sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Comes e bebes, glúteos e pilas


Vocês recordam-se que, não satisfeito por ter um aspeto físico espantoso, ainda me fui meter naquilo do Getting physical, POIS RECORDAM?! Bem! Conforme prometido nesses tempos idos, cá estou para vos dar conta de coisas da vida de uma pessoa em boa forma, enquanto no processo de se pôr dessa maneira. Hã?

Fiquei muito bem impressionado ao perceber que havia um Profissional Tipo - acho que é o que significa o PT nas camisolas - que define um plano para cada ginasiante. É muito atencioso da parte deles, mesmo que aparentemente ande toda a gente a fazer os mesmos exercícios. Pronto, não será lá muito personalizado, majaté é fofinho. Passados uns tempos, faz-se uma reavaliação. É a altura em que dizem a todos: Sim senhor, muito bem, está a ir lindamente, seja lá o que for que esperava conseguir com isto. E procedem a redefinir o belo do plano. A mim aconteceu-me o mesmo.

Só que o amigo que ficou encarregue de tratar do meu caso, deve achar que tem queda para a comédia e decidiu ser engraçadinho. Foda-se, mal posso mexer os bracinhos. Eu não fui feito para levantar pesos e fazer elevações e essas merdas todas. A minha ideia era experimentar umas máquinas que vistas de fora têm ar de fazer cenas fixes. E depois ir três quartos de hora dar cafunhos na piscina. That's all dude. Acho que confiei demasiado na linguagem corporal e acreditei que todo eu grito: NÃO CONSIGO LEVANTAR ESSA MERDA! Afinal, vai-se a ver, há malta que deve ser surda.

Para não dar parte de fraco, perante o estúpido e mais a quantidade de toscos que pensou "pracaso, tu no ginásio, espera aí que duras lá muito, duras", procuro cumprir à risca o bom do plano. Mas dói-me. No entanto, a compensação de ter mais 0,0327 mm de diâmetro no braço esquerdo é inolvidável. Ora vão-safoder sim?!

O mais preocupante, however, é que agora tenho uma quantidade industrial de exercícios para os glúteos para fazer. Pá, não sei, tenho aquela sensação Hansel, 'tão a ver? Aquela vozinha no intimo que vos diz: uuuuiiii, bê lá se nuntetá a engordar póspois te comer. Talvez seja por isso que aldrabo bastante nos agachamentos. Se a trampa das elevações me deixam os braços neste estado, imagino o que os glúteos soberbamente torneados me poderiam fazer. Credo.

...   

O mais relevante desta minha experiência no campo da atividade física sem propósito nenhum, é toda a dimensão sociológica da coisa. É muito divertido. Por exemplo, sendo um rapaz dado aos desportos, daquele género que joga a tudo e não é bom a merda nenhuma, tenho passado por bastos balneários masculinos ao longo da vida. Apesar de não serem importantes para os escândalos e as noticias e assim, os balneários masculinos são um fenómeno muito pouco estudado. Provavelmente porque ninguém quer saber disto para nada, mas também há a possibilidade de ser porque toda a gente sabe do que lá se fala e acontece e tudo e tudo. Gajas, bola e o ocasional panasca, certo? Pá, isso é ser muito redutor, quando não um tiro ao lado.

O facto é que o famoso ambiente do balneário varia consoante a modalidade. Eu só conheço os dajaulas de Educação Física, do jogo da bola e agora este do coiso. Os primeiros eram basicamente uma seca, a menos que se fosse um tipo suficientemente diferente para ser gozado, altura em que se deviam tornar num tormento. Nos segundos, o assunto principal é...bola. Neste agora, a malta não se conhece assim tanto, é mais reservada, fala só cujamigos, se calha a andarem metidos naquilo juntos, de resto é bondiatémanhã.

                                          [ Interlúdio para Questão Pertinente

Como é que acontece isto? Dois gajos estão a tomar café e a falar de futebol e um lembra-se: epá, havíamos era de ir juntos para o ginásio. E o outro: olha que é uma ideia bem catita. Andamos lá aos pinchos e a transpirar e depois vamos tomar uma banhoca os dois. Eu nunca combinei isto com nenhum amigo ou conhecido e estou sinceramente intrigado. Se alguém puder esclarecer-me, agradeço. ]

E falam de quê nos ginásios? De comida e bebida. Caraças pá, fui ontem à Tasca do Silva, ui, aviei algumas duas doses de camarão e já antes tinha comido um  casqueiro praticamente sozinho. Incha! Depois acabei a noite bêbado que nem um cacho. Bebi bué. Muito mais do que tu alguma vez bebeste. Sou mais bebedolas do que tu. E como mais. Incha! Não, eu é que sou. O Silva até acabou com o buffet livre de uma vez que lá fui. Quase que lhe falia a espelunca. Incha! E conheço restaurantes mais bons do que os que tu vais. Onde me embebedo até ao coma alcoólico. Incha! Ena pá, a sério? Temos que lá ir. Pá, pois temos, temos mesmo que combinar isso. WTF?

Enquanto andam estes nesta conversa, os velhotes da Hidroterapia vão coxeando entre os bancos e os cacifos, com aquele ar de enfiavatumalambadanessa'fuças que logo viam se é bonito fazer inveja à pessoa carregadinha de diabetes.

...

Mas há coisas que são aparentemente transversais a todos os balneários masculinos. Digamos que são as constantes daqueles ambientes, traços marcantes das relações - salvo seja - sociais - ah, assim está bem - que ali se estabelecem. Ora então, o que andamos nós a fazer entre as quatro paredes dos nossos balneários, perguntais.

A puxar a pila, pois claro. Na esmagadora maioria dos casos, a própria, felizmente. É indesmentível: puxamos a pila e há até quem passe basto tempo nisto, mesmo que seja inconscientemente. Porque o fazemos? Tenho uma teoria:  

Andar a correr de um lado para o outro, a acartar pesos ou a dar cambalhotas ou chutos numa bola, não são atividades lá muito estimulantes, do ponto de vista da libido. Quer dizer, não é como se a pessoa pensasse: hmmm, agora vou correr até ao trampolim, faço uma chamada a pés juntos, dou com as mãos no cavalo e pumbas, um mortal. Só espero não cair mal e ficar paralimpico. Ui, que tesão, se me corre bem ainda me venho. Pá, não. Ou seja, o exercício não é conhecido por provocar potentes e duradouras ereções. O que quer dizer que quando se chega ao balneário, não está o homem propriamente no seu melhor. Sim, isso mesmo, we do care

Um gajo quer sempre que a sua pila seja a maior de todas, não há volta a dar. Se não é, então quer que seja a mais bonita - claro que há pilas mais bonitas, oh aqui...ai espera, não se pode. Em todo o caso, já sente que salva a face se não se considerar ridículo. Ora, acabado de se esfalfar todo, mais perto de sufocar do que de pensar em estupendas mamas, o mancebo estará sempre mais parecido com o gajo a sair da água em Moledo, em janeiro, do que com o Nelson Évora em qualquer situação da sua vida. Já se vê que isto aumenta exponencialmente o risco de a ter mais pikenacájôtras. Solução? Puxar por ela. Pela gaita, pois claro.

E pronto, é vê-los alegres e contentes, a fazer piadas sobre o jogo, ou metidos consigo mesmos depois de mais três mil cento e dezassete agachamentos - deixa ver o teu dedinho Hansel, anda lá - a puxarem a pila, a esticarem a gaita, a esfregarem o macaco. Uns mais discretamente, outros à descarada, até os respetivos pirilaus verem restabelecida a circulação e deixarem de parecer um quisto sebáceo por cima dos tomates. Como quem diz, agora sim, podeis comparar e tirar as vossas ilações. Até posso perder, mas dei o meu melhor. Enfim, ficamos descansados, é isso. Quem dá o que tem...

Isto é um comportamento automático e estou em crer que nos é incutido, talvez por imitação, desde muito cedo. Não pensem que acontece só a soberbos exemplares do género masculino com cerca de 45 anos - um vosso criado - nem pó. A questão é que um gajo quando é adolescente é diferente.

Lembram-se dos moços que entram no balneário à beira de sufocar, lá em cima? Aos putos novos isso não acontece da mesma maneira. Eles vêm a pensar que já se sufocavam no meio de um estupendo par de mamas. Ou não tão estupendo. Podia ser mesmo mau, salixe. Lisinha cumópai, safoda. Umas, pronto. Mas desatam a puxar pelas pilas como qualquer homem normal. 

Putos, tende tino. Um dia ainda partilham o balneário com o Profissional Tipo que tem a mania dos glúteos. E se ele pensa que estão felizes por vê-lo, hein? Vá lá, ide, ide puxar as pilas, mas com calma, na medida certa. A ideia não é serem o Louis CK, é só não parecerem o Adolfo

...

Eu sei que não é muito sexy e que estarei a destruir as fantasias de inúmero gajedo. Mas o melhor mesmo é tirarem a limpo num balneário perto de vós. Se vos deixarem entrar, já se sabe. Porque outra das coisas que caracteriza o nosso género, é o papo. Não pá, isso é as gajas. A gabarolice, pronto. 

Eheh e tal, faço e aconteço, era já, apanhava-a aí, ui, cacete. O quê? A senhora tem que vir passar a esfregona no chão? Credo, esperai, esperai! Ninguém abra a porta até eu ter uma toalha à volta da cintura e a camisola vestida. Ia agora a senhora vermustruces e as man boobies, Deusmalivre!

...

Hã?

16 comentários:

  1. AHAHAHAH!!!!!
    O que eu já me ri!

    P.S. 46! ;)

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  2. Caro Silva,
    A melhor parte do dia. Ainda bem que decidi passar pela Tasca. Depois de um dia de trabalho sufocante e extenuante, desentupi tudo o que são aurículas e ventrículos com o que ri à conta desta sua estória.
    Mto obgdo e 1 abç
    LO

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  3. Depois de ter enjorcado uma bjecas aí na mesa 15 da tasca, fiquei com vontade de partilhar uma história com os distintos frequentadores desta ilustre espelunca. Cá vai.
    "Sr. doutor estou muito preocupado... apareceu-me uma pinta amarela num testículo!
    - O Sr. que idade tem?
    - Oitenta e oito.
    - E ainda é sexualmente activo?
    - Graças a Deus, sim....
    - Hummm, então não se preocupe...
    ... mas cuide-se, foi a luz da reserva que acendeu..."

    abç :)

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  4. Obrigado. Andava precisado(?) de dar umas boas gargalhadas.

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  5. Hahshaahhaahhaha tão bom ❤️

    RV

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  6. Tribunal do dragão: análise ao orçamento relatório e contas. Tasca do Silva: pilas. Abençoada bluegosfera xD só pra dizer que o porto é o maior, o Silva também, dá gosto vir aqui ao tasco.. Parabéns, continue sff!
    EP

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    1. Obrigado EP. Cada um fala do que sabe. Eu de contas percebo pouco. Já de pilas, bem, tenho uma relação próxima com uma há mais de 40 anos. A minha, pois claro. :)

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  7. Por falar em medições de pilinhas. Já ouviram um inglês, surfista, cockney a elogiar as ondas de Peniche?
    Waves of Peniche (vá lá façam um esforço)? Great balls of fire!

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