quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

À atenção do Departamento de Comunicação da FCP, SAD



Muito se tem dito, sobretudo mal, acerca da comunicação, ou sua ausência, do nosso FCP. Suportados neste ponto de partida, deficiente, vários dos nossos correlegionários pedem já a cabeça do Dragão - Jorge Nuno Pinto da Costa - enquanto responsável último, e máximo, pelo que consideram o descalabro dos anos mais recentes. Acho que têm todo o direito de o fazer. Inclusivamente, concordo que no fim do dia a responsabilidade lhe deva ser assacada. Como lhe devem, continuamente, ser atribuídos os méritos das muitas conquistas que o tornam no mais titulado dirigente da história do Futebol. Assim mesmo, sem ser do Português. É do Futebol, ponto. Todo.

Curiosamente, encontro no berreiro à volta desta questão uma contradição de base: Toda a gente diz cobras e lagartos da comunicação, ou sua ausência, do FCP; mas ninguém repara nela. A verdade, verdadinha, é que o que queremos mesmo é um chavascal de primeira água sempre que o árbitro nos roubar. Exposições à FPF? Nop! Críticas na "Dragões Diário"? Nop! O Presidente em todos os canais - quais? - de preferência bastante exaltado, ou magnanimamente irónico, a partir a loiça toda. O que seja a loiça, eu não sei. Mas é para partir.

Voltarei - como se alguém se ralasse - a este assunto, mas não é, de facto, por aqui que quero ir hoje. O que gostava de partilhar convosco desta vez, é o motivo pelo qual me parece que estaremos a ser batidos aos pontos na área da Comunicação.

Para o fazer, devo deixar claro, numa penada, o que me parecem ser os grandes Clubes (SAD) atuais, em mercados periféricos como o nosso: Clube - Crescimento - Títulos - Vitórias Internacionais - Alargamento do Mercado - Profissionalização transversal da estrutura - Empresa - Holding. 

Ou seja, esta malta recebe pelo seu trabalho e é suposto que trabalhe bem. E isso não tem que ver com a bola a bater no poste. Na maior parte das áreas de atuação dos muitos profissionais do Grupo FCP, o imprevisto futeboleiro não tem nenhuma interferência. O tempo pode ter, a conjuntura internacional e o terrorismo também. A bola, não. Independentemente de o ABUMbakar falhar um golo a 20 centímetros da baliza, o Departamento de Comunicação do FCP deve funcionar na perfeição. 

Na maior parte das vezes, creio que isso acontece. As nossas linhas gráficas e o tom da nossa comunicação, seja no futebol, nas modalidades, no Museu, é bom e eu gosto. Serão quase sempre, presumo, serviços externalizados, mas isso não retira a responsabilidade nem o mérito a quem escolhe e depois aprova. Igualzinho ao processo de escolha de um treinador, hein?

E porque é que vos venho torrar a paciência com esta coisa sem interesse nenhum? Quem sabe entre vocês não estão alguns profissionais destas coisas da comunicação, a quem o assunto pode mesmo interessar. Ainda melhor, que podem usar os seus conhecimentos da matéria para botarem o tasqueiro no seu lugar: Atrás do balcão.

Esta manhã tive oportunidade de ver este spot da nossa concorrência - mantenhamos a linguagem corporativa por hoje. A primeira coisa que pensei foi: Ide para o caralho, lampiões filhos da puta. Logo a seguir, pensei: Foda-se, bem esgalhado. Muito bem, lampiões filhos da puta.

E porque é que estou a cometer este quase sacrilégio? É fácil:

Neste momento, a BTV tem uma oportunidade sazonal de faturar. Há um determinado evento que lhe poderá permitir aumentar a sua faturação num período especifico. Os potenciais novos, e transitórios, clientes da BTV não seriam, na sua maioria, o alvo habitual do canal. Pelo contrário, sendo o acontecimento um 5LB vs FCP cuja transmissão é exclusiva da BTV, o alvo são, precisamente, os adeptos rivais. A mensagem é clara: Amiguinhos, se querem ver o jogo, tem que ser aqui. Até fazemos um preço jeitoso, muito mais barato do que irem jantar fora, e ainda damos uns joguitos internacionais para fazerem de conta que não foi ao inimigo que deram 9,90€. O spot acima faz isso tudo.

Ainda melhor, tem o cuidado de perceber em que mercado está inserido. Isto é, qual é o contexto. Reparem, a peça alfineta o adversário. Isso é bom para todos. Para lampiões empedernidos, que não se sentem enxovalhados por estarem a tentar vender coisas a nós. Pelo contrário, afinfam um sorrisinho e dizem: Pois, semp'apensaremnós, tripeiros dum cabrão. 

Para nós também é bom. Porque não sentimos que vêm de lá uns lamps tratarem-nos bem. Nada disso, pelo contrário, usaram as nossas cores para nos bater, os suínos. Mas foi com meiguice. E sempre via a bola descansado. Por 9,90€...

Em resumo, alguém neste processo - o criativo, o account, o diretor, alguém ou todos! - é genuinamente lampião e bom na sua arte. Lampião, porque há um cuidado já explicado com alguns detalhes que, parecendo parvos, são essenciais nesta indústria. E é preciso senti-los para não os deixar escapar. Bom, porque atentando às limitações - a maior das quais é não poder ser fofinho com o consumidor que se quer engatar - encontraram uma solução eficaz.

Em compensação, fiquei parvo com a última peça do género que vi, produzida pelo nosso FCP. Que foi esta. Deixei-me estar calado na altura e, se calhar, era o melhor que fazia agora. Mas tenho a convicção que não somos piores. Estamos é a dormir. Ou então sou eu que sou parvo. Esta é sempre uma forte possibilidade.

Vejamos, já revi o nosso Postal de Natal três milhões de vezes. Na primeira, confesso que nem tinha reparado que os cachopos tinham pólos - a sério? putos de pólo? numa esplanada da foz? oh well... - com o emblema. Mas a produção é digna, o orçamento não deve ter sido nada de especial, o spot cumpre bem a missão de dar Boas Festas. Mete crianças e doces e bola e assim. Só que...

Só que na cadeia de decisão no Departamento de Comunicação do FCP, alguém tem que ser tão Portista quanto eu. Não pode ser menos. E não acredito que seja. 

Acho que o mérito é que deve guiar todas as escolhas, no contexto atual - pincelado acima - do futebol. Não esqueçam é que quem escolhe as pessoas deve ter, antes de todos, o mérito de saber quais os skills necessários. E deixem-me dizer-vos que, na indústria onde ganham os seus milhões, ser Portista não é um skill desnecessário ou supérfluo. Não têm que ser todos, mas é fundamental que na cadeia decisória haja alguns. Algum, pronto.

Voltemos à vaca fria. Vou resumir o que eu vi do nosso Postal de Natal:

Um puto lampião e outro lagarto, vide respetivos aventais, fizeram uma bola mágica que transformou o Dragão num Ferrero Rocher. Pumbas! É estúpido? Talvez. 

Se eu mandasse, aquilo não tinha saído. Podia ser tudo igual, mas não havia aventais vermelhos e verdes. Muda tudo. E porque há? Porque de todos os que viram este filme e o aprovaram, nenhum é tão Portista quanto eu. E como tu. That's all folks...


...

A camisola que ilustra este texto está disponível para qualquer elemento do Departamento de Comunicação da FCP, SAD, interessado em ter uma. De oferta, pois claro.     

10 comentários:

  1. Que cor é que dá a mistura entre verde e vermelho? Pois.

    Quando estamos desligados das raizes, o resultado espetacular é este!

    Abraçom

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  2. «Jorge Nuno Pinto da Costa - enquanto responsável último, e máximo»

    não, não! primeiro responsável - nos sucessos e nos descalabros - e «até que a Morte nos separe».

    abr@ço
    Miguel | Tomo III

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    1. Neste caso aplica-se a propriedade comutativa: a ordem dos fatores não altera o resultado final, Último ou primeiro dá igual. Quanto à morte, até pode ser. Mas que seja em consciência e não porque sim. Porque sim, não vale.
      Abraço.

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  3. O Sr. Tasqueiro está quase lá... mas continua a voar em círculos, deixando cair uma bombita de carnaval ocasional, em vez de ir directo ao alvo.

    O assunto em apreço acaba por misturar duas coisas não exactamente iguais: a comunicação em sentido lato e a comunicação institucional (RP). E em nenhuma das duas se trabalha bem. E pior ainda numa outra vertente muito específica, que merecia honras de tratamento dedicado, a comunicação com os sócios e adeptos em geral. Mas sabe o que estes são? Sintomas.

    Enquanto dura o Carnaval, a malta vai dançando e bebendo ao som da folia, ignorando as dicas do fígado. Mas elas existem. Sintomas.

    E agora esteje calado que estou a ouvir o cortejo a aproximar-se da porta da tasca... vamos lá, todos!

    "Pode me faltar tudo na vida
    Arroz, feijão e pão
    Pode me faltar manteiga
    E tudo mais não faz falta não

    Pode me faltar o amor
    (Disto eu até acho graça)
    Só não quero que me falte
    A danada da cachaça"

    Todo mundo...

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    1. Já é quarta-feira de cinzas meu caro. Não sei se estou mais abatido da ressaca ou da tristeza de ter que esperar um ano inteiro até ao próximo. Felizmente, o FCP vai proporcionar-me um fim de semana de folia extra. Vai pois.
      Quanto ao resto, nem alvo, nem bomba, nem nada. Só um gajo a dizer uma coisa que lhe passou na cabeça. A propósito do que - você já não se lembra - foi mesmo no Do Porto que vi o postal de Natal pela primeira vez. E estranhei logo.
      De acordo quanto à comunicação com o associado e o adepto. E não tem mesmo um departamento especifico? Não há pós-venda? Devia! Aliás, tem que! Estranho...
      Vamo lá:
      'Cê pensa que cachaça é água
      Cachaça lalalala
      (mais baixino, que me dói a cabeça)

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  4. É do caraças...
    Não é que estava a lambuzar-me com um chocolate quando estava a ler este post?
    A sorte é que não estou de polo, nem na Foz. Estou de pijama e mais ou menos 5 km mais acima!

    Pinto da Costa para a fogueira da Santa Inquisição, já!!!!

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    1. Nem pó. Ainda faltava o homem ter "culpa" do detalhe! Era um mero exemplo demonstrativo da relevância de ter uns quantos "fanáticos esclarecidos" espalhados pela estrutura. Olhe, que fossem metade do Portista que NGP é. Água nessa fogueira, que não se estão a caçar bruxas...

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  5. Felisberto, ainda só o regaram com gasolina.
    Mas o valentão para acender o fósforo, foi operado à próstata.

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