O pão tem que ser alentejano, de cabeça, e é preciso esvaziá-lo de miolo, torná-lo oco como o discurso do António Costa ou o projeto de governo do BE.
Aquece-se o forno e entretanto refoga-se uma cebolinha, dois dentes de alho, uma porção de cogumelos frescos e um chouriço feito em cubinhos. Convém que o enchido seja primo do pão.
Junta-se uma farinheira da mesma família, sem tripa e feita em farrapos, leite e natas. Menos na Tasca. Na Tasca faz-se diferente. O leite fica, mas as natas são mais leite, com um requeijão lá batido e uma colher de farinha. Fora com as natas. A outra diferença é que antes dos líquidos, ligam-se os enchidos com dois ovos mexidos na mixórdia.
Deixar encorpar, mas sempre ficando cremoso. Depois é só rechear a cabeça do António, quero dizer, o pão, cobrir tudo com muito queijo ralado e umas rodelas de chouriço e levar ao forno a gratinar e torrar.
Por falar em torrar, faz-se isso ao miolo, que não faz sentido nenhum servir outro pão que não o que antes se descerebrou, tipo liderança bicéfala dos Bloquinhos.
A espera é sempre curta. O cheiro espalha-se e muito rapidamente se ouve:
- Silva, venha de lá um Casqueiro e uma Mula Velha. Tinta, pois claro!
Ena, abençoado subsídio de Natal...
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