terça-feira, 11 de setembro de 2018

A TascaTV entrevista o senhor Presidente da Câmara



Opá, oh Silva, isto era suposto vir cá só para uns canecos. Bebíamos uma garrafinha de 3 Marias fresquinha e tal e pronto, eu ia à minha vidinha e você ficava praí a discutir a bola com ujôtros bêbados. Ficava toda a gente feliz e já escusava eu de ter de botar este pó-de arroz. Isto é para quê, Silva? É só prágente ficar envergonhado na televisão, poijé?

- Na. É por causa do brilho da penca e assim.

Tem mesmo de ser, não é? Eu havia de aprender a ficar caladinho, a mãezinha sempre me disse.

- Isso é que era serviço!

Desculpe, como disse?

- Olhe, já está a dar.

...

- Viva, muito boa noite a quem sabe as moradas fiscais dos munícipes todos. E então, on fire?

- Está tudo bem, obrigadinho. Sempre ao serviço da população de Pedrogão.

- É capaz. Olhe lá, oh Valdemar, então diz que essa história dos fundos de reconstrução foi cá uma cóboiada e pêras. 

- Completamente falso. Não foi reconstruída nenhuma casa que não tivesse sido afetada pelo fogo.

- Nem a do cunhado do presidente de uma junta, o Manel Jaquim? Segundo consta, o único fogo que por lá se viu foi no fogareiro, até pegarem as brasas para uma sardinhada. Sardinha de Peniche, contam-nos.

- E kéjbêr que isso não é fogo. Você aqui deve assar tiras da barriga com um isqueiro. Ou então mete-as no congelador. Isso é que hão de ficar tostadinhas, com o couro todo ele em torresmo, sim senhor. E depois, eu até fui contra o casamento da irmã do senhor presidente de junta com esse trolha. Logo por aí se vê que sou inocente. A sério, Silva, estava um dótôr enrabichadinho por ela e vai a besta e pumbas, com o Manel Jaquim, Deus me valha. Agora, se o fogo impiedoso lhes deu cabo da morada fiscal, não há outro remédio senão libertar o respetivo dólar. Parece-me evidente.

- É tudo inventado, certo?

- Naturalmente. Pode haver um ou outro caso de dúvida, se quisermos ser muito picuinhas. Mas para não me sarnarem mais a moleirinha, já mandei tudo para averiguações. Um assunto que não interessa para nada, arre. 

- Porque só o fez depois de a comunicação social ter levantado a lebre?

- Oh Silva, essa pergunta é tão parva que tinha mesmo que vir de si. Então se não aparece nos jornais e nas televisões, ajassério, não é esta vergonha, como é que a pessoa há de saber? Irra que é burro. Mas para sua informação, até já assinei uma petição e tudo.

- Verdade. Uma petição contra as alegadas fraudes.

- Ai ele é isso? Então não era para acabar com as touradas em Barrancos? Ora foda-se, agora é que você me está a dar uma bela novidade. Eu a pensar que era para proteger os bois e vai-se a ver... Bem, mas o que importa é que está assinada e é de certeza uma bela causa, porque é promovida pelos dissidentes da oposição. Tudo gente de gabarito.

- Oposição atual que o senhor liderou no mandato passado. É curioso que concorra sempre pelo partido que está no poder em Lisboa, não?

- Epá, mas isso tem algum interesse para o caso? Foque-se mazé em coisas importantes, deixe-se de ninharias.

- Por exemplo?

- O apito dourado! - Bate as palmas. - Disso ninguém fala, tudo abafadinho. Frutinha, hein? Cafézinho com leite, hein? Isso não analisam vocês. Agora fogos, ui, vamos já perguntar coisas ao Valdemar. Tragam cá o Valdemar que a gente saca-lhe tudo. E o Pinto da Costa? Esse nunca tem a culpa de nada, poi'não?

- Hã?

- Agora desconverse.

- ... - A babar.

Entra o genérico.

...

- Que tal, Silva? Eu acho que correu muito bem, não lhe parece?

- Estou sem palavras. - Afundado na cadeira.

- Pois claro, sou muitíssimo eloquente. Estou aqui a reparar, você havia era de fazer uma marquise. Uma coisa assim estilo avançado, toda ela em caixilharia de alumínio, com um vidrinho martelado aí até um metro. Olhe que ficava bem catita e tinha esplanada o ano todo. Por acaso, e sorte sua, conheço o sobrinho de um presidente de junta que tem uma serralharia. Posso dar-lhe uma palavrinha.

- Pois, não sei, acho que não. E depois há o dinheiro para a obra, as licenças e essa trapalhada... - Interrompe:

- Estou a ver, seu malandreco. Sempre me saiu cá um vivaço maijómenos, você. - Dá-me uma cotovelada cúmplice.

- Hã?

- Quer que lhe chegue fogo a uma mesinha das de lá de fora, poijé?

...

2 comentários:

  1. Da roof da roof da roof isonfire.

    Fiquei indeciso, aqui ficam as duas:
    https://m.youtube.com/watch?v=9qVz0aUXLEA


    https://m.youtube.com/watch?v=Adgx9wt63NY

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