É evidente que a culpa é minha. Desta maldita propensão para a inveja mesquinha do sucesso alheio. Bem sei que não é nada exacerbado, felizmente, mas preferia ser diferente. Não me dizer de tudo o que é abdominal masculino definido e cabelos bem tratados, pronto, cabelo apenas basta, que deve ter orgulho em ser maricas. Não desejar secretamente, ainda que apenas por um instante e depois outro, maior, de arrependimento, que todos os Jaguares que não são meus expludam misteriosamente. Eu não tenho Jaguar nenhum. Não embirrar só porque sim - mesmo que depois elabore complicadas, completas e, go figure!, quase sempre lógicas explicações - com malta que tem sucesso a fazer o que eu acho que também podia fazer. Mas não fiz. Não faço. Quando ponho isto assim, acho-me um tipo execrável. Preferia não o ser. Enfim, vou continuar a acreditar que alguma coisa compensa isto ou que não é tanto ou que é normal e somos todos. E ir fazendo diferente sempre que conseguir ser assim lúcido perante mim. That is not the man i want to see.
Como esta é uma altura tão boa como outra qualquer, começo já por pedir desculpa ao Tony. Por não lhe ter dado o crédito suficiente, provavelmente porque desatou a ter um sucesso tão desmedido que me irritou. Nunca é tarde e aqui estou a penitenciar-me. A epifania deu-se no outro dia, ao volante, quando uma estação de rádio, à qual muito agradeço, embora não me lembre do nome, passou a canção "CORAÇÃO PERDIDO". Depois desta experiência, a minha perspetiva acerca da música popular portuguesa mudou completamente, bem como a importância que nela atribuía ao artista em apreço. Eu explico, como se isso vos interessasse:
Até aqui, o lugar que julgava que os homens tinham neste género não me agradava por aí além. Era como se fossem todos uns alarves que querem é pimba pimba e não conseguem alinhar duas frases seguidas. Para além de que há certos e determinados padrões que devia ser proibido existirem em camisas. Ou então uns tipos meio híbridos, com men boobs pronunciadas, que se choram amargamente por gajas perdidas. Quanto muito, meros palhaçoides, úteis para animar umas festarolas, mas limitados a rimas brejeiras e insignificantes. Não que se pudesse esperar mais de um lampião. Mesmo neste terreno mais primitivo, largamente batidos pela exuberância de qualquer pacote.
Reparem, não é que a minha vida não pudesse prosseguir medianamente feliz com este estado de coisas, que podia. Mas não sei pá, faltava qualquer coisa. Mesmo o grande Graciano, paz à sua alma imortal, o máximo que conseguiu foi bater o recorde Mundial de gente morta na mesma canção. Ainda que se vislumbrasse por ali uma centelha de relevância, tratava-se de um assunto sazonal. Pese embora a discussão geográfica que pode gerar o facto de Benavente estar em Espanha.
Enfrentemos os factos, as gajas dominam. Tanto pelo lado do esnobanço descarado, género ah e tal deves pensar que és uma grande merda, pois não vales um caralho. Como pelo lado da atualidade, dos dos avanços tecnológicos, mas sempre a arrastar o gajo pela lama. Foram gajas a chamar a atenção para o problema das famílias monoparentais, das partilhas e da regulação do poder parental. Em todas as situações quem é a besta? O gajo! Até ao cumulo do desplante de fazerem parecer que somos nós que temos uma despensa cheia de pulgas. E era nisto que eu acreditava, influenciado pelos media e pressionado pela sociedade. Enfim, o vulgar e tão atual comedor de palha.
Mas agora tudo isso mudou. E a ti o devo Tony. À tua coragem de, num Mundo destes, dizeres claramente que a tipa anda a rondar-te a porta, mas tu queres mais é que ela se encha de moscas. É que te estás a cagar tão de alto, que ela até pode pensar que morreste, a ver se tu te importas. É lindo pá! Dizeres-lhe nas fuças que não passa de uma vaca interesseirona, que foi atrás do guito e agora anda a ver se te saca batatinhas. Mas não! Bem pode choramingar que é em ti que pensa que tu não estás nem aí. Caraças, é de homem escarrapachar que afinal não é bem o amor e assim que as move. A ver se não escolheu antes a linda casa. E o amor, onde fica o amor? Pois contigo, Tony. E agora já não partilhas. Tooooooooooma! Embrulha! Ela continuará sempre a voltar, em busca desse calor que não há dinheiro que compre. Oh well, there´s nobody home!
Ah valente, numa única canção arrasas o mito e devolves-me a alegria da masculinidade. Obrigado Tony.
...
- Olha meu querido, isso é tudo muito lindo. Mas repara, o que fica subentendido no OFICIAL é que a cena se dá com o pianista. Paaaaaaaaaa, até o Tony concordará que com aquela espécie de poupa ou lá o que é, fica difícil a moça ver grande futuro na relação deles, né? E depois...bem, cala-te boca.
- Mas cala-te boca o quê? Agora dizes! É o quê?
- Eu acho que ela lhe ronda a porta para tirar a limpo se o gajo ainda tem coragem de usar aquela camisinha salmão! Como fazemos com aquele vizinho do bairro antigo, lembras? O que lavava o carro de pullover rosinha...
- Eu não faço nada disso, nego! E tu estás é à rasca por eu ter descoberto o Tony. Sabes o que te digo?
- O quê meu lindo? - Diz no tom mais doce, enquanto agarra numa manta e na minha almofada...
- Que é provável que tenhas RAZÃO. - E puxo-a pelos glúteos até estar colada a mim.
Que mau feitio! Vou-te dizer que esse teu Tony é um choninhas, borrado de medo do que viu, sem tomates para esclarecer as coisas. É o que eu acho!
ResponderEliminarA moça caiu e magoou-se! E olha que eu andei no ballet e sei bem que cair de sapatos de pontas não é pêra doce, já não bastava andar com os nós dos dedos todos esfolados e em ferida!
Estava eu a dizer, a moça caiu! E no meio daquele sofrimento físico atroz, misturado com a dúvida de que a carreira podia muito bem ter terminado ali, naquele instante, com uma lesão irrecuperável, o pianista - malandro! - aproveitou-se e quase devorou a moça impotente! E a utilização do verbo devorar é premeditada: o gajo do cabelinho à mete nojo, embora sem poupa, parece o Hannibal Lecter a lambuzar-se na cara da desgraçada, sem que esta esteja em condições de se defender!
E o que faz o Tony, depois de entrar à socapa? Nem fica para que ela lhe possa dizer: "Querido, isto não é aquilo que parece!". Choninhas, digo eu! Agora está a moça desolada e ele, embora diga o contrário, roído de inveja e ressabiado!
Resultado: dois corações perdidos!
Eu disso não sei nada! Nem sabia que a moça era impotente... Aliás, nem sabia que as moças também podiam ser impotentes. Ou era o pianista? Ca confusão... :)
EliminarCom inveja ficasse do cozinheiro desta pratada!
ResponderEliminarMas não é mesquinha ;)
É de reconhecimento...
Espectacular!
Abraço
Ora, obrigado caro freguês. Qualquer começo a pagar pelos comentários ;)
EliminarAbraço.
Era: qualquer DIA :)
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