domingo, 29 de novembro de 2015

Domingo B e a gestão de expetativas


Jogaram os B, esta manhã. Por nada, só porque sim, lembremos que jogou o líder, nós, contra um dos últimos, o Covilhã.

Jogo típico de II Liga: Muito físico; trezentos e cinquenta a trezentos e setenta e três ressaltos por cada jogada; onze latagões apostados em cumprir a máxima "se não ficas com a bola, rebenta um gajo qualquer, desde que não seja dos teus"; público muitíssimo irritante a tentar arbitrar, com razoável sucesso, o jogo; e uma claque saída direitinha do Grupo Coral "As Anas Avoilas".

Como se percebe, não é fácil para os nossos cachopos encarar isto. É seguro que este não é o tipo de futebol para o qual os estamos a preparar, supostamente. Ainda menos quando o Francisco desata a herrerizar. O nosso jogo emperra sem remédio, porque o Graça sozinho não consegue fazer a máquina carburar.

Valeu pela raça e entrega, a quase equivaler o bando de trauliteiros vestidos de Calimero. Melhorámos na segunda parte, ao ritmo a que os lenhadores da serra foram perdendo gás. Mas nunca o suficiente para desequilibrar em definitivo a partida. Podíamos ter ganho, lá isso podíamos. Mas assim também está bem. Sobretudo tendo em conta que os moços vão no terceiro jogo da semana.

Algumas muito boas impressões:

Gudiño: É uma espécie de Mly, com a pose de um Iker. Que classe. Ah, segurou o empate numa defesa impossível e defendeu duas bolas com uma mão apenas. Nenhuma delas caiu dentro da baliza.

Chidozie: Wadafuck?! Se este  rapaz jogar regularmente 80% do que mostrou hoje, é trocá-lo já com o Lichnocoiso. Vai ser um caso muito sério.

Graça: Nunca dei muitos reis de mel coado por este moço. Mas a verdade é que está a fazer uma época excelente. E mesmo num jogo em que foi difícil...jogar, esteve sempre a duzentos e foi o único naquele meio campo que conseguiu dar uma ideia do que é o futebol da equipa. Saiu em vez do Francisco. Go figure.

...

Ontem, pela noite, jogaram os A. Se não estivessemos em depressão profunda, era uma bela ocasião para uma série de clichés: "Estrela de Campeão"; "É nestes jogos que se ganham campeonatos"; "Ganhar quando se joga mal é muito importante". Ou seja, um monte de frases feitas que querem todas dizer o mesmo: Não jogámos um caralho, mas ganhámos.

Confesso que nunca dei para esse peditório. Sempre achei que quanto melhor se joga, mais perto se está de vencer. Aliás, esse é um dos motivos que me leva - sim, Presente do Indicativo! - a acreditar que ganharemos com Julen Lopetegui. Por isso, a bem da coerência, e apesar de ter visto o 5LB de Trapalhoni ser Campeão, jogos como o de ontem deixam-me mais triste que outros, como o do Dragão contra o Braga. Não tenho nada contra quem pensa de maneira inversa, só não concordo.  

Como estamos com uma congestão do camandro desde terça-feira, é natural que nos fiquemos apenas pela parte do piço. E por uma velinha a San Iker, que bloqueou três pontinhos com a mesma eficácia com que despacha malta da sua conta no Twitter. E outra velinha, sem ofensa, ao Yacine, por se ter lembrado de inventar um golo que não se estava a ver como ia aparecer.

O facto é que um dos primeiros, nós, jogou com o último, o Tondela. E ganhou. Apesar disso, não pareço tão condescendente com estes como com os B. Que empataram. Assim como fiquei orgulhoso da malta do Andebol, que perdeu e ficou numa situação praticamente impossível na Champions. Ainda pior do que ter que ganhar em Londres ao Chelsea. Parece um contra-senso, mas não é. É uma mera questão de expetativa.

Perder um jogo em dezasseis pode deixar muito satisfeitos quase todos os adeptos. Se a expetativa deles for perder três em dezasseis, quatro em quinze, dois em doze, ou assim. Não deixa satisfeitos os adeptos que, quinze jogos passados, precisam de uma vitória - caramba, um empate! - para verem cumprido o primeiro grande objetivo da época. É verdade que é exigente, but it comes with the job. À conta disso, creio, já houve quem abandonasse a cadeira de sonho. Sim, isso, o tipo que vai em quarto no campeonato russo...

O futebol do FCP atingiu um estatuto que legitima as aspirações, isto é, as expetativas, dos seus fieis seguidores. E não estamos aqui a falar de putos de doze anos, biológicos ou mentais, que jogam FM e tal. Os que pensam também têm a fasquia lá em cima. 

Não queremos - os que apoiam, os que contestam, os que dão o peito às balas por Bascos teimosos, os que davam o rabo e cinco tostões por verem Bascos teimosos pelas costas - baixá-la. Desde logo porque as hastes se querem para cima. Depois, e sobretudo, porque gostamos mesmo de estar mal habituados. Já ganhámos muito e temos muito mais para ganhar. É por isso que exigimos mais aqui do que no Andebol, ou na B, ou no hóquei, ou no que quer que seja. O que ali nos deixa felizes, aqui é mera obrigação. Só o fantástico nos causa espanto.

Acabaram-se as paragens para as Seleções, pelo que vamos ter que levar isto de enfiada. Para já, no mini-ciclo de objetivos internos da Tasca, a coisa vai maijómenos: 2 jogos, 2 vitórias. Isto é o mais. Quase nenhum brilhantismo. Isto é o menos. A seguir a Madeira, o borrego e a redenção. Sim, Julen?

- Siiiiiiiii!




12 comentários:

  1. Também acredito... sim, inclusive no Julen. Mas mentia se dissesse que não fiquei com dúvidas depois destes 2 jogos, maus, péssimos, horríveis!

    Quem fez tanta coisa bem feita até agora, não pode de um momento para o outro ter ficado burro, não pode, não pode!

    Abraço

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    1. Ora viva, xôr Carrela.
      Quer dizer, poder, pode. Mas não ficou! :)
      Abraço.

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  2. Força Julen, es grandioso. Poderias ser mais ainda na Síria.
    Sim, um gajo que aperta os colarinhos a Jesus, poderia muito bem esborrachar as trombas a Maomé. Acredita que era o país onde o teu potencial poderia finalmente explodir.

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    1. Ou então deixa-te ficar e explode uns quantos títulos nas ventas da jihad...

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    2. Lopetegui anda com o cinto, mas aquela m**** é como o jogo dele, não funciona.

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    3. Sabe que eu discordo de si. Não é bastante, é ao nível da fúria, muitas vezes. Mas lá está, quando consegue ter graça, não posso deixar de me rir. Eheheh, muito bem agarrado!
      Quando explodir, explodem confettis. Na festa do título, por exemplo. Não há Tonel que nunca acabe...

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    4. Caro Xor Silva, discordamos apenas a nível bovino. Você continua a achar que falta apenas o danoninho. Eu acho que falta a "baca" toda, principalmente aquelas que dão o belo bife da Madeira. Nas noites mal dormidas, acho que empatamos com a mesma fúria.

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    5. Pelo contrário, a nível bovino estamos de acordo. Também acho que não temos baca nenhuma! Pudera, está toda na segunda circular. :)
      E sim, a mesma fúria, possivelmente c aziad diferentes.

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  3. Caro taberneiro, se não fosse a sua prosa, acho que entraria em depressão profunda !... mais triste do que o que a equipe não jogou é ver o que se escreveu!
    Tudo bem em se estar desapontado; mas daí ao suicídio coletivo são muitos quilómetros!
    abraço e continue sempre

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    1. Reine,
      Nada de depressões. Quando estiver mesmo, mesmo, mesmo triste, lembre-se que é do FCP. Comigo funciona ;)
      E estamos de acordo: Se é para matar alguém, tenho tendência a escolher outro qualquer, que não eu ;)
      Eu continuo, enquanto me der gozo e enquanto alguém quiser saber. Obrigado pelas visitas!

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  4. Julen é um cepo, para ser bom tinha de:
    Perder 3 jogos em vez de 1.
    Perder por 3 contra uma equipa que ninguém conhece da Albânia.
    Ganhar 6 jogos em 11 pela margem mínima.
    Ganhar 4 em 11, ao cair do pano ou para lá do pano.
    Ganhar 3 em 11 com penaltis caídos do céu.
    Julen é um idiota, porque em 11 jornadas leva com 0 penaltis a favor e o genial jj já conta com 6!

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    1. Verdade! However...temos que ganhar apesar disso tudo e de tudo o mais que lá vem...

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