da dor, isso é certo, mas sabe que não fujo de Ti. De nenhuma de Ti. 

E sim, o Porto será campeão! Desculpa lá o mau jeito.

Entretanto, já nascem aqueles que saberão de Ti por nós. Ah pois, os que terão os Santos, se quiserem, e as Santas que lhes daremos com os primeiros biberões. Oxalá possamos ser competentes e vencer, por eles que seja, os monstros que tivermos. Conseguirmos, no mínimo, construir pessoas melhores do que nós somos. Sei lá, estar à altura do legado. 

Oh sim, sim, que bem que te fica a modéstia. Não é por isso que se te abanam menos ajórelhas, descansa.

Já te disse que a Vida não continua. Nasce para uns, renasce para outros. Todos a tatearem os espaços desconhecidos, olhos a abrirem para um Universo todo novo, as saudades do útero a marcarem o lombo, como chicotes. Em comum, o facto de ninguém ter escolhido. A vantagem dos uns é poderem berrar até alguém lhes dar colo. E mama. Hmmm, mamas. Estupendas.

Da próxima, tomo um café e um pastel de nata no Moleiro. Ou então não. Mas hey, nós vamos falando. Até já.

...

- Epá, boa pergunta. Devo ser Eu, de certeza. Oh Pedro! - Berra, imperativo.

- Sim, Senhor. - Solícito.

- Temos algum artefacto de medição da qualidade dos tempos?

- Tipo, um Medidor da Qualidade dos Tempos? - Pensativo.

- Pois, isso. - À beira da impaciência.

- Sim, temos. Digo, Tem.

- Boa! Eu sabia. Como lhe chamámos?

- Medidor da Qualidade dos Tempos, pois então. - Daaaah!

- Ah... Trajaí preubêr.

- Não é possível, Senhor. Tenho imensa pena, mas está na marca, para manutenção. - Baixa a cabeça, humilde.

...

A word to the wise: Children playing in the garden...  

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Antítese



A Lei de Murphy a fazer o pino ? É para já:

Se algo pode correr bem, correrá ainda melhor, no momento mais oportuno.

Confiar na antítese da Lei de Murphy, é um péssimo princípio de gestão.

...

Imaginar que a nossa única, e muito acertada, contratação, teria tanto impacto, era difícil. Que seja uma excelente adição à equipa, não é surpresa. Muito pelo contrário.

Eu sei que se lembram onde leram primeiro.

...

NES acerta quase sempre nas flash a seguir aos jogos. Dá-me uma certa esperança ouvi-lo. 

Ainda ontem, disse, e muito bem, que foi necessário subtrair um avançado e acrescentar um médio. Porque era urgente recuperar o controlo, equilibrando a desigual luta no miolo. Em cheio!

Com uma pequena nuance, aqui explicada pelo tipo que se esconde da derrota atrás do primeiro Palhinha que encontrar:

- Não podes recuperar aquilo que nunca tiveras. Um abraço ao Casilhas. - Ou vocês acham que aquele labrego diz Casillas? Nem pó!

Acho que há uma maneira de jogar que está assimilada. Mete muita bola na frente, muita luta no ar, garra para ganhar a segunda, rápida recuperação, muita entreajuda e coesão defensiva. E pouco meio-campo.

Na cabeça do técnico, depois de isto resultar, passamos a controlar em posse, a explorar com tino o espaço, a acalmar o nervo e a sofreguidão e o jogo. No campo, o que vemos é a antítese disso. Sobretudo com Oliver em momento menos bom.

Lá chegaremos.
                         (!)
                              (?)
                                  (,not.)
                                            É da competência do líder tornar uma destas opções
                                            de pontuação verdade. Eu (quero) acredito(ar) na minha escolha.
                                            Mas preferia (!)...

...

O oposto de demasiado caro, é a contabilidade Ikeriana da Tasca:

6 pontos + 1,5 milhões

Podia juntar já o prémio de participação na Champions, mas isso seria desafiar a Lei de Murphy. Not me!

...

Hoje, almoçámos à frente do campeonato. Ao contrário do que vinha sendo hábito. Soube bem.

Next, please.


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Toiros e Pacotes de Açúcar



Começo a perceber porque é que sucessivos Governos e Ministros, incluindo alguns Nortenhos, se curvam perante o poder vermelho. Não, Catarina, não é contigo. Dass, que mania da perseguição, credo. E também podes ficar descansado, Jéjé, volta lá ao dominó que é quase hora de almoço. Isto é bola!

Para o bem e para o mal, parecemos sempre toiros: Só vemos burmelho.

Pá, não! Os toiros não distinguem cores. Desde que esteja à frente, a menear ajancas feito panasca, numa espécie de licra cheia de lantejoulas garridas, é para desfazer! Kéksafoda de que cor é o moço, amáijasuacapa.

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Anda por aí uma confusão tão grande que nem a tempestade Dóris consegue desembaraçar os neurónios à malta. Já se sabe que as gajas, quando chega a hora de desembaraçar, são boajé pra cabeleireiras. Mas não tendes nada que temer, está aqui o Tio Silva para trazer a luz.

Andava à rasquinha para experimentar este porta-chaves espetacular que me ofereceram: Dá-se aqui a uma manivelinha e, plim!, é uma lanterna. Muito engenhoso, não acham? Bamolá atão:


  • Os lampiões foram perdendo gás e dão por eles quase apagados. É natural, porque toda a gente sabe que o lampião funciona a querosene, nunca a gás. Mas com a estupidez deles podemos nós bem. Ninguém mais nojagarra!


O FCP NÃO está à frente. Depende de si para lá chegar, mas para isso tem que fazer melhor, ao menos dois pontos, que os ditos artefactos de iluminação, mormente pública (hey Lima). De repente, parece que se foi o papão da segunda volta e que é tudo um mar calmo e turquesa, para o nosso potente speed boat desfilar em glória.

Pá, não! O favorito continua a ser o que está em primeiro. É desses a responsabilidade - e a pressão! - de se aguentarem à bomboca sem fraquejar.


  • Aha, que os encarnados mais pareciam a Feira de Carcavelos, a tentarem despachar tudo o que podiam ao preço que lhes quisessem pagar. E agora, com o nosso bafo, já nem ojárbitros lhes valem. Basta chegarmos lá, daqui a uns tempos, espetar-lhes os cincazero da praxe e pronto, venham de lá essas faixas. É cumprir calendário e ir preparando esse confronto.


Pá, não! A correr bem, chegamos a esse jogo à frente. E eles que tentem desenrolar o seu contra-ataque a terem que ganhar. Porque até lá, teremos que estar no máximo, a dar tudo, cientes da dificuldade, das limitações e inclinações. De pés no chão e faca nos dentes. Sempre!


  • Sim, está bem, mas são eles os odiosos, o adversário a abater, o inimigo. Tudo o resto é paisagem. Nem sei o que isto da paisagem me lembra...


Pá, não! Eu não esqueço! Estes são tão bons cumójôtros. É trucidá-los, paná-los em gravilha e enfiá-los pelo cu dos colegas de Circular acima. Mas atenção, se para nós é importante, para a calimeragem é transcendental. O fim da linha só pode chegar para um, neste jogo. Nós continuaremos, mais fortes ou mais ensanguentados, mas continuaremos.

É isto. Se possível, sem ajoelhanços. Não quero ganhar no fim, num quase milagre; não quero repetir os jogos fraquinhos, de belos resultados, dajúltimas semanas; não quero marcar e defender. Quero uma demonstração cabal de força. Porque somos melhores, somos mesmo!

E depois sim, montados nesses CINCAZERO, mostrarmos o peito, inchado e peludo - de homem! - a todos os que se atreverem a cruzar o caminho do poderoso Dragão. A começar pelos falsos Romanos. Esses loucos...

...

- Percebeste bem, pá?

- Sim, está bem, percebi. Blablabla, não te calas, chiça. Se alguém me vai fazer gritar algum dia, vais ser tu. Raisparta, coabreca! - Ajeita ojóculos, quase irritado. - Podes servir-me um cimbalino? Sim, que eu não sei o que é uma bica, comunjiôtros. - Estala a língua, tsshhc.

Ponho-lhe a chávena à frente. Esfrego-lhe a careca:

- There, there, a ver se levamos esse mau feitio para o campo, hein?

Ele bufa. Baixa a cabeça, faz-me lembrar um toiro prestes a investir. Lê o pacote de açúcar. Mostra-me:

"Um dia, descobres que existe a antítese da Lei de Murphy. Amanhã, é esse dia!"

...

Soundtrack to calimero: You know you'll lose!     

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

A Mesa do Canto: Um Mundo de Trampa (com Jorge Vassalo)



Toda a gente sabe quando ele chega. Nem que seja pela gargalhada ao longe. É, quase sempre, o dono da bola. É assim que o vêem os velhos, que lhe procuram a opinião, para a compararem com as suas próprias, na ânsia de se confirmarem das suas certezas. E também os putos, que lhe invejam a paixão e o conhecimento, em sucessivos abanares de cabeça concordantes. É apenas normal ouvirmos por entre as mesas coisas como "Até o xôr Jorge concordou comigo, venjagora tu desdizer. Tá bem, tá...". Ou alguns "Olha, como disse o Jorge...".

Eu sou o ranhoso, já se sabe. Dou-lhe água pela barba e abuso, quantas vezes, da sua Santa paciência. Oh sim, andamos à bulha à volta das nossas opiniões divergentes. Depois abraçamo-nos e despedimo-nos até breve. Sempre até breve. 

Passa pelo balcão, no percurso usual, para um "cheguei!" no aperto das nossas mãos. Hoje tarda-se um bocado a olhar-me.

- Tájolhar pradonde, pá? Sou bonito, pois sou? Agradecido. - Enquanto passo por água os copos da ginjinha.

- Ui, és lindo. Olha lá, oh murcom, andas com um ar macambúzio, estás com prisão de ventre ou assim? - Interrompe a risada à sua própria piada, para cumprimentar mais uns quantos que se aproximam. Eu berro-lhes:

- Cuidado pessoal, diz que o gajo está aflito dos gases! Até a guedelha se lhe amarela. Parece o palhaço do Trump. - Os copos todos alinhados, a escorrer, prontos para as próximas rodadas. Com ou sem elas. Para mim, sempre com! No meio da roda que se formou, ele atira-me:

- Já estou a ver onde te dói. Depois passa ali... - E vai tomar assento na Mesa do Canto.

...

Sento-me à sua frente, a garrafa de ginja e dois copos o meu dote. 

- Então Vassalo, Vassalinho, que tal?

- Oh meu, já percebi que andas às voltas com isto do Trump. Andas, não andas, diz lá que não. 

- Pois claro que sim, não sou nenhum estúpido alienado!

- Ya. Alienado não és, não senhor. - Rimos. 

Bebemos uma ginja. Ele faz cara feia, eu faço aaaahhhh. Sei que está só a fazer o favor, que é uma coisa de amigos, de me acompanhar. Menos um copo que bebo, porra! Diz-me:

- Olha lá, pá, não sejas maricas... - E eu ajeito-me na cadeira, porque sei que a aula vai começar.

...

- Sabes, Silva, nesta Mesa do Canto confesso-te um segredo: ninguém diria, pela forma obstinada com que vejo a bola, mas sou uma espécie de Silva da vida no geral.

Explico-me. Fiquei tão assustado como qualquer outro quando vi que aquele símio tinha ganho as eleições. Não posso dizer que tenha ficado surpreendido. Afinal, a via de entrada da Trampa tinha sido a soberba Democrata – e em grande número, republicana também. Afinal, Donald Trump - ou Donnie Jingles, como Penn Jillette, no seu fantástico podcast, o apelida – era o comic relief. Era só o cromo que dizia aqueles zingers incómodos que pouca gente na política teria coragem suicidária para dizer. Só que, como em tudo na vida, de repente ganhou proporção e tornou-se imparável, porque foi subestimado.

Do outro lado, a apparatchick senhora Clinton, cujo sonho molhado sempre tinha sido a Oval, e tinha feito TUDO para lá chegar, apresentava-se como a candidata natural dos Democratas que, subestimando Jingles, achavam que bastava dizer apenas “eu tenho um pipi” e “eu não sou Donald Trump” para ganhar eleições. Subestimado estava Jingles, como também subestimado estava o efeito de aversão que representava ao povo simples, humilde e esforçado, ter um membro do establishment do poder político instituído como alternativa a um populista. 

Ainda se acordou, mas já era tarde. Nem a promessa de ver as estupendas mamas da Katy Perry, nem de ter um felácio da própria Madonna - … - mudou o que quer que fosse. Estranhamente, as pessoas queriam política, mesmo. Era falsa, mas a propaganda passou.

Só que, lá está, sou um optimista. Em primeiro lugar, sei que não bastam as ordens executivas que, sua excelência o senhor Hair Of Piss, assina, para se tornar lei. É preciso que sejam legais e que passem o crivo democrático do senado, do congresso, dos tribunais federais. Que chatice, pá! Mas esses são os instrumentos de contrapeso democrático que asseguram que a verdadeira democracia funciona. Não é uma oligarquia, é uma presidência.

Em segundo lugar, não temo vilões. Aprecio, aliás, corporizações de erros. Eis, aqui, o resultado de toda a estupidez massificada que o pôs neste desiderato. O verdadeiro Mal mora no cinzentismo, na indiferença, na complacência amorfa de quem tem o seu como adquirido e que deixa para os outros aquilo que não lhe afecta directamente. Só que afecta. Quando se tenta bloquear direitos, liberdades e garantias que todos temos como certas, aí o tecido abana. 

Tem sido fascinante de ver as marchas pelos direitos das mulheres, a defesa pró-bono por parte de advogados dos cidadãos americanos impedidos de voltar ao seu País, em suma, aquilo que sei há muitos anos: basta que algo suficientemente mau surja, para que haja o seu anticorpo em grau igual ou superior a funcionar.

E acho, evidentemente, todas as comparações Trampa-Hitler manifestamente exageradas. Um é pateta, egocêntrico, tão fechado sobre si mesmo que pensa MESMO que basta assinar uma “executive order” para que tal se faça, como por magia. Naturalmente, todas estão a ser revertidas, anuladas, devolvidas com um “lamentamos, mas não pode ser exactamente assim”. 

Hitler era um estratega brilhante, ele próprio com muitos traumas e fobias, que arrastou uma nação inteira apelando a um Nacionalismo ferido das perdas de uma guerra que os havia pulverizado, propaganda estrategicamente colocada e brilhantemente articulada para passar a adulterada ideia Nietzcheziana do Super-Homem como verdade, possível e alemão.

Sempre gostei muito da piada de, creio, George Carlin, que dizia que, se tivesse uma máquina do tempo, não mataria Hitler. Comprava-lhe todos os quadros. As esculturas. Faria dele um artista famoso. Foi o alimento do medo, o sentimento de inferioridade que a maioria da Alemanha sentia nessa altura, que permitiu que Hitler justificasse a barbárie sobre vários povos. Foi a anuência de um povo inteiro, e dos que lhe seguiram, que fez dele quem ele foi.

Poucos americanos se sentem inferiorizados em relação ao resto do mundo envolvente. Tudo aquilo que passou da mensagem da Trampa, foi apenas o apontar de dedo, dizer que a culpa era do estrangeiro. Do poder político mancomunado com a alta finança. Dos terroristas. Só que, na verdade, em apenas duas semanas, Donald Trump já destruiu dois terços do seu capital político. 

Nomeou Wall Street em peso para o governo, agitou o suficiente as consciências adormecidas daqueles que julgavam que tudo estava garantido, para se perceber que é preciso um pouco mais para se solidificar o progresso efectivo e desmentiu, e continuará a desmentir, a sua capacidade real de mudar o que quer que seja, efectivamente.


Para cada acção, há sua reacção correspondente. Donnie Jingles já conseguiu acabar com muita da apatia, da indiferença e do cinzentismo. Sou agora alguém mais optimista para com o futuro do que há uns anos atrás. Um povo mobilizado é necessário para o progresso de um mundo que se quer com valores vincados. Sim, porque esta estupidez fez também com que o resto do mundo dissesse “aqui não, meu amigo!” E isso só me pode deixar… optimista. À lá Silva!

Jorge Vassalo | Porto Universal

Este senhor também opta por escrever na ortografia antiga. Ultrapassado!

...

Cincazero!