sexta-feira, 28 de agosto de 2015

O 10 no armário




Se me desse para ser, mesmo sem ninguém ter pedido e menos ainda querer saber disso para pataco, uma espécie de newsletter resumo do que aparentemente se consensualizou, ou convencionou, que são as necessidades do plantel azul e branco de momento, escreveria qualquer coisa próxima de: Centralreferência + lateralesquerdàmaneira + extremàséria e, above all, com a urgência de um adolescente perante um par de mamas, um médiocriativo10.

Leio nomes que desconheço pelas caixas de comentários das páginas desportivas da Ciberlândia, - a última versão de FM que joguei era de 1833, no auge das Guerras Liberais - na Bluegosfera há um sentido mais elevado de responsabilidade - e um escalão etário por certo mais avançado - mas encontro os mesmos buracos com tampas diferentes; os comentadores - incluindo uma nova e toda catita classe: os especialistas em transferências, cristomacuda! - estão, eles também, de acordo: falta isto tudo e mais o 10. Se não houver mais nada, que haja o 10. Com ele, o Danilo nunca terá saído, o Jackson continuará a marcar por nós, o Alex volta a duplo trote de Turim e o Oliver... Não, o Oliver não. O Oliver é o que abre a Caixa de Pandora de todos os nossos sonhos molhados. O par de mamas, portanto.

Eu de bola percebo pouco. Sou mais dado ao disparate e ao palavrão do que à análise tática da coisa. Espanto-me com a capacidade abismal dos Luis Freitas Coisos desta vida de dizerem um monte de palavras seguidas e haver muito quem consiga retirar delas sentido. Continuam a parecer-me Gabriel Alves wannabe, mas na versão 2.0 - a que nem graça tem porque não diz aforçadatécnica vs atécnicadaforça. Ainda assim, de tanto ouvir a lengalenga do 10, pus-me a pensar nele. Nesse Deco dos tempos modernos que evolucionará um plantel fraquinho numa equipa de meter medo. Enfim, deu-me para tentar imaginar qual seria o meu par de mamas, salvo seja.

E a bem dizer isto nem é nada complicado. Para mim, o FCP procura construir uma equipa para Badajoz, não para Elvas. Embora este ano já tenha tido tempo para perceber que existem necessidades diferentes de cada lado da fronteira. Do lado de cá há Maritimos. Quero eu dizer que cá pela Lusitânia temos que ser mais Wagner e menos Schubert. Temos que carregar como valquírias, perante um bando de gajos que, na maior parte do tempo, está barricado lá atrás.

Ora, malta desta deixa pouco que fazer aos Ikers e seus pagens. Então se estivermos sustentados em dois embondeiros no meio do campo, o terceiro tipo até pode pensar quase exclusivamente em atacar. Se não me foge a memória, temos por aí um rapazito Colombiano que pode muito bem tratar disso. Se julgarem preferivel acrescentar mais alguma intensidade e até rigor tático, mas com umas caneladas a despropósito pelo meio, há aí na dispensa aquele moço dos 30 milhões. Arte pura, e só isso; ou criatividade mais cerebral, posse e passe. Em ambos os casos, uma ou outra bomba cá de trás para agitar as trincheiras.

De Badajoz em diante, estamos conversados: É solidez, intensidade, alas para que te quero e muita, muita e ainda mais bola, num jogo de equilíbrios, sem nunca partir. E para isso está a ser trabalhado o trio que é um quinteto: Danilo, Imbula, Herrera, Ruben, André. Dependendo dos jogos, algum dos outros poderá dar uma perninha nestes palcos de gente crescida. A menos que por ai venha o... Deco... Hmmm triplas mamas!

...

- Oh Silva, é um pardemamas faxabor.

- É um segundinho. Vou ali buscá-las ao armário dos 10.


domingo, 23 de agosto de 2015

FCP vs Briguel e o jogo do enforcado.




Bah, já sabia que não ia chegar a horas. Intervalo, pumbas. Ainda por cima está um vento do caraças, era preciso ser bife para andar aí de calçonete e manga cava. Nana, isto são bermudas, e compridas, quase calças, e manga curta. Semicomprida até. Mais um pedaço e era um casacão de lã. Eu não sou bife! Nota-se logo porque não estou vermelho como uma lagosta. Ou encarnado como um lampião! Merda maijósbifes.

- Olha, nós vamos ali a outro sitio qualquer, tábem? Renheunehuenheunheu pela tua cara de azia nheunheunheunheu para não te rires dojoutros blablablabla crepes de chocolate. Chuaaaac. Pode ser que a segunda parte corra melhor. Ou então não ahahahahaha.

Este sacana vai-me cobrar algum euro por uma trampa de um café meio aguado. Bem feito que lhe vou ocupar a mesa quase uma hora e não vou consumir nem mais um palito. Café, mainada. Esse café que vocês servem aos bifes vermelhuscos, que remédio. 

Havia de ir lá para dentro, a ver se escapava à aragem. Nepias, vai começar, nem mais um passo! Vamos massacrar estes briguéis, é hoje Jorge!  Oh pró anafado já a olhar pra mim de lado. Fuoda-se, ainda agora aqui me sentei e já queres que me vá embora? Deves pensar que tens aí uma excursão de bifes à espera de mesa. Tá bem tá. Cá pra mim é lampião o camurso. Com aquelas trombas, não me admirava nadinha. Até parece que só eu é que estou aqui só por causa da bola. Raisparta! Epa, substituição. Quê?? O Corcunda ainda estava a jogar? Era por isso que isto andava emperrado. Agora com o duplo André é que vai ser o massacre d'há bocado. 

Se calhar era melhor pedir mais qualquer coisa. A ver se acalmo o badocha. Deixa acender um cigarro para entreter, sempre passa maijum bocado. Oh pra ele quase a deslocar uma vértebra para tentar ver o resultado. Filho de uma traineira, estás todo pimpão não estás? Oxalá o Juses te encave o ano todo. Ou o Arouca. Era melhor o Arouca. Que pelo que se vê aqui, ou é o Arouca ou sais desta com dois pontinhos de avanço, putaquepariu.

Porra, que trampa. Isto nem sem o Varela lá vai. Estou a entrar em modo MST, detesto! E não sei se é impressão minha ou então o gordo está cada vez maior. Pudera. Deve andar a enfardar os restos das hamburguesas dos bifes às escondidas. Não gramo do gajo, pronto, fazer o quê? Ainda por cima lampião! É ele e este Ruben Coiso que está sempre a mandar vir. Que irritante! Traz lá uma caipirinha ao preço do Möet, oh baleia fora d´água. Chega como consumo por 45 minutos? Tu vê lá. Com pouco gelo, ohfaxabor. Com este frio a mistela arrefece por si. E se eu quisesse águinha ia ao wc.

Ai foda-se que lá se vai o cinzeiro cocarvalho. Caraças pá! Tajolhar paonde bife? Nunca viste uma murraça no tampo da mesa não? Queixa-te ao cabrão do lampião, anda. Até o Pena marcava aquilo, carago! O Pena? O Kaviedes montado no Pizzi tinha feito golo. Kéketedeu ABUMba?! Ui, lá vem o gordo de pano em punho. Ele que se lembre de mandar vir. Estou mesmo, mesmo no ponto. Aliás, é que lhe digo já tudo nas trombas antes de ele se pôr com merdas:

- Ihih desculpe lá. Já se sabe, isto da bola ihih. - Cara de parvo.

- Oh, não se rale. Nunca temos sorte na Madeira. - Apanha duas beatas do chão e volta para a trincheira-balcão.

Temos sorte? Porra, o gajo disse temos! É dos nossos, magano. Bem me parecia que a caipirinha tinha demasiada cachaça para ser lampiona. E o açucar parece mesmo amarelo. 

Está mais magro o tipo. Emagreceu a olhos vistos desde o ano passado. Mas tem um aspeto saudável. Não será doença. Deve ser exercício. Mens sana en corpore sano. Tem que ser amigo! Longas batalhas nos esperam, grande irmão. Grande no bom sentido, está claro. Visivelmente mais magro, sem dúvid... Naaaaaaaaaa, na barra não!!!! Não pode ser! A sério? Concentra-te Silva, inspira, expira, repete comigo: Não bater em bife, bife ser um mastodonte, bife rebentar-te fuças. Maijuma vez: inspira...

- Renheunheunheu magotes de gente blablabla são os melhores crepes, disso não há dúvida nheunheu empataram?! Ihihih karma is a bitch. - Oh pra mim no meu metro e setenta e picos, de cima dos saltos altos, a espalhar bom aspeto pelas esplanadas das redondezas. Oh well, a vida de um homem não podia ser só empates na Madeira.


...

- Descontrai Espanhol. Olha, vamos jogar ao enforcado para espairecer hein?

- Buera.

- Começas tu. A palavra é: 


M - - - - - M O

Agora dizes uma letra.

- E.

- Na! Vou dar-te uma segunda...espera, esta já é a segund... - Alguém interrompe:

- Shhh, cala-te, já desenhei a forca. Continua, continua...

  

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Nomes - 19.08 D.D. ou o Infindável Fim da Eternidade




O Verão transpira das paredes. Gosto de imaginá-las caiadas. Como sempre, sobramos poucos. Entretenho-me a fazer molhos de folhas soltas na mesa do velho.

- Também tem números. Pensei que eram sempre letras.

- É raro. Deixe lá ver. Sim, essa tem. Ponha neste monte.

" Nomes - 19.08 D.D.

No som de fundo da tarde - é provável que esteja calor - a TV anuncia a estreia do supostamente Último Dia de Verão de Phineas e Ferb. Tremo. Como se uma gigantesca marreta se arremessasse contra as fundações de mim. Este é o Verão Eterno, as Férias Intermináveis. O que perdura. Como a tua memória?

De novo obrigado a parar perante este eu, desenlaço os pedaços de Ti que me restam: A foto na carteira, porque não me quero esquecer daquele teu rosto; as palavras, distribuídas pelas famílias, que já ganharam outras vozes e se deixaram, por vezes, apropriar por outras pessoas; alguns traços de carater que teimo em acarinhar, porque gosto de os ver como uma linha direta a ti. Mesmo que não concorde assim tanto com os rumos de ação que indicam. Oh, está bem, é verdade: Alguns traços de carater que teimo em fingir que são meus, mesmo que depois a prática demonstre que não. Só porque te trazem de rompante ao topo da memoria; o cheiro de um perfume do qual não guardo já o nome, mas que se cruza comigo na rua de tempos a tempos; o comprimento das tuas unhas, as mãos inteiras, embora não consiga mais reproduzir a sensação do teu toque; a voz escapa-me. Em momentos muito fugidios oiço-te distintamente em frases curtas ou farrapos de uma canção de ninar. Ô nha mãe. Ninániná.

O que eu me prometi, e a Ti, se bem te recordas, é que permanecerias intacta. Que através de mim seria possível reviver-Te. E creio que falhei. Estaria condenado ao fracasso de qualquer maneira, a menos que me morresse muito depressa. O tempo passa inexorável e destrói-nos nos outros. Esforço-me - agora mesmo - por recordar as coisas de Ti de que não gostava. Porque é certo que as haveria. E não consigo. A que és hoje é toda ternura e perfeição. Isso não és Tu inteira, pelo que te devo uma desculpa: Perdoa, já não te posso viver completa.

Agora apertam as saudades de tudo o que não recordo. Dos negrumes que preencheriam os espaços vazios. Pudesse eu não ter tornado todos os momentos de Ti numa festa, numa lição, num rumorejo de sabedoria intemporal. Quisera eu escapar aos dias marcados, às Aleluias da invocação das Tuas datas. Se te garantir que em todos os instantes me és presente, minto-te. E se te jurar que nem sempre Te lembro, minto-te de novo. Só não sei se aquela de ti que me habita és ainda Tu ou já uma construção com marca de autor. Este teu criado.

Como o Verão do Phineas, também Tu és parte das coisas Eternas. Que se acabam reconstruindo-se. Tornando Interminável o momento do seu Fim.

Detenho-me assim naquele Agosto que não experimentaste, mas que será para sempre teu. Porque Agosto é nosso, Eternamente."


sábado, 15 de agosto de 2015

SMS e biquínis ou o blogger a banhos



"Señor Pegui, as linhas laterais para o Maxi contam, ok? Depois não diga que não avisei e que sou isto e aquilo. Envie um abraço ao Fábio. Aliás, deixe estar, eu ligo-lhe mais tarde. Para lhe dar aquela força. Cumps. VP"

"Lotocoisopegui, sorte não! Visão. Se pensas que fora por acaso, estaras bem enganado. Cachaço muita forte. JJ"

"Mister, estivemos um ano a preparar este onze. Sabíamos bem quem ia dar de frosques. Portanto, boa sorte para logo, embora não me pareça que seja preciso sorte. Abraço. JNPC"

"J, farto do Lima até ao tutano. Não é desse, é do Lucas. Vou enviar Juanfer por fax. Hi5. Antero"

"Julen, só para te lembrar: se ganhares tudo cá no burgo e te ficares pela fase de grupos da Champions, não vou ficar contente ;) #tudoparanosnadaparaeles. Silva"

...

- É hoje o Porto? - Pergunta de dentro do biquini que decidiu tornar espetacular hoje.

- Yep... - Pouso o telefone dentro da saca.

- Não vás fazer vergonhas para o bar do empreendimento, tajóbir?

- Na, tranquila. Vamos espetar... - Interrompe:

- Cincazero! Como sempre...

- Vamos ao banho que eu preciso de cumbersar com esse biquini.



segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Foi bonita a festa pá! E o circo também foi engraçado...

Gamada à má fila de algum sitio, através do google. Sorry mates.


A abertura da época de caça aos títulos começou bastante bem: Uma francesinha de estalo na Cunha, em fantástica companhia. Nada como um pouco de bench marking para desanuviar.

E prosseguiu de modo muito agradável, com uma festarola entretida, cheia de gente em ambiente bastante alegre. Claro que passei o tempo a pensar na mousse de chocolate da Licas. É bem boa. A mousse. Tarados.

Uma coisa que me chamou a atenção, foi a quantidade de hamburguesas e cachorros quentes que a malta conseguiu aviar na ocasião. Foi um corrupio nos bares que só visto. Já perceberam que estava, a um tempo, em lazer e em missão de espionagem ao tasco alheio. Fiquei cheio de inveja. A localização é tudo. Aqueles tipos conseguem vender toneladas de petiscos de segunda a preço de lagosta. Raisparta! Rolava a bola há uns 20 minutos e já havia quem se levantasse para ir buscar mais uma sandocha. Pelo corredor apertado entre filas, pumbas, lá esbarravam com quem, no sentido contrário, voltava ainda da expedição pré-jogo. Mas predominavam os sorrisos, os bronzeados e uns quantos fazcuidadocusenhorMichel, attention, antes que te meta uma lambada que te desviro les trombes. Cabrão do puto.

Andaram pelo relvado uma espécie de bonecos de chocolate que provocavam uns efeitos engraçados. Sobretudo quando se postaram mesmo de frente para a minha arquibancada, durante a chamada. A propósito de chamada, o Adrián faltou e parece que não vai trazer justificação dos pais. A propósito dos bonecos, fiquei sempre na expetativa que voltassem os dragões e lhes arrancassem a cabeça à dentada ou assim. Depois vinha o Julen com o seu espadalhão pôr os bichos na ordem. Mas não, eram só para fazer feitio. E não ficavam mal os bonecos de chocolate. Mas podia ter aparecido o coelhinho...

- Não, não, Silva. O coelhinho foi com o Pai Natal e o palhaço no comboio ao circo.

...

Aaaaaah ok, foi então para o Algarve. Na colónia balnear do que resta do Império, montou-se um circo de se lhe tirar o chapéu. Acrobatas, trapezistas, contorcionistas, um anão coxo, uma mulher barbada e uma quantidade alucinante de palhaços. Pensei mesmo que estava a ver o American Horror History on ice ou o raio que os partisse a todos. Puro freak show. Mas fiquei feliz por, finalmente, descobrir quem é que o Bruninho me fazia lembrar. Desculpa lá oh Kathy Bates...

Pelo meio dos diversos números e palhaçadas, disputou-se o mais megafantabulástico jogo de que há memória, passada e futura, que decidia a mais importante Taça da História Universal, a seguir à Taça da Liga e à Taça Latina.

Tudo correu dentro da normalidade. O árbitro roubou indecentemente o adversário dos lampiões. Ao mesmo tempo, roubou à descarada o adversário dos lagartos. Tudo normal pela segunda circular portanto. Nota paralela para a atenção prestada pelo CA ao mercado de transferências. Bem patente no penalty escamoteado no Dragão. O Emplastro era o mesmo, a camisola é que era outra. Ao nível da arbitragem está tudo pronto para isto começar a sério. Bem hajam.

No fim acabou tudo à batatada. E assim é que está bem.

Apontamento final para o aumento desmesurado do meu nível de exigência para esta época. Depois deste fim de semana, não me basta ganhar. Quero esmagar!

...

Enfim, isto relido, acho que a vida comigo não deve ser fácil. Oh well, nunca mais é Natal...

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Nomes - AR (ensaio) e uma efeméride.



- Esse monte não parece diminuir, avôzinho. Mas tem ar de estar mais arrumado... - Ele levanta os óculos da pilha de papel e fita-me com ar um tanto desolado.

- Está mais organizado, mas... Tem tantos twists, Silva. Fica difícil dar ordem. E mudam os géneros... - Interrompo:

- Quê? Tipo Zubaida?

- Não, sua besta! Os literários.

Pego num papel qualquer. Pergunto:

- Posso? - E leio antes de ter resposta.

" Nomes - AR (ensaio)

Aprecio-te. Moderamente, por vezes. Outras, de forma intensa. Nunca te detestei verdadeiramente. Creio que passo uma parte significativa da minha existência a justificar-te. Porque erras, oh se erras. Mesmo sem querer, não passa a estar certo. Mas hey, isso são os amigos. E nós somos umbilicais, meu caro.

Aprecio a maneira como carregas esse interminável numero de pesos e pessoas e coisas e sítios. E culpas. Das tuas, das dos outros, algumas do Mundo, mas poucas destas. Pensas que não reparo, mas eu vejo o esforço com que caminhas direito alguns dias. Noto a gota de suor a formar-se sobre a veia. Pode muito bem ser que sejam apenas os meus olhos - e tu sabes que já me falham. -, mas hoje é um belo dia para saberes que aparentemente consegues. Andar hirto e com um semi-sorriso. Ainda mais importante, o teu andar não denúncia a carga. Antes torna-a invisível. Tenho a certeza que é mesmo esse o objetivo. O teu. Eu caminho à volta, pronto a apanhar o que eventualmente percas. Ou a dar-lhe um chuto para longe. Terás que confiar no meu critério.

Aprecio, vê lá bem isto, a maneira como te comoves com músicas. E com poemas. Anónimos às vezes (não querido amigo, não conjeturarei acerca disto). É quase como imaginar-te de negro e picos a passear um yorkshire. De colo. E aprecio igualmente o cuidado meticuloso com que constróis tantos tu. De tal maneira que não há como não se perder no meio da vasta multidão. Perder-te. Deixar de saber qual é aquele de que inicialmente gostámos. Procurá-lo e não voltar a encontrar. Ou perceber que nunca lá esteve. Ou que é todos. A grande alma desta turba. O Nirvana, porque não? É por isso que tendem a abanar a cabeça para si mesmos e a ignorar os teus olhos molhados. Por um som? Uma palavra? Entendes que não é diretamente claro para todos que isso seja possível. É dissonante do contexto e do cenário. E foste tu que os pintaste. Ao contexto, ao cenário e, em tantos dias meu caro, a eles.

Aprecio a tua desconstrução do sentimento. O modo como o desfias em pedaços cada vez mais simples e o amas nessa simplicidade. O de repente em que os amores se cristalizam em momentos que guardas tão intensamente para a vida. Como se Amor pudesse ser meio e fim, em si próprio, simplesmente. Não sei o que pense dessa capacidade de tornar pessoas e lugares em momentos a que se regressa. A possibilidade de reprodução diferida da felicidade é uma vantagem que nos tens. É uma vitória sobre a Morte, mas não sobre a memória. Que te escapa. E voltas. E levas-me, a mim, o teu mero Vigilante. Ou o teu Deus. O teu Amigo, atrevo-me? 

Aprecio saber que te vês. Que perante ti nunca tens a pretensão da falsa modéstia, nem da vaidade, nem da complacência, nem da exigência militar. Vives-te. Toca-me, acredita, a honestidade com que te conversas. Como se diz? Sem tretas. Com um sentido quase Oriental de resignação. E aprecio essa espécie de clarividência arrepiante, que sei que detestas por te roubar a surpresa à Vida. É ternurento o zelo com que ergues os muros e trancas as portas. E ninguém vê. Exceto eu. Mas já sabes, eu não sou os outros, nenhum deles. Somos umbilicais. E és apreciado. Parabéns!"


...

A 6 de agosto de 1945, pela manhã, a cidade Japonesa de Hiroshima foi varrida do mapa. O Japão reconstruiu-se e ocupa no Mundo o lugar que a sua História e Cultura merecem. Precisamente hoje, tive oportunidade de conhecer a primeira metal girlsband...Japonesa, está claro. Enquanto uma parte de mim já está a decorar a letra e...errr...a coreografia; outra pensa: humm, estão a pedi-las outra vez! Enfim, é um dia em que há tendência para acontecerem coisas. Umbilicais...

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Um dilema e opiniões de litro...



Dizia há dias um freguês da Tasca que a malta já andava a ressacar o cheiro da relva. E agora parece-me que já o sinto no ar. Está mesmo ali ao virar de sexta-feira. Ainda por cima, logo no dia seguinte começa a competição a sério. E eu não consigo - mea culpa, mea maxima culpa - ficar indiferente a um Calimeros vs Lampiões. Sendo o primeiro jogo a contar para alguma coisa que não seja ATacéNossaPorkeNósékInventámojisto, acho inclusivamente que me verei obrigado a ver a bola. Assim como um junkie a partir a careta com álcool na falta de pó.

Parecendo que não, isto é uma treta do caraças. Estou embrenhado num dilema de difícil solução que ameaça roubar-me alguma paz de espírito e mesmo o sono. O que não são boas noticias para quem tiver que dormir comigo. You were warned!

O problema coloca-se maijomenos assim: Quem é que eu quero que ganhe? Sim, sim, perderem os dois é que era, Senhor Alvarim. Mas uma vez que isso não é possível, vá-se lá perceber porquê, é suposto eu querer que um deles ganhe. É um defeito, uma deformação vá, que me leva a fazer o mesmo até nos jogos de dois contra dois e balizas de chinelos na praia. Torço sempre por alguém. Ás vezes muda durante o jogo. É patológico, eu sei.

Por norma, e nos últimos muitos anos, não teria nenhuma dúvida: Era esperar que os Lamps fossem enrabados violentamente com um ananás panado em gravilha. Mas agora temos o Jergo Juses do lado Calimero e eu embirro com o gajo. Só estou bem quando o homem está de joelhos a ser abusado por uma tribo de pigmeus megadotados. 

Por outro lado, há sempre esta tendência transversal de ser porusmaisfracos. Depois de terem andado a banhos pelas Américas, parece que não há Lampião que se aguente das canetas. Para além de que levaram na boca de tudo o que era equipa da Amerindía, incluindo uma que parece que até o Eusébio ainda lá joga - o Diabo seja como o Vitor Pereira - ou então fui eu que percebi mal. Isto é uma grande porra, porque me levanta questões de principio em torcer contra o 5LB, comme d'habitude.

Para cúmulo, os Calimeros andam cheios de gás. Parecem o Senhor Monteiro da Silva depois de aviar sozinho uma dose de tripas para dois. Santificados pela presença do supra-sumo mestre catedrático da tática e da culinária e da estratégia geopolítica, estão que ninguém os cala. Ás vezes até parece que os oiço a cantar NinguémpárohCalimerolé. É claro que isso me irrita solenemente e me faz ter ganas de os ver a serem terraplanados pela nave do Independence Day ou assim. Só que dar voz a esta raiva, implicaria implicitamente (olha,olha, ca lindo pleonasmo, hein xôr Lima?!) puxar pelos burmelhos, o que me provoca brotoeja. Aliás, já tenho os pés cheios de borbulhas só de pensar nisso.

Neste momento, inclino-me a torcer pelos bifes bêbados que compraram bilhete a pensar que iam para o Aquashow. Majé uma alternativa assim pró fraquinho. Se tiverem ideias, a gerência agradece...

...  

Por falar em dilema, pensei seriamente em publicar - o que quer dizer que está escrito - um post intitulado "Vamos à bola, Silva?". O título pode parecer um pedaço narcisista, mas já que estou incluído no Rancho Folclórico "Gordos, Feios, Porcos, Convencidos e Maus" e não sou gordo, a mãezinha sempre me disse que era lindo e sou asseadinho, só me resta ser Convencido e Mau. Pois seja. 

Arrumada a parte do Convencido, pus-me a pensar se isto não sou eu a ser um bocadinho para a banda do foda-se. Quer dizer, pus-me a ser Mau. 

Na verdade, não fica mal enfiar umas nos cravos e outras nas ferraduras, sobretudo se isso for uma atitude genuína. I mean, se se acha mesmo que qualquer de duas posições aparentemente antagónicas estão erradas, então deve-se dizê-lo. Ou então, se se crê que só os opinantes é que pensam estar em posições antagónicas, quando no fim do dia defendem o mesmo ponto de vista, ainda que por trilhos diferentes. Aí é bom alertá-los. Mas isso é ser equilibrado e até, o Conselho de Redação d'A Bolha não permita, imparcial. E vá que eu não sou. Até porque ficava o nome do Rancho comprido que não lembra: "Gordos, Feios, Porcos, Convencidos, Maus, Equilibrados e Imparciais". Ufa, que canseira. 

Vai daí, fica a posta guardada - como se alguém quisesse saber disso! - para outras núpcias. Isto é, para quando não estiver irritado com o chamado Delito de Opinião. E agora estou! Oh topem:

- Malta, sou heterossexual!

- Foda-se, que preconceituoso do caraças. Porra, homofóbico, é o que tu és. Agora discriminas é?

- Hein?! Eu não, eu só disse que eu sou...

- Shhh, cala-te, antiquado!

A opinião afinal não é assim tão livre? Porque recarga de água é que um tipo tem que ser assado só por dizer que não gosta assim? Porque acontece:

- Malta, gosto de bifes!

- Agarrem-no, agarrem-no, não deixem fugir o assassino. Insensível, animal killer! Agora toda a gente tem que comer o que tu queres é?

- Hein?! Não, claro que não, eu só disse que eu gosto de...

- Shhh, cala-te, primitivo!

No fundo, são muitas vezes, que não sempre! - EU NÃO DISSE SEMPRE! (registaram bem??) - os que se sentem oprimidos nas suas opiniões que tendem a desoprimir-se rotulando ojoutros. Isso não está bem, não é bonito e não leva a lado nenhum. Aliás, sejamos então Maus, é estúpido:

- Malta, eu gosto dos jogadores do FCP, acho o Lopetegui um belo treinador e acredito que o Presidente e a Direção nos conduzem por estradas floridas!

- Parolo, ingénuo, conformista, burro que dói! Sou menos portista que tu porquê? Diz lá, anda, porquê?

- Hein?! Claro que não és. Nem eu disse que eras, só disse que eu cá...

- Shhh, cala-te, seguidista!

E no fundo, é verdade que não acordei lá muito bem disposto. Porque o facto é que i dont give a good goddam!

- Shhh, cala-te e traz-muma sande de torresmos, sim? E pode ser uma Opinião também. DelitRo! - E ri-se, sacana do gajo.

...

O Lápis publicou no seu Do Porto com Amor a segunda parte de uma determinada posta. Aconselha-se a leitura das duas partes, sem qualquer conjetura ao número de comentários que cada uma provocou (à hora em que se encerra esta posta). Que por acaso me deixa um sabor de: Shhh, cala-te, estás a oprimir-me! Uh? Argh, conjeturei! Bolas! :)