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sexta-feira, 2 de março de 2018

Vinte mil léguas submarinas

...oh happy days...

Sempre gostei de me ver como um animal com tendência aquática. Pelas horas no duche, por exemplo, ou pelo facto de estar inscrito num Centro de Desenvolvimento Muscular - ginásios é para maricas - no qual me dedico de corpo e alma à modalidade de boiar na piscina. Até já tive um chefe que me disse: Oiça, à água que você mete, se lhe pintarem umas pistas na careca, mais parece o Slide & Splash. Bom tipo, o chefe. Pena o atropelamento e fuga que o deixou paralímpico do pescoço para baixo.

Não é pois de estranhar que me tenha parecido uma ideia muito catita agraciar os alunos da aula de Hidroginástica com a minha participação. Está claro que a minha intenção era ser mais um, ajudar a equipa, remar todos para o mesmo lado, o que importa é o grupo, sem os meus colegas nada disto seria possível e isso tudo, levantar a cabeça e pensar já no próximo jogo. De tal maneira que até evitei, propositadamente, vestir os meus espetaculares Speedo que, diga-se em abono da verdade, me ficam muito bem. O abono ajuda, por ser uma verdade tããããooo evidente. 

Isto era sobre o quê? Ah, exatamente! Fiz questão de comparecer com um singelo calçonete preto, basto discreto e largueirão. A minha mais que tudo que nem saiba que fui nestes preparos. Não gosta nada daqueles calções, a cachopa. Diz que fico a cheirar a chulé das virilhas. Mas eu pensei: Oh Silvas, quem é que nos vai agora cheirar as virilhas na Hidroginástica? E procedi a ligar-lhes, para perguntar se andavam no sítio tal e, em andando, se iam à Hidroginástica. Ninguém ia, um descanso. 

( Pausa para contrição: 
Era uma piada demasiado suculenta, ‘mor. Sabes que as minhas virilhas são só tuas. Mais ninguém mas snifa que eu não deixo. Siiiim, todo polvilhadinho de pó-de-talco. Não zanga, não? Não faz piada parva com Nelson Évora, não? Pueeaaaaseee? Estou tão fodido, credo.)

...

Afinal, o que vem a ser isto da Hidroginástica? É fácil de perceber, e o nome ajuda um bocado, que se trata de um grupo de fulanos e fulanas aos pinchos dentro de água. Tipo a minúscula piscina de um  aldeamento manhoso em Quarteira, com mais putos ranhosos do que cloro por metro cúbico. Só que são os bisavós dos miúdos. Um gajo pensa: Fuoda-se, só espero que esta merda tenha um sistema de aspiração central de cadáveres no fundo, ao número de velhinhos que vai quinar, fica isto mais pejado de corpos a boiar do que uma ETAR no The Walking Dead. Mesmo o cheiro há de ser parecido. Fixe para a questão das virilhas.

Já sei que estão todos indignados, a achar que sou uma besta que não respeita ninguém e que me ponho a fazer troça de toda a gente, como se eu próprio não caminhasse para velhote. É mesmo essa a questão: eu vi-os a caminhar. Dos balneários para a piscina. Todo um festival de artroses e joanetes, de costas doridas e semicorcundas, de peles caídas e dentes em falta, de ais, uis e entãos está melhorzinha. Pá, desculpem qualquer coisa, mas parecia mais que tinham vindo de jogar com o Canelas do que iam para a Hidroginástica. 

À frente deles todos, a instrutora. Uma moça fresca e viçosa, com ar de quem não se ia meter na água com aquela trupe, nem que lhe pagassem o turno a dobrar. Alto! Há que tomar, discreta e modestamente, um lugar à frente dos velhadas. O melhor aluno fica sempre na carteira da frente, já se sabe. Qual Nelson Évora da natação sincronizada. Incha!

Caso nunca se tenham apercebido, escutai com atenção o Tio Silva: os velhinhos enganam. São uma raça de gente dissimulada, levada da breca, ora agora parece que sim e, vai-se a ver, nada disso. Trôpegos até a la borde de la piscine, perros a agarrarem-se às escadas, a ranger de tudo quanto é articulação a descerem os degraus e de repente, não mais do que de repente Senhor, plumas!

Quase que oiço as trombetas do Céu, voam em círculos perfeitos pequenas fadas, são tão foooofaas! É isto o nosso elemento primordial, não haja dúvida. Aquele em que os decrépitos de ainda agora se tornam nos ágeis anfíbios do momento. Autênticos Aquamen, todos enrugados das trombas.

Ainda assim, o cenário parece muito favorável. Uma piscina cheia de anciãos, com um alto e espadaúdo mancebo - um vosso criado - à frente da turma. Raisparta se não vou ser o maior deste tanque. Andar aos pulinhos dentro de água é-me praticamente inato. A mãezinha teve muitas vezes que se amarrar a coisas pesadas, para não andar aos pinchos como uma bola de basquete, quando estava grávida de mim. Da Esperança do Mundo, portanto. Até acho que foi aí que inventaram a expressão e tudo.

Ora começa a dança, pulinhos, mexe os bracinhos sem levantar água, pulinhos, levanta a perna esquerda para a frente, pulinhos, agora a direita, pulinhos. Well, não se pode dizer que seja muito entusiasmante, lá isso não. Não fosse estar a pensar que uns 80% da turma já devia estar à beira do afogamento ou da síncope, acho que já tinha adormecido.

Agora alça da perna esquerda para trás e toca com a mão direita na ponta do pé. Hã? Esta merda agora é acro-ioga em fato de banho? Disse como? A perna...espera... Estou dentro de água, foda-se!, eu sei lá qual é a perna esquerda. Aguenta, aguenta, acho que lhe apanhei o jeito. Troca o quê? Qual ao contrário? Devagar, caralho, que já vou no segundo pirolito à conta das pernas trocadas. Como assim passa a esferovite por trás das costas e faz bicicleta com as pernas? Isso é sequer possível? Meti-me com os tarados do Kama Sutra underwater para a terceira idade, kéjbêr? Opá, já sei que é de papo para o ar, esta merda virou-se sozinha, que queres que lhe faça? Uma moça tão nova e já a gritar tanto, chiça. Estou a tentar, estou a tentar, vão-se rir da puta da vossa prima, velhos dum cabrão. Oh senhora, mas como é que eu posso levar os joelhos ao peito, dependurado num chouriço de esponja? Cá está, o melhor que se consegue: uma barata a dançar breakdance enquanto sofre um ataque epiléptico.

Viro-me para olhar para os colegas. Todos em movimento, maldita gravidade alterada. Como é que ainda estais vivos é que me espanta. E com um ar vermelhusco, cansados mas sadios. Só espero que não se tenham mijado todos pelas pernas abaixo, credo. Havia de ser obrigatório o uso de fraldas, daquelas de os bebés levarem para a água. Em tamanho xxl, já se vê, que Speedos apertados não ficam bem a toda gente. A partir de uma certa idade, os indivíduos e as indivíduas deslargam-se com alguma facilidade. Digo eu, mas sou uma pessoa muito nervosa.

Acabou! Ufa, finalmente. Eles vão saindo, as dificuldades de locomoção a fazerem-se pagar mal põem um pé em seco. Eles e os seus sorrisos trocistas, filhasdaputa. Ri-te, ri-te, quando deixares de aparecer porque faleceste, eu também me vou rir. E aproxima-se a porca Nazi que tem a mania que manda nisto tudo:

- Oiça, à quantidade de água que você bebeu, se engolisse um escorrega... - Interrompo:

- ...era o Slide & Splash, já sei. Faça cuidado a atravessar a rua, hein?! Vivemos dias complicados, cara senhora.

E fui embora, disposto a gastar tanta água quanto possível na minha merecida e retemperadora banhoca. Acho que aquilo do TRX é mais o meu género. Não sei, é malta mais nova e uma vez estava a tocar o Run to the hills e assim. Um dia destes experimento.




terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Lagosta suada



Os moços lá do antro onde evoluo de modo assinalável ao nível da musculatura, descobriram que, desde que frequento assiduamente o espaço, a conta da água subiu drasticamente. É o que acontece quando juntam uma pessoa de impecável asseio a um bando de grunhos badalhocos.

Se é para tomar banho, é para tomar banho. Se era para me passar por água, esperava que chovesse e ia para o carro todo nu, percebido? Ah porque o senhor demora duajóras no chuveiro. E? Não sou nenhum anão enfezado, pelo que tenho um perímetro vasto para lavar.

O que não lhes digo é que muita sorte têm eles de eu teimar em cortar a gadelha muito curtinha. Nem que parte do tempo não estou a tomar banho, embora a água corra abundantemente. Estou a pensar em coisas parvas, como vir para aqui contar-vos que os cabrões agora põem aquilo a ferver!

Pareceu-me que tinham encaixado isto como gente decente e estava tudo bem. Mas os suínos, pelos vistos, querem guerra. Ainda por cima, julgam que são finórios. Eu já me tinha preparado, à conta dos meus espetaculares atributos no âmbito da meditação e do mindfulness e do acro-ioga (sim, existe!), para a eventualidade de não aquecerem a água no período em que a minha tarifa me permite ir para lá banhar-me.

Vai que, malandros, utilizaram a tática inversa: Água fria está muito visto, bora majé aquecer isto até cozinhar o anormal. Deste modo, cada vez que aciono o chuveiro, parece que entro num forno de fundição da Siderurgia Nacional.

O que os moinantes não sabem, é que na minha rua toda a gente me chama Silva, a Tocha Humana. É uma coisa de família. Por isso, fiquem descansados, meus licorzinhos de jenipapo, contínuo a demorar tooooodooooo o meu muito merecido tempo a enxaguar-me, enquanto penso em coisas, muitas e várias, boa parte das quais não fazem sentido nenhum.

Só que, sempre preocupado com o meu semelhante - ainda que em versões mais atrasadas e com menos extras e isso tudo - revolta-me que esta sanha persecutória contra mim, possa estar a prejudicar outros utilizadores. Pobres coitados, devem andar a gastar metade do orçamento que tinham para comer mão de vaca com grão e salsichas e atum e essas coisas que os pobres comem, em Biafine. Acho mal e não posso ficar quieto perante esta clara injustiça. Por isso, decidi mandar uma epístola - nós, os Silvas, não escrevemos cartas - à gerência.

Digam lá o que acham, como se isso fosse fazer diferença. Mando ou compro um fato de amianto e desafio o cancro?

...  

Cara Gerência do xxxxxxxxxxxxxxxx,,

Tendo notado o muito significativo aumento da temperatura média da água dos duches, venho informar que se trata de uma medida que não produzirá o efeito desejado: Impedir-me de demorar basto tempo no banho. 

Na verdade, tomar banho com água a ferver é uma tradição familiar, por parte da mãezinha. Adoramos. Só quando fica tudo cheio de vapor e não se vê nadinha em redor, a parecer a Choupana em dia de jogo, é que estamos bem. É tipo o nosso desporto favorito, entendem? Há quem lave a roupa interior na água do banho, nós cozemos batatas. E legumes. Já se vê que mantemos uma alimentação muito regrada, com muitos vegetais e fruta e assim. Tudo biológico. E vegan. Menos as postas Mirandesas e as alheiras de caça e o joelho de porco e o robalo ao sal, descontando o sal, e os filetes de espada, descontando o milho frito, e o marisco, descontado a maionese. De resto, é tudo vegan.

Aliás, em África, quando éramos riquíssimos, havia uma Unidade de Queimados ao lado de cada casa de banho, na enorme mansão colonial que habitávamos. É certo que nunca as usámos, mas a Avó tinha muita relutância em deixar médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar e os senhores das três ambulâncias - sei lá eu em que parte da cidade me posso queimar, disse o Avô - no desemprego. 

Por isso, deixem-se de subterfúgios parvos e tomem as vossas decisões. Compreendo que, por um lado, temam pelo futuro da espelunca que fingem dirigir, se as contas continuarem a subir. Por outro, já se sabe que se eu me chateio e me traslado para a concorrência, lá se vai metade da clientela. É fazerem as contas, é o que eu acho. 

Atentamente,

Silva

...


sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Comes e bebes, glúteos e pilas


Vocês recordam-se que, não satisfeito por ter um aspeto físico espantoso, ainda me fui meter naquilo do Getting physical, POIS RECORDAM?! Bem! Conforme prometido nesses tempos idos, cá estou para vos dar conta de coisas da vida de uma pessoa em boa forma, enquanto no processo de se pôr dessa maneira. Hã?

Fiquei muito bem impressionado ao perceber que havia um Profissional Tipo - acho que é o que significa o PT nas camisolas - que define um plano para cada ginasiante. É muito atencioso da parte deles, mesmo que aparentemente ande toda a gente a fazer os mesmos exercícios. Pronto, não será lá muito personalizado, majaté é fofinho. Passados uns tempos, faz-se uma reavaliação. É a altura em que dizem a todos: Sim senhor, muito bem, está a ir lindamente, seja lá o que for que esperava conseguir com isto. E procedem a redefinir o belo do plano. A mim aconteceu-me o mesmo.

Só que o amigo que ficou encarregue de tratar do meu caso, deve achar que tem queda para a comédia e decidiu ser engraçadinho. Foda-se, mal posso mexer os bracinhos. Eu não fui feito para levantar pesos e fazer elevações e essas merdas todas. A minha ideia era experimentar umas máquinas que vistas de fora têm ar de fazer cenas fixes. E depois ir três quartos de hora dar cafunhos na piscina. That's all dude. Acho que confiei demasiado na linguagem corporal e acreditei que todo eu grito: NÃO CONSIGO LEVANTAR ESSA MERDA! Afinal, vai-se a ver, há malta que deve ser surda.

Para não dar parte de fraco, perante o estúpido e mais a quantidade de toscos que pensou "pracaso, tu no ginásio, espera aí que duras lá muito, duras", procuro cumprir à risca o bom do plano. Mas dói-me. No entanto, a compensação de ter mais 0,0327 mm de diâmetro no braço esquerdo é inolvidável. Ora vão-safoder sim?!

O mais preocupante, however, é que agora tenho uma quantidade industrial de exercícios para os glúteos para fazer. Pá, não sei, tenho aquela sensação Hansel, 'tão a ver? Aquela vozinha no intimo que vos diz: uuuuiiii, bê lá se nuntetá a engordar póspois te comer. Talvez seja por isso que aldrabo bastante nos agachamentos. Se a trampa das elevações me deixam os braços neste estado, imagino o que os glúteos soberbamente torneados me poderiam fazer. Credo.

...   

O mais relevante desta minha experiência no campo da atividade física sem propósito nenhum, é toda a dimensão sociológica da coisa. É muito divertido. Por exemplo, sendo um rapaz dado aos desportos, daquele género que joga a tudo e não é bom a merda nenhuma, tenho passado por bastos balneários masculinos ao longo da vida. Apesar de não serem importantes para os escândalos e as noticias e assim, os balneários masculinos são um fenómeno muito pouco estudado. Provavelmente porque ninguém quer saber disto para nada, mas também há a possibilidade de ser porque toda a gente sabe do que lá se fala e acontece e tudo e tudo. Gajas, bola e o ocasional panasca, certo? Pá, isso é ser muito redutor, quando não um tiro ao lado.

O facto é que o famoso ambiente do balneário varia consoante a modalidade. Eu só conheço os dajaulas de Educação Física, do jogo da bola e agora este do coiso. Os primeiros eram basicamente uma seca, a menos que se fosse um tipo suficientemente diferente para ser gozado, altura em que se deviam tornar num tormento. Nos segundos, o assunto principal é...bola. Neste agora, a malta não se conhece assim tanto, é mais reservada, fala só cujamigos, se calha a andarem metidos naquilo juntos, de resto é bondiatémanhã.

                                          [ Interlúdio para Questão Pertinente

Como é que acontece isto? Dois gajos estão a tomar café e a falar de futebol e um lembra-se: epá, havíamos era de ir juntos para o ginásio. E o outro: olha que é uma ideia bem catita. Andamos lá aos pinchos e a transpirar e depois vamos tomar uma banhoca os dois. Eu nunca combinei isto com nenhum amigo ou conhecido e estou sinceramente intrigado. Se alguém puder esclarecer-me, agradeço. ]

E falam de quê nos ginásios? De comida e bebida. Caraças pá, fui ontem à Tasca do Silva, ui, aviei algumas duas doses de camarão e já antes tinha comido um  casqueiro praticamente sozinho. Incha! Depois acabei a noite bêbado que nem um cacho. Bebi bué. Muito mais do que tu alguma vez bebeste. Sou mais bebedolas do que tu. E como mais. Incha! Não, eu é que sou. O Silva até acabou com o buffet livre de uma vez que lá fui. Quase que lhe falia a espelunca. Incha! E conheço restaurantes mais bons do que os que tu vais. Onde me embebedo até ao coma alcoólico. Incha! Ena pá, a sério? Temos que lá ir. Pá, pois temos, temos mesmo que combinar isso. WTF?

Enquanto andam estes nesta conversa, os velhotes da Hidroterapia vão coxeando entre os bancos e os cacifos, com aquele ar de enfiavatumalambadanessa'fuças que logo viam se é bonito fazer inveja à pessoa carregadinha de diabetes.

...

Mas há coisas que são aparentemente transversais a todos os balneários masculinos. Digamos que são as constantes daqueles ambientes, traços marcantes das relações - salvo seja - sociais - ah, assim está bem - que ali se estabelecem. Ora então, o que andamos nós a fazer entre as quatro paredes dos nossos balneários, perguntais.

A puxar a pila, pois claro. Na esmagadora maioria dos casos, a própria, felizmente. É indesmentível: puxamos a pila e há até quem passe basto tempo nisto, mesmo que seja inconscientemente. Porque o fazemos? Tenho uma teoria:  

Andar a correr de um lado para o outro, a acartar pesos ou a dar cambalhotas ou chutos numa bola, não são atividades lá muito estimulantes, do ponto de vista da libido. Quer dizer, não é como se a pessoa pensasse: hmmm, agora vou correr até ao trampolim, faço uma chamada a pés juntos, dou com as mãos no cavalo e pumbas, um mortal. Só espero não cair mal e ficar paralimpico. Ui, que tesão, se me corre bem ainda me venho. Pá, não. Ou seja, o exercício não é conhecido por provocar potentes e duradouras ereções. O que quer dizer que quando se chega ao balneário, não está o homem propriamente no seu melhor. Sim, isso mesmo, we do care

Um gajo quer sempre que a sua pila seja a maior de todas, não há volta a dar. Se não é, então quer que seja a mais bonita - claro que há pilas mais bonitas, oh aqui...ai espera, não se pode. Em todo o caso, já sente que salva a face se não se considerar ridículo. Ora, acabado de se esfalfar todo, mais perto de sufocar do que de pensar em estupendas mamas, o mancebo estará sempre mais parecido com o gajo a sair da água em Moledo, em janeiro, do que com o Nelson Évora em qualquer situação da sua vida. Já se vê que isto aumenta exponencialmente o risco de a ter mais pikenacájôtras. Solução? Puxar por ela. Pela gaita, pois claro.

E pronto, é vê-los alegres e contentes, a fazer piadas sobre o jogo, ou metidos consigo mesmos depois de mais três mil cento e dezassete agachamentos - deixa ver o teu dedinho Hansel, anda lá - a puxarem a pila, a esticarem a gaita, a esfregarem o macaco. Uns mais discretamente, outros à descarada, até os respetivos pirilaus verem restabelecida a circulação e deixarem de parecer um quisto sebáceo por cima dos tomates. Como quem diz, agora sim, podeis comparar e tirar as vossas ilações. Até posso perder, mas dei o meu melhor. Enfim, ficamos descansados, é isso. Quem dá o que tem...

Isto é um comportamento automático e estou em crer que nos é incutido, talvez por imitação, desde muito cedo. Não pensem que acontece só a soberbos exemplares do género masculino com cerca de 45 anos - um vosso criado - nem pó. A questão é que um gajo quando é adolescente é diferente.

Lembram-se dos moços que entram no balneário à beira de sufocar, lá em cima? Aos putos novos isso não acontece da mesma maneira. Eles vêm a pensar que já se sufocavam no meio de um estupendo par de mamas. Ou não tão estupendo. Podia ser mesmo mau, salixe. Lisinha cumópai, safoda. Umas, pronto. Mas desatam a puxar pelas pilas como qualquer homem normal. 

Putos, tende tino. Um dia ainda partilham o balneário com o Profissional Tipo que tem a mania dos glúteos. E se ele pensa que estão felizes por vê-lo, hein? Vá lá, ide, ide puxar as pilas, mas com calma, na medida certa. A ideia não é serem o Louis CK, é só não parecerem o Adolfo

...

Eu sei que não é muito sexy e que estarei a destruir as fantasias de inúmero gajedo. Mas o melhor mesmo é tirarem a limpo num balneário perto de vós. Se vos deixarem entrar, já se sabe. Porque outra das coisas que caracteriza o nosso género, é o papo. Não pá, isso é as gajas. A gabarolice, pronto. 

Eheh e tal, faço e aconteço, era já, apanhava-a aí, ui, cacete. O quê? A senhora tem que vir passar a esfregona no chão? Credo, esperai, esperai! Ninguém abra a porta até eu ter uma toalha à volta da cintura e a camisola vestida. Ia agora a senhora vermustruces e as man boobies, Deusmalivre!

...

Hã?

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Getting physical

Malta da hidro...


Se prestassem atenção ao que vos digo, em vez de se embebedarem, saberiam que mantenho uma relação ambígua - ódio, resignação e nenhum carinho - com um Brasileiro que vive dentro do meu espertófone. Quero dizer, mantinha. Well, not even stars last forever uh?

A coisa esfriou bastante, à conta de um problema na lombar que me afastou da atividade física que, sendo muito honesto, era a única coisa que nos ligava. É para verem a fragilidade das coisas sem um propósito maior. 

Depois de recuperado dos costados, o tipo lá continuou a buzinar-me aos ouvidos à hora do costume. Mas eu, nada, nem uma faísca. Era o fim. Nem sei porque é que ainda não o expulsei de casa - do telefone, portanto. Acho que é aquela coisa inconsciente do 'indadamojumaprádespedida. A chamada abaladiça.

Como era de esperar, passei à fase da badalhoquice generalizada. Quem me quer ver, é metido em altas cavalarias, em atividades de caráter grupal, de elevada intensidade, com toda a gente aos saltos e suor a rodos. Depois acaba tudo no banho, para refrescar. Pode ser promíscuo, mas é asseadinho.

Em suma, lixei-me para a app "Seven" e inscrevi-me num ginásio.

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Saibam que se tratou de um regresso às origens, uma vez que o meu primeiro emprego foi de rececionista num ginásio. Tinha eu alguns oito anos ou assim. Já se sabe, nós, os desfavorecidos, temos que dar ao cabedal desde cedo. Para além de que não passei da primeira fase do processo de recrutamento para ladrãotraficante. És bué da fininho, mete-te na musculação e depois aparece cá, disseram-me. Como aquilo dos pesos parecia basto...pesado, fui antes para rececionista.

Não se pode dizer que tenha durado muito, lá isso não. Despediram-me ao fim do segundo mês, se bem me lembro, com uma justificação perfeitamente parva: Oh miúdo, passas mais tempo a jogar à bola no campo à frente do ginásio, do que a receber as mensalidades. Se é para continuar assim, não precisas de vir mais. Vê lá se tomas tino. 

Eu tomei. Não meti lá mais os cotos. No ginásio, está claro, que ao campo da bola voltei amiúde.

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Isto de ser a pessoa ginasiante não é automático, nem pensar. Tem que se falar com um rapaz daqueles que deve ter um pipo. Vá-se lá saber onde. Todas as manhãs lhe metem uma bomba no dito e enchem o catraio. Salvo seja.

Temia que me tocasse um Brasileiro - por causa de um qualquer ataque de remorsos - pelo que fiquei satisfeito quando o moço me disse "Uóláe". Disse mais coisas, mas eu estava entretido a pensar se seria azeiteiro ou sapateiro e não liguei nenhuma. Só percebi que, afinal, tinha que ir para ali expor-me e contar porque recarga de água estava a tentar juntar-me ao grupo.

Respirei fundo e expliquei o melhor que pude. Enquanto ele olhava para mim com ar de whothefuckcares? Quando achou que já tinha passado tempo suficiente, arrumou a conversa com um vamolátratardamensalidadezinha, sim?

Entregue o meu rico dinheirinho, ainda tive tempo para perguntar: E já posso vir a isto do Cycling amanhã? Ao que o moço respondeu: Epá, tu é que sabes, cota. Depois não te queixes. Vai antes à hidroginástica. E pôs-se a mexer, com um estranho sorriso.

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Diga-se que, dado o espírito sovina, escolhi a tarifa mais baixa, com grandes restrições em termos de horário. Basicamente, só posso frequentar as instalações quando quase ninguém lá quer estar. Sou uma espécie de Taraabt, vá. Em melhor forma física.

Com essa limitação,calha-me mesmo a jeito o Cycling. Por isso, apesar do aviso do Rapaz Câmara de Ar, no primeiro dia fui espreitar o que faziam nessa aula.

Pá, era quase tudo gajas! Boa parte delas, mais velhas do que eu. E dois gordos: Um gordo muito gordo; e outro gordo apenas gordito. E o tipo que mandava naquilo, todo contente à frente da turma, num palco. 

O cabrão queria era ser a estrela da companhia! Estava mais do que visto, sempre que apanhavam alguém com bom ar, os filhasdaputa mandavam o indivíduo para a hidrocoisa, para não terem competição no Cycling. Foda-se, se aquela gente consegue, eu também consigo. Era o que mais faltava!

E foi assim que me vi sentado num selim, com os pés nas pedaleiras, pronto para 45 minutinhos de cicloturismo. No primeiro dia, sem aquecimento sequer. Incha, Rapaz Câmara de Ar.

Recordo, embora vagamente, que entre os Despacitos do momento, tocou uma canção dos Within Temptation e, mais tarde, uma versão do Nothing Else Matters, em que o James e o Lars passam a música a rir e a apontar para mim. Conforme desconfiava, aguentei a aula toda. À custa da vergonha, a partir dos primeiros...errr...5 minutos?

Passaram 15 dias e já consigo andar sem ajuda. Mas não muito depressa. Estamos fortes! Pronto para o próximo desafio: Hidroginástica!

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Durante estas duas semanas de paralimpismo, conclui que tudo na vida tem um sentido. Até o Cycling, que é andar de bicicleta como se fosse um doido perigoso, dentro de uma sala, sem sair do mesmo sítio.

Senhores biciqueletistas, vocês sabem que pensei muitas vezes em abrir a porta "sem querer" e mandar-vos de cangalhas, já de nervos em franja, a 10 km à hora, atrás do pelotão. Pois desculpem. Desculpem mesmo, inclusivé ao Domingo. Tenho todo um novo respeito por quem pedala, chiça. 

However, pá, se puderem evitar as licras garridas, tipo fúcsia e assim, tanto melhor...

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Ontem jogou o FCP e há, seguramente, muito quem vos elucide sobre o jogo e sobre as táticas e os jogadores e assim. 

Foi giro, foi sim senhor, como tem sido este inicio de etapa. Mas falta muito quilómetro, ainda temos muito que pedalar.

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Soundtrack to new begginings: Let your body talk!