quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Resumo da Semana: A TascaTV revivalista



A minha geração é espetacular. Quanto mais não fosse, porque eu faço parte dela, já se sabe. Há pequenas coisas que nos distinguem e, sobretudo, há gostos que só nós tivemos. Molhar a cama ao som da Sabrina é um. E o Natal dos Hospitais é outro. Mas o a sério, o que contava para o totobola. Como o Festival da Canção. Não é essa coisa aparvalhada que agora se vê. Aquele com soberbos artistas, como o Marco Paulo ou o Zé Malhoa, em antes de ter uma filha a gerir um bordel ou lá o que faz a cachopa.

Agora que me ponho nisso, há uma coisa que sempre me fez confusão: A data. Porque raio é que o Natal dos Hospitais havia de ser tão cedo? Cheguei a querer ser internado para receber as prendas antes do resto da malta. Por outro lado, noto hoje que era - e ainda é! - uma grande falta de consideração pelas pessoas doentes/adoentadas/entrevadas/abandonadas (riscar o que não interessa) por esses hospitais afora. Como se lhes dissessem: Pá, é kagente num sabe se vocês duram até ao Natal mesmo, por isso despachamos já isto, se não se importam. Ao menos falecem consolados.

Mas não vos preocupais, oh malta da Tasca, é tempo de retomar a tradição. E assim vos anuncio a primeira grande produção da TascaTV: O Natal dos Hospitais. Não há embolia que tire o sorriso aos nossos acamados. Já para não falar no esplendoroso cenário, está claro.

- Qual cenário, Silva?

- O que você quiser, naturalmente. Está tudo dentro da sua cabeça.


...


NATAL DOS HOSPITAIS

Deu-se a barraca esperada no caso BANIF. A batata quente caiu nas mãos do novo Governo que lá teve que atamancar uma espécie de solução qualquer, à custa do pessoal do costume. O apoio parlamentar que assegurou a posse a António Costa pirou-se para parte incerta, ficando o executivo triste e só, qual lampião.

- O Vitória?

- Sim, pode ser.

Com a Esquerda unida ocupada com as compras de Natal, restava ao nosso Primeiro a esperança de que o sonso da oposição lhe valesse

Assim, a primeira atuação é do nosso futuro ex-Primeiro, com a banda Calcinha Preta. Dá-le António.

- Esta é para ti, Pedro. - Bate com o punho fechado no peito, do lado do coração. - Estamos juntos. Atenção à coreografia, oh aleijadinhos. Booooraaaaa!!


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Por falar em gente que governa sem ganhar eleições, nuestros hermanos arranjaram um molho de bróculos ainda mais engraçado que o nosso. Não podem ver nada, chiça. Ninguém faz ideia como é aquilo se vai desatar. 

Numa performance única e nunca mais repetida, Mariano, Pablo, Albert e maijum que agora numalembra o nome, juntam-se à enorme Dina. É lindo, caraças!

- Pues buenas, muchachos y muchachas. Afinfale Marianito.


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Já do lado da bola, temos a Doyen e a calimerada. 

(Pausa para mudar fraldas dos acamados que se molharam de riso)

Fechamos pois com chave de ouro, com a grande atração internacional deste espetáculo de truz. Junta-se o Bruninho ao Beck e sobem balões multicolores. Catita.

- Despacha-te lá oh gringo. Até o anão coxo anda mai'rápido que tu. Não te pões a pau, ainda dás uma perninha a central a partir de janeiro. É um, é dois, é três...

- Até vão ser quatro, no dia 2, oh filho de uma gand... - Entra o genérico.


...

Outro dos momentos quase esquecidos da nossa TV, é aquele primor de serviço público, o zénite do bom gosto televisivo, que dava pelo nome de "O Juiz Decide". Como ainda não temos fundos para contratar a Érica Fontes, ela própria aparentemente sem fundo, a administração da TascaTV optou por fazer um remake da cena do juiz - salvo seja! - no sentido de ganhar audiências. A ver se dá porrada e assim. Oxalá.


O JUIZ DECIDE

- Atão o senhor encontra-se aqui acusado de ter sido esfaqueado umas 50 vezes, não é verdade?

- Si.

- Para contar este caso, está aqui esta moça burra como uma porta de contraplacado, mas boa cumómilho. Ohfaxabor, Vanessa. - Ela atira os cabelos para trás dojombros e lê compenetrada.

(Pausa para o explicar ao Berto que compenetrada não quer dizer isso...)

- Obrigada padrinho. Ora então, este senhor viu-se perante um meliante maijómenos da altura da Marisa Matias, pra mais, e com uma largura de ombros ligeiramente inferior ao perímetro abdominal do Pedro Guerra, que brandia uma faca que mais parecia o sabre do Sandokan. Segundo o auto, o sujeiito terá berrado "é baixar as calças muito rápido e atacares os sapatos sem dobrar as perninhas, oh coisinho". Ato continuo, terá lambido as beiças e, citando o auto, riu-se de forma lúbrica. O acusado, aqui presente, terá então respondido "que no", ainda de acordo com o auto. Mais se acrescenta que fez peito ao meliante. Este, frustrado no seu intento, procedeu a esfaquear o acusado umas 50 vezes. Posteriormente apresentou queixa contra o senhor, alvo do dito esfaqueamento. Por danos morais e assim. - Cala-se e olha o juiz, que toma a palavra, fitando o acusado:

- Isto é verdade?

- Si.

- Ora, nesse caso, está bom de ver que o senhor é mesmo culpado. Então mas lá lembra a alguém por-se de tal maneira a jeito de ser esfaqueado. Você, meu menino, se fosse uma gaja boa, cumáli a Vanessa, havia de andar com o seu belo corpanzil meio à mostra. E ainda havia de se admirar de ser assobi...errr...violado. Culpado! Culpado! Mil vezes culpado! - Bate com um martelo de São João na mesa. Kié? Não há fundos para adereços melhores, olha que caraças! Ainda assim, estamos à frente do Porto Canal.

Entra o genérico sobre o burburinho do publico que vaza a sala. Ainda se ouve uma conversa entre dois maduros, em fundo:

- Quem era o tipo, fazes ideia?

- Eu não. Acho que era Espanhol.

- Chamava-se quê? Júlio, nera?

- Opá, kejber que é aquele...o...o...coiso. O que é pai do Enrique.

- Do Enricki Martin?*

- Esse mesmo. Aiai, la vida, la vida...


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* Com uma vénia ao excelso Rouxinol Faduncho, a quem se rouba a piada dos filhos do Júlio Iglesias - Enrique Iglesias e Enricky Martin. Para que fique completa a homenagem, pega lá o palco oh Marco, mi barraca es su barraca...


...

- O que está a ouvir, Senhor? - Ele tira os auscultadores.

- Os votos da Tasca. UM BOM NATAL a todos, meus filhos.

12 comentários:

  1. Belíssimo, como (quase) sempre.

    Grazie e Feste Felice (para não ser acusado de xenófobo)

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  2. O meu irmão tinha um poster da sabrina,com a moça de vikini..quanto ao juiz decide,o espanhuelo é culpado até de ser culpado, a gente ganha o mérito é dos jogadores, os jogadores falham golos só com o redes pela frente e a culpa é do treinador, como diz o ditado mais vale cair em graça que ser engraçado,é o resultado da descultura de exigência do nosso clube...
    abraço joão Moreira

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  3. eu gosto é da Samantha Fox (a "velha rivalidade"). mas a Sabrina também me parece bem. só não sei é o que pensa sobre este assunto a tua cara-metade... adiante.

    olha, Boas Festas e um Feliz Natal, para ti, para os teus e para os clientes desta distinta Tasca. e por falar em tinto, avia aí três shots em fora-de-jogo posicional, para o caminho :)

    abr@ço forte
    Miguel | Tomo III

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    1. Bem visto, tenho que lhe perguntar. Espero que vá pela Sabrina! :))
      Feliz Natal da malta toda para vocês.
      Grande abraço.

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  4. Feliz Natal ao Silva e á sua TV dos anos 80...
    E o espanhol que deixe de se por a jeito para não apanhar juízes destes!!!

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    1. Com juizes assim, não há Espanhol que resista.
      Feliz Natal Felisberto. E não se esqueça, o próximo é o último ano dos Sabbath. Desejo que os possa ver ao vivo. Era uma rica prenda hein? \m/

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  5. Um feliz Natal para o Silva e os frequentadores da tasca onde se serve um Porto de qualidade, um Vintage.
    Abraço

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    1. Obrigado Vila Pouca. Sempre vintage para clientes especiais :)
      Abraço.

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