quinta-feira, 2 de junho de 2016

Bonecos. E outras dificuldades de adaptação.

Belo boneco. Gosto.

A mai'nova embirra com a minha roupa. Do alto da sua púbere sapiência, olha-me com uma certa condescendência filial e decreta amiúde: Essa roupa não é para a tua idade. Acho que tem razão, muitas vezes, mas não lhe ligo nenhuma. Para mal da sua vergonha.

É certo que me considera pré-histórico e também está claro, na sua douta opinião, que existem trajes que se coadunam melhor à minha provecta idade. Acho que é peles de tigres-dente-de-sabre e mamutes e assim. Não, não é da Idade do Gelo, que isso não mete vampiros e lobisomens, Deuzalivre. Bonecos são coisas para a menina que ela já não é, dentro daquela cabeça de ervilha mirrada. Menos para exigir um mimo no Dia da Criança. Estupidez adolescente, sim; parva é que nunca!

Mas se me ponho a pensar nas coisas, concluo que, de facto, já vivo há um zilhão de anos. Vou no segundo século, na quinta década, na enésima mudança de paradigma social, na bilionésima fase da parvoíce Humana. A ser simpático. E uns vinte treinadores.

...

Venho lá tão de trás que, à data e local do meu inevitável nascimento, não havia TV. Só já na Metrópole me puseram em frente do aparelho: Carregas ali e isto acende. Clique. Chuva. É isto? Não se pode dizer que perceba a maravilha de uma engenhoca que dá uma luz branca cheia de marimbondos. Alguma praga? Haviam de se pôr a pau com o milho e a mandioca. Não, estúpido! São 3 da manhã, isto só começa às 6 da tarde.

Sim, a televisão tinha horário. Conseguem imaginar coisa mais absurda? Tirando a eventualidade de não existir internet, está claro.

- Mas como é que vocês viviam? - Bate com a mão na testa.

- Tínhamos descoberto o fogo há pouco tempo. Achávamos aquilo o máximo...

...

Pousado numa terra distante onde, pelos vistos, a tecnologia avançara de modo tresloucado - ao contrário da indústria do refrigerante, pois era impossível encontrar uma Coca-Cola - ainda tive que lidar com a diferença da língua. Como já devia ser velho à época, não foi assim tão imediato perceber o que as pessoas me diziam. E ainda menos explicar-lhes o que eu queria.

Se um tipo lhes pedia uma chuínga, ficavam a olhar uns prójôtros, feitos parvos. Achavam graça quando a pessoa, não gostando de se constipar, dizia que ia calçar as sapatilhas. E não pareciam ficar felizes quando, à pergunta "Gostas?", se era simpático e se respondia, como um bom menino, "Maningue". Também ninguém se deu ao trabalho de querer entender. Chiconhocas!

Ainda demorei a encaixar termos como "pastilha elástica", "ténis", "bastante/muito" ou "preguiçoso". Pareciam-me menos adequados e tão desengraçados. Com falta de sal. Ou açúcar.

O mais confuso, however, foi mesmo decifrar os colegas de escola. Para além de não saberem o que era uma Fanta, passavam a vida a falar de bonecos. Viste os bonecos? Tens TV para ver os bonecos? O pai comprou-me um livro de bonecos. Ui, um catálogo, pensava eu. É que um boneco era...um boneco. Até um me ter dado um calduço e explicado: Bonecos animados, retornado palerma. Chapéus há muitos.

Era um bom miúdo, esse. Apesar da mania dos chapéus que não sei de onde lhe vinha. Uma tara, por certo. Uma desgraça ter acordado sem a cabeça, um dia. Ainda por cima cortada à catana, uma arma pouco vista na Brandoa. Pfff, estava-se mesmo a ver, com a quantidade de pretos que práístá. São retornados ou refugiados ou lá o que são. É tudo da mesma cepa: Gentinha.

Lá acabei por entender que "boneco" é uma palavra que dá para tantas coisas, que o melhor é esclarecer sempre o que querem dizer com ela. E ao longo dos milénios de vida - tantos que, se deixar a catraia escolher-me a roupa, há pessoas que me tratam por senhor, na rua - fui mantendo este cuidado, com assinalável sucesso. Parece uma coisa de nada, mas não é. Ora atentem.

...

Imaginem o seguinte boneco:

Reunião do Conselho

Cenário e personagens: Sala de reuniões; os membros do Conselho dispõem-se em torno da mesa. O Presidente do Conselho senta-se à cabeceira.

- Caros, vamos lá tratar da escolha. Todos darão a sua opinião livremente, mas com ordem. Seguimos os ponteiros do relógio. Começas tu, anda lá.

- O Marco - Gera-se burburinho na sala. Uns abanam que sim, outros acenam que não. O Presidente impõe silêncio apenas com o olhar. Retoma a palavra.

- Um boneco animado, portanto. Que vive no estrangeiro. Mas num porto, menos mal. Agora tu. - Aponta para o seguinte.

- O Paulo. - Obtém a mesma reação da sala. Mais curta agora, pois todos se apressam a olhar o topo da mesa.

- Muito bem, outro boneco. Desta vez, um carteiro simpático. Gosta de gatos, teremos que ponderar longamente acerca dessa sua queda para os felinos. - Faz um sinal com a cabeça para o seguinte.

- O Leo... - O Presidente interrompe:

- Irra, que mania com os gatos! Qual leo? O Simba? Acho piada ao Simba, é ternurento. E o Pumba? Epá, parto o coco a rir com o Pumba. Melhor que o Nemo. - A sala ri com a referência a outro Presidente. Faz- se silêncio, para que o manda-chuva conclua:

- Ora bem, uma vez que estamos todos de acordo, fica o Espírito Santo. Apazigua-se a malta religiosa e não ficamos assim tão longe de Jesus. Siga.

...

Como sabem, as conversas aqui na Tasca primam pela objetividade, pela síntese, pela imparcialidade e pela factualidade. Not!

Por isso, declara-se desde já que o Nuno é, de entre os atuais treinadores do FCP, o melhor do Mundo. Incha Julen! Para imparcial, não está nada mal hein?! 

Portanto, mesmo que a SAD te abandone aos cães em todas as derrotas - se houverem, o que é pouco provável - não desesperes Herlander, aqui encontrarás o teu banco ao balcão, o teu copo de três e umas lamparinas bem assentes sempre que mereceres. Sobretudo, aqui terás um cúmplice. Um gajo que se atirará aos que atirarem contra ti.

Mas confesso que não tenho ideia nenhuma do que nos vens oferecer. Pega lá a dose habitual de factualidade, pimbas. Digo, pumbas. Desconheço-te. Espero que me ganhes e estou predisposto a ser conquistado. Salvo seja, seu magano. Ou seja, tábua rasa do que passou. Quem tem que aprender que tenha aprendido. E tu, que tenhas apreendido. A mim interessa o que vem agora. O depois. O melhor que está sempre para vir.

Aqui não se assobia e não se desconfia. Parte- se de peito aberto. Contigo. Mas olha que era igual se não fosses tu. Vai dai, nada de ficares todo babado e vaidoso. Perde e apanhas!

...

- Ena, Silva, já ouvi dizer que tens um treinador novo. - Beberica o café, com os olhos claros levantados para mim.

- Bola? A sério? - Estranho.

- É. Afinal, uma moça às vezes fica sem saber o que fazer a tipos tapados. Há gajos tão tótós... Quem sabe se eu perceber de bola, aconteça eles perceberem-me a mim. - Pisca o olho.

- Hã?

- Nada, nada. Deixa lá, tótó! 

- Hã?

- Pois. É um rapaz assim meio careca e de barba rala, já um pouco grisalha, não é?

- É. - Recebo os cêntimos do café e limpo o balcão à volta da chávena.

- Gosto do género. Um boneco. - Desce do banco e sai. Acena um xau já da porta, sem se voltar.

...

Nota: No decurso da elaboração deste chorrilho de disparates, nenhuma criança foi decepada à catanada. Este facto também não aconteceu em nenhuma outra altura, tendo por interveniente o agora autor - um vosso criado. No máximo, umas murraças naquelas fuças e um pontapé no cu. Incha, para aprenderes a não te meter com o preto. Estúpido do caralho.

- Dass, Silva. Isso ficou-lhe hein?

- Não sei do que está a falar. E despache-se mazé, que eu tenho que fechar.

- Pfff, ganda cromo!

...

Soundtrack to dolls: A diablo swinging...


33 comentários:

  1. Chiça, ainda bem que nasci bastojanos depois de ti, Silva. Se não, quéqueu agora fazia com os collants rasgados, os calções mini, os corsets demigóticos...
    O tempo é danado, e o juízo da canalha armada em gente grande é cruel.

    «- Preconceituosa, miúda, é o que és! E uma miúda da tua idade não tem justificação para tanto preconceito!"
    - Ora, as pessoas devem agir e vestir-se de acordo com a idade que têm, senão são ridículas.
    - Ai é? E tu e todos os teus amigos armarem-se em maiores do que o que são? Isso não é ridículo?
    - Não! Só se aplica aos velhos!»

    Putaquepariu isto! LOL

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    1. Fizestesia, agora aturasia! :) <3

      PS. Ja tive oportunidade de lhe dizer que essa roupa lhe fica a matar, não tive, cara freguesa? ;)

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    2. Ah, os gógós, os gógós... a minha irmã também já teve uma fase dessas, antes de se tornar pseudo-hipster.... base branca, olhos e lábios pretos, coleiras e pulseiras de picos, roupa toda igual, ou seja, preta, doc martinez e a merda dos Cradle Of Filth aos altos berros a destilar azeite.... intercalada com Sisters Of Mercy, Cure e Diamanda Galas... *suspiro* hpw i hated those days...

      Gaijosesquesitos!

      Abraçom

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    3. Tirando os Sisters, é tudo ao lado... :)

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  2. Ainda bem que o NGP e sus muchachos não escolheram a Abelha Maia...
    Abraço, P. Torres

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    1. Só por uma questão de apelidos, deixe-me esclarecer que, cá em casa, o Calimero sou eu!!! :)
      Abraço.

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  3. @ SilBa

    sublime, como sempre. dos melhores momentos de um dia cinzentão, pelo que o meu "muito obrigado!".

    ps1:
    perdi a aposta. devo-te um almoço ;)

    ps2:
    para lá dos horários, a têbê, nessa altura jurássica, só tinha dois-canais-dois, sendo que um (o dois, neste caso), só às vezes. «Mas como é que vocês viviam?», pergunta-se, não é? muito sexo. mesmo muito.

    abr@ço
    Miguel | Tomo III

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    1. Ora, simpatia sua, como sempre, xôr lima.
      PS1. Nana, não apostei nada. Mas podes sempre pagar-me um almoço, está claro. tenho todo o gosto em almoçar contigo pá!
      PS2. Aliás, militante como sou, levo isso à letra até hoje. A parte do muito sexo. Mas não digo à cachopa, já se sabe. :)
      Abraço.

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    2. Eu devo-te um também, seu maluco do caralho. Tem algum jeito. A aposta devia ter dito "vale um HAMBURGER".

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    3. Mas não disse! E o que custou mesmo não foi o dólar, foi o motivo da derrota. A todos. Foda-se pá!

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  4. Bons velhos tempos da tv a preto e cinzento (o branco era uma miragem na minha Telefunken), quando a emissora começava ás 8 da noite mas ligava-se a dita cuja ás oito menos um quartilho, para as lâmpadas irem aquecendo...

    AH! E como sou de estrato social de clase baixa/baixa (mas jamais anã!), lembro-me da minha velha esconder o amado recptor de imagens no guarda-vestidos, quando a famosa "fiscalização" tocava à campaínha para indagar se tinhamos o aparelho e pagavamos a taxa ao Salazar!
    A minha mãe jurava pelos filhinhos que não tinha televisão, pois não havia dinheiro para isso, e eu pelo meio a dizer: ó manhe, quero ber os bonecos!!!
    E lá saía um estalo mais rápido que a sombra do Lucky Luke, que até o ranho ia parar aos sapatos envernizados dos ditos inspectores!!!

    Agora? Agora são 150 canais em full HD, em 4k mais o tablete que tem melhor imagem que televisão curva, carago!!!
    Pobres putos de hoje em dia, que jamais irão saber o que é uma bofetada por não saber estar calado!!!

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    1. E sabe o que é mesmo engraçado Felisberto? É que os 150 canais estão a perder os putos todos. Bem feito!
      Abraço

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    2. e isto sem fazer as contas a sofás...

      abr@çosa " ambos os dois"
      Miguel | Tomo III

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    3. e isto sem fazer as contas a sofás...

      abr@ços a " ambos os dois"
      Miguel | Tomo III

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    4. E transistores? Pá, ninguém sabe o que é um transistor! Sou oeu avô, credo.

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    5. Transistor, mais portuguesmente conhecido como "tijolo"!!!
      Os tempos aureos do Eusébio, Coluna e Águas....
      Eram os melhores do mundo a jogar na rádio! Até os locutores se babavam em losango quando falavam dos cinco violinos (que não é do meu tempo!. Não sou assim tão cota!)...
      E cá mais para cima, a norte do Mondego, era tudo uma cambada de zés-pereiras, pernas de pau e o Chico do Palácio como atracção de zoológico!

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    6. Epá, para mim, "tijolo" eram aqueles que a malta levava para a praia, para dar musica do demo a toda a gente, o dia todo, todos os dias. Raios, devíamos ter mesmo mau ar, para nunca nos terem dado uma carga de porrada :)

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    7. pois eu, eu é que sou o «avô» cá do sítio, que me recordo dos rádios de cartuchos. não são k7's, são cartuchos.

      e sobre os "tijolos", assim de repente lembrei-me desta muKa aqui. e desta outra aqui. "ambas as duas" estão interligadas. desfrutem ;)

      abr@ço
      Miguel | Tomo III

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    8. Yaaaaaaaaaaaaaa! Ainda vi um desses. Majera um auto-rádio. Do que tu te foste lembrar, caraças! E o meu cunhado tinha um cartucho dos Bee Gees. Credo, ca velhos! :)

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    9. Ah! Como me lembro bem de gravar singles do Joe Dolan (Oh My Lady Blue), da Suzy Quatro, dos Rubettes (Sugar baby Love) para o gravador a cartuchos da minha irmã que "curtia" e de que maneira esse género de música. Eu já andava mais pelos Status Quo, Rolling Stones e claro está, Alice Cooper!
      Depois acabei por ter um "Sylvano" a invenção da época. Uma malinha em padrão escocês com gira-discos, gravador de cassetes e rádio!!!!

      P.S. Chiuuuu, não digam a ninguém, mas acabou tudo na Vandôma (na verdadeira, na Sé!!!).

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    10. Agora é que isso havia de valer dólares. Sobretudo pelo padrão escocês. Um mimo :)

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  5. É maijómenos isso, é. Tirando a reunião do conselho, claro. Definitivamente preocupado com tamanha sintonia. Nem precisa da mira técnica da RTP para afinação.

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    1. Oh, não interessa. Por mim até podiam andar todos à pêra. Mas só até estar decidido. Estando, a responsabilidade é de todos, façam-se à vida.
      Abraço

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  6. Quanto ao treinador há que apoiar, dar tempo e depois sim criticar ou elogiar,em relação á t.v de outros tempos, lembro-me de estar á espera das 6 da tarde, havia só 2 canais mas com muito mais qualidade que os 150 que temos agora(opinião pessoal),e havia também as 2 cruzes a piscar no canto direito do televisor quando começava um programa no outro canal, outros tempos, mais simples e felizes sem telemóveis, internets e 150 canais, acordar ao sábado de manhã bem cedo para ver a macacada e nos domingos á tarde ouvir o relato do F.C.PORTO na Festival no rádio do carro enquanto se dava um passeio, abraço.
    João Moreira

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    1. É sinal de que teve uma infância feliz João :) Não sei se os tempos seriam mais felizes ou melhores. Nem tenho nada contra as coisas à disposição dos putos de hoje. Têm aspetos positivos. O que eu acho é que eles são estúpidos e usam-nas mal. Mas já se sabe, isto é cumbersa de velhote. Nós fizemos os mesmos ouvidos mocos :)
      Grande abraço.

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    2. Eu também não tenho nada contra haver o que há hoje em dia, eu também uso a net, telef e os canais que há agora, se estas tecnologias forem bem usadas não tem mal nenhum, o que eu quis dizer é que não trocava a minha infância que tive sem estas coisas pelos tempos de agora com tudo á disposição, abraço.
      João Moreira

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    3. Pois claro, eu também não.

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  7. Uma tasca pré-histórica, mas continua um caso sério. Ai deles que não se entendam... até os comemos, carago!

    Abraço

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    1. É que levam uma mocada no alto da moleirinha e são arrastados pelo cabelo! Espera, pelos cabelos vai ser difícil... ;)
      Abraço, grande VP.

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  8. ma·nin·gue
    (origem duvidosa)
    advérbio
    1. [Moçambique] Em grande quantidade ou intensidade (ex.: isso é maningue arriscado).
    determinante e pronome indefinido de dois géneros e dois números
    2. [Moçambique] Indica uma grande quantidade indefinida (ex.: estava maningue gente).

    "Maningue", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/DLPO/Maningue [consultado em 13-06-2016].

    Parece de facto a palavra chave para o contexto, ora vejamos.
    Começa com: "origem duvidosa", passa por: "isso é maningue arriscado" e acaba com: "estava maningue gente".
    Só falta saber se estavam para apoiar ou assobiar!

    Abraço

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    1. Grande Carrela! Depois desse cuidado, para além de babado, só posso tentar contribuir para o esclarecimento acerca da palavra:
      Dados o contexto geografico e exemplos semelhantes, creio que o termo deriva de uma "portugalização africanada" da palavra inglesa (com sotaque Sul-Africano) "many". A liberdade de utilização e a abrangência do significado são típico desenrascanço tuga. A tese é sustentada em exemplos semelhantes, como o citado chuínga, derivação de "chewing gum".
      Abraço

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    2. Faz todo o sentido!

      Obrigado Silva.

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