quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

O Futuro (não!) é amanhã




Há muito tempo, e durante uns tempos, gostava de me vangloriar - oh vã glória da estupidez - de olhar para o Tempo de um modo peculiar: O Presente não existe, tudo é Passado ou Futuro. Porque Agora já passou e Daqui a Pouco ainda não é.

Claro que depois a pessoa limpa as ramelas do início da adolescência e começa a ter uma certa vergonha de dizer disparates. Mesmo que soem suficientemente estranhos para parecerem inteligentes. Apesar disso, é provável que encarar a Vida daquela perspetiva me tenha evitado uma série de problemas. Que estavam ali mesmo à mão - e de mão em mão - de semear.

É que, na verdade, viver sem Presente torna a Vida numa permanente retrospetiva. Ora, está claro que retrospetivar implica alguma espécie de julgamento. E nem um puto estúpido gosta de se achar um grande parvo.

Por outro lado, também implica viver no constante anseio pelo que lá vem. O que vai acontecer depois, a seguir. Já a seguir. Pelo que é melhor lá chegar em condições de o descobrir. Postura que não se coaduna com seringas nas veias, traumatismos cranianos ou companheiros de cela musculosos. Na hormonal força da idade. Credo.

Apesar de me ter proporcionado algumas vezes aqueles minutos, preciosos, de indecisão feminina - a aparência de inteligência é um poderoso afrodisíaco, só superado pela inteligência, ela própria - fico contente por não ter demorado muito a perceber que o Tempo se conta de outra maneira. O que foi inteligente. Oh yeah!

- Tem rachão, Xilva! E a quantidade de rabochintelichentej que práí andam? Ui!

...

Tanto, para vos dizer que o Futuro, ao contrário do que bradam, não é amanhã. Pode ser Amanhã, mas nunca amanhã.

É certo que nos pode cair um piano de cauda na moleirinha, mas nada na nossa experiência passada, ou neste preciso momento, nos indica que vá acontecer. Ainda que aconteça, isso não é Futuro. É Fim. Ou uma série de fraturas, no mínimo. Pelo sim, pelo não, evite-se passar muito tempo debaixo das varandas do São Carlos.

O que quero dizer é que o Agora, sendo condição do que se segue, não se pode confundir com o Depois. Os nossos atos terão um reflexo, é certo. Mas isso não significa que devamos agir como se estivéssemos lá à frente. Amanhã.

- Xem dúvida, Xilva! Xenão, não xe come a gacha. Fuma-xe logo um xigarro!

- Pumbas, nem mais! Abençoado Berto.

...

Por exemplo, na bola - aaaah, tanta letra para cá chegar! Eu acho muito bem que se pense o Futuro do FCP. A todo o tempo. Espero bem que a estrutura atual o esteja a fazer.  

Também acho legítimo, e muito desejável, que outros tomem essa tarefa. A começar nos adeptos que o queiram fazer - porque obrigação não têm nenhuma - acabando em quem aspire a cargos.

Na minha opinião, deve ser uma reflexão estruturada, profunda, com um elevado sentido de responsabilidade e despojada de qualquer objetivo pessoal. O que a interdita a políticos de carreira, já se sabe; a homens de negócios sem escrúpulos; ao Bruninho e ao Octopus Orelhudus

Isto é, o fio condutor é a Paixão por Essa bandeira. Azul, Branca, Indomável, Imortal. Que avança. De que forma avança, é o que podemos pensar.

O que não entendo é alguma sofreguidão. Não sou assim tão tanso e percebo a politiquice: O incêndio Agora, para ter madeira à borla Depois. Só que me custa a entender que isso possa ter como motivação o Amor; e como fito o Bem.

Porque esse Futuro, que hoje podemos pensar, não é amanhã. Amanhã é o Moreirense! Com André na frente, NES no banco e Jorge Nuno na Tribuna Presidencial.

E os Silvas na bancada!

Defendo que o Presente e o Plano para o Futuro podem, e devem, correr paralelos. Ou seja, tanto quanto possível a cada um, devemos ser Unos e Indivisíveis: Uma Nação nas costas do seu exército. Pronta a empurrá-lo para a Vitória, preparada para lhe tratar das feridas, arrepiante no grito de uma só voz. Que é a Voz do Porto.

Tal não impede que, fora das batalhas, estejamos a analisar o Passado e o Presente - a julgá-los até - a delinear, de forma organizada e exaustiva, o que queremos que seja o Futuro. 

Caminhos vários serão, está claro, encontrados. Para se chegar a sítios diversos. Mas a um objetivo único: Fazer do FCP ainda mais, maior, bom! Qual seguir, será uma decisão de quem mais ordena. E não será amanhã.

...

E tu, tantas palavras depois, o que gostarias que se fizesse, Silva?

Gostaria que um molho de gente de diferentes sensibilidades pensasse, ponto a ponto, como deveria ser o FCP do Futuro. 

Que as conclusões dessa reflexão fossem disponibilizadas a quem lidera e a todos os que se manifestarem disponíveis para avançar por essa liderança. Depois, ao nosso Povo, aos nossos irmãos. A ti, a mim e ao Luis.

Mais útil que pendurar tarjas e pintar paredes, é de certeza.

E tu, que achas?

...

Soundtrack to the Future: Come with me!

25 comentários:

  1. Mas interessará ao Record, Bola, TVI, SIC, RTP, blogs infiltrados, saltimbancos, que se discuta tudo isso?
    Para eles o passado é museu que deveria ser reduzido a cinzas. O polvo só existe no restaurante do Alexandre e na mesa de reuniões do Adelino Caldeira. O Ferrari vermelho é um mito e quem não acreditar nisso, só usa 0,002% do cérebro. Não se meta em propostas construtivas sem um alvo para abater.

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    1. Cada tempo vale por si. Detesto o revisionismo histórico, da mesma forma que abomino a estagnação nome de glórias passadas. A questão é: A si, interessa? Se sim, porque coibir-se? Construindo, está claro, sem ter que ser contra. Só a favor de um bem maior.

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  2. In future world, we all live in happiness our life is full of joy...
    Oremos, digníssimo!
    Abraço azul e branco.

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    1. Antes de mais, seja bem-vindo, Fernando.
      Depois, quem sabe a letra, tem sempre um copo à borla \m/
      Finalmente, oremos. Mas não fiquemos por aí, que o Senhor é um tipo distraído.
      Abraço

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    2. Really? Epa então já devia ter entrado mais cedo, sabe, eu já passo à porta aqui da Tasca há muito tempo, mas acabo sempre por ficar à porta, hoje resolvi entrar, e em boa hora! \m/
      Tem razão, e já dizia Ele que a fé sem obras de nada vale :)
      Abraço.

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    3. Bem entrado, nesse caso. Se for pela música, vai passar cá a vida :)

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  3. Eu gosto mais de pintar paredes, mas... isso de ser construtivo também não é mal pensado.

    Se eu der o primeiro passo, o senhor tasqueiro dá o segundo? (cairemos os dois, pela certa)

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    1. Claro que sim. Que cairemos e que darei :)
      Antes disso, tem que se tratar de deixar muito clara a "Missão".

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    2. Ariutákintumi? ARIUTÁKINTUMI?

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  4. Parece-me que devemos evitar pensar o Amanhã, condicionados pelo que vai acontecer amanhã. Senão, vamos estar apenas a tentar encontrar soluções para amanhã que poderão não nos servir de nada Amanhã. (E depois disto é melhor não pedir mais nada para esta mesa porque o que escrevi parece conversa de quem bebeu demais).

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    1. Well, parecem todas por aqui. O que quer dizer que o Paulo acertou em cheio! É isso mesmo que eu acho.
      Mas já se sabe que isso só serve aos desinteressados e desapegados. O discurso dos que venham a ter interesses e apegos, terá TUDO a ver com a bola ter entrado na baliza ou não. O que será pena...

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    2. ou seja: jogo a jogo, certo? talvez como o Espírito Santo tem referido em cada (espécie de) "homilia", mas sempre a chama do Senhor, certo? certamente que sim.
      (e também é melhor pedir um chá de cevada travado com borbulhas, que já cheguei à minha conta. e a música está muito barulhenta; é favor colocar aqui um chris de bueeerghhhh sff 😁 ou a enjoy the silence, dos Depeche. se calhar esta última.)

      abr@ços
      Miguel | Tomo III

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    3. Cada jogo uma festa (pelo menos antes de começar), sim! Mas mais que isso Lima, muito mais. No fundo, um desafio: Entre festas, mais do que teclar (não "em vez de") estruturar o pensamento do Futuro. Corrijo, de UM dos possíveis Futuros. A bordo?
      Abraço.
      PS. There you go, Mr. Lima

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    4. * sem a chama (maldito corrector ortográfico automático)

      e já sabes qual é a minha resposta ao desafio que colocas 😎

      abr@ço
      Miguel | Tomo III

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    5. Desconfio, mas não posso dizer que sei. Well, arranco-te isso no Domingo :)
      Ah! Estou basto ofendido por não teres reparado no cuidado com que, em vez de um bando de gajos de aspeto misógino, te ter oferecido a Scabia (suspiros...). Enfim, ingratidões...
      Abraço.

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    6. ingrato, mesmo. E logo eu que gosto muito dos camiões suecos da scania. também gostei um pouquinho da senhora. fazia era basto barulho. se fosse o Richard peidar_man e o seu pianinho...

      ps: só pude ouvir essa tua sugestão musical há pouco, no sossego do lar. antes foi de todo impossível. Obrigado pela gentileza e pela fantabulasticamente brilhante malha \m/
      abr@ço forte e até Domingo

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  5. Ah!!!! Grande Helloween, grande Kiske!
    Se estes alimões fossem tugas, eram azuis-e-brancos de certeza!

    Mas no futebol não há futuro! É isso que tem de belo o desporto. O que conta é o que fazes hoje. Sejas um cepo ou um craque, lutas pelos teus 15 minutos de fama. Para alguns jamais acontecerá. Para outros esses 15 minutos poderão se tornar em 15 mil dias!
    Para mim, e penso que para a grande maioria, o futuro é continuar o passado, viver o presente: ser FC PORTO.
    Afinal e como diz bem o Dr. Stein: Time is right!

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    1. Olha, olha, o Chuck Norris!Afinal não desapareceu em conbate.
      O Stein também diz também diz "Time marches on, and on and on, never stops". E caramba, podemos viver intensamente (ainda mais hoje!!) o Presente e ir tratando do Futuro. É que isto não é só Futebol. É o Clube do Porto também :)
      Felisberto, eu sei que te reformaste dos concertos. Mas sabes, há SEMPRE AQUELE. E eu acho que é ESTE!
      De certeza que passa por cá em 2018... Estamos lá?
      Tu não me desapareças assim, homem!

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    2. coNbate??? CREDO! coMbate, pois claro.

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    3. Se cá vierem vou tentar ir vê-los. É que nestes eventos o preço dos bilhetes, mais a deslocação a Lisboa, mais os morfes, e o regresso á santa terrinha, temos que fazer magia com a carteira e.. rabbit don't come easy!
      Um grande abraço, Silva!

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    4. Organiza-se uma excursão. Com farnel e tudo!

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  6. Caro Silva,

    Pensando no presente, do FC Porto claro, até que não é descabido, por reconfortante, uma viagem ao passado, não o recente evidentemente, um outro um pouco mais atrás, não por saudosismo mas por uma saudável nostalgia face à angústia do presente e a incerteza do futuro. Apesar de tudo caro Silva, essa extraordinária sensação de ser do FC PORTO.

    Um abraço.

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    1. Grande Fernando, fico contente que se tenha resolvido a questão dos comentários. Tenho muito gosto em te-lo por cá.
      Claro que a nossa História é reconfortante. Creio que todos temos um papel a desempenhar para que o Futuro seja brilhante e sirva, por sua vez, de reconfortante Passado às gerações seguintes.
      Grande abraço.

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    2. Sem dúvida Silva. Também eu folgo em poder, finalmente, participar aqui na Tasca, já que a degustação dos petiscos que o meu amigo coloca à disposição dos seus fiéis clientes, que é o meu caso, é uma constante.
      Por certo, que logo mais estará no Dragão a assistir a uma vitória do nosso FC Porto, era o que mais faltava se tal não acontecesse, na companhia dos nossos amigos da habitual tertúlia. Com muita pena minha e pelas razões que conhece, não posso estar presente, mas creia, a cada golo do FC Porto, daqui, a 350 Km de distância, não deixarei de reviver e partilhar no imaginário, aquele abraço de felicidade por mais um vitória do nosso PORTO.

      Um grande abraço e...

      FC PORTO SEMPRE

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