quarta-feira, 15 de abril de 2015
É a Pátria, blöd!
- Escuta lá Roberto, por motivos que não te interessam um corno, devia fechar isto mais cedo e deixar-me estar embevecido a contemplar o bando de miúdas giras que vivem lá em casa. É um vicio que se me meteu no corpo e um dia sem isto faz-me uma confusão que não te passa pela cachimónia. Hoje devia meter uma dose dupla, para compensar os quilómetros e as desoras de ontem.
Mas não vai acontecer, a cause de uma relação extraconjugal que mantenho desde que me lembro, de mim e, portanto, do matrimónio, com um grupo de rapazes que jogam à bola de azul e branco. Aviso já que não estou a gostar nada desse olhar recriminador, o preconceito não te fica bem.
O intróito serve apenas para te recordar que, para além de umas bem boas salsichas com chucrute que sei preparar, sou um tipo com tendência para a normalidade, com família e animais de estimação e um carrito utilitário com uma caterfa de ruídos estranhos. Preciso de estabelecer este laço contigo, porque creio que não deverás ter nenhum motivo para ser impiedoso para comigo. Até porque a verdade Roberto, é que se aqui venho falar contigo é apenas porque me custa ver-te perdido nessa traição, seguramente inadvertida, cometida sem consciência, a modos que um imposto por pagar do Primeiro Ministro de Portugal.
Em suma, venho em teu auxilio, com o propósito único e desinteressado de te ajudar. Ou pelo menos, de te ajudar a salvar o que resta da tua Alma.
Olha à volta Roberto, que vês? Lá atrás, um gigante de olhos azuis e enormes manápulas. Diz-me que nunca o viste a mirar-se de cuecas ao espelho, a imaginar-se de ligas por baixo de uma farda das SS. Eu sei que sim. Logo à frente dele tens outro monstrengo, o do cabelo a la David Luiz em versão Stevie Wonder. Não te deixes enganar Roberto, ele é grande, é mau, é desprovido de compaixão e tem nome de Inferno. É o exemplar perfeito do Ariano de ébano, a mim não me engana. Sim, podem apontar uns pequenitos que por aí saltitam, de proveniências latinas para disfarçar. Colaboracionistas todos! Olha o franciú da cicatriz. Queres ver que aquilo não foi a catar judeus nos bairros de Paris, não foi não... A alguns basta olhar-lhes para os apelidos: Muller, Schweinsteiger, Lahm. Vão ao ponto de recrutar o único anão ariano conhecido e torná-lo numa máquina assassina.
É nisto que tu andas metido Roberto. E tu és Polaco! Sabes que à custa desses teus compinchas morreram mais de 5 milhões de Polacos como tu? Em percentagem da população, nenhuma outra nação foi tão devastada como a tua. Como podes andar alegremente a ajudá-los a trucidarem mais gente?
Roberto, por mim podiam vir com a Brigada Neerlandesa e os Panzers avariados e isso tudo, que não me metiam medo nenhum. A minha questão é mesmo contigo. Custa-me ver-te nesse papel de sniper a soldo dos gajos maus. Ainda vais a tempo Roberto, começa hoje. Lixa-os. Erra na baliza, aponta para a tua, quero dizer, para a deles, faz-te Homem! Combinado Roberto? Vamos tramar o Franco, pá!
- Bringen Sie die Würste und Halt die Klappe! Mein Name is nicht Roberto, blöd! - Ladra o gajo, com ar de poucos amigos. O intérprete apressa-se:
- Ele diz trrazerr salsichas e calarr bocarra. E também... - Interrompo:
- Sim, sim, eu percebi... À noite logo vemos quem é o blöd! Polaco de um cabrão! A enfardar enchidos desta maneira, acabas com um rabo do tamanho do do Pedro Henriques. Da Merkel, pronto. Também não é preciso exagerar...
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ResponderEliminardeixem-nos sonhar.
e é só: deixem-nos sonhar.
ainda estou num sonho bom. e confiante, independentemente do que possa vir a acontecer.
abr@ço forte
Miguel | Tomo III
O que eu me ri...
ResponderEliminarDescobri esta tasca à relativamente pouco tempo... Belo lugar!
Este texto está brutalmente bom, merecia ser do conhecimento de mais!!!
Obrigado por este bom momento!
Obrigado outra vez, caro Carrela. Se se divertir por cá, fico muito contente. Mas nesta era fácil, toda a gente se ri do rabo do Pedro Henriques. :)
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