sexta-feira, 28 de julho de 2017

Getting physical

Malta da hidro...


Se prestassem atenção ao que vos digo, em vez de se embebedarem, saberiam que mantenho uma relação ambígua - ódio, resignação e nenhum carinho - com um Brasileiro que vive dentro do meu espertófone. Quero dizer, mantinha. Well, not even stars last forever uh?

A coisa esfriou bastante, à conta de um problema na lombar que me afastou da atividade física que, sendo muito honesto, era a única coisa que nos ligava. É para verem a fragilidade das coisas sem um propósito maior. 

Depois de recuperado dos costados, o tipo lá continuou a buzinar-me aos ouvidos à hora do costume. Mas eu, nada, nem uma faísca. Era o fim. Nem sei porque é que ainda não o expulsei de casa - do telefone, portanto. Acho que é aquela coisa inconsciente do 'indadamojumaprádespedida. A chamada abaladiça.

Como era de esperar, passei à fase da badalhoquice generalizada. Quem me quer ver, é metido em altas cavalarias, em atividades de caráter grupal, de elevada intensidade, com toda a gente aos saltos e suor a rodos. Depois acaba tudo no banho, para refrescar. Pode ser promíscuo, mas é asseadinho.

Em suma, lixei-me para a app "Seven" e inscrevi-me num ginásio.

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Saibam que se tratou de um regresso às origens, uma vez que o meu primeiro emprego foi de rececionista num ginásio. Tinha eu alguns oito anos ou assim. Já se sabe, nós, os desfavorecidos, temos que dar ao cabedal desde cedo. Para além de que não passei da primeira fase do processo de recrutamento para ladrãotraficante. És bué da fininho, mete-te na musculação e depois aparece cá, disseram-me. Como aquilo dos pesos parecia basto...pesado, fui antes para rececionista.

Não se pode dizer que tenha durado muito, lá isso não. Despediram-me ao fim do segundo mês, se bem me lembro, com uma justificação perfeitamente parva: Oh miúdo, passas mais tempo a jogar à bola no campo à frente do ginásio, do que a receber as mensalidades. Se é para continuar assim, não precisas de vir mais. Vê lá se tomas tino. 

Eu tomei. Não meti lá mais os cotos. No ginásio, está claro, que ao campo da bola voltei amiúde.

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Isto de ser a pessoa ginasiante não é automático, nem pensar. Tem que se falar com um rapaz daqueles que deve ter um pipo. Vá-se lá saber onde. Todas as manhãs lhe metem uma bomba no dito e enchem o catraio. Salvo seja.

Temia que me tocasse um Brasileiro - por causa de um qualquer ataque de remorsos - pelo que fiquei satisfeito quando o moço me disse "Uóláe". Disse mais coisas, mas eu estava entretido a pensar se seria azeiteiro ou sapateiro e não liguei nenhuma. Só percebi que, afinal, tinha que ir para ali expor-me e contar porque recarga de água estava a tentar juntar-me ao grupo.

Respirei fundo e expliquei o melhor que pude. Enquanto ele olhava para mim com ar de whothefuckcares? Quando achou que já tinha passado tempo suficiente, arrumou a conversa com um vamolátratardamensalidadezinha, sim?

Entregue o meu rico dinheirinho, ainda tive tempo para perguntar: E já posso vir a isto do Cycling amanhã? Ao que o moço respondeu: Epá, tu é que sabes, cota. Depois não te queixes. Vai antes à hidroginástica. E pôs-se a mexer, com um estranho sorriso.

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Diga-se que, dado o espírito sovina, escolhi a tarifa mais baixa, com grandes restrições em termos de horário. Basicamente, só posso frequentar as instalações quando quase ninguém lá quer estar. Sou uma espécie de Taraabt, vá. Em melhor forma física.

Com essa limitação,calha-me mesmo a jeito o Cycling. Por isso, apesar do aviso do Rapaz Câmara de Ar, no primeiro dia fui espreitar o que faziam nessa aula.

Pá, era quase tudo gajas! Boa parte delas, mais velhas do que eu. E dois gordos: Um gordo muito gordo; e outro gordo apenas gordito. E o tipo que mandava naquilo, todo contente à frente da turma, num palco. 

O cabrão queria era ser a estrela da companhia! Estava mais do que visto, sempre que apanhavam alguém com bom ar, os filhasdaputa mandavam o indivíduo para a hidrocoisa, para não terem competição no Cycling. Foda-se, se aquela gente consegue, eu também consigo. Era o que mais faltava!

E foi assim que me vi sentado num selim, com os pés nas pedaleiras, pronto para 45 minutinhos de cicloturismo. No primeiro dia, sem aquecimento sequer. Incha, Rapaz Câmara de Ar.

Recordo, embora vagamente, que entre os Despacitos do momento, tocou uma canção dos Within Temptation e, mais tarde, uma versão do Nothing Else Matters, em que o James e o Lars passam a música a rir e a apontar para mim. Conforme desconfiava, aguentei a aula toda. À custa da vergonha, a partir dos primeiros...errr...5 minutos?

Passaram 15 dias e já consigo andar sem ajuda. Mas não muito depressa. Estamos fortes! Pronto para o próximo desafio: Hidroginástica!

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Durante estas duas semanas de paralimpismo, conclui que tudo na vida tem um sentido. Até o Cycling, que é andar de bicicleta como se fosse um doido perigoso, dentro de uma sala, sem sair do mesmo sítio.

Senhores biciqueletistas, vocês sabem que pensei muitas vezes em abrir a porta "sem querer" e mandar-vos de cangalhas, já de nervos em franja, a 10 km à hora, atrás do pelotão. Pois desculpem. Desculpem mesmo, inclusivé ao Domingo. Tenho todo um novo respeito por quem pedala, chiça. 

However, pá, se puderem evitar as licras garridas, tipo fúcsia e assim, tanto melhor...

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Ontem jogou o FCP e há, seguramente, muito quem vos elucide sobre o jogo e sobre as táticas e os jogadores e assim. 

Foi giro, foi sim senhor, como tem sido este inicio de etapa. Mas falta muito quilómetro, ainda temos muito que pedalar.

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Soundtrack to new begginings: Let your body talk!


8 comentários:

  1. O "Physical" da Olívia também não estaria mal para soundtrack....eh eh eh!!

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    1. Jovem, terá reparado que se trata de uma versão desse mesmo tema. Só que em melhor \m/ :)

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  2. Tentei, tentei, mas num consegui...
    Era o bidióclipe dos Queen "Bicycle Race"...
    Acho que se ajustaba na perfeiçom ao ginásio daqui de cima!

    Num bou ao ginásio. A minha mulher bai (até já foi ao Solinca do Dragon), mas eu que sou muito macho, não quero descer tão baixo.
    Por isso ando de bicla normalmente ( o normalmente tem a ber caroupa, carago! num com a bolocidade do baículo!)
    Dantes ainda bestia uns calções de licra com almofada entre folhos, para num ficar com as nalgas doridas. Só que cada bês que os bestia, a minha mulher e o meu filho chorabom. De riso naturalmente...
    Aliás uma bês tirei-me uma selfie nestes preparos, e num é que tá um caralho dum chinoca a rir-se por detrás da minha personagem? Ou será que o xau-xau taba a rir-se para a prórpia selfie?

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    1. Bou-te dizer pá, córenta e cinco minutos depois, até isso dajalmofadas percebo. Dão jeito sim senhuore, carago!
      Podiajera ir de bicla à apresentaçom. Equipado a rigor, já se bê... :)

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  3. Amigo Silva
    Por motivos, andei ausente mas estive a pôr a leitura e a audição (a Tasca evoluiu) em dia, e constatei que o nível não só se manteve como em muitas alturas subiu. É claro que falar sobre o nosso grande amor da maneira que o amigo o faz é sempre um prazer para quem se revê em muito do que escreve, mas quando sai dessa área e entra no domínio das relações, dos afectos, das perdas, do quotidiano, enfim da vida a escrita torna-se maior, chega aos ossos, faz bem, e fazer bem expondo emoções sem ser vulgar e superficial é hoje cada vez mais raro. Obrigado por esses momentos que por vezes servem de base para introspecção. È claro que gosto da parte da rebaldaria (tem faltado mais Berto, Monteiro da Silva o travesti que não me lembro do nome, etc.) por isso se calhar era boa ideia convidá-los a todos para irem à Tasca antes do inicio da nova época. Quanto aos seus companheiros Cavanescos vê-se que é do melhor que a humanidade produziu e deve ser um prazer imenso as reuniões secretas para tratar de assuntos do nosso grande amor, um abraço para eles.
    Novo começo, esperanças renovadas, bons sinais indicadores e lá vamos nós para mais uma vertigem que espero cause tonturas e desmaios nos nossos adversários. Para já estou a gostar de treinarem para marcar cinco em cada dia, espero que hoje se mantenha. Apesar de outros andarem a treinar levar cinco por dia, não devemos esquecer o que passou-se!
    Bom início!
    https://www.youtube.com/watch?v=nm93kv9J7tw

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    1. Primeiro, o mais importante: que grande malha! O seu gosto musical, de facto, raramente desilude!
      Depois, fuoda-se pá, sê bem aparecido!
      De seguida, muito obrigado pelos elogios. Embora exagerados, sabem bem. Sobretudo porque, mesmo que de raspão, se as palavras tocam alguém, está cumprido o objetivo da partilha. Quanto à qualidade da arte, é mera subjetividade. Só posso ficar feliz se o meu amigo gosta.
      Adiante para os Cavanis. É uma rebaldaria pegada e continuamos surpreendidos, é muito contentes, por haver quem nos ature.
      Por fim, a esperança de sempre, de cada início. Cincazero!
      Abraço
      PS. Zubaida. E ficou ofendida por haver quem não repare nela o suficiente para decorar o nome :)

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  4. Não vou ao ginásio. É que aquilo, parecendo que não, cansa um bocado. Já a rapariga vai. E gosta. A primeira vez que foi ao bicicleting ou lá o que é aquilo, saiu de lá tão roxa que eu pensei que lhe ia dar um ataque e fiz-lhe logo ali o procedimento todo de reanimação. O estranho é que ela voltou e até comprou um assento de gel e tudo. Deve ter sido por causa da reanimação.
    Já agora que estamos na tasca, ando aqui à procura de um gajo que me encostou um carro (numalembra da cor ou da marca que por aquelas alturas a gente já tá basto nublado do alcool e das noitadas) à porta de casa em Sines no FMM e que só se safou porque tinha um cachicol do Porto a revestir a chapeleira ou lá como se chama a prateleira que está a cobrir a mala.
    Se o virem ou ele passar por aqui digam-lhe.
    Um abraço.

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    1. Epá, oh João, isso do assento de gel é muita bem visto! A nalga sofre e não é pouco, chiça! O processo de reanimação é que dispenso, obrigadinho :)
      Chama-se mesmo chapeleira e ser do FCP é um bom motivo para perdoar o rapaz. De qualquer maneira:
      Oh pessoal, o gajo que andou a bloquear a saída ao João, em Sines, é favor pagar um penalty tinto ao homem! E é depressinha, ohfaxabôr.
      Abraço.

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