Um momento de sobriedade em pleno corso (Re-atualizado FCP vs Arouca)

O plano era estar neste momento a arrastar o que sobrasse desta velha carcaça até ao Dragão. Infelizmente, parece que não sobrou o suficiente. É Carnaval.

Sim, sim, eu compreendo a estranheza e o escárnio. Eu próprio pensava essas coisas todas: Maskestupideztãgrande, é fevereiro, está frio e é provável que chova. Qualquer dia também se festeja o Halloween ou assim, ah ah ah. Até desaguar numa cidade inteira na rua, arraial junino na Madragoa e São João no Porto ao quadrado, sem ser para turista ver. E plim, o Carnaval passou a fazer sentido. Todo. 

Sim, há Escolas de Samba e celulite a abanar e refegos aos pulos sobre minúsculas tangas. Faz sentido? Todo. Há álcool para uma década de coma e hipotermia em cachos, como bananas. Faz sentido? Todo. Entendo que não vos faça, nem tenho como vos explicar melhor. A menos que um ano destes passem por cá num fevereiro e se juntem à cidade, pé na rua e olhos pintados. Há coisas que é preciso viver para entender. A mim faz-me sentido. E nunca fez antes.

O que é certo é que isto me condiciona a capacidade de me automobilizar daqui para fora, em direção à minha arquibancada e antes disso aos amigos e depois a mais amigos e hamburguesas. Oh well, mais vale aproveitar o momento de lucidez.

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Quando gente que não merece o ar que respira é igual a si própria, devemos indignar-nos e gritar alto o nosso protesto. Desta vez foi um miúdo de bom gosto, mas podia ser outro de gosto mais duvidoso. Dava igual. Podia ter sido no Voleibol ou na Patinagem Artística, é indiferente. Podiam ter sido bestas das nossas a fazer isto. A nossa voz erguer-se-ia na mesma. Certo? Certo.

De igual modo, devemos juntar-nos e aplaudir todos os que manifestarem uma opinião de pessoa normal acerca de um assunto destes. Certo? Certo. Então, depois expliquem-me em que parte havíamos de nos deixar arrastar por alguma das muitas qualidades de ódio que conseguimos nutrir. Em que condições nos deveríamos insurgir contra quem aplaude uma opinião igual à nossa. Porque provém de uma cor diferente. Ora, eu repito: Tanto nos separa, mas felizmente, desta vez, nisto estamos de acordo: Aqueles tipos não merecem o ar que respiram.

Odiemos o odioso. Saibam que seremos odiados de volta. Não deixemos é que isso nos torne iguais ao que desgostamos. Seriamos odiosos, então.

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Sabem, agora que os vapores alcoólicos estão praticamente dissipados, ganho um momento de sobriedade inabalável. E canso-me. Canso-me com a gritaria que reclama berreiro. Canso-me sem jeito e, provavelmente, sem justiça. Nem razão.

O facto é que sinto, neste instante, um grande fastio. Talvez seja o excesso de leitão ou uma sande de porco no espeto a mais. Gases, eventualmente. Vou juntar uma Água das Pedras ao meu Guronsan, a ver se me passa.

Menos mal que daqui a nada joga o FCP. E teremos todos outras coisas em que pensar e sobre as quais escrever e discutir com os amigos. 

Por falar neles, tenho saudades de um que me ficou para trás, na Capital do nosso Império. Lampião esse. Estava sempre a buzinar-me aojóvidos:

- Sabes porque é que ganhas a esses, Silva? Sabes? Porque vos abrem as pernas! É por isso. Todos vendidos. Que vergonha.

Tinha a sua graça ouvi-lo argumentar. Mas às tantas, cansava.

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Sempre considerei que os caixotes em plástico são um paradoxo. Caixote é uma palavra que remete para cartão e madeira, não plástico. Mas a verdade é que é em caixotes de plástico que se acondicionam as cervejas. E passa um com uma grade destas carregada nos costados:

- 'Xa passar a grade, ohfaxabor.

- Adonde vais co'isso pá?

- Deixá-la ao Silva. Parece que o tipo vai estar algumas katroras a inaciar a bola.

- Ah. E assim não fica com sede, é?

- Kais sede, pá. Se tiver sede que beba água. Pode é ficar sóbrio.

- Credo, pobre homem! Espera que te ajudo a levar isso. E dispenso aqui duas das minhas de tinto.

Ah, a amizade e o companheirismo são coisas muito lindas. E é Carnaval. Faz todo o sentido.

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Soundtrack to sobriety: We are here to drink your beer!

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Estamos no intervalo do jogo do Dragão. Acho um escândalo isto de agora os jogos começarem com o FCP a perder por um. Alguém que faça um comunicado, um post, uma conferência de imprensa, uma newsletter, qualquer coisa. Ponham é mão nisto! Vergonha. Ou então entrem nos jogos acordados. Uma delas.

Notas breves da primeira parte:

* Já entusiasma ver esta equipa a jogar ao ataque. É bonito, caraças. No mínimo, fofinho. Por outro lado, não vamos ser a melhor defesa do campeonato. Espero que tenhamos mais tino na sexta. Ou então, que não falhemos nenhuma oportunidade. Nenhuma!

* O Brahimi está a fazer um jogão. A sério, que classe. E sei que tenho razão porque o Freitas Lobo discorda. A azia é uma coisa muito feia...

* O Herrera é importante na intensidade do nosso meio-campo, lá isso é. Já os passes... Quer dizer, acertou dois passes de rutura. Foram é os dois para o Angel. Bolas! E feio que és, moço. Credo.

* Já vi o André fazer melhor que isto. Está a guardar-se para o primeiro quarto de hora da segunda parte. E para sexta!

* Precisamos de enfiar duas batatas lá dentro rápidamente, para descansar o Danilo. Que monstro!

* Bora lá, estão a dever-me cinco golos! 5 + 1= 6, dá seizum. 6- 1 = 5. Cincazero!

- Chega aí uma mini, ohfaxabor.

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E pronto, lá se abriu o livro do disparate completo. Como que um aguaceiro de parvoíce generalizada. Veja-se:

* O ABUMbakar fez ao contrário do adversário: Na primeira jogada da segunda parte, na cara do golo, fez o que faz melhor: Falhou.

* Os assobiadores voltaram com a chuva. Assobiaram a eito e a preceito. E fizeram o que fazem melhor: Prejudicaram a equipa. Deve haver um basco a rir-se desta malta. Ai ca burros!

* Os árbitros, já que era a estupidez que se soltava, juntaram-se à festa e anularam um golo limpo ao FCP. Seria o 2-1 e um jogo diferente. Isto conta, conta muito. Para o Freitas Lobo não deve contar, é claro.

* Aflito por ver tanta parvoeira junta sem que ele fosse figura de proa, o Maicon...maiconou. Mais uma assistência perfeita para golo. Mas pior - muito pior - que isso, foi a demonstração cabal de fragilidade mental. Não, o Capitão não pode virar as costas ao jogo. Seja com que dor for. Mas era de corno!

* O treinador deixou-se levar na onda e tratou de tirar o único tipo que ainda estava a jogar à bola. Não desculpa o amuo do Yacine, mas foi uma parvoíce. Acabou o nosso jogo. Este. E acabou-se a invencibilidade no Dragão.

Foda-se pá, é Carnaval, mas não era preciso exagerar. Para além de que isso de ir de Palhaço não é nada original.

- Buuu, buu, vergonha. Passa aí uma mini, para afogar a mágoa.

- Pr'acaso, minis a esta hora? Bebeu-se a última à saúde do ortopedista do Angel.

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Nota final: Oh palhaços da Sport TV, cada vez mais feliz por vos inaciar. E não, não é redutor definir o golo roubado como o momento do jogo. Foi sim senhor. Rou-ba-dos! Capisce?