terça-feira, 3 de maio de 2016

Godspeed


É bem verdade que um tipo deve ter algum cuidado com os disparates que diz. Um pouco de ponderação não tira a piada a nada e ajuda as pessoas a comportarem-se num patamar mais elevado. E consequente. 

E depois há pessoal que é de tascas. Às tantas salta-lhes a rolha do pipo - salvo seja! - e lá se vai o fazconta co galheiro... 


...

É um case study da Economia a Depreciação do plantel azul e branco. É que nem o Dracma seria capaz de acompanhar. Veja-se:

Até janeiro, o plantel do FCP era o mais caro, o de maior investimento, o plantel de sonho escolhido a dedo pelo Basco mauzão. Um sorvedouro para os depauperados cofres da Nação Portista, para fazer a vontade ao badameco. Desde logo, continha um extremo - Espanhol, pois claro! - que nem no banco do Aljustrelense tinha lugar; um suposto Ferrari que mais parecia um mata-velhos com o escape roto; e uma estrela da Pedra e Rola metido a modelo fotográfico, que para além de receber o salário só servia para encher o Instagram do Sérgio Oliveira.

Advento: Espanhol despachado ao pontapé; seguido, em direção a vários destinos, dos 3 moços acima. Chegam dois avançados e um guarda-redes.

O plantel do FCP é uma miséria de proporções bíblicas. Houve zonas do Biafra mais ricas - e bem nutridas - que determinados setores do nosso plantel. Não há treinador que resista a este bando de pernas de pau. É assobiar a SAD, que assobia para o lado e desanca o...Basco. 

Ora aí está a Teoria da Depreciação do Capital em todo o seu esplendor. Para o lado que dá jeito.

Depois vem um atrasado mental numa roda de amigos e diz: Foda-se pá, sofremos mais golos em meia dúzia de jogos do que no resto do ano, puta que pariu o campino. 

Ui, o traste! O saudosista fascisóide! Ide buscar o alcatrão e as penas, ide. Pois se toda a gente sabe que isso acontecia porque não passávamos do meio campo: Bola para trás, para o lado, para o outro, bocejo, para trás. 

Era por isso que não sofríamos golos. E na maior parte das vezes lá ganhávamos, como se contasse para alguma coisa. Agora ao menos corremos para a frente, qual estouro de Gnus em pleno cio. E passamos a bola na direção da baliza certa e levamos golos na baliza errada e todos os que não deixavam entrar assim tantas bolas parecem a equipa de voleibol da República Centro-Africana. Nos Jogos Paralímpicos. 

E porquê? Porque o camurso do Basco deu com isto em pantanas. E vai daí os moços nem sofrer golos como deve de ser sabem. Se calhar estavam à espera que o Zé fizesse milagres e eles não piorassem substancialmente. Pfff.

O zénite da coisa é quando as correntes se juntam e assistimos a uma espécie de epifânia da Lógica Aristotélica:

O outro tinha jogadores soberbos. Com esses, tinha que ganhar a toda a gente, enquanto a movimentação da equipa deixava réplicas dos grandes pintores cubistas sobre o relvado. Ora, é sabido que isso não acontecia. Talvez uma natureza morta ou outra - ainda assim, com reservas - porventura um arremedo da pior fase de Dali, não mais do que isso. Buuu, buu, vergonha. 

Este tem uns vinte anões vestidos em fatos de Zé Colmeia. E é com esses que queriam que o homem fizesse alguma coisa? 

Como os mesmos? Então e o Tello? E o Imbula? E como marcar um golo ao Tondela sem o Osvaldo? Aaaaaah, poijé, disso ninguém fala. Pobre Zé. Colmeia.


...

Proponho hoje a fundação de uma nova corrente do saber: A Vãos'afoderamaijáslérias. 

Já sei que não fica muito no ouvido, mas tem um apóstrofo. O que lhe dá logo um ar exótico e modernista. Para além de que as coisas que ficam no ouvido ou são canções do Tony ou é cera. Ou mosquitos. Uma vez entrou-me um mosquito numórelha. Fazia cá um zumbido, credo.

Esta coisa caracteriza-se pela aplicação da Honestidade Brutal à bola. Diga-se que é a primeira aplicação da Teoria HB que pode fazer algum sentido. Todas as outras conduzem, inevitavelmente, a um monte de merda que não lembra. 

Oh experimentem lá ser brutalmente honestos com os vossos mais que tudo. Ou com os vossos patrões. Ou com o cabrão do gajo do bufete que nem uma porra de um cimbalino de jeito consegue tirar. Naaaa, era eu a brincar. Não experimentem!

Mas na bola, mormente no caso do FCP, podemos. Ele é o seguinte:

Esta época foi uma bela merda. O Espanhol, depois do Rio Ave, não tinha mais caminho. Porque andaram um ano e meio a cavar-lhe uma sepultura do tamanho das quatro vias da A25 para Vilar Formoso. Ele próprio deu umajóras à escavação, pro bono. Mais tarde ou mais cedo lá cairia. Foi em janeiro. Godspeed. 

Não havia porra de plano nenhum para substituir o tipo e tivemos que nos contentar com o Zé errado. Esse fez o favor de vir. Pelo seu ar inocente, até acreditava que não vinha para fazer de churrasco. Que era capaz de escapar às chamas e assim. Só que não é. Godspeed.


...

Resta ganhar a Taça, seja como for. Ponham o Silva a ponta de lança - sim, eu. Não o André, que isso está muito visto. - a Cremilde a dar a palestra e o Lucho a fazer a equipa. Mas é preciso ganhar! 

E depois entregar a Taça ao Zé e deixá-lo passear com ela em volta do campo de Oeiras. E aplaudirmos todos contentes e muito e entusiasticamente. 

A seguir, baixamos - alguns - ajórelhas e acenamos - olhos no chão, humildes- enquanto um grupo de sábios nos explica que o Zé ganhou mais em seis meses que o Inominável em ano e meio. Acrescentaremos, para gáudio da plateia, que até acaba por ganhar mais que o Jergo Juses. Gerar-se-à alguma tensão, pois que os sábios se ressentirão um pouco do ataque ao seu Profeta. Mas deixarão escapar um sorriso amarelecido da sua bem tratada dentadura Portista.

Por fim, diremos, brutalmente honestos: Agora acabai lá co'a puta da palhaçada. Metam mazé o campino a pastar chocas e arranjai um treinador em condições. Já fomos enrabados que chegue, carago! Godspeed.

Se não abris ojolhinhos, ligo ao meu tio que produz ananases nojaçores.

E grita um lá do fundo:

- Epá, oh Silva, eu tenho um primo que é dono de uma empresa de materiais de construção.

- E isso é fruta? Que tem isso que ver com ananases?

- Gravilha. 

Abençoada conjugação.


...

Parece que jogámos no sábado. E provámos dos nossos ananases. Ouch! Godspeed.


...

Entre o fim deste post e carregar em "Publicar", o Ranieseiro ou Peseirini ou lá como se chama o moço, foi campeão de Inglaterra. Com o Leicester. E eu penso: Oh moço, mas tu kéjber kera melhor... Naaaaa, not!

...

Soundtrack to brutality: Angry again.



6 comentários:


  1. @ Silva

    nem ananases (com ou sem rama), nem alcatrão, nem gravilha: um enorme de um pinheiro, bem atravessado.

    quanto ao resto, fantabulasticamente brilhante, como sempre. e com mais uma sonora gargalhada nocturna :)

    ps:
    o spórtém matou-nos as expectativas... nem um mini se enche actualmente, inclusive de palhaços, como nos filmes e nos desenhos animados e que assim. amanhã (hoje) ligo-te.

    abr@ço forte
    Miguel | Tomo III

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado Miguel. E deixa lá pá, está quem pode e, ao mesmo tempo, quer. Aviso já que troco duas piadas praticamente novas, prontas a usar, por dois bilhetes para o jogo em Oeiras. E ainda pago os respetivos :) É que a minha expetativa é sempre a mesma: cincazero. Para os de azul e branco, está claro.
      Abraço

      Eliminar
  2. E eu que sou um gajo humilde, só peço o jesualdo para dois aninhos.

    ResponderEliminar
  3. «Um homem de génio sabe tudo sem precisar estudar; as suas opiniões são pontificais e o seu carácter persuasivo não depende de argumentos, mas do estilo literário. É necessário ser parcial, pois isso facilita a veemência que é considerada uma prova de força. É essencial apelar a preconceitos e paixões de que os homens se começaram a sentir envergonhados, bem como fazer isso em nome de uma nova ética inefável. É bom rebaixar as mentes lentas e tacanhas que exigem dados para chegar a conclusões. Acima de tudo, deve-se apresentar aquilo que é mais antigo como se fosse a coisa mais inovadora.» - Bertrand Russell

    A propaganda centralista do alto da sua torre de 7 metros cagou muito homem de génio... Esses exigentes adeptos merecem tudo o que estão a passar. Ainda mais quem devia/podia proteger e nada fez...
    Quem tanto lutou contra este centralismo, sabendo melhor do que ninguém das suas capacidades, de repente, achou que bastava andar calado, que a manada era coisa do passado, do fascismo. Agora vivemos tempos de informação e como tal, só é comido quem quer... que estupidez tão grande e imperdoável!

    A queda de Lopetegui (porque foi o último) foi muito mais que a queda de um modelo de jogo, projecto ou época desportiva.
    Foi a VITÓRIA esmagadora da propaganda centralista!
    Fomos uns fracos!
    Umas reles marionetas!
    Só gostava de saber porquê!
    Ter algo, por mais insignificante que fosse, que ajudasse a aceitar e atenuar o nojo que sinto...

    Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olha, o Bertrand. É aquele moço das livrarias, poijé? ;)
      De quem foi a vitória até pode ser discutível. Agora, de quem não foi, não restam grandes dúvidas. Penso eu de que...
      Abraço

      Eliminar