No caminho para a estação, a temperatura oscila entre o "Perigo de Gelo" e os 5 graus. Apesar de o céu estar limpo, há sempre a possibilidade de um aguaceiro repentino, mesmo quando tiver que sair do carro.
Se estivesse na Finlândia, é provável que o frio fosse bastante mais intenso. E que a música no autorádio fosse bastante melhor. Aposto no ar forçado a 22 graus e nas notícias. Vamos lá à limonada, que temos limões.
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O Presidente da AHRESP (Associação de Tascas e afins), opina sobre a finta governativa à questão do IVA da restauração. O extremo esquerdo Centeno, agarrou na promessa do Mister Costa, deu-lhe uma revianga e transformou a prometida baixa do imposto numa baixássimassim. Nos comes pagam a 13, nos bebes arrotam 23. Não se governa para bêbados, portanto. Sobre isto, o xôr Presidente da coisa, recomenda calma. Aindágora começou a peleja.
O Gonçalves está descansado. Diz ele que o código do IVA refere o serviço de alimentação E bebidas. Ora bem, se o serviço é um, as taxas não podem ser duas.
E um gajo, já mais quentinho, tem que se rir. Da promessa cortada a meio pela realidade e do fraco posicionamento do defesa. Já estou a ver o Centeno a meter a bola por um lado e a ir buscá-la pelo outro:
- Ai ele é isso, oh Gonçalves? Tábem! Nesse caso, exclusivamente por respeito à lei, fica tudo como estava. Bem visto, moço!
Ganda cueca!
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Sem tempo para limpar as lágrimas da gargalhada, entra a comentatriz Ferreira Leite. Parece que a ultima aparição da vetusta senhora na televisão é notícia. Comenta o esboço do Orçamento de Estado. Vai e diz que o berreiro que por aí anda é exagerado. Porquê? Ora, porque as previsões de crescimento não são TOTALMENTE impossíveis. E o documento não é TOTALMENTE inexequível. Espeeeeera, agora fico muito mais descansado.
Em miúdos: É extraordinariamente improvável que aquilo se cumpra. Mas, sabe-se lá, até pode acontecer. Desde que a Nelinha conheceu um senhor que já tinha visto um porco a andar de triciclo, tudo é possível. Afinal, o nosso Primeiro é António. E de Lisboa, como o Santo. Apesar de mai'scurinho.
Oh senhora, o ABUMbakar pode marcar 40 golos esta época. Não é TOTALMENTE impossível. E o Rio Ave pode ser campeão. Não é TOTALMENTE inexequível. Só não vai acontecer. Táver Tia?
Agora que me ponho nisto, acho que a Nela estava a gozar indecentemente com o esboço. Não?
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Pronto, aí está como uma pessoa chega à enorme fila da bilheteira, a 5 minutos da hora do combóio, de sorriso rasgado. E queria o Pedro que nos puséssemos ao fresco para França ou assim. Espera lá que já vou. Mas sentadinho.
Obrigado Portugal.
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- Obrigado a ti, por teres vindo, Silva. Sinto que uma pessoa de fora pode trazer coisas novas. Não sei, um despertar. Queria que desses a palestra...
- De nada pá. 'Tájábontadinha, já sabes. Vamos lá a isso.
Bom dia, cambada de morcões imprestáveis.
Vim contar-vos, em poucas palavras, a história da Cremilde. A Cremilde nasceu feia e não melhorou com os anos. De raiva de terem uma filha feia, os pais chamaram-lhe assim, Cremilde. O que não ajudou.
De todo o modo, como cada panela tem seu testo, a rapariga cedo fugiu aos maus tratos de um pai alcoólico e de uma mãe que se prostituía. Escapou da máfia romena, a que estava prestes a ser vendida por déjeuros e uma sande de queijo, com um talhante de salário mínimo.
Sem teto e sem sustento, labutaram até ao osso e lá conseguiram uma barraca de zinco com vista para um esgoto a céu aberto. Feia mas trabalhadeira e íntegra, a Cremilde pariu três filhos e duas filhas. Uns mais feios que outros, todos pobres.
Por altura do nascimento do ultimo, finou-se o talhante que - umas vezes mais, outras menos - era o sustento da família. Por pena dela e reconhecimento a um homem bom - que o era - o dono do talho pôs a Cremilde de senhora da limpeza. A ver se os cachopos comiam das sobras das vísceras.
A trabalhar em cinco empregos mal pagos, um por cada filho esfomeado, a Cremilde encontrou um dia - numa escada que limpava - um psicólogo que a fez contar a sua história. De lágrima na bochecha, o homem concluiu:
- Ai credo, que enorme depressão deve a senhora carregar. A sua confiança nos outros deve ser nula. E o seu amor próprio inexistente.
De queixo pousado na esfregona, ela respondeu:
- Oh senhor, eu não tenho tempo e nem dinheiro para essas coisas. Tenho crianças em casa que contam comigo. Se pudesse sair-me da frente, eu podia terminar de limpar esta escada. Que ainda tenho mais quatro para lavar hoje. Andor!
De pés descalços em cima das chuteiras de marca, eles aguardam. Ai ca burros! Elevo o tom:
- Moços, ou desatam a dar à perna e ajudam o Zé a ser o maior; ou desandam todos para o Al-Shakira, ou Al-Garbe, ou lá que raisparta de clube é que o homem vai treinar se lhe correr mal aqui.
E isto é a começar já na Al-Moreira. Não tenho paciência nenhuma para meninos mimados. Estamos entendidos, caralho? Bem!
Agora, faxabôr de se porem nas putas que já devia ter começado o treino. Andor!
Pisco o olho à Cremilde, que passa a esfregona no chão do balneário. Quando está sujo, limpa-se.
<3
ResponderEliminarEita, cotovelo ossudo hein? :) <3
EliminarThat's the spirit! :)
ResponderEliminarNem que se meta a Cremilde a ponta de lança, para assustar a defesa.
Abraço
Era moça para varrer aquilo tudo. Era, era! :)
EliminarAbraço.
Bassoura, jázz!
ResponderEliminarAbraçom
E é pelo...errr...coiso acima, se for preciso! :)
EliminarAbração.
majádúbidas?
ResponderEliminaro jaquim martins era bom rapaz, e nao só cortava a carninha ás postas, como ainda a grelhava (fazia um calcanhar de frango lagarteiro, que só visto - e com um pé atrás das costas!), mas olha, agora é o que há!
conheci uma como a cremilde há muntos anos, que do alto da sua sabedoria e eloquencia dizia "chora chora, que logo mijas menos", é isso, o copo partiu, o leitinho tá no chao e oupa lá prá frente, olhar pra baixo é só pra beijar o símbolo e siga carago!
E anda o Martins a perder-se na má vida, emigrado, pobrezinho. :)
Eliminar(e quanto ao último parágrafo... estará? haverá mais pulso para limpar do que há nas lutas externas? ca porra...)
ResponderEliminarNão sei se está Michael. O que sei é que não há pachorra para depressões e amuos. Os que não aguentam a "pressão" e assim, também não precisam de receber salários com tantózero! Prima Dona era uma familiar da Dona, candava na lavoura! Bora lá.
Eliminar
ResponderEliminar«Se estivesse na Finlândia, é provável que o frio fosse bastante mais intenso» mas, por outro lado, teria mais calor... na carteira.
ps:
gostei bastante da palestra.
e agora vou-me por nas... antes que as... se ponham em mim.
abr@ço
Miguel | Tomo III
Fazes bem. Que diz que cobram por isso :)))
EliminarPá, isso deve ser um bocado mito. Também deve haver pobres na Finlândia. Ou será que os congelam? AInda vou investigar essa cena...
Abraço.
A Cremilde faz parte da imensa maioria que trabalha 35 horas... por dia!
ResponderEliminar@ Felisberto
Eliminarestava para deixar passar a referência, mas como já não é a primeira vez que o faz, aqui vai.
trabalho para a Função Pública há dez anos, na categoria de Assistente Técnico - vulgo Administrativo. recebo desde então o mesmo salário bruto (antes de impostos); já o líquido, esse tem vindo a mudar... para menos, na ordem dos 60 euros/mês. para quem recebe pouco mais de 700 brutos... e já nem refiro o assalto de me terem roubado o subsídio de Natal - que isso dos duodécimos serve para amenizar aquele aumento de impostos.
trabalho bem mais do que 40 horas semanais. e pago os meus impostos como todos os trabalhadores neste país.
agora a pergunta para Jackpot: sabe qual o motivo desta luta pela reposição das 35h? explico no próximo comentário.
Era Guterres o DDT (dono desta merd@ toda) e apercebeu-se que não podia cumprir com a promessa de descongelar os salários da Função Pública. então, uma forma que encontrou foi a de diminuir o número de horas de trabalho. esta fórmula aumentou o valor da hora de trabalho, como se depreende. não significou mais dinheiro na carteira, mas ajudou muito de outra forma.
Eliminarchegou um Coelho ao Poder e reverteu a situação, para gáudio dos patrões do Privado. esta situação, para lá do aumento de impostos e da diminuição do meu poder de compra, também significou que me foram ao bolso porque diminui aquele valor de hora de trabalho - passei a trabalhar mais pelo mesmo dinheiro que recebia antes.
continua
sem querer ser fastidioso, pergunto-lhe se gostava que o seu patrão chegasse à sua beira e sem aviso prévio, lhe comunicasse que: aumento de salários só no dia de São Nunca à tarde, que iria ter que trabalhar mais uma hora por dia e sem que isso significasse aumento de salário, que lhe ia pagar o subsídio de Natal em duodécimos (constatando o Felisberto que os míseros 50 euros mensais não compensam os cerca de 60 que lhe são tirados via impostos), que lhe tira três dias de férias prometidos pelo anterior patrão e que, não contente com isto tudo, ainda tem a lata de afirmar que congela as progressões na carreira 'ad aeternum'.
Eliminargostava de trabalhar nestas condições? acredito que não. mas é esta a dura realidade de alguns milhares de pessoas que trabalham para o Estado e levam para casa pouco mais de 600 euros mensais, depois de impostos.
35h? ao que pagam deveriam ser 30h!
PS:
para quem pensa que só a Função Pública é que é má, ainda bem que se tenta reverter o que o fdp do Passos construiu. é que preparava-se para aumentar a jornada de trabalho para 50h semanais no Privado.
Olha que botar o ABUMba a chutar bolas contra uma bandeira de golf durante 50h por semana não está nada mal visto. Coelho para mister, já! :)
EliminarConsigo visualizar tão bem a cara do Maicon a olhar para o Prof. Silva, com os tijolos descalços em cima das chuteiras de marca... Aí cá buuuurro(s)! :-)
ResponderEliminarLOL
Eliminar- é issaí, vamo levantávabeça, pensá no próximo jogo.
- mas este ainda não foi!!
- Ah, tão tá bom. Vamo baixácabeça...
Silva, esqueça o blogue e comece já a escrever um livro !... - O seu talento para contar estórias é uma maravilha!...
ResponderEliminarEna, simpatia sua, reine. Acho que tenho mais talento para ler os livros. Obrigado.
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