sexta-feira, 17 de abril de 2015

A Razão da Fé, com um ponto prévio, vários posteriores e uma música



Ponto prévio: 

Eu puxei pelo FCP de Fonseca, como pelo de Octávio (vómitos!) ou de Quinito. Acreditei neles com a força desta Fé inexplicável. E achei sempre que essas equipas podiam bem ganhar por cincazero todos os jogos. Uma crença ainda assim meio tristonha, como os amores adolescentes não correspondidos. Mas sempre presente.


...

Ah bolas, é claro que me sinto tentado. Muito mesmo. Afinal, quem não se sente tentado a um EU NÃO DISSE!? ou DOIS? Oh well, done! :) 

Sobre o jogo de anteontem, tudo está dito. Dos detalhes mais futebolísticos aos discursos mais apaixonados. É só ir clicando ali ao lado e visitar as outras tascas onde aqui o tasqueiro vai petiscar.

Os ainda troikistas tempos que vivemos, aconselhavam a que poupasse este post. Mas há uma coisa que tenho para dizer, uma palavra apenas: POSSIBILIDADE.

 Para o que agora interessa, apliquemos o conceito à bola. A Possibilidade de ganhar é, no fundo, a essência do jogo. De qualquer jogo, para quem - rendo-me, acuso-me, julgo-me e condeno-me! - acha que jogo é sinónimo de competição. Eu ganhei ás cachopas, sempre que pude, no "Quem é Quem" ou lá como se chamava o jogo dos bonecos. Já na treta de encaixar formas numa bola com buracos, iguais ás respetivas, nunca tive hipótese.

O que me delicia no FCP de Lopetegui, desde o inicio, desde aquela linha de defesa no meio campo no jogo de apresentação, qual Bayern-a-melhor-equipa-do-Mundo, é a Possibilidade. E na quarta, da minha arquibancada, foi isso que me levou a voz: Tudo é possível para esta equipa. E já! Em menos de um ano...

Viver assim implica saber lidar com as maiores desilusões e prováveis grandes derrotas e tombos. O que não é nem fácil nem saboroso. Detesto perder! Masoquismo portanto? Nem lá perto.

É a ilusão que enche os dias e a alma. A ilusão em vez do medo. A inquietação da esperança em vez da tranquila mediocridade. A barriga gelada da esperança de glória em vez do conforto de nada esperar. A paixão que queima, e também destrói, em vez do hábito morno. Enfim, acreditar que podemos ganhar, por adn, mas ainda mais porque... podemos mesmo. Porque nos mostram que é sempre elevada a probabilidade, se quisermos ver.

Por isso, sinto-me um grumpy. Porque não estou em modo "quero lá saber do que vem depois disto". Eu quero! Eu acho que estamos à frente, que a partir de anteontem temos mais hipóteses de ganhar do que o Bayern-a-melhor-equipa-do-Mundo. Não é um sonho, é uma verdadeira, franca e agora muito alcançável POS-SI-BI-LI-DA-DE. 

Se o Sonho comanda a vida, a possibilidade de sonhar é a condição de estar vivo. Agora contesta lá isto Bernardo. 


...

Ponto posterior 1: 

É pois fácil perceber que terei um enormíssimo melão se o FCP for eliminado. Não embarco no "depois disto é tudo lucro". 

Ponto posterior 2: 

Seria incongruente não considerar muito plausivel a possibilidade de ganhar na segunda circular. E por números suficientes para sermos primeiros depois desse jogo. Embora desconfie que não vão ser golos a decidir o campeonato... Outro melão do caraças se for diferente.

Ponto posterior 3: 

- Muito lindo isso tudo, oh Silva. E com o Pessoa ao barulho e tudo. Ena, que erudito. Olhe, acho que é isso mesmo que sentem os adeptos do Arsenal há uma porrada de anos. - E mostra-me as gengivas rosadas e desdentadas.

- E os do Barcelona, e os do Bayern, e os do Real... E eu agora! Que sou do FCP, outra das grandes equipas...

Ponto posterior 4: 

POST IT

Na grade exterior da Tasca, ontem de manhã:

"Silva,
O Bayern pareceu bastante pior do que antes. Muitos parabéns, é colossal fazê-lo!
Lamp"

Último ponto posterior:

Indignamo-nos, adeptos azuis e brancos, pelo baixo e nojento tratamento a que vetam o FCP. Os media, de uma forma geral, trataram de diminuir, antes e depois do jogo, a nossa brilhante vitória. Antes, porque, também eles!, sabem bem que esta equipa pode (tem a POSSIBILIDADE) ganhar sempre. Depois, porque, inevitavelmente, há um (bi)desígnio nacional a cumprir e porque não serão esses tripeiros a luz da Pátria. 

Pelo contrário, somos noticia em tudo quanto fala e escreve sobre futebol internacionalmente.

A Federação Portuguesa não se fez representar no Dragão. O Governo, nomeadamente a tutela do desporto, também não. A própria Câmara Municipal do Porto (ah, grande portista Rui Moreira, com muito orgulho, aposto!), primou pela ausência. 

Pelo contrário, o FCP é apontado como modelo de sucesso, pelo menos desportivo, nos quatro cantos do Mundo. Sendo ele redondo, a coisa complica-se. Mas isso é outro post.

E é para este país, para estes jornaleiros e paineleiros, que querem que o FCP fale? Se revolte? Responda? Amigos, estamos para lá disso, muito para lá. É o Mundo o nosso recreio. O pequeno e mesquinho país, que ainda assim nunca renegaremos, é apenas o solo da nossa raiz, amado e fixo na nossa memória, sim; mas lá atrás, no tempo em que as fronteiras nos definiam e sustinham. Hoje somos maiores que ele. Somos Porto!

Uma música:

THE BEST IS YET TO COME




  

6 comentários:

  1. Jovem, tanto talento!
    Uma peninha esse desperdício todo num assunto tão sensaborão... mas vá, cada um é como cada qual, ou como quem diz: uma coisa e uma coisa e outra coisa é outra coisa.
    Vá, faz como procederes.
    ;)

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    1. hum, desconfio de si jovem. Você tem ar de ser pouco imparcial :) Majégiraqdói!

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  2. @ Silva

    compreendo e aceito perfeitamente que o que é «assunto tão sensaborão» para a Gabriela, seja uma espécie de "pão nosso de cada dia" para nós, indefectíveis pilas...
    afinal, para um gajo, tudo se resume a futebol e gajas. não há conversa erudita que não desemboque nessa dicotomia.

    na Cultura:
    "ah e tal aquele cineasta centenário que faleceu recentemente...". "quem?" "o coiso, pá!". "sim!, mas quem?!". "aquele de quem o Pinto da Costa disse que era grande portista e que é uma perda para a cidade e que não deveria ir para o pentelhão do Panteão, porque fica na capital do Império!". "ahhh!, esse. nunca vi um filme dele. para ver árvores vou ao Parque da Cidade, que sempre é mais barato!"

    na política:
    "e depois, aquele camelo faz uma destas, em alturas de eleições!". "quem?" "o presidente da câmara, carago!". "já não voto deste 1969..." "o coiso, pá! o que vai financiar o clube de futebol da terra, isentando a SAD do pagamento de taxas camarárias ao abrigo de um acordo protocolado com o clube. como se já não houvesse benesses mais do que suficientes aquando do Euro2004!". "ahhh! esse. moro em Alcabideche, pá."

    na Religião:
    "e o padre lá disse: 'viva [nome de clube]!', que hoje é dia". "ele é desses? não sabia. pensava que era dos outros...". "cabrão do gajo! a ver se vou dar mais um cêntimo para o peditório da Igreja..."

    isto está tudo interligado. e demasiado extenso para comentário, já.
    (quanto às gajas, deixo ao cuidado da vossa imaginação)

    beijinhos e abr@ços
    Miguel | Tomo III

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    1. Opa, é muito bom! Obrigado Miguel!
      Então as "árvores no parque da cidade" é sublime. Aliás, dessa franquia o que gosto menos e mesmo o que ele realizou. Ja o "Aniki Bóbó no banco de trás" tem belas atuações :)

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    2. faltou a ação social:
      "não conheces?!... foi presidente da câmara, pá!". "na. sabes, o que gosto mesmo é de engenhocas. sempre que posso é enfiado nas eletrónicas.". "Mas tens de saber quem é... fez uma série de vigarices. andou nos telejornais. o homem até tem bom fundo, fartava-se de dar eletrodomésticos ao povo. ele era microondas, máquinas de lavar, frigoríficos... pronto, parece que meteu algum ao bolso, mas quem não metia no lugar dele."... "Ah, e era presidente daquele clube lá da zona onde um leão está a esmagar uma águia, em cima dum pedestal.". "eh pá, já podias ter dito. olha, bons velhos tempos, agora é que me dava jeito que ainda há 2 dias se avariou o aspirador e a mulher cisma que a vassoura não faz a mesma coisa!"

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    3. bahahahaha. Espera, estou a rir-me de quê?? Quais eletrónicas? Quem é o sabujo das engenhocas? Ai a porra... ;)

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