Eu gosto de figos. O facto é assinalável, uma vez que eu passo pela fruta direitinho ao cimbalino (estive bem, poistive Jorge?). Não posso sequer dizer que isto seja uma convicção, pois que não se dá tampouco o caso de não gostar de fruta. Não é, portanto, um desgosto. É uma espécie de indiferença. Queres esta maçã? Não. Se calha dar-lhe uma dentada, até me sabe bem. E esta pêra? Idem. E um pêssego? Na. Mas se pensar no som que faz quando está no ponto, a despegar-se a metade do caroço, inteira, caramba, afinal gosto de pêssegos. Mormente carecas. E sumarentos, de deixar o braço da pessoa todo peganhento. Mas lá está, não me dou ao trabalho de ir buscar a peça e me dispor a comê-la, seja a fruta qual for. Excepto pelas bananas - mas acho que isso me vem com o sangue - e os figos. Uma ou outra papaia, muito espaçadamente.
Curiosamente, o figo não é um fruto. É um receptáculo de centenas de pequenos frutos a que vulgarmente chamamos sementes. É por isso que eu acho que por cada figo que como, compenso as centenas de peças de fruta que havia de ter comido. E estive a lixar-me para isso. Digamos então que o figo é um falso. Fruto.
Apesar disso, gosto de figos. De todas as variedades. Por exemplo, o pingo de mel, com a sua cor esverdeada. Gosto quando têm aquele aspeto fresco e lisinho. De preferência com umas gotículas a deslizarem-lhe pela pele. A pessoa atira ajunhas à coisa e abre-a a meio, para revelar o interior rosado e húmido, apetecível. E tão docinho, nhami. Também aprecio bastante aquela variedade preta, de interior quase vermelho. O contraste da cor da pele com o fogo da polpa atrai-me. E sabe a figo, ainda por cima. De cair de boca e lambuzar-se a pessoa.
Trata-se, de facto, de um fruto que remete para um Universo imagético muito sugestivo. Feminino, ao nível da genitália. Vaginas, pois. Tinha que ser falso. E frágil. Poijé, poijé, o figo é um fruto muito frágil, pelo que a sua conservação em boas condições é muito difícil. Que é como quem diz, apodrece depressa. Ou se come assim que se tem a oportunidade ou é melhor não voltar a pensar nisso.
Em suma, o figo em boas condições é uma delicia, seja lá qual for a variedade. Se deixarmos passar um bocado, ainda tem bastante encanto, madurinho e seguro de si. Mas lá está, quando se dá por ela, está podre. Já não se aconselha a ingestão. Digamos que, passado o tempo em que o figo é figo na sua plenitude, cumprindo aquilo para que se plantou, tudo o que lhe resta é ser uma reminiscência de...vagina. Concluímos então que o Figo é um conas.
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Como já vimos, nem todos os Figos são verdes. A bem da verdade, devo confessar que esses até são os que menos me afligem. Que um lagarto goze comigo, eu até percebo. O que me lixa mesmo - e já terão reparado que não deixo passar - é quando uns supostos azuis e brancos se armam em Figo. Fazem-me logo lembrar maçãs podres. Acho sempre melhor deitá-las fora, ou cortar-lhes a parte apodrecida.
A um e outros, aqui fica uma pequena atualização, a bem do seu conhecimento geral e no intuito de os poupar a figuras tristes:
O FCP ainda não ganhou no bilhar. Isto porque as competições nacionais não terminaram. Nas internacionais, perdemos a final da Taça da Europa. No entanto, é verdade que o Clube tem dominado a modalidade cá no burgo. Aliás, como acontece com a Natação Feminina. Parece-me mal discriminar.
Ah, majé de bola que se trata, não é? Os tais três anos de míngua, de abismo, de fundo do fundo. O tempo em que só ganhamos no Bilhar. Afinal, vai-se a ver, nem isso. Triste sina, fado fatal. Seja.
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Os Juniores A do FCP sagraram-se Bi-Campeões Nacionais. No triénio que agora se conclui, o outro Campeão foi o Braga. Os Juniores B disputam nesta altura a Fase Final do respetivo campeonato. Os anteriores Campeões são o Vitória de Guimarães e o 5LB. Todos sabemos quem ganhou a Cenadochinês LigaPro. Sendo que nas duas épocas anteriores, o FCP B tem um 13º e um 2º Lugar.
Se quisermos ser inclusivos, poderíamos dizer que o Andebol também tem uma bola. E ganhámos 2 em 3 campeonatos deste triénio. Olha, o Basquete também se chama bol. Fomos Campeões em todos os campeonatos em que participámos nas ultimas três épocas. Apesar de mais pequena, a bola do Hóquei também é redonda. Zero! Nada para amostra. Nem uma Supertaça do Fonseca. E por fim - alvíssaras - aquele desporto que mete várias bolas e tão do agrado do conas. Digo, do Figo. Epá, ganhámos uma porrada de títulos. Até cansa escrever.
Para um péssimo mandato, assim visto de cima, nem parece mal. Só que estes títulos são como um espetacular sistema de ensino gratuito e universal. É a melhor raiz para um futuro radioso e para a alegria do Povo. Mas se depois os fantásticos médicos que forma, mal ganham para comer ou, em ganhando, não têm lá muito para comer, a coisa não funciona. É Cuba. É uma raiz que vai dar uma trampa de uma figueira famélica, em vez de um pomar verdejante. Ops, desculpas. Azulbranqueante.
O solo é bom, as sementes estão testadas, o sistema de rega funciona, os lavradores são competentes e o modelo de distribuição já deu provas. Só precisamos de uma gestão atenta e de um capataz de qualidade. É agora! É agora? É? Agora?
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Soundtrack for 16/17: Gonna be wild!
A resposta do DD está curta e grossa como o figo mereceu mas este texto está com mais pinta, acho que o figo ficava com mais cabeção a ler este texto hortícola que o da numismática. Abraço
ResponderEliminarJoão Moreira
Ena, obrigado João. Li a resposta do DD num jornal qualquer. Também achei muito adequada. Mas lá está, servimos propósitos diferentes. Eu posso divertir-me como bem entender com estas postas :)
EliminarAbraço.
ResponderEliminarcom que então, o menino é mais papaia (você, claro!). e de bananas. pois então que, assim de repente, e porque também é um tema actual, com matarruanos à mistura, lembrei-me deste clássico aqui. espero que gostes :D
ps:
«concluímos então que o Figo é um conas»
soberbo. simplesmente soberbo. obrigado por mais uma gargalhada ;)
abr@ço
Miguel | Tomo III
Fica sempre bem um clássico desse emérito transmontano :)
EliminarQuanto ao figo, é uma dedução simples. Elementar, meu caro Watson de Lima.
Abraço.
Uma vez conheci uma gaja, que sexualmente, tinha orgasmos precoces, tipo mal se toca e aí vai ela toda derretida e aos gritos e soluços.
ResponderEliminarSe este texto tivesse vindo com uns 30 anos de antecedência, eu diria que a fulana, nesse caso, era uma conas pingo de mel!
Peço desculpa pela traição da lingua portuguesa!
Olha que lata hein? Chama-lhe pingo de mel e depois pede desculpa pela língua. Ora, ora, não me parece que a sua figa amiga precisasse de desculpas ;)
EliminarAbraço
Ó Silva, o Figo até era fixe quando usava o cabelo com aquele corte à vassoura de piaçaba.
ResponderEliminarAgora é mesmo um cóninhas
E caladinho era um poeta.
EliminarEu também gosto muito de figos. Tanto que nem os posso ver. Acabo logo eles.
ResponderEliminarQuanto ao figo Luís, parece-me que se limitou a esvaziar a bilis pelo não-apoio de PdC. Não me incomodou em si mesmo. Incomoda-me sim o facto de hoje em dia qualquer bandalho se arriscar a dar bicadas no Porto. E mais ainda, incomoda-me que saiam impunes.
Somadas todas as conquistas listadas, sobram... zero títulos onde eles mais contam. O resto são figos podres.
Será desta? Será? Desta?
(nota: email pendente...)
Yep, mas se ele pode soltar a bílis, eu também posso. Isso dos títulos é, de certa maneira, verdade. Mas não percamos a perspetiva: há coisas a serem, aparentemente, bem feitas. Será desta pois!
EliminarImaginem os anos dele em Italia a ser chamado Figa.
ResponderEliminarStronza figa, mais propriamente...
EliminarBem-vindo Marvel. Volte sempre.
Ainda bem que as palavras do figo conas (que bela dedução lógica), incomodaram e incitaram os nossos à resposta!
ResponderEliminarMesmo aqueles que foram tantas vezes figo nos últimos anos...
Abraço
Figos não faltam. Da-se um patarrão numa figueira e caem logo 3 ou 4.
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