Cincazerix.

Não deixa de ser uma infelicidade, esta maneira de olhar para o futebol: Azul e branca, radical. Sem lugar para degradés sequer, nada de tons ou nuances. Sem mas. Azul, branca. Só.

Oh, é claro que esta infelicidade tem umas aspas enoooormes. De Basileia a Gelsenkirchen, de Tóquio a um rato atómico num relvado em Amesterdão. O tipo de má sorte que apaga as luzes e liga a rega dos melões em Almeirim.

Ainda assim, gostava que as pessoas me achassem menos fanático, como dizem. Sobretudo porque acho que estão certas. Eu sou fanático, perco a razão e não dá para discutir bola comigo. Isto é mau, porque nada me atenua o sofrimento. Que também o há.

Gostava de ter apontado o motivo da derrota. De iniciar a conversa, triste e abatido, com um "como eu tinha alertado". Ter a noção de onde esteve a culpa e de quais os erros que, uma vez corrigidos, teriam evitado o malfadado desfecho. Se ao menos me tivessem ouvido.

É inegável que há algum conforto, que não menor tristeza, nisto de se ver à distância os buracos. Até porque, se não se cai, é a mesma alegria para todos.

Eu gostava, mas esse não sou eu. Eu esbardalho-me ao comprido com o Fonseca. Irritam-me as palmas, mas dou por mim a batê-las com ele, salvo seja. Eu sei que o Peseiro é fraquinho, mas e se desta vez... Porra, desta ele consegue. Vai de azul e branco. Acima de tudo, o meu Presidente quer e pode o melhor para o FCP.

É por isso que quando o FCP perde, eu não tenho safe harbour. Partilho a dor de milhões, sem a vantagem de alguns que sabem para onde apontar: A culpa é do treinador, do jogador, do Presidente. Para mim, é sempre do árbitro. Porque se o FCP perdeu, alguém fez batota.

À distância certa, digo-vos com máxima honestidade: Não sou eu que estou certo. É mais útil ao clube quem pensa e pode ajudar a evitar o erro. Eu tendo a sentir apenas.

Depois aproxima-se o momento, antecipo a bola a saltar, e o mais longe que a minha razão vai é o espaço que me separa do irmão ao lado. Os centímetros medidos do abraço no primeiro golo. Já não demora, é logo de entrada, para haver tempo para os outros quatro. Cincazero.

Apesar de tudo isto, há algo em que não condescendo: Ganhamos todos, perdemos todos. Não há vitórias apesar de alguém. Nem apesar de Julen ou Peseiro, nem, muito menos, apesar de Jorge Nuno Pinto da Costa.

Lá está, não tenho redenção. Ou o FCP ganha e eu partilho a alegria com todos; ou o FCP perde e, para mim, é culpa de todos. 

Se o jogo for o do ter razão, estou lixado na mesma. Se o FCP ganha, tenho sempre razão. Se o FCP perde, nunca posso desculpar aqueles de que gosto, culpando outros de que goste menos. Se estão de azul e branco, gosto deles todos. 

...

Hoje, o FCP, para demonstrar que não anda a dormir, entrará em campo com 11 jogadores novos:

Ikersix; Pereirix, Filipix, Marcanix, Tellix; Danilix, Herrerix, Otavix; Coronix, Layunix e Astérix!

Inchem, Romanos dum cabrão. Cincazerix! Sem inscrever o Obélix.