segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Rojões com sarrabulho e uma malga de verde tinto



Há vários fatores que me levam a preferir que o Braga perca jogos, exceto quando são contra lampiões ou lagartos. Sendo que, no caso dos primeiros, parece que os próprios bracarenses preferem levar na pá.

Não que antipatize com a cidade, até pelo contrário, está-se bem por lá e já fui muito feliz no Bom Jesus. Quais pecado? Tenho culpa que instalem hotéis no monte? Mas assim cumássim, eu cá sou um labrego bonacheirão e ando quase sempre todo contente. Ajuda muito a vida correr bem no âmbito da sorte ao felatio, diz que ajuda. 

De todo o modo, acontece que sou por Guimarães. Sempre por culpa da companheira de expedições, mas também da Taberna do Trovador, do Café Oriental, do mau gin do Coconuts, dos 3 filmes por dia no cinema, dos castelinhos e dos jesuítas, dos passeios de mão dada pelo empedrado das ruas onde nunca nos perdemos. Os sítios são o que lá vivemos e eu perco-me de amores por Guimarães.

O que não invalida que fique todo contentinho quando o FCP enraba violentamente e sem lubrificação o Vitória. Cinco vezes. Lá está, é uma paixão assolapada. O pessoal de Braga que não se amofine, temos sempre preferências nesta vida. A gente senta-se à roda de uma posta de bacalhau e discute isso, ok?

...

Ai, espera, isto era por causa da bola! Na série “Bela minhota”, passámos de um injusto empate em Moreira de Cónegos - que é quase Guimarães - para uma merecida vitória sobre os burmelhos de Braga. Inchem, bem feito! O povo ficou todo feliz, porcakilo em Moreira foi uma vergonha, majisto com o zbordem rubro - dass, é que lhes corre tudo mal! - até deu gosto. 

Conforme esperado, a malta vê a bola depois de olhar para o marcador. Até tem o seu sentido, mas não significa que estejam certos. Sobretudo porque não estão. É mais por isso.

Seja como for, o que era efetivamente essencial era ganhar o jogo. Ainda lhe juntámos o facto de ganhar bem, sem mácula. Daí a escolhermos o Sérgio Oliveira como MVP no mesmo jogo em que o Alex Telles fez um - outro! - hattrick de assistências, somando piscinas e boa decisões pelo corredor, é mesmo de quem lhe parece boa ideia festejar, à luz do telefone, uma vitória aos 75 minutos de jogo. Malta, isso é como o unicórnio: aquece a Alma, mas não existe. Se acreditamos que o público influencía o desempenho da equipa, então temos que ser responsáveis no nosso papel e não nos pormos a transmitir a ideia errada para dentro do campo.

Esteve mal, o Oliveira? Nem por sombras. Esteve até muito bem, para o que o Oliveira faz. Desde logo, fez coisas que o Óli, sem veira, não faria: ganhou algumas duas bolas de cabeça na luta do meio-campo, entre outras boas recuperações; e marcou um golo que o outro não marcaria, por ser má’canito e por ter tendência a não estar na área, a dar cabo da marcação ao adversário. De resto, muito certinho o Sérgio, sem grande risco nem grande rasgo, mas consistente, mormente na primeira parte. Claro que quando se tratou de recuperar a posição e ir atrás dos adversários que se lhe escapavam, a coisa piorou um bocado. Lá foi indo, chegando quando chegasse, embora se deva louvar o esforço que foi patente. É perder dois quilitos em cada nalga e ainda vai a tempo de ser o jogador que, na verdade, é. Só que não sabe...

No geral, a equipa entrou bem de novo. Claro que toda a gente diz que no sábado sim, entrámos a pressionar, a dominar, a querer ganhar, arroz de tomate com pataniscas, intensos, os seios da minha prima, a raça, o querer, a tragédia, o horror. Tudo ao contrário do jogo anterior. Mas é só porque ganhámos, porque no fundo, não foi nada assim tão diferente. Não entendam mal, foi bom! E a relva muito melhor, a testemunhar que se acabou o chuto para a couve, às costas do Moussa. Gosto.

A diferença talvez esteja no facto de o adversário ter tido duas aproximações à nossa baliza, contra zero a meio da semana. E ter marcado um golo. Ao passo que nós tivemos menos oportunidades. Tenha-se em conta que estes minhotos são mais capazes que os das camisolas feias, o que explica uma menor inclinação do jogo. De qualquer maneira, uma boa primeira parte, com um resultado justo, se bem que escasso.

A segunda metade foi piorzinha, foi sim senhor. Os anormaloides decidiram subir mais um pedacinho e apertar com o nosso meio-campo. Apesar da disponibilidade do bom do Hector que corria a todo o lado, mesmo que nem sempre saísse bem depois de recuperar a bola, a equipa começou a berrar por um terceiro médio. Alguém que nos deixasse ter mais tempo a bola e injetasse algum sangue fresco, e frio, ao nosso jogo. E o treinador pensou: Oh, xósberrar maijumcadito, não se vão habituar mal.

Quando por fim se decidiu, tratou de quebrar a monotonia. Entre a opção de meter o médio de posse que tinha a aquecer - como sempre - ou o falso ala capaz de fazer o terceiro médio, posição que lhe exige menos conhecimento da dinâmica dos colegas e da equipa, o treinador resolveu quebrar a monotonia da previsibilidade: Oh Pálinho, anda cá. Baijentrar ali para o meio de nenhures, nem avançado, nem médio, atento ao central ou ao tronco, cuidado para não levares com o Hector em cima e resolve-me lá uma equação do terceiro grau enquanto cantas as janeiras. Anda, rápido, siga. 

Resultado, andou o mister a conversar com meia equipa na linha lateral, a tentar explicar uma coisa que, aparentemente, nunca tinha treinado. Ou então aquela malta faltou a esse treino.

Apesar da confusão, ter deixado o Oliveira mais fixo e ter um Herrera capaz de fazer três jogos seguidos devolveu-nos algum controlo. Depois, quem tem um Yacine e não o deixa a ganhar mofo no banco, merece sempre o que o rapaz consegue fazer. Que é pouco maijómenos tudo. Pumbas, trêzum, depois de um valente Sá nos ter salvo de novo empate. A seguir...foram mais luzinhas.

...

No fundo, a malta tem razão. Isto é bom quando se ganha e ponto final. Eu cá também fico (ainda) mais contente. Não preciso é de fazer de conta.

7 comentários:

  1. Concordando com o que dizer, foi um bom jogo. E o Braga é um bocadinho melhor que o Moreirense, pronto. Acho eu.

    Abraçom

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  2. Braga ou Guimarães? Esposende. Pronto. Mas se for para ir comer bem, qualquer um dos três serve. E só pelas redondezas, chegaríamos facilmente à vintena. Já o verde tinto, diz que é bom corante para a indústria têxtil - deve ser por isso que todos o bebem, para aumentar a produtividade. Só é pena não ser vinho.

    Sobre o futebol, esse mistério silviano, é melhor não insistir. Diz que não se deve contrariar no pico das crises :-)

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  3. A minha irma estudou em Guimaraes na Universidade do Minho. Tive um colega que era de Ronfe!!! Que raio de nome! Conheco Guimaraes um bocadinho so. Mas lembro-me que havia uma Praca porreira rodeada de edificios, toda ela de calcada Portuguesa, onde se tomavam uns belos cafes e onde se passava cinema ao ar livre. Eu tinha 15 anos por isso lembrar-me disto no meio das tetas enormes de todas as colegas dela no pico da adolescencia... e ja em si um milagre!

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    1. Continuam lá! Os edifícios à volta da Praça, a calçada, os belos cafés e as soberbas mamas das colegas todas... You gotta love that city!

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