domingo, 17 de janeiro de 2016

Curtas do Castelo e um recado



ASSIM, é dificil.

ASSIM, é ainda mais complicado.

Contra DOIS GUARDA-REDES, é mesmo impossível!

O resto foi um jogo sério do FCP, algumas vezes até bem jogado. Mas mantendo sempre a tendência para o disparate. Do moço que virou o frango, ao matulão lá da frente. Credo!

...

O treinador do FCP NÃO podia ser um que faz a sua equipa, seja qual for, com os jogadores que tiver, jogar 86 minutos dentro da sua área. É um recado. Pode ser aziado - que é! - mas fica dado. Por muito beicinho que se faça.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

A TascaTV: O Juiz decide - Tripas, Francesas e o Afonso Henriques



O JUIZ DECIDE
Programa com juristas, no qual se espera que haja batatada. Uma espécie de Assembleia da Republica, vá...

- Oh Silva, podem entrar já as anãs asiáticas e a piscina insuflável cheia de chantilly, para a luta? Despachávamos isto mai'rápido, que eu estou cheio de pressa... - Escuta a resposta, berrada do outro lado da sala. - Epá, pronto, não é preciso tinervares, chiça. - Pensa dois segundos. - E olha lá, como é que conseguias fazer isso com um taco de basebol? Sair pelo alto da moleirinha, ainda vá. Agora, por ojolhos...Impossível! Bem, nesse caso, anda lá oh Vanessa, explica aí o que temos hoje.

- Sim, Padrinho.

- Não me chames Padrinho. Chama-me Senhor Juiz, tajóbir?!

- Sim, Senhor Juiz. Assim, Padrinho?

- Credo, valham-te as estupendas glândulas mamárias, rapariga. Anda lá com isso que eu estou a ficar atrasado.

- Então, hoje temos aqui o caso do senhor Afonso Henriques - esta estátua aqui à direita - que interpôs uma ação contra a multinacional "Tripas & Francesas", por causa de coiso. Se o senhor Afonso ganhar, a enorme empresa entra praticamente em insolvência. Se perder o Henriques, mantemos o Plano Especial de Revitalização da "Tripas & Francesas" ativo. É isto, Senhor Juiz Padrinho.

- Boa, não parece ser complicado. Quem é que representa os contendentes?

- O representante do senhor Henriques, é o Dr. Sé; e a "Tripas & Francesas" é representada por este senhor baixinho e bastante simpático. - Aponta a Vanessa. O Juiz certifica-se que a Administração do canal está distraída a servir finos e caracóis e acrescenta:

- E se adiássemos isto para outro dia? É que tenho hora marcada na manicure... 

- Nesse caso, Vossa Excelência Padrinho, já o Dr. Sé pode estar a representar a "Tripas & Companhia".

- Zé!! Zé! Irra, que é irritante isso de seres sopinha de massa. Nunca tinha reparado. Mas afinal, em que ficamos?

- Não, Senhor Padrinho Excelentíssimo, o doutor chama-se mesmo Sé. Não tenho a culpa. - Enxuga uma lágrima que lhe escorre pela camada de betume que as gajas usam no focinho. - E a questão é que o Dr. Sé está a ponto de integrar o Departamento Jurídico da "Tripas & Francesas". Diz que é uma questão de dias.

- E entretanto aparece-me aqui em representação de uma causa que pode tornar insolvente a companhia para onde, supostamente, se vai mudar?

- Sim, Meritíssimo Padrinho, é maijómenos isso.

- Nanananana, isso não pode ser. Que grande molho de bróculos. Vai demorar imenso a desembrulhar esta incompatibilidade.

- Ui, pois vai, Sua Reverência. 

- Hã?

- Padrinho.

- Ah. Sim, sim, é incompatível, não pode ser. Não pode ser. - Repete e abana a cabeça. - Se vai para a coisa das tripas, não pode defender o Afonso hoje. Não faz sentido nenhum.

- Os envolvidos alegam a sua honorabilidade e sentido elevado de ética. Consideram que Sua Santidade, o Padrinho, está a colocar em causa o seu profissionalismo, nomeadamente do Dr. Sé.

- Eu? Eu não. Só não tem ponta por onde se pegue. Ele que saia de defender o Henriques e depois vá para a tal coisa das Francesas. Bem boas que são. E no entretanto, julgamos este caso. Sem o Zé ao barulho.

- Sé.

- Quais Sé? Acho que aquilo é um castelo.

- Hã? 

- Oh Silva, quero lá saber do cachet! Eu tenho que me ir embora e isto está cada vez mais parecido com os Malucos do Riso. Fui! - Enfia uma martelada na mesa e desanda pela esquerda baixa, a abanar a cabeça.

Entra uma trupe de anãs asiáticas, que carregam uma piscina insuflável cheia de chantilly. Vai dar merda.


...

- Oh, até pode xer que xeja de mau goxto, Xilva. Mach diga lá que não ficam expetacularej com aquelach tanguinhaj. Ach piquinotitaj. Fofach! - Morde a língua. E lembra-se da Licas a passear pelos corredores da produção. E morde a língua outra vez.


...

Não faço ideia se será. Provavelmente, ninguém faz. Mas se for... Percebemos todos que não pode ser assim, certo?

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

O FCP e o Trio Odemira (atualizado, à pala do Mestre)

www.musicme.com


Juro que estou a tentar permanecer calado. Sem grande sucesso. É uma coisa bastante difícil e antinatura, mas tenho tentado. Desde logo, porque tenho alguns remorsos em relação a Lopetegui. Sobra-me a sensação de ter sido eu a despedir o moço. Como se alguém tivesse entrado no gabinete da presidência aos gritos: Jorge, Jorge, enforcaram o homem na Tasca. Olha Anterinho, se acabou o jogo, acabou o jogo. Penso eu de que...

Mas não consigo! É como quando a minha colega de casa - é mai'jovem que ser casado, bué da cool. Inchem, velhadas - me diz: Estou estoirada, extenuada, arrasada, deprimida, aniquilada, sedada. Entendes que não vou ficar mai'nada acabado em -da através da conjugação de verbos com terminação -er, certo? E eu penso "'tábeeeiiimmm, vou só saltartepáspinha e depois calo-me". É, eu falo. Deve ser tão irritante.

Entre me rebentar uma veia no cérebro e dizer já o que eu acho, optei pela segunda hipótese. Embirro com embolias. É um preconceito, uma mania, cadumcumocadaqual. Bem vistas as coisas, o FCP está em fase Trio Odemira.

...

Despedir o treinador

É a parte fácil. Chama-se o gajo à Administração e diz-se-lhe: O meu amigo amanhã não precisa de viràjoito. Ah, vamos a retrasar el entrenamiento? Vengo por las nueve? Não, não precisa de vir. De todo. Deixe lá isso. Pero, pero... usted es el empregadyo de la limpieza! Pois, é um sinal, no le pariece?

A chatice é que o rufia quer receber uma pipa de massa, à conta do que poderia ganhar. E nunca ganhou. Mas poderia. Una mierda. Fatalmente, vamos acabar a discutir o caráter do homem e isso tudo. Cá pra mim, isto resolvia-se com uma festa de despedida. Uma homenagem. Uma coisa mais privada, está claro. Para uns quantos mai'chegados. O Presidente, o Lopetegui, os Super Dragões...

Off topic: Não sei o que pensam vocês, mas eu sou da opinião que muitas vezes se confunde "chamar à razão" com "instigar à violência". Deve ser uma questão linguística. Por falar em linguística, é só prábisar que era melhor te estoirares, extenuares, arrasares, deprimires e aniquilares pouco, hoje. Sedar também era melhor não, mas chacun kessamanhe.

- Por acaso, Silva, essa história do Lopetegui faz-me lembrar aquela música. Ai pá, aquela...

ESTA! Poijé?

- Isso mesmo!! Só não sei quem é um e quem é a Ana Maria.

- Nem eu, nem eu. Ele há cada amigo, dasss...

...

Contratar o treinador

Aqui é que a coisa se complica, aparentemente. Pelos vistos, não estava propriamente preparado um plano para a sucessão de JL. Havia umas ideias e tal, mas só depois de chutar o cachopo para canto é que desataram a por-se nisso.

As primeiras escolhas, diga-se o que se disser no fim da história, parecem ter sido óbvias: O Marco ou o André. Provavelmente pela ordem inversa. Acontece que nenhum destes é resgatável no imediato.

Dou comigo a pensar que, se era para isto, mai'valia ter dadóbidos aquela malta que se descabelou pelo despedimento do Lopetegui no final da época passada. Eu não fui um deles, já se sabe.

- Shhh, cala-te, estavas na fase Ana Maria! Buuu, buu, vergonha. - E ri-se muito. O suíno.

É que aqui chegados, sem inside information - i wish!, se me ponho a matutar nisto, enche-se-me a moleirinha com aquela CANÇÃO...

Alertado pelo Mestre - obrigadinho - fui em busca de desenvolvimentos nesta questão da rescisão de JL. Para além de, aparentemente, não ser necessária nenhuma festinha de homenagem, dei de trombas com a divulgação da carta de despedida do treinador. E pronto, encomendada ou não, deixou-me bem comigo, por tanto lhe ter tomado conta das costas. Sou um coração de manteiga, é o que é. 

Sê feliz Julen, obrigado e adeujohvaitembora que temos mais com que nos preocupar. 

...

O meu é melhor cuteu

Fuoda-se pá, mas qual é a dúvida? Quando não sabem o que fazer, quando a incerteza enche os corações, quando a hesitação tolhe a alma, quem chamamos?

- Os coisos! Agora numalembra do nome... - Dijum, meio bêbado.

- O Trio Odemira! - Dijôtro, bêbado de todo.

Não, estúpidos! Chamam o Silva, está claro. Não há nada que eu goste mais de fazer do que resolver a vida dojôtros. 
Pá, é sempre complicado isto do engate. Um gajo fisga a catraia logo de entrada, ainda a disconight está meio vazia e tal; passa a noite a ser espetacularmente divertido e sexy e inteligente e giro e cavalheiro; entretanto, encharca-se de copos e vai de ficar impaciente; e a gaja não se desenmerda, anda ali de grupo em grupo, nunca se sabe se aquilo é um primo a passar-lhe as mãos por as costas ou não; e tanto sorri como ignora e pumbas, lá se enfiam mais dois shots e uma cerveja; e às tantas, já se começa a achar que a amiga dela, a mai'feiosita, até nem está assim tão mal. Pelo menos para esta noite...

Óspois acordam ao lado de um camafeu parecido com a vossa Tia Zita, com hálito a cachorro de roulotte e a exibir, toda sorridente, os múltiplos refegos da sua pança. E pergunta se há uma máquina de café nesta casa. É por isso que o Tio Silva está sempre a dizer: Não desistam da gaja bem boa. Pode demorar, mas têm mãozinhas para quê? Vão aliviando a necessidade. Digo eu.

É claro que isto de gajas é sempre subjetivo. As que são muntaboas para uns, não servem para outros. Antes que venham de lá os do costume mandar bisgas sobre o preconceito machista e a putakospariu, digo já que no caso dos gajos é igual. Os que umas consideram o máximo, outras acham desengraçado. E depois há eu, naturalmente.

Na Tasca, já se disse que o Zé é que era. Ninguém lhe pode dar o que nós podemos, ninguém nos pode dar o que ele pode. 

Zé, prometemos-te que podes ser Campeão ao mesmo tempo que escarchas o orifício ao Jergo Juses; que podes ganhar a Taça, ainda por cima; que podes fazer bonito na Europa; que depois disto tudo, podes ir à tua vidinha, com cara de quem comeu e lhe saiu cocó. Seja, quereremos lá saber. Voltas a ser o maior e a poder cagar sentenças a eito.

Quanto a nós, se é uma cena a prazo, um one night stand enquanto esperamos pela gaja dos nossos sonhos, não há puta melhor que esta. Sem ofensa Zé. É só para explicar a cena, não te ponhas com paneleirices. Não há jogador que não fique em sentido, mesmo sabendo que é por seis meses. Afinal, quem não quererá ir para onde for o Zé a seguir? Os berdes e os burmelhos vão gozar com alguma coisa. Mas no fundo, vão ter aqueles rabos mais apertados que a porca de um pneu de um Fórmula Um. É quando dói mais, bem feito! Entre nós, não será unânime. But then again, quem é? Tirando eu.

- Muito lindo isso, Silva. Mas não temos guita para pagar a esse Zé, penso eu de que. 

- Oh Presidente, isto vai lá é com meiguice. Deixemo-nos de materialismos. E mesmo V. Exa. já teve tempo para esquecer as afrontas. E se lhe fizéssemos uma SERENATA?

...

E pronto, a Tasca made its point. Já sei que era mais prudente esperar caladinho e depois poder dizer "aaaah, mas havia era de ser...". Mas não consigo. Aposto que vou acertar! Mesmo que seja Sé em vez de Zé. Mera questão de pronuncia, inchem!

- Odemira-te! Vergonha, pá. 

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Ode ao the next one



Sabe que serás assobiado,
Vilipendiado, esmiuçado e seguramente
Muito, muito roubado.

Acredita que, independentemente
De vires doce ou de ar zangado,
Os golos são o juiz que não mente.

Encontrarás na chama o respaldo:
A força invenciBel num mar de gente
Enquanto não se entornar o caldo.

Vibrarás com a multidão em pé,
No clamor do teu nome a uma voz:
Tu - O defensor da nossa fé.

Do mesmo modo a agonia atroz
Que nos aperta o peito, os tomates até:
Tu - O mais detestado algoz.

Em volta da mesa no café,
Em conversas de palavreado cru,
Mesmo em tertúlia de titios "supé",

Toda a teoria iluminada posta a nu.
O paineleiro, que sábio que ele é:
Se não ganhas, podes ir levar...

...o almoço ao pai.

Sabe que da montanha viste o sopé,
Que a subida é lenta e depressa se cai.
Sabe que, por mim, te chamavas Zé.

sábado, 9 de janeiro de 2016

Resumo da semana: Agropecuária



O Jergo Juses anda pegado com um outro moço, que diz que é da profissão dele e coiso. Mas parece que se esticou e teve que ir a correr dar uma entrevista - que não vi - a um canal concorrente da TascaTV. Disse o Jergo que é convencido porque é como um pintor ou um escritor

Calha que até tenho provas que o tipo é um Garnier. Dois em um. Escritor E pintor, qual Da Vinci do tempo moderno, um Dali do cabelo e não do bigode. Ora reparem no poema que deixou na toalha de mesa da última vez que esteve na Tasca:

"Max Mat

Lata de tinta
Trinxa numaro 3
Licha grossa
Pinceles largo e mai'estreito
Oleado pó xão (ou arranjar jornais)
Primário - 2 latas"

Note-se a liberdade criativa ao nível da ortografia e o sentido de profundo comprometimento do autor com as suas artes. Lindo, caraças.

- Oh Silva, começa logo mal. Isso é construção civil, não é agropecuária! 

- Isso pensa você, coca-bichinhos do caraças! O homem comeu à pressa que ia pintar um celeiro. Toooooomaaaaa!


...

Ainda na tribo dos treinadores da bola, veio o do Boavista e disse que a sorte é fêmea. E por isso, conquista-se. Se fosse macho, já num era preciso conquistar, era só mostrar um naco de pele e o gajo vinha logo a babar-se todo. Sim senhor, para quando a fundação do movimento Machista? Estou fartinho desta sociedade Matriarcal, dass.

Seja como for, esta malta da bola anda erudita hein? Não é que o Sanchez me deixou a pensar? Será a sorte mesmo fêmea? Lembrei-me daquele lance no último jogo do FCP, em que o André marcou golo duas vezes e a bola não entrou vez nenhuma. E penso: Para fêmea, dá cá uns diretos ao estômago que não é brincadeira, a magana. Ainda tenho as marcas na pança.

- Então e agora, como é que o Sanchez vai saber o género da sorte?

- É fácil. Apalpa-lhe os tomates. Se, de facto, os apalpar, é pouco provável que seja fêmea...

- Agropecuária?

- Tomates...


...

Do lado da política, anda o Toino na paz, na graça e na sementeira. Revoga daqui, descorta dali, retrocede de acolá, lá vai largando pela terra os grãos que espera colher nas próximas eleições. E sempre com um sorriso bonacheirão. Quando a coisa ameaça não correr tão tranquila, faz como qualquer Português que se preze. Diz para quem o quiser ouvir que a culpa é do Governo. O outro.

A Cath...errr...o Paulo deu um xauzinhatéjá a todos e retirou-se para o campo, até se chatear da pasmaceira e levantar, ele próprio, a vaga de fundo que o trará de volta à cidade grande. Enquanto isso, o Pedro anda em modo low profile. Tranquilão, apesar de não largar aquele ar de quem quer ir fazer cocó. 

Esta separação deixa-me muito triste. Não sei porquê, mas não vejo a mesma química entre o Toino e o Jerónimo. Não os estou a ver a guiarem uma manada pelos grandes espaços selvagens. Juntos. A partilharem uma tenda na noite gélida. Usando o calor dos seus corpos musculados para se manterem quentinhos.É pena, porque tinha graça.

- Oh Silva, há sempre a Catarina.

- A Catarina não grama de acampar. É por isso que não vai à Festa do Avante.


...

A seu tempo, a Tasca pronunciar-se-á acerca das Presidenciais. Ou não. Agora numapetece.

- Ganha o Marcelo, se for à primeira. Não acha, Silva?

- Qual Marcelo? Estava a falar das Presidenciais a sério, homem. As do FCP.

- Ah. Então não me pronuncio. Não gosto de meter a foice em seara alheia.

- Acho bem, Edgar.

... 

As CCC - Cindy, Claudia e Campbell - reapareceram para uma sessão fotográfica, à pala de uma coisa qualquer que não interessa a ninguém. Do alto dos seus praládekórentanos, trataram de deixar uma série de gajas bem boas wannabe à beira da depressão. Inchem! A vida pode não começar depois dos quarenta, mas é catita ter esta malta no nosso grupo. Sim, porque afinal somos do mesmo escalão etário. Somos praticamente íntimos. Farinha do mesmo saco. Fruta do mesmo pomar. Vai uma trinquinha, amiga? Apetitosa.

- Quem é que é apetitosa, hein? - Com cara de poucos amigos.

- A Samantha Fox, docinho. Quando era mai'nova, em antes de lhe terem murchado os melões. E antes de eu saber que tu tinhas nascido, flor.

- Oh, achava a Sabrina mais boa. - Esclarecido, xôr Lima

Eu sei que vocês estavam à espera de uma graçola qualquer que envolvesse gado. Mas isso já deu chatice à brava à concorrência. Dá-les Érica!


...

- E o Lopetegui, Silva? Nem uma palavrinha? Nada? Não lhe convém, é? 

- Estamos em período de pousio.

- De quê? Que é isso?

- É aquela altura em que vocês se riem muito e nós pensamos: Xóspôsar!


...

Soundtrack to strange days: Winds of change will winds of fortune bring.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Ontem, hoje, amanhã e um golo no jogo do enforcado.


Há noites destas, em que corre tudo bem. O adversário, já de si mais fraco, apresentou-se fragilizado por algumas ausências. O Dragão portou-se à altura: Os assobiadores guardaram os assobios, os apoiantes apoiaram, as claques clacaram e a malta das pipocas trincou descansada. Chapeau. A bola rolou certinha, sem prender em poças nem ressaltar em buracos. Marcámos um golo maijómenos cedo. Com alguma sorte, diga-se. Depois sofremos também. Com algum azar, diga-se. Palmas e incentivos na bancada, apesar do ambiente um tanto tenso.

Com o avançar do tempo, a equipa procurou a vitória com mais afinco: Jogou com dois avançados, mais tarde com três defesas. Circulámos a bola, e também a recirculámos - sendo que, já de si, ela é circular. E também procurámos ser mais diretos, por vezes de chuveirinho. E o treinador dava indicações da linha, mandava a malta subir e levantar o ânimo. E a cabeça. Tudo certo, portanto.

E o golo não apareceu. Golo? Oportunidades a sério dele, pronto. Tudo certo, mas deu errado. E é precisamente com isto que vos venho moer a paciência hoje.

(Pausa para clicarem na cruz vermelha no canto superior direito. De quem olha.)

O Erro é a porta da Esperança. Não foi ninguém que disse, fui eu kinventei mêmagora. Quando erramos, abrimos a possibilidade de acertar. A Esperança de que a seguir seja melhor, portanto. Com um exemplo, acho que se percebe: Quando um gajo falha por um triz, criou a oportunidade de acertar em cheio a seguir.

- Falha por um quê, Xilva?

- Por um triz, Berto.

- Ah, o trij! O expacho que vai entre a vachina e o ânuj de uma mulher. Perxebido!

- Pode xer icho, Berto. Desde que perxebas...

Quem se dá ao trabalho, que muito agradeço, de vir à Tasca de vez em quando - let alone frequently - calculará que não estou lá muito feliz. Aquela sensação de fiztumaserenatayfodesteco'essefilhadaputa, estão a ver qual é? Mas a minha verdadeira desalegria provem mesmo do que se discorria parágrafos atrás: Tudo certo. E tudo certo, não chega. Tudo certo deu nada. Um imenso nada entre o meu golo e o fim do Mundo. E isso é que é assustador.

Uma equipa caída, sem força para se levantar. À primeira contrariedade? Não! À mera hipótese de haver uma contrariedade. Isto está muito para lá do modelo - que manifestamente não é o que temos visto em prática, sejam honestos. Está na mente dos deprimidos. Oh, quem me dera um erro. Para corrigir a seguir. Não o vi. Tudo certo. Tudo nada.

A questão que se coloca nesta altura é, para mim, simples: Poderá o Comandante levantar do chão as suas tropas desfeitas? Poderá fazer delas um Batalhão temível em vez de um bando de esfarrapados em retirada? Eu acho que não. Vá, eu repito: NÃO!

(Pausa para gargalhadas e dedos apontados ao tasqueiro. Pois metam-nos no cu enquanto se riem. Ora foda-se, hein?! Apontar é feio. Só por isso...)

Mantenho inteira a minha opinião sobre Julen Lopetegui, em todos os aspetos e mais o de ser um belo treinador de futebol. Mas não. É que não é a mim que ele treina. E os que ele treina, já não acreditam. Foi o que eu vi ontem no Dragão. E contra isso, batatas. Porta da rua, serventia da casa. 

É claro que existem uns quatro milhões e meio de razões para JL não se demitir. Nem lhe cabe fazê-lo. Desde que continue a defender o Clube como até hoje - na verdade até podia ser menos um bocadinho! -  nada a dizer. Quem mostra a porta é o dono da casa. Na Tasca, pelo menos, é.

...

Mas isto tudo foi ontem. E ontem foi há tanto tempo que eu já tenho saudades de a ouvir falar, para lá do b'dia maquinal, do tenstudonamochila automático, do beijo por instinto. É assim que meço o tempo e é por esta medida que ontem foi há demasiado tempo. É amanhã que me importa. E hoje, ainda mais.

Portantospá, isto de saber o que está mal é como o erro: O inicio da Esperança. Quanto a mim, estamos perante três caminhos, três:

1. O Presidente despede o treinador e arranja um interino da vida, para fazer meia época. Só se percebe esta escolha se já tivermos técnico para a próxima. Estando a quatro pontos de ser Campeão, tinha que ser um interino jeitoso. Ou estaríamos a atirar a toalha ao chão. E teria o Presidente que lidar com a hipótese de passar de um interino da vida a O Interino Campeão. Era preciso mandá-lo dar uma curva a seguir...

2. O Presidente despede o treinador e anuncia um novo técnico para os próximos quatro anos e meio. Ou seja, o que falta desta época e mais o próximo mandato. Para além de assumir que se vai recandidatar, escolhe o treinador que quer que vá consigo até ao último dia de Presidência. Também pode contratar só por um ano e meio, deixando mais de metade do mandato livre para arranjar outro. Credo, fico sempre com medo desta hipótese. Não sei pá, parece-me mais Cristã...

3. O Presidente, ao contrário da equipa, acha que é mesmo com Lopetegui que lá vamos. Então, tem que - já! Ontem! Depressa! - fazer o favor de dar a cara pelo homem. Para fora e, mais que tudo, para dentro. Estamos em janeiro, bela altura para limpar balneários e passar mensagens.

É curioso reparar qual é o elemento transversal a todas estas hipóteses. E sim, podem estar erradas. O que será uma fantástica oportunidade para fazer bem. Amanhã. O que não pode acontecer é estar tudo certo, tudo bem, e isso ser nada. Insuficiente.

Com a Tasca conta o FCP qualquer que seja o caminho trilhado - ufa, ganda sorte, hein FCP? O Interino será o maior da rua dele e, na minha opinião, a rua dele é todo um Mundo. O novo treinador de projeto então, nem se fala. Até me parece que brilha, visto daqui. Se for Lopetegui na mesma, tranquilo. Eu sempre acreditei, sempre puxei por ele, porque haveria de ficar triste? A equipa sim, creio que ficaria. Que não acredita mais e puxa ainda menos. Sorry mate, no can do...

...

Ainda vamos a tempo, está claro. É tocar a reunir, com um caminho marcado nas cabeçorras de toda a gente e ala arriba. Ainda vamos a tempo, enquanto for tempo. São só 4 pontos.

- Enforcado, Silva?

- É, tem que ser.

- Nem pedimos letras hoje, está bem? - Triste.

- É, pode ser. - Ainda mais triste.

- A palavra seria B_E  B_E... - Interrompe-o um grito da porta:

- Y! Jugo hasta el final!

- Pumbas, antes assim. Não gosto de ganhar por falta de comparência. Ops, o gajo acertou, Silva!

- Então não pode corrigir. Game Over. Pintxo?



...

Soundtrack to yesterday: Trapped under ice.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Um coração nos carris.


Eu pago para me dares alegrias, essa é a verdade. E nem sempre dás, embora nunca deixes de cobrar. Como se fosses uma vaca e me pastasses. Lembra-me o "Crime Passional Hollywood California", do eterno Vinicius. 

Nesta época de consumo rápido, gadgets supersónicos e pendulares comboios - como este onde alapo agora mesmo o rabo, a correr para ti - neste tempo em que todos me devolvem o dinheiro se não me curar das cruzes com as suas milagrosas pastilhas,  me dão umas fuças novas pelo preço certo e com dois anos de garantia - exceto nariz por motivos de murros - tu não prometes a alegria por que te pago. 

Aqui vou, outra vez - num dia que cruzou o país e meteu um Oceano num serviço encerrado, em plenário - a correr para ti. 

Ah, eu sei que minto. Não é para ti. É por mim. Porque me apaixonei nem sei já quando, sem que te pudesse culpar. Corro para o êxtase que me podes proporcionar, sem certeza. E hoje corro mais, porque me dizem que te vão achincalhar e maltratar. Os teus. Faço questão de lá estar, ao teu lado, para que te não vejam só.

Há coisas mais importantes na minha vida, confesso-te. Há pessoas que amo muito para lá de ti: As mulheres da minha vida, e a Vida, ela mesma, por exemplo. Para minha felicidade, todos os Amores te acomodaram. Porque também tu és amor. Mesmo que seja difícil conceber um sentimento por ti, para quem não sente. És só uma bola a rolar.

Leio-me:
Friends or foes. Não há meio termo, nem discussão. Podemos discutir o treinador à exaustão, mas o apoio ao FCP tem que ser indiscutível. Quem vai para prejudicar, pode ir. Mas tem que ficar na gaiola, ao lado dos Tubarões Verdes de Vila do Conde. Desculpem, mas neste aspeto não há "bem maior". Connosco ou contra nós. E este NÓS é que é Ser Porto.

O Alfa pêndula, já falta menos, já vou, já chego. E sei que és tu que não me deixas só, ainda que desta vez só vá por medo de te deixar sozinho.

Viva o FCP.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

A TascaTV: Dia Tasqueiro da Música e de São Telésforo (inclui a Lista de Discos Perfeitos do Senhor Vassalo)



Hoje é dia 5 de janeiro, Dia de São Telésforo. Santo que acaba de ser designado, até nova ordem, padroeiro da Tasca. Para o que importa, saibam que o dito é responsável, segundo alguns, pela introdução do hino "Gloria in Excelsis Deo". É por isso que hoje se celebra o Dia Tasqueiro da Música, com uma emissão especial da TascaTV. Vai ser catita.


...


PAINELEIRAGEM
Programa de paineleiros vários, sobre temas ao calhas

Então bibam. Bienvenidos (risos). Abrimos aqui o "Paineleiragem", hoje, de acordo com a efeméride, dedicado à Musica. Como paineleiros, temos o Coca-Bichinhos d'Óculos, acérrimo defensor da música erudita. Boas Coca, tudándari?

- Viva, buenas (risos). Gostaria de salientar apenas duas coisas: Estou sóbrio e... - Um grito dos bastidores a interromper:

- Se não vais consumir, podes pôr-te já ao fresco, tajóbirohnão? - Ele prossegue:

- ...E a vertente mais erudita e lírica é que é verdadeiramente música. Embora seja mais elitista, já se sabe. O que só nos fica bem. Se quiserem, até posso adiantar algumas sondagens que comprovam isto mesmo. E é meio jarrinho de tinto, para aclarar a garganta e sossegar o tasqueiro, ohfaxabor.

Aqui do outro lado, temos o nosso amigo Obeso Mórbido, notório apaniguado da MPP, aka Pimba. Olá Obeso.

- Obeso es tu madre (risos). Agora a sério, quero informar que desde o advento Pedro Guerra que mudei de nome, por uma questão de adequação à realidade paineleira. Neste momento, sou apenas Gordo Cumócaraças. De resto, o Pimba é que é. Somos muitos milhões, muitas audiências, vendas garantidas. Vai Pimba, vai Pimba. - Abana a pança.

Por fim, o nosso amigo Treinador de Futebol. Que é pelo Rock'n'Roll, num é berdade?

- É pois. É um bocado marginal e tal, mas já o meu avô dizia que o Rockékébuom, carago! 

Atão ele é o seguinte, hoje temos na berlinda o concerto comemorativo dos 20 anos de carreira da banda do Guedes, agendado para dia 29 deste mês na Casa da Música. Faz 20 anos do lançamento do primeiro disco dos moços, acho eu. Esta é a sua praia, poijé Treinador de Futebol? Rockada hein?

- Bem, a verdade é que se trata de um conjunto de belos executantes. Tirando o líder, o Guedes. Esse é uma nódoa. Se aquilo é vocalista, eu sou a Lady Gaga. - Interrompe-o o Coca-Bichinhos:

- Oh Mister, isso é um bocado exagerado, não? O tipo esforça-se, digo eu. - O Gordo acena com a cabeça, sem esconder um sorriso seboso. O Treinador retoma a palavra:

- Oiça, eu explico-lhe. Um gajo que está há 30 anos a fazer discos cada um pior que o outro, é porque é incompetente. Isto para mim é claro. Mas até se podia perdoar, quero cá saber do Guedes. O que é imperdoável, e não o admito no meu tipo de música, é que todos os discos sejam em Inglês! Ora foda-se, estamos em Portugal, é aqui que vendem os 10 discos que alguém compra, é única e exclusivamente por cá que alguém sabe quem é o Guedes. E 'ospois, pumbas, pega lá as letras do Guedes todas em Inglês. Inadmissível. Ele que aprenda, no mínimo dos mínimos, a dizer Rock'n'Roll em Português. É muito mau, péssimo. Guedes, pede a demissão! 

E isso é assim tão grave, Treinador?

- Pior que isso, só mesmo o sono que me dá aquele tom monocórdico do Guedes. E a pronúncia desse vocalista wannabe (risos). Passo o tempo a bocejar. 

Desculpe lá a pergunta, mas não acha que para alguém que nunca foi músico, está a cagar muitas sentenças?

- Não, não acho, dear, como diria o Guedes (risos). Ele se quiser que fale de bola. A opinião é livre.

Diz que fala. Mas e sobre a música propriamente dita?

- Vai numa escala de fraca a dar com a cabeça na parede. Depende da quantidade de álcool que o ouvinte tenha enfrascado.

Bolas, mas não é suposto este ser o seu tipo de música?

- Sim. Mas sem o Guedes. Enquanto cá andar o Guedes, gosto mais de Sertaneja. Quem me tira o Morango do Nordeste, tira-me tudo...

...

- Telefone para ti.

- Quem é?

- Um Guedes, para falar com a Administração da TV. Eu disse-te que isto não era boa ideia.

- Ui... Alô, Guedes?! ... Mais baixo pá. Mais devagar. Assim não entendo nadinha ... Pois, estou a ver ... Pareces o Orelhas (risos) ... Não ligues pá, é malta que não percebe nada ... Claro, claro, respeito pela tua arte ... E pela tua pessoa, naturalmente ... Olha, vou contar-te uma piada para desanuviar: Um puto estava a nascer. Pôs a cabeça de fora e disse: Onde esta o mê pai? Foi um pandemónio, por causa do fenómeno nunca visto de um puto nascer a falar. Foram buscar o pai que veio de boca aberta tomar conhecimento do estranho acontecido. E o puto disse: És tu o mê pai? Ao que o homem acenou com a cabeça. O puto tirou os braços de dentro da mãe e fez sinal para que o pai se aproximasse. O homem chegou-se. O puto sacou do indicador e desatou a cutucar com ele a testa do pai. Enquanto repetia: Gostas que te façam isto, gostas? Gostas? Gostas? ... Olha, caiu a chamada...

...

MUSICOL
Com Monteiro da Silva

- Biba, caro Jorge Vassalo. É um prazer recebê-lo numa data tão especial para a música na Tasca.

- ...

- Vassalo? Está mudo?

- Não, carago. Estava a fazer uma personificação da SAD do FCP. Estava porreiro, não estava?

- Ah, pois. Diz que sim. Mas isto é mais sobre música e assim.

- Oh Monteiro da Silva, olha lá pá, pedem-me a porra da lista e depois estão alguns 50 anos com ela guardada? É prakê? Olha que caralho hã?

- Os programas são um bocado irregulares... - Interrompe-o:

- É isso tudo, é. Isto deve ser um Especial sobre música antiga. É que ao tempo que tratei dessa lista, já devem ter morrido os artistas todos. - Gargalhada.

- Não sou eu que defino os alinhamentos... - Já acabrunhado.

- Isso sei eu! É o camurso do Silva. Às vezes irrita-me, esse tipo. Mas pronto, a maior parte do tempo rio-me com ele. Se fosse menos casmurro, tinha menos graça.

- Pois, eu isso não sei. Estou aqui mais para... - Interrompe-o com outra gargalhada:

- Isso! O Monteiro da Silva é mais bolos. Ande lá com isto, homem. Está-me a empatar e eu tenho mais o que fazer do que ficar aqui no paleio consigo.

- Era a lista. Posso avançar?

- Pois claro que pode. Deve. E não fique assim, meio encolhido. Parece que se está a fazer de morto. Isso não resulta, hein? Olhe o que acontece à nossa SAD. De tanto se fingir de morta, até parece que faleceu mesmo.

- Credo!

- É credo, é. Despache-se lá que eu tenho que ir...

A Lista de Discos Perfeitos do Senhor Vassalo

Suzanne Vega - Solitude Standing
Pink Floyd - Dark Side of the Moon
Paul Simon - Rythm of the Saints
Metallica - Master of Puppets
Guns'n'Roses - Appetite for Destruction
Miles Davis - Kind of Blue
Garbage - Garbage
Lorena McKennitt - Parallel Dreams
Zero 7 - Simple Things

- Estájaber, oh Monteiro da Silva, eclético, raçudo, com alma e muita, mas muita, qualidade. Fui, que ainda perco a boleia, carago.

- Foi um prazer e uma honra. Aqueles Pink Floyd com o Waters... Aaaahhh, é outra coisa... - Despejam-lhe um balde de água pela cabeça...


segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Exercício hedonista

Às vezes gasto-te e tu não te gastas. Pareces eterna e infinita. Sabemos bem, os dois, que não és qualquer delas. Tiveste um principio. E acabarás, quando se cale o último de nós. Está claro que te desperdiço frequentemente, nos momentos em que bastaria estar calado - quieto das mãos no papel ou nas minhas teclas cibernéticas - para te poupar. Não o sei fazer. A culpa é também tua, por não deixares de me sobrevir em enxurradas, descontroladas amiúde, em cascatas de associações de ideias - as mais das vezes parvas. Vem sempre, pela minha eternidade. Continua a adormecer-me nos nossos contextos, a revoltar-me nas nossas gramáticas imaginárias, a construir-me.

Quando te arredondas, em curvas suaves, de mulher, eu deslizo pela pele das letras. Corrompo as sintaxes, oculto sujeitos e atiro-me, sôfrego, ao verbo. Conjugo-os em catadupa enquanto os cabelos do meu pescoço se eriçam. E tu deixas-te moldar: Ora crua, à beira da pornografia; ora doce, como um beijo inesperado, roubado num telheiro da adolescência naquela noite em que te sumiste e eu fiquei sem com o que dizer um sentimento desconhecido. Entras na brincadeira, rodopias nos significados, em saltos mortais de Desejo e Paixão e Amor e Raiva.

São breves, mas significativos, os teus momentos ascetas. Como que te espreguiças, sem um sorriso, sobre os sintagmas, prolongando-os em nome de uma contemplação tranquila. Mas obstinada. A clareza que me advém quando te possuo nesse estado é arrebatadora. Assustadora, digo. As duas, talvez. Porque possuir-te é uma mera ilusão que me imponho - ou me permites - para me ser possível a Vida. Esta a essência da tua multiplicidade una: A Vida concreta é definida por ti que és toda possibilidade. Completamente.

És tão imprevista nos teus ângulos mais agudos. Fazem-me sorrir, porque sei que todas essas arestas podem ser açúcar. Depende do tom e do ritmo e do inefável meio por onde viajas. E do mensageiro e do recetor e do ruído e, agora, das alegres poeiras cósmicas e nauseabundos lixos espaciais. A todos contornas no teu ser absoluto, irrepreensível e imaculado. Dás-te assim a quem te diga, a um tempo ríspida e poema. Navalha e abraço. Ferida e bálsamo. Gelo e colo numa noite de medo, sem motivo para os que não são pequeninos. Devo parar? Deixas que pare ou continuarás a sugerir opostos, cada vez mais rebuscados, mais fundo na minha mente, na minha memória que se liquefaz? Seja. Solidão e Mãe. Vento. Não conheço antónimo de vento que me sirva. Inventas? 

Por vezes tenho esta necessidade nevrótica de te exercitar sem objetivo. Por puro prazer. E tu não te gastas. Renasces nas nossas brincadeiras inúteis. Multiplicas-te e desmultiplicas-te, enquanto te acaricio as sílabas ou erijo acentuações erradas no teu corpo. Fazes cabriolas de cachopos em bicicletas velhas, a cair, numa rua que só descia e tinha reizinhos, em torno da minha pontuação incomum. Deliberada, vaidosa e estupidamente - em quantas ocasiões - incomum. Derrubas as barreiras dos parágrafos e desandas pelas janelas que não permites que feche na minha alma. Voas. Livre. Inteira e sorridente. Palavra ao oposto de vento.    

domingo, 3 de janeiro de 2016

Domingo B, while we were sleeping...



E então eu vi. A equipa a jogar um futebol de posse, triangulado, sucessivamente triangulado, sem dez, sem o tal criativo puro. Sempre intensa, confiante, segura. E um estádio vazio. Coincidência?

Os B decidiram, desta vez, fazer uma serenata à chuva. Sem André, houve Leo. A diferença está lá, mas a funcionar a equipa como funciona, parece muito menor. O resto foi o de sempre. A mesma excelência de quase sempre. Graça, Ramos, Omar, Gleison. Centrais certos, mas ainda não perfeitos. Confesso que esperava que Rafa já tivesse, por esta altura, elevado um pouco mais o seu nível. Ainda há tempo.

Fica a faltar o Olimpo: Ismael, Garcia e Gudiño. Sim, ganhámos cincadois e o nosso redes foi um dos melhores. Só por isso ganhámos cincadois. Os latino-americanos, com André, são uma classe acima desta liga. É curioso que sejam todos...estrangeiros. Devemos ser formadores, mas globais. Quero ver o Ismael na A. Na Taça que já perdemos. A ver se a cepa é mesmo Hulkiana ou ainda é só um mutantezinho bébé.

A relva encharcou e a bola parava em algumas poças. Mas a equipa jogou o seu jogo, all the same. Acreditou e ganhou. Por muitos. Sem um público que tivesse exasperado à primeira vez que uma bola prendeu numa poça. Chuta essa merda lá pra cima, oh filhadaputa.

...

While we were sleeping - e entretidos a desancar os nossos e a escarafunchar as nossas próprias feridas e a recarregar as armas dos inimigos - o "colinho" regressou em força. Em Guimarães.

WAKE UP!

sábado, 2 de janeiro de 2016

Um soco nas fuças no jogo do enforcado.


Bah, o que eu queria mesmo era estar de acordo com a, aparentemente, maioria da malta. E estava agora a insultar o Espanhol e a exigir a sua demissão. Porque a fazer fé no que fui lendo e ouvindo, o Campeonato acabou hoje. Ai espera, isso era só se o FCP perdesse. E perdeu. Portanto, acabou, não acabou?

O problema é que não estou mesmo de acordo. Por isso estou tão fodido como o resto dos Portistas, mas sem o bode expiatório. Merda pá! E bem, é isso, não acho que o treinador deva ir de vela, não acredito nada que o Campeonato tenha acabado e confio que no final o Campeão será o FCP. E Lopetegui. 

C'um carago, o jeito que me dava não pensar nada disto. Está claro que também me dava jeito que o ABUMbakar conseguisse marcar um golinho quando está de frente para o guarda-redes adversário. Dava, dava. E que jogo teríamos então tido? Enfim, um diferente do que tivemos. Assim como se não era termos levado uma baliza da Senhora da Hora, estávamos num poço ainda mais fundo. Ou seja, não conta para nada. Eu sei.

Vão poder ler os detalhes em tantos sítios diferentes, não de muitas formas diversas - baterão inevitavelmente nas mesmas teclas. Por isso, aceitem apenas que sublinhe - nem que seja para terem um gosto diferente -  que tivemos um bom plano para o jogo, que quisemos tanto como os outros, corremos o mesmo, mordemos a língua com a mesma força. O que nem é muito frequente.

Dificultámos a saída de bola dos esverdeados, explorámos-lhes as costas, criámos perigo, podíamos ter marcado primeiro. Conseguimos jogar de maneira diferente, e adequada, sem abdicar da identidade e do modelo. E não chegou. Infelizmente. Detalhe aqui, eficácia ali, ponta de sorte acolá, uma ou outra incompetência. Uma palavra para o bando de calimeros que nos ganhou: Bem.

O vendedor da marca de equipamentos dos calimeros podia muito bem não ter marcado falta no lance que origina o primeiro golo. O bandeirinha só não merecia ser enfiado num esgoto a céu aberto na capital do Djibuti, a fazer de câmara de ar a um pneu em chamas, porque quem ficava isolado era o ABUMBakar. Não ia dar golo de qualquer maneira. É curto para me agarrar, bolas! 

É tudo. Agora vou afivelar a minha melhor cara de tristedemeterdó, a ver se a do costume se empenha em me consolar. Ainda me vai acabar bem este dia. E o Campeonato! Fui.


...

- Nem pensar! Atão mas o que vem a ser isto? Nanananana, meu menino. Falta o joguinho.

- Ficas aí com o Julen. Divirtam-se.

- Anda cá, Espanholito. A palavra é: 

C_ _ _ _ _ _O  

- H. 

- Népias!!! E foi uma derrota. São dois traços! Woohoo, estás tãããããooo perto!!

- Vaitafoder, pá!

- Ena, esse Português tem melhorado a olhos vistos. Buuu, buu, vergonha. Ordinário. - E enfia-lhe um soco nas fuças.


...

Contas da Tasca: 7 jogos, 6 vitórias, 1 derrota. Falta 1 jogo. Já na quarta-feira.

Soundtrack to pain: Momentary relapse. 



quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Coisas que eu acho, coisas estúpidas, a culpa e uma morte



Deixa cá ver, eu gosto menos de perder do que de pisar bosta de cão no passeio. Em casa contra o Marítimo então, nem se fala. Acho que merece uma assobiadela a plenos pulmões no fim do jogo. Ai pois merece, sim senhor.

Agora, assobiar o André Silva, o Sérgio Oliveira, o Garcia e afins, aos quinze minutos, isso já acho apenas bastante estúpido.

- Shhh, cala-te, não percebes nada. A malta estava a assobiar o Espanhol, não usminino.

- Ai sim? E como é que isso se faz?

- Fácil, levantas-te e vais assim: Buuu, buu, vergonha! Oh André, isto num é pra ti, tajóbir puto?! E nem prÓliveira. Buuu, buu, vergonha! Oh Helton, dijaí ao Espanhol kisto é pra ele. E assim por diante. Entendes?

- Mesmo que isso fosse possível, e mesmo acreditando que - dado o histórico - a malta até percebesse, logo ao quarto de hora?

- Naturalmente. Ou pensas que o pessoal do assobio não precisa de aquecer? Isto faz-se com brio, meu amigo. Ah pois faz!

Eu cá queria ganhar uma Taça da Liga. Sempre quis. Pá, já sei que isto e aquilo e o outro, mas é uma prova, o FCP participa, por isso quero é ganhar. Era o que faltava inventarem uma competição que nós não ganhássemos. Claro que não estou nada disposto a arriscar um milímetro por ela, nanana. É uma bela oportunidade para ver os tipos que raramente vemos, mais os B e isso tudo. Imaginem uma competição Europeia para o Jergo Juses. Pronto, é maijomenos isso. Sem o Skenderbeu. Ir de vela logo ao primeiro jogo, ainda por cima em casa, ainda por cima com o Marítimo, é coisa para me encher o cartão de pontos do Gaviscon nunstante.

Agora, acenar um monte de lenços brancos porque perdemos a Taça da Bejeca, ex-Bejeca, do Lucilio, dos Correios, de Lata, da Treta, aquela Merda - paremos por aqui com os sinónimos que a maior parte dos Portistas arranjaram para a Taça da Liga - é estúpido. Bastante. Apenas.

Ou então vão convencer-me que o melhor que podíamos fazer era despedir o treinador que está à frente do Campeonato, a 3 dias de irmos jogar a casa do segundo classificado. É isso?

Deixemos-nos de tretas, sim? Se há coisa que me irrita, até em mim, é a propensão humana para a explicação. 

- Olha querida, deixa-me explicar-te muito calmamente porque é que eu estar aqui atracado a esta gaja boa boa boa, na nossa cama de casal, na nossa casa de família, é, na verdade, culpa tua.

- Majé um gajo!!!

- Bem, isso também é culpa tua, já te explico...

Ora fuoda-se! Há um ano eu expliquei - la está! - porque é que defendia o Julen. Aliás, porque é que gostava do tipo. E há nisso muito de subjetivo, é claro. Uma parte importante de "gosto deste tipo" deve-se a... gostar do tipo. E a tê-lo verbalizado, está claro. A partir desse momento, o sucesso dele é meu e o seu insucesso é uma chatice. O contrário, presumo, deve ser igualmente verdade e plenamente respeitável. Podia não o gramar e grande parte disso se deveria a...não o gramar. 

Gosto mais do meu lado, confesso. Porque as vitórias do FCP são minhas. Como as derrotas são minhas. Sou eu que perco, sou eu que ganho, sou eu que rejubilo e sofro e esperneio e espatifo sofás. Ai espera, isso é o Felisberto. Vai daí, fico mais confortado por gostar que o Julen ganhe, uma vez que isso significa, por agora, que o FCP ganha.

Eu olho para o estádio de lenço branco em punho. Eu leio a crónica de um calimero que pergunta "e se o União não tivesse ganho, onde estaria Lopetegui", eu vejo apelos à união transformarem-se em ultimatos ao treinador, no espaço de dias. Penso: Ui, por fim a malta também quer ganhar a Taça da Cena, Coisa, o caneco, pronto. Mas não é, pois não? É que se fosse, teriam, creio eu, que fazer um exercício simples. Que é: Ver ao contrário.

- Como xe fochem vejgos, Xilva? Ou como xe 'tivechem a fajer um xechenta e... - Interrompo:

- Shhh, cala-te, deixa-me falar.

Porque é que a pergunta do calimero cronista - dos bons, por acaso - não tem como resposta: Seria treinador do segundo classificado, a dois pontos de distância. Ou a um. Como o União ganhou, é o líder?

Os lenços brancos são para mandar embora o homem, certo? Certo. E queremos fazê-lo porque:

  •  Não ganhámos o Campeonato o ano passado. Porque empatámos na Choupana, fizemos uma cena estranha no Restelo, não ganhámos ao 5LB e tal. E levámos 6 do Bayern. Fomos corridos da Taça pelo S.Calimero de P. E da Taça da Treta pelo Marítimo. Zerinho!


  • Há ano e meio que o nosso futebol é um vómito, nem para os distritais serve. Ai Fonseca, Fonseca, estás perdoado. Fonseca? Octávio! Quinito! Estão todos perdoados. Que saudades dos 5 centrais em Eindhoven, quais 5 violinos. Somos um redondo zerinho!


  •  Não há evolução nenhuma. Zero!

Pois eu acho que a maior parte dos Portistas - deve ser mesmo a maior parte - quer despedir o treinador porque:

a) Foi o PdC e sus muchachos que escolheram e eu não gramo deles. Velho nojento que nunca mais baza para eu poder (escolher um) ir pralá/sacar um tacho/ter razão/vender umas cenas. Ou então, não gramo porque sim. Quer dizer, porque não, neste caso.


b) Na altura em que veio, disse a dois ou três amigalhaços, numa farra na Tasca do Silva, que este Espanhol era muito mauzinho. E pensar que o disse só porque tinha bebido um tinto de Silgueiros a mais e estava com a bazófia no máximo, aiai. Mas pronto, depois fui arranjando argumentos para gostar cada vez menos e menos e menos. Agora já me sai com naturalidade. Quanto mais depressa se for, mais depressa eu sossego. Porque sim.

c) Embirro com malta que está sempre do mesmo lado. Irritam-me tanto, ai ca nervos. Vai dai, contrario! Bem feito. Porque sim.

d) Temo que com este modelo de futebol, mais os defeitos todos que já lhe conhecemos e o facto de o treinador não ser talhado para puxar pelo nervo, nunca consigamos os resultados que desejamos. Por isso, acho que quanto mais rápido mudarmos, independentemente da posição e da altura, mais rápido estaremos no caminho certo. Somos poucos a pensar assim...

Aos primeiros, nada a dizer. Eu também embirro basto com gente que não conheço e apetece-me bater-lhes. Muitos anos de transportes públicos. Se for por interesse, nada a dizer de novo. Sou um gajo de caracóis e finos e não sei nada de bastidores do fintabol.

Aos últimos sim, devo dizer qualquer coisa: Discordo. Podemos discutir isso à volta de um Cartuxa, um dia destes. Pagam vocês, já se sabe.

Ainda assim, deixo de fora a que, creio, é mesmo a maioria. São os que acenam lenços porque ouviram dizer. Capisce?

E se virmos ao contrário?

  • Este é o treinador que não foi Campeão logo que chegou porque apanhou o "Campeonato do Colinho"; 


  • E chegou aos quartos da Champions, o que não é assim tão comum, mesmo que nos pareça - a mim parece;


  • Com um monte de gente nova, de franca qualidade e alto custo, despachou a Fonsequiana confusão que por cá reinava. Alguma dela, que outra não está na esfera do treinador e parece que ainda perdura. A espaços.


  • De um ano para o outro há claras melhorias: Marcamos golos de bola parada; temos gente nova, da casa, a fazer o seu caminho na equipa; fizemos 7 pontos em 9 possíveis na Madeira; estamos, por fim - oh por fim! - à frente do Campeonato; ainda estamos na Taça de Portugal.


  • Coisas piores também: A contestação é ainda maior, go figure; estamos fora da Champions, mas na Europa; a Taça do Selo já lá vai.

Haveriam lenços brancos ontem se Lopetegui tivesse sido Campeão, como teria sido justo? É provável. 

- Pois claro. Num bale um poio, o homem. Vergonha.

Bem-vindos ao último parágrafo. É sobre o ultimato. O "ou ganhas no WC do Campo Grande ou és corrido a pontapé". Para que conste, ganhando em Lisboa no dia 2 de janeiro, o FCP NÃO será declarado Campeão. Ficará com 4 pontos de avanço sobre o segundo. Empatando, manterá o pontinho que nos confere o estatuto de líderes hoje. Se perder, estou em condições de vos assegurar que NÃO será declarado feriado oficial e nem dado por findo o Campeonato da Liga Portuguesa de Futebol Profissional. Portanto, não percebo isto. É a mera convicção que perderemos e assim se arruma já o assunto? É o conforto de pensar "bem, se perdermos, já me posso juntar ao coro das belhas"? É o quê? Porque sim?

...

Fiquei a achar que a malta não tem com que se ralar nisto da bola. Por isso, para não serem vítimas de tédio nesta quadra festiva, arranjei umas coisinhas:


  •  O árbitro do Calimeros vs. FCP é o vendedor lá da zona dele da marca de equipamentos dos esverdeados. Não está mal, hein? Mas podem ficar descansados, é o mesmo que não viu um gajo do Marítimo a fazer penalty sobre o Maxi no último lance do jogo da Madeira para o Campeonato. Não há lei da vantagem num lance de penalty. Felizmente a bola foi à barra. Ufa, que alívio, hein Hugo?

  •  O Campeonato é patrocinado pela operadora que vai largar os milhões para os clubes da Capital do Império. Huuummm, nada de grave nisto, poi'não? Qual era o interesse em que fossem eles a ganhá-lo?
- Shhh, cala-te, a culpa é do Basco. E do Marcano ir trabalhar bêbado também.

...


No mini-ciclo da Tasca, de 8 jogos entre a 8ª e a 16ª jornada do Campeonato, vamos em 6 jogos e 6 vitórias. Faltam dois. E isto também é culpa de Lopetegui. Só naquela...

...

2016 vai ser um ano fantástico! Culpa de cada um de nós. Não quero nada menos que isso para mim. E nem para nenhum de vocês. Quer dizer, pode ser menos um 'cadinho, vá. Entrem bem.

- Shhh, cala-te, deixa keudigo: BOM ANO, cambada!

...

R.I.P. master. We'll always have Rock'n'Roll!