Pois claro que é um orgulho os sub-19 serem campeões europeus e nacionais; naturalmente que é maravilhoso festejar os títulos do hóquei e do andebol; raios, venha até a natação, que ganha sempre qualquer coisa e ninguém liga nenhuma. Ganhou?; ah, e o bilhar, evidentemente, porque não queremos deixar o Figo mal visto.
Maaaaas, quando se calam as redes sociais, o Porto Canal, os grupos de Whatsapp e o cansaço me empurra a testa para a almofada, a enorme testa de melão que transporto, lembro-me dos meus amigos lagartos e das festas que foram fazendo ao longo dos anos. O passado aqui é que me fode, porque é o meu presente. Raisparta!
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Isto a propósito de ter dito a pessoas várias, aqui há atrasado - no dia menos um - que SC me fazia lembrar alguém. Uma aura Jesuíta, chamei-lhe. Isto dos podcasts é giro, porque depois se pode dispensar testemunhas.
Anos passados, devo desde já esclarecer que, para meu descanso, se confirma uma diferença abissal da qual, apesar de tudo, desconfiava: SC tem muito, mas em toneladas, mais classe do que JJ. Basta assim, não preciso de esmiuçar isto. Classe, em tudo.
Fiquei ainda muito agradavelmente surpreendido com outra característica que os demarca tão claramente que parece que foi lavada com Omo: SC gosta mais do FCP do que JJ alguma vez gostará dos clubes que treinou/treinará. Todos juntos. No contexto em que chegou e em que se vai movendo, no esgoto que é a nossa Liga, esta diferença é de uma importância vital. Creio que não teríamos ganho nada se ela não existisse. Bola!
A terceira diferença é ainda melhor: Europa! O nosso Sérgio quer ganhar. Sempre. Até a Taça da Liga, quanto mais as competições europeias. Sem pestanejar ou pensar na mossa que uma goleada pode fazer na sua imagem. Ao contrário dos que abdicam à partida e apostam apenas naquilo que lhes parece menos improvável poderem ganhar. Nisto também reside a capacidade que SC teve de reanimar o espírito do Dragão. Para lá da chatice da dança de abertura de época, espada incluída.
De resto, está lá tudo. A abordagem atacante ao nosso campeonato, embora com menos experiência e mais ilusão, o que leva a que se privilegie sempre o músculo à razão; o messianismo consubstanciado naquele “como isto estava antes de eu cá chegar!”; a culpa que é sempre de outro qualquer, mesmo enquanto se está a dizer “eu é que sou o líder, a responsabilidade é toda minha!”; o esticar jogadores para lá dos limites adequados; a incapacidade de perceber que fazer diferente não é ser derrotado nem revela pouca convicção; o facto de faltarem sempre opções de qualidade, jogadores que pediu e não tem e que deveriam ficar no lugar de jogadores que tem mas nunca vai utilizar. Porque não os pediu!; a gestão minuciosa dos momentos e da forma de comunicação, muitas vezes, que não todas, sob a capa da genuinidade, do coração ao pé da boca e da frontalidade; e, claro, o número de vezes que um jogador da formação tem que nascer para caber numa sua equipa. A menos que seja à força. Viva, Diogos.
Nesta questão da formação, diga-se que entendo. Dado o modelo e a forma de jogar, comparando com o que os miúdos aprendem no FCP ao longo da formação, dificilmente poderiam ser solução para uma equipa de SC. E era urgente ganhar! Na minha opinião, a Direção sabia disso quando escolheu o treinador e lhe pediu o que terá pedido. Se não sabia, é incompetente. Oh wait...
Posto isto, num país normal, fosse também eu normal e o futebol um desporto normal, a avaliação do trabalho de SC teria que andar entre o brilhante e o muito bom, sim senhor. Duas épocas de limitações financeiras: 1 título; 1 supertaça; 1 final da taça perdida nos penalties; 1 final da taça da liga perdida nos penalties; 1 presença nos 8 melhores da Europa e outra nos 16; segundo lugar no campeonato, em luta até à última jornada. Comparem lá isto aos anos anteriores. Como diria - e disse! - SC, como isto estava antes de ele cá chegar. Está claro que se esquece que “isto” vai muito para lá dele, envolve outros que também devem ter trabalhado melhor ou então - ah poijé bebé - nem puderam estragar, tão pouco era o dinheiro que circulava. Cá está um pretérito imperfeito que me assombra.
Só que há os adversários. O estado em que uns se puseram e nós conseguimos pôr outros, do qual tratámos no post anterior, não pode ser passado a pano. Na verdade, repito, em dezembro isto estava mais ou menos resolvido. Todas as características que analisámos antes se conjugaram, aliaram-se ao que deveria ser o último estertor do fétido polvo encarnado e deram uma bosta de proporções épicas. Ou seja, sim, há culpas próprias e, para mim, boa parte delas, atendendo ao contexto, são do treinador. De todas as outras está ele ilibado E, como sabemos, não são poucas, não senhor.
Este é o homem que não aposta em Oliver, que prefere sempre Fernando Andrade ou André Pereira a Adrian, que é possuído por NES quando olha para Brahimi, que opta por jogar, no campeonato nacional!, com Militão à direita, que baseia o seu jogo no duelo e na segunda bola. Sim, porque não podemos dizer que queiramos ser uma equipa basto criativa e que protege o Felipe dos seus escorreganços. E é isto que torna Marega imprescindível.
Se repararem, tudo o que mencionei só é uma crítica do MEU ponto de vista. Porque olhando ao que são as características de SC, faz todo o sentido. Quero com isto dizer que são escolhas coerentes e que entendo perfeitamente. E sim, são as mesmas que nos deram um campeonato que tínhamos absolutamente que ganhar. De todo o modo, não gosto delas. Por isso, a azia de agora ter perdido transforma-se em fúria. Mas vá, tenho noção disso, ao contrário dos que defendem o oposto e raramente, quase nunca, conseguem falar de bola. Só de espírito e raça e intensidade e quais são dos nossos e quais são contra nós. que é todos os que se atreverem a discordar, naturalmente.
E lá voltamos à Ordem dos Jesuítas. Eu sei bem o que disse quando JJ esteve perto de ganhar tudo e tudo perdeu. Lembro-me bem do que ouvi a minha gente berrar aos ventos: Aqui? Nunca seria possível! Rua, na hora.
Pois bem, aconteceu. Foda-se! Até o discurso do “excelente época, estivemos nas decisões todas, isso é que é!”, até isso - só mais tarde corrigido - aconteceu. Não sei se por se recordarem do que JJ ganhou depois disso, se por - e é mais provável - este ser dos nossos, lágrimas na derrota incluídas, o veredicto agora parece ser muito diferente. Conviria talvez recordar COMO JJ ganhou depois de ter perdido. Aliás, como o próprio ameaçou fazer a determinado bandeirinha, quando defendia outras cores. Amigos, esse tipo de reforço não teremos. Continuaremos a chafurdar na lam...na merda! de competição e de país que temos.
Ou será que alguém pode duvidar que, fosse Sérgio Conceição treinador do 5LB - ou venha algum dia a ser - já seria - ou virá a ser - um herói nacional? Elevado a mito, ao nível do melhor Mourinho? Que digo? De um Cristiano Ronaldo! Sendo nosso, e dos nossos, é tratado como um grunho. Que está longe, mas tão longe, de ser.
Ou será que alguém pode duvidar que, fosse Sérgio Conceição treinador do 5LB - ou venha algum dia a ser - já seria - ou virá a ser - um herói nacional? Elevado a mito, ao nível do melhor Mourinho? Que digo? De um Cristiano Ronaldo! Sendo nosso, e dos nossos, é tratado como um grunho. Que está longe, mas tão longe, de ser.
Por outro lado, não enfrentaremos um período de continuidade e estabilidade. Teremos que refazer a equipa e, com ela, o projeto. Se havia e vier a haver algum. Estaríamos pois em tempo de tomar decisões estruturais acerca do tipo de líder que queremos. Estaríamos! Porque não estamos, uma vez que a decisão foi tomada antes do jogo no Dragão contra o toupeiral corrupto. Está decidido, está decidido, mais à frente falaremos do que, para mim, isso deve implicar.
Não, não fugi com o rabo à seringa neste suposto julgamento pelo fogo: eu terminaria aqui o ciclo. Fim. Obrigado. Next please.
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Ciclo mais que terminado. A partir daqui vai ser mais penoso que uma procissão de velas ou da 2ª época do Lopetêgo.
ResponderEliminarSr. Silva, tivemos razão antes do tempo.
ResponderEliminarAgora, todos vêm a cagada que é Sérgio Conceição.
Os acrobatas do costume, já estão a dar as cambalhotas habituais.
São como as taínhas.