Mas é claro que a manifestação em Paris, e todas as suas réplicas, disparam fagulhas de esperança até no mais empedernido dos céticos. É evidente que o grito a uma voz de 4 milhões, diz que foram 4 milhões!, nos arrepia a todos e nos deixa os cabelinhos do pescoço eriçados. Prontos para rebentar o primeiro que atentar contra... Quer dizer, para rebentar não! Lapsus verbalis! É claro, mas...
Mas eu preferia, muito sincera e, who knows?!,mesquinhamente, que o Palestiniano estivesse de braço dado com o Israelita, em vez de em pontas opostas. No entanto, caramba!, marcharam na mesma fila, supostamente pela mesma causa, mesmo que tivessem os dedos dos pés cruzados e figas dentro dos bolsos. O François ex-socialista e a Angela neo-liberal também deram as mãos, mas esses não têm remédio, por muito barulho que fizesse o pequenito Louis de Funés, ou Hollande, ou lá como se chama. E há um negro na linha da frente! Era acrescentar um asiático e era a mensagem perfeita. Se fosse o da Coreia do Norte, aquele dos filmes, então...
Atrás deles, milhões de Charlies! E isso dos Charlies se terem reproduzido e proliferado faz-me uma confusão desgraçada. É claro que somos solidários! Maaaaaaaas, eu sou Silva. Sou Silva desde pequenino e vou morrer Silva, não Charlie. Eu entendo o que se pretende significar, mas estou cheio de urticária por parecer impossivel que entendam que não é uma opção. Há misses Universo que são Charlie e piriquetes que também são. Logo, eu não posso ser.
O Charlie mandava num jornal satírico, um dia deram-lhe um tiro e mataram-no, uns assassinos franceses. Depois acabaram mortos, eles também, pela Policia, dentro de uma gráfica. Mais irónico e kármico que isto, não podia ser. Vamos agora todos berrar o quê? Ah venham cá seus infiéis e matem-me, matem-nos a todos, porque todos somos Charlie? Mas são estúpidos ou quê? É que mesmo que afiambrasse, e não dou para esse peditório, na onda do Terror, teria que lembrar os queridos Charlies que é esse mesmo o objetivo dos radicais, aka, terroristas: matar-nos a todos! Não é alguns, é todos. Estão a dizer-lhes o quê? Epaaaaaaa, caros rebentadores, finalmente percebemos, somos todos Charlie! É isso? Já estou a ver a malta de uma Al qualquer a entreolhar-se espantada: Mas quê? Demorou estes séculos todos até entenderem? Infiéis E burros hein?!
Já para não falar em todos os Charlies que são Charlie porque acham que o Charlie não gramava dos porcos terroristas. E mais os que acham que a diferença entre uma bomba relógio de fabrico caseiro e um islamita, é uma espécie de lençol em que o segundo tende a embrulhar-se. Ah sim, a generalização anda no ar, exatamente no mesmo comprimento de onda em que se agitam os apologéticos. Duas perguntas: São todos os católicos pedófilos? Se em vez de Charlie fosse Pai do Charlie, ainda acharia que a culpa é do muro em Gaza?
Parvoíce à parte, nada do que une a extrema direita à extrema esquerda me cheira muito recomendável. Le Pen grita "Moi aussi, je suis Charlie!". E é, porque pode, é só dizer. Afinal a moça, maisó seu papá, é francesa. "Moi aussi, je suis Charlie!" berram os pseudo-intelectualoides de esquerda. E também está muito bem. A seguir vem a saga do "Mas afinal, quem é que é mesmo, mesmo, mesmo Charlie? Tu não és de certezinha, minha grande besta!". Sejam todos, que nenhum será.
E para que não reste nenhum mistério, Louis CK:
@ Silva
ResponderEliminarganhaste um cliente habitual e regular.
pensava que era o único tolinho a tecer os mesmos considerandos; afinal há mais um ;-)
e 'obrigado!' pela mensagem lá no meu estaminé.
abr@ço
Miguel | Tomo II
É um prazer Miguel. E não estamos sozinhos não senhor. A questão é que a maior parte dos "malucos" ainda não descobriram que isso do "politicamente correto" é como o fairplay: uma treta :))
EliminarOh Miguel, olha este :)
Eliminarhttp://www.tsf.pt/Programas/programa.aspx?content_id=904110&audio_id=4332068
http://www.tsf.pt/Programas/programa.aspx?content_id=904110&audio_id=4336573