quinta-feira, 28 de setembro de 2017

O péssimo timing do Senhor Silva (inclui A Culpa é do Cavani)



Basmati para um caril de camarão; duas batatas a murro para uma posta alta de bacalhau na brasa; uma mão cheia de castanhas a assar com o cachaço; o ovo a cavalo do hambúrguer de salmão fumado, Tasca's way; meia dúzia de croutons na sopa de peixe do Silva.

O Sol na parte de dentro da coxa, depois de uma manhã de sexo; as tuas costas no peito, antes de adormecer; Happy par Clinique; Running Free a entrar na autoestrada - out of money, out of luck, got nowhere to call my own, hit the gas and here i go... - uma imperial, que não um fino, na esplanada da praia de São Lourenço; a Maria Amélia antes do hino da Champions.

( O autor reflete e decide manter o tema:

Pois, ia-me perdendo. Porque balanço em mais um comboio e a distância que isso cava me vai pesando mais a cada ano. Mês. Pesava menos anteontem, pronto. Isso faz-me derivar de tudo para Saudade. Mas era de bola que vos queria falar. 

O autor apercebe-se que viveu um momento de esquizofrenia positiva e, sem mais nem menos, ri-se e apetece-lhe dar uma palmada nas costas do Jorge Vassalo. O autor pondera cagar nas responsabilidades e dar meia volta no Entroncamento. )

De facto, há coisas que não são essenciais, no sentido literal de não serem a essência do fenómeno, mas fazem uma diferença tão grande que passam a ser uma marca distintiva. O acompanhamento perfeito. Como quarta foi de terça. 

Sim, é bola. Sim, sou um imbecil, Senhor Presidente.

...

A estrondosa vitória do nosso FCP no Mónaco, já foi abordada por todos em todo o lado. Em nenhum sítio de forma tão aparvalhada e, já agora, sonora, como no


Não imaginam a surpresa e a alegria de percebermos que alguns de vós, de facto, nos ouvem. Também não fazem ideia de quanto nos divertimos a gravar cada jornada. E daí, até é provável que façam.

Só ouvindo mesmo.

...

São atribuídas ao nosso treinador algumas declarações, obtidas em torno do jogo de terça, não sei se antes ou depois, se antes e depois, nem agora interessa. O que me importa é o conteúdo, porque me preocupa um pouco. Poucochinho. Uma ervilha, vá. Só que as ervilhas germinam.

Então, parece que o nosso Sérgio - que vitória rapaz, vénias! - terá dito em alguma altura qualquer coisa como;

Epá, deram-me um guarda-redes e foi isso. Olha, ainda nem o convoquei. De resto, nada, nem um reforço.

Já sei que há muito quem concorde com esta acepção. Pessoalmente, discordo. Podem intuir que o treinador queria outros jogadores, diferentes, melhores, piores e capazes de andar de salto alto, é tudo indiferente. O facto é que é falso que não tenhamos tido reforços. 

Não contratámos mais do que o Vaná, lá isso não. Mas Aboubakar, Marega, Ricardo Pereira, Hernâni e Sérgio Oliveira, não constavam do plantel do FCP que terminou a época passada. Para mim, são reforços. É particularmente interessante reparar no impacto que têm na equipa, não? Mérito deles e, muito!, do treinador.

Sobretudo, não gosto do tom. Não se adequa ao discurso que Conceição tão bem vem mantendo. Aquele de que os jogadores são excelentes, da satisfação com o grupo ser plena e a confiança na prossecução dos objetivos total. Pá, não sei, soa-me a "eu não terei a culpa".

Da mesma forma que é um disparate pensar que a Direção, noneadamente o Presidente, não teve nada a ver com os fracassos de anos recentes; é estupido pensar que alguém poderia tirar o corpo de qualquer novo insucesso. Verdade seja dita, o único insucesso até agora foi o jogo com o Besiktas. O primeiro a assumir a responsabilidade foi o treinador. Well done!

...

Hoje, volto a ler referências a declarações do meu treinador - finalmente temos um de novo, chiça! - que não me sossegam. Agora foi:

Ui, guita não há, é para esquecer. Tive que andar a aproveitar restos e a apostar em jovens. Para já está a correr bem, mas não é fácil. Ser Campeão Nacional será o maior desafio da História do FCP.

Poooooiiis, só que não. 

Meu vitorioso e querido Sérgio, a História do nosso clube está cheia de grandes desafios. Maiores do que esse de seres campeão, acredita. 

Assim de repente, já serias nascido em 1982 para saberes da dimensão do desafio desse Verão. Que te parece a ideia de pegares num clube que, mais do que dinheiro para comprar jogadores, não tinha nota para pagar a conta da água? Pois moço, tomavas banho em casa? 

Olha, houve quem enfrentasse e vencesse esses desafios. E fosse campeão. Alguns são já gratas memórias do nosso Livro Dourado. Outro, podes cumprimentá-lo respeitosamente todos os dias. Seu sortudo. Sim, na verdade, és tu quem tem a sorte de aqui estares. Not the other way around.

Depois, gostava de perceber o que é isso dos jovens. Está bem que catraios com 24 ou 25 anos são jovens. Mas olha que já têm basta quilometragem. Não era a esses que te referias, certo?

Então a quem seria? A Mikel, o Turco? A Rafa, o Bife? Rui da Rotunda? Baleno e Barela? Govea, o Belga? Quais jovens? Eu?

Confesso, não gosto de sinais de malta a pôr-se em bicos de pés e espero que o contexto e o tom e tutti quanti me tenham dado a ideia errada. O meu maior receio em relação ao nosso treinador, tinha a ver com uma certa tendência...errr...Jesuíta que lhe notei em Braga. E em Guimarães. Os franciús que falem por si. Quero muito ficar sossegado em relação a isso. Porque há coisas que nenhuma vitória paga. Falo por mim, pois claro.

Se para dentro - do balneário, do Portismo, do País - dizes Nós, mantém a palavra quando te põem microfones diferentes à frente. Não que mintas, de maneira nenhuma, mas esqueces-te de que o líder vencedor - que serás! - conduziu uma equipa. Não a salvou. Nem Jesus salvou a Humanidade. Get it?

Que má altura para discordar do Sérgio, não é? Kékássaber.


segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Autárquicas 2017: P.I.L.A. (inclui Pausa Fashion, com YSL)

Até os bonecos animados votam P.I.L.A.

O período eleitoral é sempre uma festa para mim. Divirto-me que nem um bácoro a rebolar no esterco. Gosto das campanhas, dos comícios, da afonia dos candidatos, dos comentadores de coisa nenhuma, dos programas, das promessas e dos debates.

É como se fosse um imenso festival de comédia, com uma ou outra atuação mais inteligente, mas quase tudo a puxar ao pimba: brejeiro e sem conteúdo, mas muito dançante e bem disposto. Enfim, o ideal para um tipo se enfrascar e andar por aí a rodopiar alegremente com balzaquianas de avental e chinelo.

( PAUSA FASHION, com Yvo Silva Lourenço - YSL

Depois da bota que é uma pantufa da Serra da Estrela, eis que se deu o passo decisivo no que toca à estupidez de meter no pé: o chinelo de quarto de andar na rua. Não sei pá, podem acrescentar-lhe os pompons que quiserem. Mais berloque menos brilhante, continuam a ser chinelos de andar por casa. Fica mal irem todas pintalgadas e arreadas para a noite, com o belo chanato fúcsia de felpo no pé. Parece sempre que vão só ali despejar o lixo, foda-se.)

Mas este ano estou muito triste e desiludido. Quando pensava que a classe política não podia descer mais baixo, fazem-me isto. Não que depositasse alguma esperança na imaginação desta gente, mas já ficava satisfeito com os disparates normais. Nem isso, vamos avançar para Autárquicas que mais parecem a RTP Memória: o tio Isaltino, o primo Narciso, o avô Valentim, só faltava maijum e fazíamos disto uma tira dojirmãos Metralha.

Está bem que há uns cartazes maijómenos catitas, mas boa parte são fakes e ojôtros não ficarão assim tanto para a história. Não lobrigo um Ninja que me faça ficar ligado na campanha e ansioso por ir votar. Caraças pá, nem um Tino de Rans, para não pensarem que exijo ópera em todas as eleições. Bastava-me um Zé Cabra.

Perante um cenário em que a coisa mais relevante é a candidatura da Ágata - será que ela canta nos comícios? E usará chinelo de quarto na rua? Não se sabe, porque ninguém liga nenhuma à campanha da Ágata. Suínos. - não tive outro remédio que não tirar da gaveta um antigo projeto político da Tasca.

Ah poijé bebés, tremei partidos do sistema, chorai movimentos de cidadãos, pensastes kisteratudovosso, agora inchai!

...

Senhoras, senhores, trangéneros, intersexuais, andróginos, assexuados e maijukinventem a seguir, tenho a honra de vojapresentar o mais inclusivo movimento político da História da Humanidade:

O Partido do Interior do Litoral e Arredores.

Como se percebe, é um partido que não deixa nada de fora. É uma malta que quando entra, vai de cabeça e dá tudo até ao fim. Uma espécie de martelo pneumático da disputa partidária, que só depois de tudo bem esburacado é que se dá por contente. Enfim, vocês percebem a ideia e  já se poupam a mais uma série de metáforas parvas.

Para todos aqueles e todas aquelas (e etcs pelo meio) que estejam a enveredar desde já por uma linha de raciocínio meio estúpida - tipo, ah e coiso, lá vem ele com o machismo besta e retrógrado, a piada fácil e boçal - fica aqui o desafio: organizem-se e apresentem alternativas válidas. 

Olha, lancem o Comité Operário Nacional Antimachista, por exemplo. Antevejo épicos confrontos entre ambos. 

Hã? De ideias, está claro. Somos contra qualquer tipo de violência, sobretudo da que dói. Credo.

...

O P.I.L.A. ora descai mais para a esquerda, ora se inclina para a direita. Não tem um espectro ideológico dogmático, uma vez que o nosso único interesse é a satisfação do Povo. Umas vezes para um lado, outras para o outro, logo se vê qual é a fórmula que mais interessa à cidadã. Digo, cidadania.

O que verdadeiramente define o nosso movimento político, é o conteúdo programático do PILA: nada, zero, bola, não temos. Tudo depende da ocasião, vamos agora estar a fazer planos para quê? Em chegando a vias de facto, logo se define o melhor modo de atuação.

No entanto, o cerne do projeto é sólido e a nossa convicção profunda. A essência do partido está plasmada na nossa PU - Promessa Única:

Em ganhando, não governaremos.

Pá, é que a nossa vida não é isto. A gente não gosta lá muito de andar a viajar a convite de empresas e assim. Nem temos pachorra nenhuma para aturar os outros políticos, Deusmalivre. 

O PILA limitar-se-á a selecionar e empossar os profissionais que melhor saibam gerir as diversas áreas de intervenção. Isto é, pôr o gajo ou a gaja (ou um etc, tanto faz) certos no lugar certo. Depois, aplica-se-lhe uma avaliação de desempenho anual, como a qualquer funcionário público. Só que a sério. Se estiver a fazer porcaria, vai para o olho da rua na hora, tipo precário. Puta que o pariu, não vamos andar a encher o cu a quem não faz nada de jeito.

Ou seja, o PILA não será mais do que uma empresa de recrutamento e trabalho temporário. 

...

Queremos genuinamente ajudar, criar condições para que todos tenham vidas melhores, a começar por nós, está claro. Olha não, andávamos aqui nesta parvoeira e não ganhávamos nada com isso kéjbêr? A diferença é que o PILA se compromete a divulgar todo o income

Desde logo estabelecendo claramente quanto é que nos toca, em sede de Orçamento de Estado, e jurando solenemente que declararemos todas as gorjas que aceitarmos ao Tribunal Constitucional. Sem lérias.

Quem está já a pensar em suborno, está cheio de razão. Bastante até. Já quem está a pensar em vir a subornar, brevemente estarão disponíveis as linhas dedicadas e o contacto de e-mail que devem utilizar.

A grande mudança para o que agora temos, é que o PILA tornará público o seu CES - Caderno de Encargos de Subornos. As regras serão claras e todos os cidadãos poderão saber em que condições metemos guita ao bolso. That easy. 

Para terem uma ideia da linha orientadora, está já definido que no âmbito dajobras Publicas será escolhida SEMPRE a proposta que mais beneficie o munícipe, o cidadão, o Povo, consoante aquilo em que estivermos a mandar. No caso de empate entre dois concorrentes, em vez de irmos analisar tudótravez, ganha o que fizer um donativo maior ao PILA. Sendo que 10% desse valor reverterá para a ASA - Associação dos Silvas Abandonados.

No fim do dia, a força motriz do projeto é o Bem Comum: melhorar a vida das gentes, enquanto eu fico podre de rico. Lá está, comum.

Quanto a vocês não sei, majeu cá acho que é um projeto com grande potencial de crescimento. É dar-lhe carinho, digo eu. Quanto mais carinho lhe derem, mais o PILA cresce. Tão certo como o Fábio Veríssimo ser nomeado para VAR de um jogo dos lampiões.

...

INFORMAÇÃO AOS PILÕES (ké a malta que quer votar no P.I.L.A.)

É natural que não encontrem os candidatos PILA nos vossos Boletins de Voto, uma vez que ainda não fazemos ideia de quem possam ser. Majisso é uma fraca desculpa para votarem nos palhaços do costume. Basta desenharem o logótipo do partido no boletim. Em todo o boletim mesmo, para não restarem dúvidas.

Protesta, insurge-te, rebela-te! Vota duro, Vota P.I.L.A.!




A Culpa é do Cavani - Episódio 10: Josué, o nosso Pikachu


Os Cavanis voltaram a estar juntos na mesma sala! É verdade, caros saudosistas, com direito a comboio e tudo! E aproveitámos a proximidade para uma análise do pós-Portimonense, feita por dois terços dos Cavanis, já que eu cá não vi o jogo. Não obstante, estive contra as opiniões dos outros, por uma questão de princípio. 
Muito amor pelo Brahimi, algum pelo Herrera e pelo Marega, naquele que foi um dos episódios que atravessou mais épocas em termos de análise, regressando aos tempos de Adriaanse e culminando com a escalpelização que todos esperavam: o plantel de Paulo Fonseca era feito de “tremoços” ou jogadores a sério? 
E atenção, Josué, se nos ouvires, nada contra ti rapaz. Pikachu é um termo carinhoso! Para terminar, uma mini-antevisão do jogo de Alvalade, o Mónaco e a chatice da Rádio Renascença e de Fernando Gomes (o da Federação) não terem vergonha e meterem um nojo do caraças.
Todos os episódios anteriores estão no site e no feed RSS, pelo que como de costume amandem as vossas postas para cavani@porta19.com!
Link para a página principal do podcast: A Culpa é do Cavani
Link para o décimo episódio: Jornada 10 – Josué, o nosso Pikachu
Link para feed em leitores de podcasts: http://aculpaedocavani.porta19.com/feed/mp3/

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Nomes - RMS



Do espólio do Velho dos Sapatos, apanhado por acaso, e esquecimento do referido, enquanto se limpava mesas:

" Nomes - RMS

Várias vezes - em algumas manhãs muito cedo, no meio de uma neblina fumarenta; em dois ou três finais de tarde de Sol poente e corpos de sal; numa raríssima noite insone - as palavras voltaram à minha mente: não me escreveste um poema quando eu nasci.

Podias-me encontrar um lugar impenetravelmente escuro e totalmente silencioso. De uma ausência completa, consegues imaginar? Um sitio impossível, sem consequência nem História, em que não restasse mais nada senão eu diante do meu sentimento por ti.

Ainda que fechasse com força os olhos, a imagem seria clara na minha mente; e quando me tentasse esgueirar para coisas que me distraíssem - futebol, aposto! - elas seriam impensáveis, pois dos Universos material e espiritual e racional e qualquer outro que pudesse alguma vez ter existido, nada restaria que não o que me És. Mesmo aí, eu não teria palavras para dizer este Amor.

O que queria era ser Livre. Fosse e nada te custaria qualquer esforço, porque de tudo cuidaria. De forma que a tua vida seria um constante passeio por veredas floridas ou uma corrida pelo caminho que te apetecesse. Feliz seria eu, de te proporcionar até o que não soubesses ainda que desejavas.

Oh não, nunca cairias, nunca falharias, nunca perderias. Serias Perfeita, no Mundo Perfeito,  cheio de pessoas Perfeitas. Porque serias sempre tu a definir Perfeição e tudo se te submeteria em nome deste Amor. Que é só meu, mas é tanto e tão grande que dominaria todas as Coisas e Seres, incluindo os Entes que habitam as interdimensões espaciotemporais. E os Vampiros e os Magos também. Um ou outro Lobisomem é que poderia ser mais rebelde.

Só que me prendo. Travo esta batalha infinitamente, de mim para comigo, desde o momento em que, nascida, pudeste olhar-me. E eu descobri que a minha missão era a tua Felicidade e que isso me ia custar tudo o que alguma vez poderia ter tido. Consagrei-me nesse instante e deixei de saber dizer este Amor.

É por isso que povoas os meus piores pesadelos. És a minha fraqueza inultrapassável, a morte de toda a valentia e qualquer bravata. É de ti que rezam as lendas que me recuso a ouvir e é para ti que correm todos os males do Mundo: as pestes, os demónios tiranos, os feiticeiros malvados e os Homens de uma maneira geral.

Sou só este e tenho tanto medo de não ser suficiente. Sobretudo, tenho um pânico descontrolado de que tenhas medo. Do que seja. Por isso te ensino a fazer pazes com ele, a tratá-lo como a um amigo, a conhecê-lo. A enganá-lo, como eu faço a cada minuto a todos os pavores de que sofro por ti.

Ah mas nada de enganos, eu permaneço o herói de espada em punho e abdominais ao léu, o Campeão do Mundo de secar cabelos, o original do teu sentido de humor, o homem que descobriu que o Planeta acordou de pernas para o ar e as pessoas tinham que acordar rapidamente, mas com cuidado, antes que caíssem das suas camas no teto. Sou esses, ainda frescos, e também o porquinho Alfredo, o Burro Tójó, a galinha Hermengarda e a certeza de que perceberias que não faz mal desenhar horrivelmente, se te divertires.

E sou um tabefe que não esqueces até hoje. Nem eu. Contínuo a sentir o mesmo frémito de alivio e o mesmo arrependimento escondido. Veremos o que se sente num eventual próximo, nunca fora de questão.

Um dia serei só isso: memória. Não há como fugirmos, meu Amor. Nasci e nasceste, aí traçámos o meu Destino. Sou para ti, mas não posso ser Tudo Sempre. Porque inevitavelmente acabarei por quebrar a minha promessa e te faltarei.

Nesse tempo - oh sim, falemos de tempos imensamente longínquos - serás o que eu não pude ser: a fonte de toda a Felicidade. É só isso a que aspiro: construir a cada nega, a cada frustração que te imponho, a cada gargalhada, aquela que se bastará. Porque te Amo, é certo, mesmo que não consiga encarar de frente este Amor. Porque me mataria cedo.

És o Amor que não sei escrever. "

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Soundtrack to RMS (with a drop of grief): What's a miracle?

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A Mesa do Canto: Em passo de corrida (com Mega)

www.gorunningtours.com

Tenho um problema com filtros. Desde puto que sou péssimo a fazê-los. E a enrolar também sou uma nód... Hã? Ah, pois, não, neurónio errado. 

Diz que tenho um problema com filtros que me faz ser basto inconveniente por vezes. Eu acho que estão muito enganados, visto que sou um doce de pessoa, com quem deve ser facílimo simpatizar. Não tanto pelo ar castiço e apalhaçado, mas sobretudo pela natural bonomia, fina inteligência, excelente trato, esmerada educação e uma dose de humildade natural que até espanta. Por manifesta modéstia, deixemos de parte os magníficos atributos físicos da minha pessoa, mormente os que não são imediatamente visíveis. Ainda que se adivinhem, receio bem. Não que seja muito complicado que os descubra, lá isso não. Quaisquer três garrafas de tinto carrascão e uma aposta estúpida depois, aí vai ele, com as pendurezas badalando por aí.

Parece que as pessoas não devem falar logo que as coisas lhes vêm à cabeça. Tipo, devem ponderar a formulação das questões que os atormentam, de modo a não ferirem susceptibilidades. Por exemplo, explicam-me que é de evitar chegar ao pé de alguém e perguntar "Atão, morreu o tê pai? Foi com quê?". Ainda que o progenitor da criatura tenha, de facto, passado desta para uma outra.

Felizmente, acabei numa tasca. Toda a gente sabe que isto é um pólo de saber muito superior a qualquer Campus Universitário. Quê? Qual Campus, caralho? Superior a qualquer praça de táxis. Não há pergunta que fique por responder numa tasca. Seja o que for que queiram saber, temos cá alguém que já fez. Ou está a pensar fazer. Ou não pode ser interrompido neste momento exatamente por isso. Ainda melhor, estão bem a danar-se para a maneira como lhes perguntam as coisas. Até porque não saberiam responder com meias tintas.

... 

Tenho andado a pensar que deve haver uma razão maior do que ser saudável para a malta andar toda taralhouca a correr de um lado para o outro. Será que eles sabem que vem aí o Apocalipse Zombie e estão a treinar? Óspois, correm mais do que nós, as pessoas normais que não desatam a correr só porque sim, e os mortos-vivos agarram-nos primeiro e comem-nos. Eu de ser comido não me importo assim muito, desde que não envolva pilas que não a minha. As dentadas é que não aprecio.

Olha, nem de propósito, aí está ele, o nosso especialista em correr porque sou tolinho. Chega-me a pingar suor, até mete nojo, mal consegue dizer Super Bock e moelas. Ah, o lanche de campeões depois de uma bela corridinha, hein? Pergunto-lhe:

- Oh morcão, porque é que tu corres se não vai alguém atrás de ti para te bater?  

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Porque é que eu corro se não vêm atrás de mim para me bater? Olha, fodeu-me!’ e nem foi preciso chamar o Marega…

Há perguntas que são tão inteligentes que independentemente da resposta que um gajo tiver para dar já entra a perder, por isso mais vale responder e já estou a ganhar. Confuso? Habituem-se, vai piorar.

Se duvidam de quão inteligente é a pergunta, pensem se o Stephen Hawking era capaz de a responder. Não, pois não? Então pronto! Divago.

Milhões de anos de evolução humana e correr é-nos tão instintivo como respirar. Basta pensar que uma criança, quando finalmente domina o equilíbrio necessário para se manter na vertical, começa por correr, mesmo antes de saber caminhar. Corremos porque temos falta de tempo, somos apressados, e, com as ferramentas que a Natureza nos deu, continua a ser a forma mais rápida de chegar a algum lado.

Dizem os estudiosos que correr liberta endorfinas, aumenta a sensação de bem-estar e faz activar no cérebro a mesma zona de prazer que as drogas. Mas fica mais em conta. É capaz de ser verdade. 

Eu corro porque faço parte duma tribo, corro com a minha seita. É mais fácil de desincentivar se alguém quiser mesmo vir atrás de mim para me assapar o pelo.
Além disto tudo, tenho o privilégio de correr no Porto, com o Douro como companhia. No meio dos meus, com o cheiro a mar a invadir-me as narinas, o Sol a morrer no horizonte, intervalado pelas pontes e o “foda-se, oblá, já num te bia há colhões de tempo, caralho!!” como banda sonora ao passar pelas vielas. Não há nada que pague isto. E a marginal cheia de fêmeas em roupa de desporto justa também não.

Ui, já lá vem o camurso do Silva com as moelas e mais um fino e a pergunta continua sem uma resposta à altura. Cito o Rui Pinho, que em tempos citou outro gajo qualquer e digo que corro porque posso. 

Olho para a vitrina onde o Silva deixa a garrafa de Dimple a ganhar pó e aproveito o reflexo para fazer uma tabela, lanço um olhar ao Stephen que acena a cabeça, a concordar comigo. Ou então é um espasmo.


Com Mega | @magalhaes81

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Soundtrack to Mega: RUN!

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O Mega é um prezado freguês da Tasca. O primeiro a desafiar-me para me juntar à seita do pássaro azul. Faz o favor de me aturar por lá também. Não fiquem invejosos, vocês também podem frequentar em @tascadosilva

Agradeço-lhe a disponibilidade, pois está claro, para ocupar a Mesa do Canto e lançar alguma luz sobre um dos Grandes Mistérios da Humanidade. Se o virem a correr feito doido por ai, assapem-lhe! Não vá a criatura estar a atravessar um momento de menor motivação... 

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Solidariedade e um mistério

Quizz: descubra o erro nesta imagem

Manifesto desde já a minha solidariedade para com ojárbitros da bola que querem aumento. Percebe-se lindamente a reinvidicação. 

Com o penta prometido a deslizar, prevê-se um aumento exponencial do gasto em refeições por parte da classe do apito. Só o que se perde em vouchers, dava para alimentar o Pedro Guerra durante um ano. Bem, provavelmente nem tanto. Um mês. Duas semaninhas? Kéjbêr que foi à pala de poupar para a ração do paquiderme que venderam tanta gente?

No mínimo, haviam de lhejatribuir um seguro de saúde, com cobertura oftalmológica, dado esforço córneo que agora lhes exigem. Ora agora é para não ver nada, ora agora é para ver até o que não estiver lá. No ecrã da BTV. Dá cabo das vistas a qualquer Fábio, credo.

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Estou igualmente solidário com a Liga de Clubes, por não querer aumentar ojárbitros da bola. Percebe-se lindamente a nega.

Com o penta encomendado a deslizar, não se entenderia que fossem premiados os elementos mais importantes da equipa que perdeu 5 pontos em 6 jogos. Pois, esses mesmo, a classe do apito. É apenas justo que demonstrem competência na tarefa que lhes está atribuída, antes de se porem a chorar por aumentos. Até ao fim do campeonato, têm ainda muito tempo para contribuirem para a prossecução do objetivo. Não tenho dúvidas de que se esforçarão. Meus queridos.

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É apenas humano sentir-me solidário com o jogador Marcão - irmão de Marcãozão, Marcãozorro e Megamarco, filho de Dona Marquinhas e Sêu Minimarco - que se atirou todo inteiro de encontro a uma locomotiva. É parvo da parte do cachopo, majistusmiúdos, já se sabe. 

Faço votos para que recupere rapidamente e que o acidente tenha servido para lhe meter algum tino naquele cérebro de ervilha. Ai ca burro.

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Protomaregodependência
Não contam com menor solidariedade todos aqueles que querem saber tintim por tintim o que se passou em Vila do Conde no Domingo. Para satisfazerem essa felina curiosidade, só vos resta irem a correr ouvir o 


Está lá tudo, pelo que nada há a acrescentar aqui. Bem sei que aturar estes três imbecis por 50 minutos não é fácil, majé para vosso bem. Estamos juntos!

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Grandes mistérios da Humanidade:

Porque correm desauridos de um lado para o outro tantos indivíduos, se não vai alguém atrás deles para lhes bater?

Também não sei, mas vou investigar.

domingo, 17 de setembro de 2017

Domingo B, uma pausa e um eargasm

Faz-me lembrar qualquer coisa...

Ontem pude, finalmente, ver o primeiro jogo completo dos meus meninos queridos. Pois claro que tenho, não sou menos do que um lampião qualquer, olha que merda! Isto é, vi o FCP B. Já tinha andado a ver uns pedaços dos outros jogos, mas assim à boss, um jogo inteiro, sem interrupções, ainda não tinha acontecido este ano. Sendo o primeiro, o meu plano era, muito inteligentemente, deixar-me estar caladinho e não desatar a mandar postas de pescada na Tasca. Para plano, não parece estar a correr nada bem...

É que já esta manhã li a conferência de imprensa do Sérgio, nomeadamente este pedaço, e fiquei a pensar que o gajo devia ter começado a frase por "Como disse o Silva, o desequilíbrio do meio-campo...". A seguir explicava porque é que em vez de corrigir aquilo dos avançados e dos alas, tratou de tirar um médio e pronto, estava tudo dito. Só que, de facto, um gajo falar depois de ver as coisas a acontecerem é mais fácil. Mesmo quando eu e o Sérgio pensamos da mesma maneira, e ao contrário de 99% da malta pelos vistos, ele tem que fazê-lo antes. Já eu, posso cagar sentenças depois. Parecendo que não, faz uma diferença do caraças. Sobretudo nas nossas contas bancárias, poor me.

Foi aí que me decidi a falar nos B desde já. Antes que seja tar...depois. A quem é que isso vai fazer diferença, não faço ideia. A ninguém, acho eu. Majolha, melhor isto do que andar metido nas drogas e no gamanço e na malfeitoria de um modo geral.

...

Quando olhei para o nosso onze para o jogo contra o Nacional, pensei o mesmo que os amigos da página oficial do FCP: Fixe, deixou-se do disparate dos três centrais e vamos jogar à bola. Boa altura para isso, porque o Nacional é um dos - nesta Liga não há principais, é tudo em molhos - candidatos à subida. Depois reparei bem na equipa e estava lá o nosso capitão, Rui Moreira. Ora, quando o bom do Rui está no onze, que é sempre, só depois de o jogo começar é que podemos saber qual é o sistema. Voltaremos a este rapaz, mais à frente.

No papel, eu via um meio-campo de muito trabalho e arte maijómenos, com o melhor jogador da Liga em Agosto descaído na esquerda, mas, seguramente, cheio de liberdade para pegar no jogo no meio, beneficiando de um defesa esquerdo que é um extremo e das costas quentes daquele miolo cheio de músculo e capacidade de recuperar bolas. Apesar desta perspetiva de jogo me deixar com uma semi-ereção, depressa o cérebro - que é aquele orgão que serve para passar as cenas de semi a gandapau - me atirou para um duche frio. Estava mal, não devia ser assim, era estúpido! 

O meu entusiasmo, que vocês os quatro conhecem, pela equipa B, deve-se ao facto de pensar que o projeto não serve apenas para potenciar jogadores. Serve também para dar cobertura à malta da A. Isto é, para os substituir sempre que for preciso e se justificar. É uma extensão do nosso plantel e não pode ser olhada de outra maneira. Só que tem sido. Toda a gente parece olhar para a B como se fosse outro escalão. Tipo, é os juniores. Errado! Estes miúdos são profissionais e devem ser tratados como tal. Para o bem e para o mal.

Portanto, na minha opinião, a equipa B deve jogar SEMPRE da mesma maneira do que a equipa principal. Não é quase sempre, é SEMPRE, mesmo! Basta atentar no seguinte tutorial:

"Como meter um B a jogar na equipa A, em 3 tempos"

1º Tempo - Pega-se no cachopo da B com cuidado, para não lhe partir uma perna ou assim

2º Tempo - Põe-se o moço a treinar a semana toda com os A

3º Tempo - Mete-se o B na A. 

Basicamente, é seguir os passos da cópula, sem a parte de pagar jantares e fazer de conta que somos tipos inteligentes e seres sensíveis. Panascas, no fundo.

(Pausa para fazer vénia à Rita e sus muchachas capazes)

Ora bem, apesar de simples, isto implica uma coisinha importante: não ter que se ensinar o rapaz como é que tem que jogar e quais são as especificações da posição que se pretende que ele ocupe.

Foi por isso que o que eu via no papel, antes do jogo, por muito que me parecesse uma gaja bem boa, não me dava tesão. Porque não cumpria um dos objetivos primordiais da B. E uma coisa que faz o contrário da sua essência, tarde ou cedo dá merda. Ou pior do que isso, dá merda nenhuma.

...

E então começou a bola. Quase tudo o que está refletido acima foi com os porcos. Quais 4-3-3? Estava-se mesmo a ver que o Moreira ia jogar a terceiro central. Laterais projetados, dois médios de contenção, o André plantado à frente e Fede e Galeno para que vos queremos. Para ser mesmo, mesmo perfeito - not! - só faltava cagar no talento do Varela e fazer um jogo de esticões e pontapés para a frente. Ou seja, por cima do Fede e à espera que o Wanderson as apanhasse. E não é que apanha a maior parte? Desde que os matulões lá de trás consigam mandar os charutos de forma a que a bola não saia, o bom do Galeno, mais ressalto menos canelada, acaba por ficar com a chicha. Para ideia de jogo, é pobrezinho.

Vejamos, se nos estamos a danar para a articulação com a equipa A - é o que me parece, até melhor opinião - os resultados passam a ser importantes. É que essa treta da "formação" e da adaptação a um escalão diferente e rebéubéu pardais ao ninho, era interessante se Garcia, Rafa, Galeno, Fede, Omar, Mikel ou Rui Pedro tivessem servido para alguma coisa. Which they didn't. Há dois que brilham na B e já leio muito Portista de rede social a pedir o seu empréstimo em janeiro. Para crescerem, dizem eles. Como o Rafa e o Mikel, certo?

Nesse caso, Folha apresenta, nesta altura, um futebol de treta, mas bons resultados. Aliás, muito bons! Claro que ontem podíamos muito bem ter perdido o jogo na primeira parte. Íamos para intervalo a levar uns trêjum e ninguém se podia admirar. Mas também ninguém se pode queixar de termos ganho, depois de uma segunda parte muito melhor. E porquê muito melhor? Porque a bola passou mais tempo nos pés da nossa gente do meio-campo do que no ar. Numa direção qualquer. Até aparecer o Galeno, vindo da outra ponta do campo, e ficar com ela.

No entanto, um gajo olha para os jogos, vê os erros dos miúdos, as qualidades de tantos deles, e encontra muito por onde pegar. Há muito mérito de Folha nisso, porque mesmo sem a tal - e fundamental, foda-se! - articulação, consegue ir desenvolvendo valências dos jogadores que poderão ser muito úteis. Assim alguém esteja atento. Confio que estará, mas por mera fé, que sinais disso, até ao momento, são zero. 

A começar pela constituição do plantel. O tal que é curto e não tem soluções para o cansaço de Soares na quarta-feira. Ou para Danilo. Ou então estão na Rotunda da Boavista e na Bélgica.

Deixemos de lado Fede Varela. Primeiro porque vocês sabem - pois sabem? - que, muito antes das serenatas que lhe cantam agora, eu disse que era um fora de série. Onde chegará, não sei. O que sim sei, é que não cabe no modo como a equipa A joga. A menos que...espera lá, a menos que seja o ala que dá o equilíbrio ao meio-campo. Aquilo de que se queixava o trei...foda-se, olha que bem visto xôr Folha. Ou foi mero acaso?

Esqueçamos o melhor jogador da Liga II, porque há mais de quem possamos falar.

...

PAULINHO MOREIRA

O Moreira pode jogar em qualquer posição, o que, na minha opinião, o vai ajudar muito. Porque não será um 8, sua posição de raiz, de exceção, mas pode vir a ser um belo upgrade do Paulinho Santos. 

O Paulinho jogava a trinco, a defesa esquerdo, a defesa direito, a guarda-redes se fosse preciso, a extremo, a dar porrada no João Pinto, name it sirs. O Rui já foi seis, oito, central, lateral esquerdo e aposto que, pedindo com jeitinho, também vai à baliza. 

Para o nosso eterno - e que gosto é vê-lo no banco, ao lado destes cachopos - Paulinho, a grande diferença do Rui é ter um pé esquerdo de eleição. Útil, muito útil, tipo canivete Suiço.


MOUSSA GALENO

O moço tem menos - oh, muito menos - caparro que o Moussa, mas joga mais à bola. Oh, qualquer coisa mais. Também é um pedaço trapalhão, mas ainda vai muito a tempo de aprender. De resto, por muito que vos custe a acreditar, faz o mesmo que Marega: estica o jogo, porque a equipa está muito distendida, vai atrás da bola e chateia os defesas, ganha-lhes metros e metros e faz golos. E cai menos vezes. Folha está a fazer dele um segundo avançado, sem perder de vista que vem da ala. Coincidência?


JORGE "BICHO" FERNANDES

O ai Jesus dos Portistas é Diogo Dalot. E eu percebo porquê. Se for a central, para não estranharem muito o nome, é o Diogo Leite. Estão, naturalmente, enganados. Não que o Diogo não prometa, que promete e muito, mas antes dele, acima dele, está Jorge Fernandes. 

Não sei se olham para ele como o tal quarto central que falta à A. Desconfio bem que não, sobretudo porque estão a ensiná-lo a jogar num esquema de três centrais - caga lá nisso António, credo! - mas deviam. Porque é um centralão e, se não o ignorarem, vai ser um grande jogador. Foi ele que deu a casa - a mansão! - que nos deixou a perder. Foi ele que empatou o jogo. E chorou a comemorar. Foda-se, vai Bicho!

...

Enfim, tempo de me concentrar no que é mesmo importante hoje. Por deferência de um labrego, terei oportunidade de estar em Vila do Conde e tenho a certeza que virei de lá feliz e contente. Já estou a ficar ansioso pelo primeiro dos cinco golos que vamos marcar. Vai ser do Oliver, carago!

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EARGASM: ALL SAINTS!
(e é do FCP, carago!)

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Aprender a voar

Aaaah, já estou a ver méksefaz...

Se o meu amigo ou a minha amiga costumam gastar o seu rico tempo a ouvir o A Culpa é do Cavani, lembrar-se-à que eu esperava alguma ansiedade do nosso FCP para o jogo de ontem. Vinda diretamente do banco, porque nenhum treinador fica indiferente à sua estreia na maior competição do Mundo.

É como meterem-vos na cama com a Charlize e mais a mulher que máijamam. Um gajo fica nervoso às primeiras, pois claro que fica, mas depois habitua-se e trata de mostrar porque é que merece esse pedacinho de Céu. Ou então não.

- Hey, discriminamos? E nós, gajas bem boas que estamos a ler isto?  Nem um Ryan Goslingzinho para desenjoar?

Todas as gajas bem boas que não entendam a piada de se enfiarem na cama com a Charlize e outra moça por quem nutram bastos sentimentos, são parvas. É a minha opinião. Hã?

...

Achava também que a melhor maneira de ultrapassar isso, seria abordar o jogo da exata mesma forma do que todos os anteriores. Caramba, se vais estar nervoso ao ponto de não teres a certeza se o pões de pé, mais vale não arriscares entrar no quarto a fazer o pino. O sangue flui para a cabeça errada e está tudo fodido. Quer dizer, só que não.

E foi isso mesmo que Sérgio Conceição fez. E bem! O resultado, em termos de jogo, foi igualmente o expectável: uma partida aberta, de bola nas áreas, mais vontade nossa, mais calma dos outros. Equilibrado, que não descansado. Ui, longe disso.

Se nos seguem no tal do Cavani, saberão que levei forte e feio na minha sensual testa, à conta de questionar a nossa consistência defensiva. Começaram logo por me atirar com a estatística de golos sofridos à moleirinha. Ouch, doeu mas lá me recompus. E ripostei com as oportunidades flagrantes do Chaves. Que não podia ser, dizia eu. E logo duas, foda-se. Os Jorges tomaram balanço e atiraram-se a mim, munidos do argumento "não jogamos sozinhos, duas é pouco". Ainda balbuciei: majé o Chaves. E já o filhadaputa do Patanisca - ou lá como se chama - fazia o primeiro do Besiktas.

O jogo, esse, é que continuou igual. Repartido, agora mais nosso e longe de dar a sensação de ter acabado. Merecemos o empate que esbarrou no poste, mostrámos garra e vontade, mesmo que o Sérgio não tenha visto, e tivemos o piço do autogolo. Vamos atribuí-lo ao Marega, só para manter o hype

Não havia necessidade de o pagarmos com uma quinta, incluindo estábulos e pasto, no nosso meio campo, para o homem preparar um chuto à baliza em paz. Mas já que estávamos nisto, acrescentámos a fífia anual de Champions de San Iker e pumbas, 1-2. Sim, para o nível de Iker aquilo é um frango. O que diz muito da qualidade do nosso keeper. Para quase todos os outros nem seria assim tanto.

Em resumo, não era um resultado lá muito justo ao intervalo, apesar de não termos conseguido reagir ao segundo como ao primeiro. Mas caramba, vinha lá o intervalo e podíamos injetar, salvo seja, confiança renovada na malta. Até porque já nos tínhamos habituado a jogar só com dez.

Qual Danilo? Hã?

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E Sérgio maiconou. É a minha opinião, azar. E a dele também. Vejamos:

Segundo o nosso treinador, não conseguimos ganhar o meio-campo porque os avançados, a espaços, não cumpriram lá muito bem o que ele queria. Vai dai, achou bem tirar um médio. Não entendo. Aliás, eu teria mantido o próprio Corona. Afinal, precisávamos de golos e arte para furar a defesa.

No processo, mudámos de sistema, trazendo uma bela ideia para o campo: soltar Brahimi entre linhas, encostando Marega à direita. A esquerda ficava para Otávio e, em tese, teriamos uns quatro ou cinco tipos disponíveis para a luta do miolo. Se Brahimi fosse capaz de fazer de Oliver, de Danilo, de Corona e, nos intervalos, de si próprio.

Não foi, mas ainda carregou a equipa às costas para 20 bons minutos. Nos quais podíamos, merecíamos e devíamos ter voltado a empatar. E era um jogo completamente outro.

Durante esse bom período, senti tantas vezes a falta de um grão de lucidez, um pingo de arte, que ajudasse o Argelino. Mas não existia. Sérgio roubou a equipa a Brahimi. Para mim, fez mal. Sendo que para metade deste mal - para ser claro: Oliver - não encontro qualquer justificação.

Quando Brahimi começou a dar o peido mestre e os turcos acrescentaram mais um mono ao meio-campo, a coisa complicou. Complicou-se até ao 1-3. Finito.

... 

Claro que já saiu em alegre desfile a Escola de Samba Unidos da Falta de Profundidade, com o estupendo samba-enredo "Não há ovos bons para substituir os ovos chocos". É uma música fraquinha, mas fica no ouvido. 

Se vos apetecer, discutimos caso a caso na Caixa de Comentários, que não me apetece estar a chover no molhado.

... 

E pronto, assim era o Fim da Champions. Mas não! Porque tenho a certeza que o treinador, e com ele a equipa, aprendeu coisas neste jogo. A mais importante das quais terá sido - or so i hope - a não mandar malta para dentro do campo só porque está irritado com a Vida.

Este é o resultado que transforma o facto de estarmos num grupo equilibrado numa coisa boa. Estes pontos são recuperáveis por nós e muito perdíveis pelos Turcos. Aliás, creio mesmo que no fim da próxima jornada estaremos em segundo, a um ponto do primeiro. O Besiktas.

...

- Oh Pedro, olha lá uma coisinha: em que parte do Céu é que está a Charlize amais a cachopa do fulaninho irritante?

- Hã? Ainda não estão cá, Senhor. Pelos registos, nem daqui a 100 anos as juntamos aqui.

- Ah, não? Pois, estou a ver...

- Porquê, Senhor? Não terá percebido mal alguma coisa ou assim? - A medo.

- Já se metia na sua vidinha, o senhor Pedro, não? Vai-se a ver, agora devo-lhe justificações, é? Raisparta a criadagem, não se lhes pode dar confiança, chiça! - E sai, ligeiro, em direção ao Sétimo Céu.

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Soundtrack to crash: Learning to fly


domingo, 10 de setembro de 2017

Perfeitamente normal



Amanhã, em vez de almoçar, pode muito bem acontecer que me junte ao Dupont e ao Dupond, para gravar a jornada 8 do A Culpa é do Cavani. É aquela coisa deles a dizerem bacoradas e eu a falar de bola.

Deixo pois para essa estupenda ocasião a análise mais detalhada do nosso jogo de ontem. Há, no entanto, alguns assuntos que prefiro abordar desde já e aqui em casa. O que, convirão, é perfeitamente normal.


OLIVER

Parece continuar a passar mais ou menos despercebido, até para quem jura amor eterno ao Espanhol, a relevância que este moço tem no desempenho do FCP em todos os jogos. Não que estejamos a jogar alguma coisa parecida com um futebol soberbo, nada disso, mas os sinais continuam a ser bons e muitos deles dependem desta meia leca. Ainda que...está a botar corpo, hein?

Uns dirão que é precisamente por isso que não estamos espetaculares. Como vêem, eu percebo quando dou o flanco. Acontece que estão completamente errados. Há tanto futebol neste menino, que a própria equipa tem dificuldade em acompanhar. Por vezes, isso não é bom e dá porcaria.

Mas o facto permanece: é muito e é bom. É um jogo que parece visto de cima, da minha arquibancada, o que se passa na cabeça do número 10. E o FCP só constrói em condições quando é ele a tratar da tarefa - ou Brahimi, num registo diferente. Cada alivio em ajuda defensiva é um regalo. E um contra-ataque.

Com NES, ganhou a responsabilidade de defender. Stop! Com Sérgio, ganhou todo o meio-campo: toma, é teu, cuida-o e pega lá este moço grandalhão para tratar das tarefas mais pesadas. E vai corresponder em cheio. Já há ataques do FCP que começam a meio do nosso meio-campo, por Oliver, e acabam na área adversária, por Oli. E muitas recuperações de bola. Podem escolher o MVP que quiserem, enquanto este Oliver lá estiver, eu sou um tipo feliz.

20 milhões? Perfeitamente normal.


MOUSSA

Estou tão à vontade para falar deste cachopo. Quanto mais não seja porque enquanto o Bertocchini confessava o seu enjoo pelo rapaz e o Vassalo se deixava estar à espera do que de lá viria - mesmo que revelando a sua eterna esperança nos patinhos feios - aqui o parvo defendeu que o Marega seria um tipo útil esta época. Há um registo áudio que o comprova.

Agora, que seja um grande jogador de futebol... Well, not. Não é e não será. Assim como não é um tipo completamente diferente, aquele que agora merece aplausos unânimes, até quando cai sozinho, e o outro que era assobiado à primeira receção falhada. Lembram-se desse? Não? Pois eu lembro, muito bem. Olhem, é o mesmo. Vocês é que mudaram!

Para ser justo, para além de vocês, mudou também o contexto do Marega. O estilo de jogo que o FCP pretende impor, ajusta-se a algumas das suas características. Enquanto as suas outras qualidades são úteis quando é preciso alguém que, à força bruta, leve a equipa para a frente. De arrasto.

Sobretudo, existe um treinador que já conhecia o Moussa de outros Carnavais e sabe exatamente o que lhe pedir. Ainda mais, há coisas que nem lhe passam pela cabeça exigir ao bom do Marega. 

O que se deve rir o Sérgio com a malta que tenta ignorar que a bola atrapalha o homem. Pá, não precisamos escamotear as limitações evidentes do Marega. Não serão - ever! - jogadas de fino recorte que lhe serão pedidas. Para isso, avança Brahimi. O que queremos do Moussa é força devastadora e velocidade apreciável, tipo um comboio desgovernado. Isso tem ele para dar e vender. Ele trata de dar, nós trataremos de o vender. A seu tempo.

A bola atrapalha-o, ah poijatrapalha. Mas que diabo, se vocês forem um carro de assalto a descer o kamikaze dum parque aquático, ninguém vai ficar a apreciar a aerodinâmica e o arrojo do design do veículo. Ui, muito moderno, surpreendente até. Sim, sim, repara nos detalhes do tablier. Hã? Qual tablier? Opá, é essa cena que tens espetada nos cornos, credo. 

É por isso que o Marega os finta mesmo quando se embrulha nos próprios pés. A malta tende, inteligentemente, a desviar-se.

MVP? Encantado da vida. Menino bonito da bancada? Temo que seja, como é hábito, uma coisa passageira. Um elemento importante do plantel que oferece várias soluções, muito relevantes, ao treinador? Sem dúvida. 

Voltaria ao banco na quarta-feira, porque Soares é melhor e Abou, enquanto não precisar de ir para o chuveiro com o nosso Moussa, é imprescindível. Perfeitamente normal.
  
VARISSIMO

Se eu fosse VAR, tentaria ser o mais profissional possível. O que significa que me esforçaria por ser completamente imparcial. Lá ia eu todas as semanas dar cabo das vistas a olhar para um televisor, capaz de apanhar  a epilepsia, à conta dos tremeliques das luzes e isso tudo. A mãezinha havia de me comprar um daqueles filtros de ecrã que se punha por cima da pantalha e pumbas, ficava tudo azul. Mas não me ficas a tremer, de pernil esticado no chão, a espumar da boca, meu rico filho.

Calhava tele-apitar três jogos do FCP, em cinco. Vão dizer o quê? Que o meu filtro azul - religiosamente colocado, por motivos de saúde - me ia condicionar o julgamento? Pois claro que têm toda a razão. 

Imagine-se que o Brahimi caía na área porque lhe bufavam nas costas, levantava-me logo da minha cadeira de VAR aos berros:

- Penalty, é penalty seu filhadaputa, cabrão do caralho, ladrão, vendido.

Se o Gonçalo da vez calhasse de marcar a grande penalidade, tenho a certeza que me sentava de novo, a comentar em redor:

- Ah, 'táváver, foda-se. E o vermelho? Aaaah, assim 'tábem! Vamolácarago.

Outra, fazconta que estava o FCP a jogar contra uns tipos recém chegados da segunda divisão. Os gajos, à conta do penalty lá de cima, já só tinham 10 jogadores e estavam a perder por um. Às tantas, lembravam-se de empatar a dois minutos do fim. O que será que eu pensava?

- Fuoda-se pá, não pode ser, que caralho, hein? Não há ali um fora de jogo no pontapé de baliza ou assim? Epá, não pode m-e-s-m-o ser, tem que haver batota. Estamos a ser roubados, só pode.

Ou seja, podia ser o melhor VAR do Mundo, lá isso podia. O que não podia, era VARiar jogos do meu FCP. E é isto que eu acho que define o Fábio: É um lampião fanático. Tanto quanto eu sou Portista. Um pedacinho menos, provavelmente. É por isso que não devia ser VAR, nem AR, nem apanha bolas. Devia estar na bancada ou ir práputakupariu ou ambas, a mim mimporta.

Mas os maiores culpados são os senhores que se deixaram enredar, manipular e condicionar pelo tentacular Estado Maior dentro do Estado. Porque são eles que designam os panascas dos Fábios para os jogos certos. Os melhores padres para as missas mais convenientes. Está na hora de lhes serem pedidas responsabilidades. Já, depressa, ontem!

Dá nas vistas? Sim, dá. Mas lembrem-se que o Fábio é só um lampião como os outros. Vai roubar, lá isso vai. Se lhe correr menos mal, até pode ser que se arranjem uns centímetros que sirvam de cobertura à palhaçada. Mas o que é importante, é que o fará do fundo da Alma, convencido de que está a fazer bem. Como eu faria se fosse o FCP. Perfeitamente normal.

Este é o verdadeiro poder. É muito difícil corrigir o ato que é visto como correto por quem o pratica. Só há uma solução: fodê-lo e arranjar outro para desempenhar a tarefa.


CINCAZERO SILVA

Juntamente com a vitória em Braga, o jogo de ontem deixa-me (ainda mais do que o normal) confiante numa grande temporada para o FCP. Lembram-se daquela altura em que jogávamos mais do que os outros, muito mais, mas a cada falha defensiva, cada remate do adversário à nossa baliza, na única puta de semi-oportunidade criada, dava sempre! golo? Já era perfeitamente normal. Sabíamos que aconteceria. Not anymore! 


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Soundtrack to (ab)normality: Prescription drugs help me through the day. 

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

No news is bad news...



Fartinho de mais do mesmo, tipo o puto inteligente da turma durante uma aula de revisões que se prolonga por seis meses, o parvo pegou num megafone e pôs-se a berrar:

Hey, Ministério Público, Policia Judiciária, Liga Portuguesa de Futebol, Federação Portuguesa de Futebol, novidades?

O silêncio gritou-lhe a resposta de uma forma tão violenta que os tímpanos lhe doeram. Então, ele pensou: Nesse caso, discuta-se a profundidade das coisas...

Se mais ninguém pergunta, perguntamos nós. Mas preferíamos ser apenas o coro...

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Soundtrack to the sound of silence: LOUD!

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

O processo da piada (falhada)


Um estúpido, um vaidoso, um tolinho e um Chinês...

Oh, não, a sério? Para inicio de piada até pode não estar mal, mas não é lá muito original. A seguir diz-se "entram num bar" e ficamos todos a pensar em cento e cinquenta anedotas que já conhecemos. Resta saber em qual o piadista vai acertar. Vamos lá introduzir-lhe um twist, sim? Deixa-te de ser preguiçoso.

Um estúpido alaranjado, um narciso recalcado, um doido perigoso e um Chinês, andam a brincar com bombinhas de mau cheiro. Foi-se a ver, deu merda.

Ah não, é demasiado simples, para além de que é a piada fácil que mete uma asneirola. A bem dizer, não é uma pidiota - a piada idiota - nem tampouco uma piadota - a piada com gostinho de anedota - é só uma parvoíce, mesmo. Talvez acrescentando alguma informação, não sei. A verdade é que a anedota é um formato pouco interativo e, por isso, basto ultrapassado, digo eu. Hã? Como é que vais fazer isso? Anda lá, estou à espera.

Um estúpido alaranjado, um narciso recalcado, um doido perigoso e um Chinês, andavam a brincar com bombinhas...

Espera, espera, nem mais uma palavra, vamos lá ver isto: Uma besta quadrada, um frustrado, um louco varrido e um gajo que sabe que se sobreviver alguém ao Apocalipse é um dos dele, estavam a brincar com bombinhas? Enquanto os outros biliões faziam figas, fingiam-se distraídos e limitavam-se a esperar pelo melhor? Pelo melhor dos estarolas? Naaa, não tem piada pá. Nenhuma!

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sexta-feira, 1 de setembro de 2017

O mercado, os responsáveis e nós, os putos

Finalmente fechou o mercado. Já anda tudo a congelar as sobras e a arrumar as compras e a limpar o chão do lixo, das escamas, das vísceras e das cuecas esquecidas. Há sempre uma peça de roupa abandonada no meio do esterco, já repararam?

Da nossa luta principal de todos os anos - principal não é sinónimo de única! - o que se pode dizer? Ora, os lampiões estão maijómenos na mesma, os lagartos estão aparentemente mais fortes - mesmo se descontarmos Adrien - e de nós tratamos a seguir. 

A minha nota de destaque vai para a defesa lampiona, que vai contar muito com o Luisinho, o Lisandro e o Jardel. Eu cá não estava muito descansado... quer dizer, também vai contar com diversos bandeirinhas, árbitros principais e câmaras de CCTV. Para consumo interno, deve chegar e sobejar.

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No nosso quintal, já se esboçam as correntes do costume: Uns rasgam as vestes e bradam que a Administração está a boicotar o trabalho do treinador - buuu, buu, vergonha! - e que este, pobre coitado, não poderá ser responsabilizado por merda nenhuma, uma vez que não lhe compraram um Osvaldo, um Mogrovejo, um Baroni que fosse; outros insurgem-se contra isto e constituem milícias para defender o Presidente. Afinal, o homem não joga nem treina, que culpa haverá de ter?

Como sempre, estão todos errados e quem tem razão é... eu: Não há coitadinhos nem inimputáveis. São todos responsáveis solidariamente pelo que venha a ser o nosso sucesso. Sem desculpas nem reservas e nem "apesar de".

O plantel do FCP é muito valioso e nenhum treinador está isento, muito menos à partida, da responsabilidade de nos conduzir ao título. Da mesma forma, a Administração acumula quatro anos a seco e não pode, em altura alguma, ser alijada do peso desse insucesso. Lá está, estão no mesmo barco. E sabem quem mais lá está? Isso mesmo, vocês e eu. Tratemos de remar, sim?

...

Entretanto, foi-se entranhando uma "verdade insofismável" no Portismo: Zero reforços, uma contratação. Errado de novo. Não se passou nada disso, como podemos facilmente comprovar, setor a setor:

BALIZA

Ficou toda a gente, incluindo San Iker. Para uns um erro, para outros - nos quais me incluo - uma importante vitória da Direção. A menos que venha alguém explicar-me que a permanência do Espanhol foi decidida, negociada e fechada por Sérgio Conceição. 

Acrescentou-se o Vaná. Para quê? Não sei. Sobretudo se José Sá não saiu para jogar e Fabiano está pronto em janeiro. Ainda por cima, o Andorinha tem a baliza da B tapada pela evolução galopante de Diogo Bai...errr...Costa. Felizmente, emprestámos o Gudiño. Alguém que tenha espaço para crescer. 

Ufa, para quem não mudou nada, cansa logo no princípio.

DEFESA

Foi-se o Bolly. Da pré-época, saltaram os miúdos Rafa e Garcia. O primeiro sai para Inglaterra, com uma muito acessível opção de compra de 15 milhões. Pessoalmente arrepia-me, porque acredito que Rafa tem qualidade para ser titular no FCP e 15 milhões não serão suficientes para o substituir sem ficar a perder.

Entraram Ricardo e Diego Reyes. Já há quem jure a péjuntos que o Bolly é melhor a dormir que o Reyes depois de passar na Porta 18. E outros que se agarram com unhajidentes ao "Melhor defesa de La Liga" atribuído ao Mexicano. Não sei o que sustenta esta comparação. O que jogaram de azul e branco é que não é. 

Sendo honesto, não podemos considerar que este setor está mais fraco. Dada a prestação de Ricardo Pereira, devemos até reconhecer que está mais bem apetrechado.

Olha, a não venda do Ricardo é outro ponto a favor da Administração. Pelo que se foi lendo ao longo da pré-época, não teria sido complicado fazer uns trocos com o moço. Em pleno período troikista. Em compensação, despachámos o Indi que, já se sabe, é muuuuito melhor que o Reyes. Porquê? Ora, porque um está cá!

Saiu um, entraram dois. É fazer as contas. Continuamos sem um quarto central, mas com Danilo à mão e Jorge Fernandes no Olival. Gostava de ter opinião sobre esta questão dos centrais, mas falta-me saber o que vale o Reyes de hoje. Pode ser que lá para janeiro se saiba. Ou então não.

MEIO-CAMPO

Rúben. Já se disse tudo sobre esta questão, não vale a pena chover no molhado. De resto, tudo igual, incluindo Danilo. Ah grande Direção, menos para  quem achar que o rapaz é um flop e era banco do primeiro cepo que aparecesse. Isto é, para o xôringinheiro Santos.

De novo, ninguém. Ai, espera, voltou o Sérgio Oliveira. Pois, ninguém.

Confio que o bom do Herrera vai fazer a sua melhor época de Dragão ao peito, até porque será aquela em que menos jogará. O modelo favorece-o e pode ser - mesmo! - útil, partindo do banco. 

O problema é que não estou a ver quem faz de Oliver no lugar de Oliver. Teixeira parece que não conseguiu e bazou de fininho para Braga, onde terá oportunidade de ganhar o regresso. Ou de dar de frosques. Eu ainda acredito no cachopo. Bastante até. 

Por falar em Oli - alô xôr Anónimo residente - aí está uma contratação de peso do FCP. Amiguinhos, para quem não comprou ninguém, 20 millones são umas quantas notas, não?

Saiu o Rúben, ficámos sem suplente para o Danilo; entrou o Sérgio Oliveira, credo. Maaaaas...Fede Varela treina em Gaia e a deportação de Cassamá para o campo de concentração nazi, abortou. E eu já salivo com o miolo a 3 da B: Pires, Cassamá e Varela. Até o Conceição desatar a tirar os putos ao Folha. Kéjbêr que afinal há profundidade no plantel? Ou agora a B já não deve servir para nada? 

ATAQUE

Eu e um monte de pitinhas pré-púberes e duajótrês MILFs, ainda damos por nós de olhos marejados em alturas ao acaso dos nossos dias, sempre que nos lembramos que o Silva já cá não mora. Juntamente com Rúben, foi a guita necessária para acalmar a UEFA. Como se tivéssemos partido o mealheiro, só para tapar a merda que andámos a fazer a jogar à bola dentro de casa. O que irrita ainda mais, é que não fomos só nós a partir os bibelots, houve muito Padre e muito Polvo a ajudar. Mas bem, ninguém quer saber disso e portanto lá temos que repor a tralha.

Chegaram Abou e Marega. Se os 38 milhões do André chegariam para comprar estes dois, veremos no fim do Campeonato. Mas a custo zero, não parece nada mal, hein? 

Sendo certo que a expetativa em relação a ambos não era lá muito alta, pelo que estamos todos embasbacados com o que vimos até agora. Nada de ilusões, however. Um precisa de acertar mais vezes na baliza e o outro nunca será um jogador de exceção. No entanto, defendi e mantenho que Marega, no modelo Conceição, está como peixe na água. Digo, betoneira num estaleiro. Em casa, pronto. Assim, será, como o bom do Hector, extremamente útil ao longo do ano, como já vai provando.

Também entrou o Hernâni. E não saiu. Go figure. Este rapaz não ajuda nada a minorar a minha grande preocupação com este setor da equipa: Sem Brahimi, mékié? Também é verdade que arranjar um gajo que substitua bem o Argelino, não é propriamente fácil. Assim de repente, só me lembro de uma solução: Jogarmos de maneira diferente. É o Sérgio quem tem que substituir o Brahimi. Ui, não era mal visto...

...

No fim, a grande contratação do FCP, a verdadeira aposta, é Sérgio Conceição. É cedo, pois claro, mas o que vimos até agora é muito motivador. E o Mar Azul bem o demonstra. As diferenças para o passado recente são evidentes, dentro e fora do campo.

Pelo sucesso de Sérgio é responsável ele e quem o escolheu. E pelo nosso, meu e teu e do Luís... também são eles. E nós.

...

Álvaro Magalhães publicou no fim-de-semana passado, em O Jogo, uma soberba crónica. Nem sempre lhe acontece. Basicamente, defendia que o futebol é um espaço de infantilidade para os adeptos. E que é com esses olhos de criança que olhamos o fenómeno. Tem razão o Álvaro, sendo que também tem a vantagem de o escrever muito bem.

Como para todos os putos, há uma diferença abismal entre um brinquedo novo e descobrir no fundo do baú um boneco que se tinha perdido. O que nos é oferecido este ano é uma espécie de presentes de Natal reciclados. Até podem estar impecáveis, a funcionar como relógios suíços e prometerem horas e horas de galhofa, mas não são novos. Mesmo que fossem piores, os novinhos em folha cheiram diferente.

Alguém imagina começar uma época no Manager sem arranjar maneira de ter uns tipos novos? Mesmo que não façam falta  e que o orçamento esteja a vermelho? Eu não. 

Afinal, mais ano menos ano, acabamos por ser Campeões do Universo e ter dinheiro para tudo e mais alguma coisa. Têm a certeza que não?