- E então Silva, ainda tens a mania que és poeta e tal? - perguntou, só para manter a conversa mais ou menos viva, enquanto o álcool não nos tirava completamente o sentido.
- Raios, nunca tive. - menti - E agora ainda menos, acho que ultrapassei finalmente a puberdade, ou assim...
- Isso é uma pena homem. Acho que ás vezes acertavas. - e riu um riso meio envergonhado, metade ironia, metade sinceridade.
- Não me parece. Mas não faz mal, sobra-me a inveja e é uma delicia.
- Inveja?
- Sim, a inveja do verdadeiro, puro, fabuloso talento... dos outros - e senti-me esverdear.
- Tens lido é?
- Nem por isso. Mas de vez em quando ouço. Por exemplo, acho que fizeram uma versão nova daquela coisa do Lobo Antunes. - avanço para o canto da música de cd em punho. - Olha que perfeição, nem importa a música... No entanto, gosto mais desta do que da original e da outra, dos Boite. Lembras-te?
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