terça-feira, 4 de novembro de 2014

Mapas do caminho para a Santidade


- É tão feio bater em quem está no chão Silva! O homem faz o papel dele, podes deixá-lo em paz, sim?

Não posso rebater o argumento. Tudo em mim sabe que está certo, que, salvo a hipocrisia, a atitude correta é ter piedade até do inimigo. Muito mais quando são coisas sem importância, que no fim do dia não nos magoam verdadeiramente, nem aos nossos, aqueles mesmo, mesmo nossos, que amamos.

O nosso receio, ou será hábito?, da arrogância - a alheia, pois claro, que os próprios nunca são arrogantes, modéstia à parte - faz-nos olhar tão desconfiadamente para os magnânimos. Talvez seja pura inveja o que nos leva, tantas vezes, a achincalhar-lhes a nobreza. Esta nossa necessidade intrínseca de fazer pior tudo o que nos rodeia, para que possamos assim viver bem com as nossas fraquezas: ah a imensa alegria de não ser pior do que os outros. E no entanto, perdoar é Santo, sempre que é verdadeiro. Ainda mais se se trata de perdoar os pobres de espírito, que seus serão os Reinos do Céu. À santidade não chegaremos os mais de nós, mas que diabo, salvo seja!, podemos aspirar.

Tenho todo este novelo a desembaraçar-se no cérebro, frações de segundos ou minutos inteiros, não sei, e ouço-o reforçar:

- Por agora deixemos o Bruninho de lado, combinado?

Magnânimo Silva, sem arrogância, sem ódio, diz-me o meu anjo.

- Nem penses! Há-de ser ainda pior! Filho de um grande transatlântico de meretrizes siflíticas... - Respondo eu.

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